Flintlock: The Siege of Dawn | Review

Flintlock: The Siege of Dawn é um soulslike de ação desenvolvido pela A44 Games e distribuído pela Kepler Interactive. Nele, somos colocados no controle de Nor Vanek, uma sapeira do exército da Aliança que sai pelo mundo em busca de um dos objetivos mais antigos da humanidade: a boa e velha vingança.

E aí, será que vai dar bom? É o que veremos agora, em mais uma análise supimpa do Pizza Fria.

Uma guerreira, uma raposa e quantidades astronômicas de pólvora

Mais um dia, mais uma análise maravilhosa para vocês, leitoras e leitores desse adorado site acessado em mais de 4757 realidades paralelas. Hoje, convido vossas senhorias para me acompanhar em mais uma série de devaneios (mais ou menos coerentes) acerca de um agradável soulslike que tive a oportunidade de jogar por esses dias.

Flintlock: The Siege of Dawn me chamou a atenção por uma série de fatores, muitos dos quais envolvendo o gênero que representa e a maneira curiosa com que une uma estética que me remeteu ao estilo da primeira guerra mundial com um universo de magia cheio de deuses sacanas e mortos-vivos. Ah, que lugarzinho maravilhoso de se viver.

Outra coisa que me interessou foi a proposta de focar em armas de fogo para compor boa parte do combate, ainda que sejam baseadas naquelas utilizadas nas antigas. Mosquetes, pistolas de uma munição só, e por aí vai. Tudo junto e misturado para criar uma temática e apresentação um tanto quanto singular, devo dizer. Mas, será que o restante da obra segura essa onda? É o que veremos agora, queridos e queridas.

Flintlock: The Siege of Dawn
Você é grande, mas eu tenho bala na agulha. (Imagem: Divulgação)

História

Flintlock: The Siege of Dawn conta a história de um mundo no qual os mortos se levantam, deus irados descontam sua raiva na humanidade e tudo, como é costumeiro em situações como essa, parece estar prestes à ir pelos ares. No meio disso tudo está nossa protagonista Nor, uma sapeira (soldados que lidam com demolições e abertura de caminhos em trincheiras, ao que entendi por alto) que decide participar de uma investida desesperada do exército da Coalizão. O objetivo? Fechar o portal do submundo e salvar a Cidade do Amanhecer.

Mas, nada nunca acontece da maneira que queremos, não é mesmo? Após dar de frente com um deus enfurecido, Nor e seus companheiros tomam uma surra daquelas, e nossa protagonista acaba sendo separada do grupo e largada para morrer. Felizmente, ela é resgatada por um adorável deus raposa chamado Enki, que decide ajudá-la em sua jornada em busca da libertação do mundo das garras dos mortos e outros seres desagradáveis.

Flintlock: The Siege of Dawn tem uma trama bem legal e inusitada, que combina diferentes inspirações e elementos de uma forma satisfatória. Ainda que não seja muito diferente de narrativas do estilo, ela faz tudo de maneira tão agradável que acaba por prender o jogador durante toda sua duração, salvo um ou outro momento. Pontos adicionais, aliás, para a dupla Nor e Enki, que possuem bastante química e se desenvolvem juntos ao longo da trajetória.

Flintlock: The Siege of Dawn
A dupla do momento. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Flintlock: The Siege of Dawn, em essência, é um soulslike. Portanto, espere uma jogabilidade que não perdoa tanto o jogador, com enfoque especial no balanço de ataque e defesa, mapas com várias idas e vindas e um sistema no qual perdemos todo nosso material necessário para melhorar a personagem ou seus equipamentos em caso de morte. Sem contar, claro, que tudo será perdido caso não consigamos voltar ao local da parte antes de tombar novamente. Excelente.

Contudo, o jogo possui certos elementos singulares que o fazem ser mais lite que like, se é que isso faz sentido. Por exemplo, não precisamos lidar com barras de fôlego que se diminuem com cada ação que tomamos, nem em distribuir pontos de atributos. Nor possui uma árvore de habilidades que pode ser aprimorada, assim como equipamentos. Fora isso, alguns sets de equipamentos fornecem melhorias específicas, aumentadas se usadas em conjunto, que ajudam a aumentar a liberdade de builds do jogador.

Mas não pensem que isso deixa a jogabilidade fraca, pelo contrário. Flintlock: The Siege of Dawn inova ao adicionar um nível de mobilidade e verticalidade que nem sempre vemos em jogos do estilo. Nor pode dar pulos duplos, esquivas rápidas, aparar ataques, interromper com tiros e, ainda, coordenar seus ataques com a magia de Enki. Somado aos cenários com diversos caminhos e alturas, e temos um jogo que dá oportunidade do jogador pintar e bordar.

Enki, por sinal, é uma grande adição. Temos uma mecânica que funciona como uma barra de atordoamento, com outro nome, que abre a guarda dos inimigos para tomar golpes fortíssimos e lindos de ver. Os ataques de Enki ajudam a aumentar essa barra, além de aplicar desvantagens aos inimigos, e habilidades podem aumentar ainda mais a sinergia e suas recompensas. Isso faz com que o momento a momento de Flintlock: The Siege of Dawn raramente fique enjoativo, e o combate sempre se mantenha agradável.

Flintlock: The Siege of Dawn
Vacilou, dançou. (Imagem: Divulgação)

Armas de pólvora também são parte essencial da experiência. Temos uma pistola que possui munição recarregável, mediante dano infligido aos inimigos, e aquelas que se recarregam sempre que chegamos aos pontos de salvamento. Saber o momento certo de usar cada uma é essencial, e também permite que o jogador adeque seu estilo de luta às ferramentas que tem em mãos. O jogo oferece uma boa quantidade de armas e armaduras, facilitando ainda mais o processo, e até portais para voar rapidamente pelo mapa.

Fora isso, Flintlock: The Siege of Dawn conta com atividades secundárias como missões para fazer e locais para liberar, além de melhorias para Nor e Enki que podem ser encontradas pelos mapas e até um joguinho bem legal de formar triângulos chamado Sebo. Isso tudo ajuda na hora de construir o universo da obra, além de aumentar a vida útil do título.

Por fim, temos um sistema de pontuação que aumenta a quantidade de experiência ganha quando mantemos nossos golpes variados e mandamos bem, no geral. Isso é maneiro, mas a minha maior frustração foi perder um contador alto por conta de um atirador que estava bem longe, ou um inimigo explosivo que apareceu do nada. Acontece com frequência o suficiente para ser perceptível, infelizmente. Algumas lentidões ocasionais também ocorreram, e um crash, mas nada demais.

Flintlock: The Siege of Dawn
Voar, voar. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Os visuais de Flintlock: The Siege of Dawn são bem legais e variados, além de fazerem um trabalho legal para ajudar na construção de seu universo. Digno de nota, inclusive, é o design dos inimigos e outros serem míticos que encontramos, que ficou bem legal e inusitado. Sempre foi uma alegria encontrar novos malvadões, só para saber que aberração iria cair na minha frente.

A trilha sonora já é mais protocolar, ainda que não deixe a desejar. Senti apenas falta de algo mais bombástico em alguns momentos, principalmente para ajudar a elevar ainda mais a ação. Não que o que possua seja ruim, mas acho que mesmo que tenham entregue, poderia ser ainda melhor.

Flintlock: The Siege of Dawn
Curioso. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Flintlock: The Siege of Dawn?

É isso aí que está no título, sapeiros e sapeiras. Será que Flintlock: The Siege of Dawn vale nosso suado dinheiro e curto, tão curto, tempo? Bom, hora de pegar os bloquinhos de notas e ver o que anotamos até o momento. Quem sabe, assim, chegamos em uma conclusão definitiva e mais adequada? Dito isto tudo, vamos ao que realmente interessa.

De positivo, cito que Flintlock: The Siege of Dawn possui uma premissa inusitada e muito bem realizada, além de entregar uma variação boa de jogar sem fugir demais de suas raízes souls. A verticalidade do cenário é bem vinda, e a variedade de armas e habilidades ajudam o combate a ser tão estratégico quanto legal. Nor e Enki, por fim, são uma dupla legal de acompanhar. De negativo, cito apenas os golpes baixos que tomamos vez ou outra e uma trilha sonora que poderia ter ousado mais.

Mas, no fim das contas, Flintlock: The Siege of Dawn é um soulslike de respeito, tanto como primeira experiência dos novatos quanto para agradar os velhos de guerra. O mundo é interessante e divertido de explorar, e tudo é feito com carinho e esmero. Pode encarar a aventura de Nor e Enki sem medo, não irão se arrepender.

Flintlock: The Siege of Dawn será lançado em 18 de julho para Xbox Series X|SPlayStation 5 e PC via SteamEpic Games Store e Xbox Game Pass.

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX com código fornecido pela Kepler Interactive.

Flintlock: The Siege of Dawn

+ R$ 104,99
8.5

História

9.0/10

Jogabilidade

8.5/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

8.5/10

Prós

  • Combate preciso e divertido
  • Premissa inusitada
  • Boa exploração e movimentação vertical/horizontal
  • Armas e habilidades, com Nor e Enki, dão muita liberdade ao jogador
  • Legendado em português

Contras

  • Golpes baixos quebrando nosso multiplicador
  • Trilha sonora poderia ser mais ousada

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.