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Grit and Valor – 1949 | Review

Existem jogos que te chamam pela originalidade da proposta antes mesmo de você dar o primeiro clique. Grit and Valor – 1949 foi exatamente isso para mim: um título que mistura mechas dieselpunk e um cenário alternativo da Segunda Guerra Mundial. A ideia de enfrentar nazistas em robôs mecanizados gigantes é bem intrigante.

O game, lançado em março deste ano para PC, via Steam, chegará aos consoles nesta quarta-feira, 21 de agosto. Pude mergulhar na opção já disponível ao público para entender o que ela realmente entrega e trazer para vocês minhas opiniões, em mais uma review do Pizza Fria!

Uma Segunda Guerra que nunca acabou

A narrativa de Grit and Valor – 1949 parte de uma premissa curiosa: e se a Segunda Guerra não tivesse terminado em 1945? No jogo, estamos em um 1949 alternativo, no qual o Eixo dominou a Europa usando exércitos de mechs criados pelo cientista Dr. Z. Cabe a nós, na pele da Resistência, liderar um esquadrão de robôs aliados para destruir a chamada Torre da Máquina e acabar com o domínio inimigo.

Na prática, a história é simples e serve como pano de fundo. Existem diálogos rápidos, provocações de generais caricaturais e algumas cutscenes que contextualizam os avanços pelo continente. Os vilões soam genéricos, repetindo frases manjadas de “cientista louco” e “comandante tirano”. Mas o que realmente chama atenção é a estética dieselpunk, carregada de exagero pulp, que mistura tanques, canhões e mechs gigantes como se estivéssemos num quadrinho de matinê. É nesse universo estilizado que o jogo constrói sua identidade.

Grit and Valor – 1949
A premissa de Grit and Valor – 1949 chamou minha atenção (Imagem: Divulgação)

Entre um RTS e um tower defense

Grit and Valor – 1949 é um RTS em tempo real com elementos de tower defense e progressão roguelite. Em cada missão, o objetivo é proteger o veículo de comando que carrega uma bomba PEM, resistindo a ondas de inimigos que chegam de todos os lados.

No início, controlamos apenas dois mechs. Mais tarde, podemos adicionar um terceiro para completar o esquadrão. O ritmo é frenético: o jogo permite pausar a ação para planejar, mas quando solta o “play”, tudo acontece de forma intensa e sem trégua. Posicionamento é essencial: altura dá vantagem e cobertura reduz dano. Logo percebi que procurar colinas e manter meus mechs agrupados em posições estratégicas era quase sempre a melhor escolha.

Cada fase traz cerca de quatro ondas de inimigos, variando entre mechs leves e ágeis, unidades blindadas de curto alcance, ou artilharias que atacam de longe. Na prática, mechs de longo alcance acabam sendo mais seguros e eficientes do que os de curto alcance, que raramente compensam o risco de se aproximar do inimigo.

Grit and Valor – 1949
Saber usar o terreno é uma escolha sábia em Grit and Valor – 1949 (Imagem: Divulgação)

Habilidades e chefes: os respiros de criatividade

Cada piloto tem habilidades especiais limitadas por cargas: lançar minas, reposicionar com um salto propulsor, chamar bombardeios, entre outros. Esses recursos trazem variedade e ajudam em momentos críticos, mas confesso que muitas vezes preferi guardá-los para emergências em vez de ousar. O jogo recompensa mais a prudência do que a criatividade.

Onde ele brilha mesmo é nas batalhas contra chefes. Ao final de cada região, enfrentamos um mech colossal do Eixo. São combates em múltiplas fases, que exigem movimentação constante e atenção para ataques telegrafados. Foi nesses momentos que senti um verdadeiro desafio estratégico, quebrando a repetição do formato “defender ondas” e trazendo adrenalina extra.

Grit and Valor – 1949
Os chefes são criativos e as batalhas são desafiadoras (Imagem: Divulgação)

Roguelite de repetição e persistência

Como todo roguelite, a expectativa é que você morra algumas (ou muitas) vezes antes de vencer. Cada derrota devolve o jogador à base da Resistência, onde é possível gastar recursos em melhorias permanentes para pilotos e mechs. Aqui entram dois sistemas principais: Sucata, usada para mods e upgrades, e Tecnologia, investido em habilidades de pilotos ou no desbloqueio de novos modelos de robôs.

Esse ciclo funciona bem para gerar uma sensação de progresso. É gratificante voltar mais forte e superar inimigos que antes pareciam impossíveis. Mas também expõe a fragilidade do design: muitas vezes, a vitória depende mais de quanto você grindou antes da missão do que da habilidade na partida em si. Não importa quão bem posicionado eu estivesse, sem upgrades certos, algumas lutas simplesmente eram inviáveis.

Com o tempo, a repetição fica clara. Os mapas seguem fórmulas parecidas, os objetivos secundários (como proteger prédios civis ou escoltar suprimentos) não mudam muito a dinâmica, e os upgrades focam em aumentar números, em vez de criar builds diferentes. Eu queria poder arriscar em estratégias ousadas, mas o jogo sempre me empurrava de volta para o caminho mais seguro: acumular melhorias e manter posição elevada.

Grit and Valor – 1949
Defender, capturar torre… E segue o jogo (Imagem: Divulgação)

Gráficos e desempenho

Visualmente, Grit and Valor – 1949 aposta em um estilo que lembra um clássico RTX. Câmera topdown, atalhos rápidos no mouse. Cenários de trincheiras, cidades destruídas e fábricas tomadas pela guerra têm personalidade. Os designs dos mechs do Eixo são criativos, misturando referências militares reais com um toque de ficção científica retro.

No meu PC, equipado com RTX 5060 Ti, o jogo rodou sem qualquer problema em 1080p com tudo no máximo. As batalhas, mesmo lotadas de inimigos e explosões, mantiveram taxa de quadros estável. A otimização é notável – não à toa o título também foi verificado para o Steam Deck.

Outro ponto positivo foi a interface em português do Brasil. Todas as legendas, menus e descrições estão bem traduzidas, sem erros estranhos ou termos mal localizados. Para quem prefere jogar sem depender do inglês, isso faz diferença.

A única ressalva técnica que encontrei foi a movimentação das unidades: se você move alguns mechs para locais semelhantes, há uma pequena chance deles se enroscarem tentando atravessar o mesmo corredor estreito, perdendo um tempo precioso em momentos de pressão.

Grit and Valor – 1949
O clássico estilo de um visual de estratégia (Imagem: Divulgação)

Trilha sonora e efeitos

A trilha de Grit and Valor é composta por músicas orquestrais militares, com metais e tambores que reforçam o clima bélico. Não é uma soundtrack inesquecível, mas cumpre seu papel de aumentar a tensão nas últimas ondas de cada missão.

Os efeitos sonoros merecem destaque: metralhadoras têm peso, explosões soam intensas e ver um mech inimigo explodindo em faíscas é recompensador. O jogo também traz vozes rápidas durante as batalhas. Gostei do detalhe de pilotos de diferentes nacionalidades falarem com sotaques distintos, reforçando o caráter internacional da Resistência. Já os generais inimigos cansam rápido, repetindo frases caricatas até perder a graça.

Consoles e VR

Com a chegada do jogo aos consoles, uma das novidades é a adição de um modo VR. No PC, esse conteúdo já está disponível via SteamVR e Meta Quest, e no PlayStation 5 será jogável com PS VR2. Não testei em realidade virtual, já que não tenho nenhum dos aparelhos, mas a proposta de controlar as batalhas como se fossem um tabuleiro de miniaturas parece interessante para quem busca mais imersão.

Grit and Valor – 1949
Em VR é assim. Muda um pouco, né? (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Grit and Valor – 1949?

Depois de algumas horas resistindo a ondas de inimigos, posso dizer que Grit and Valor – 1949 me divertiu, mas também me deixou com a sensação de que poderia ser mais. Nas primeiras partidas, estava empolgado com a ideia de mechs gigantes em uma Segunda Guerra alternativa. O combate rápido, a estética dieselpunk e o progresso gradual dos meus robôs seguraram minha atenção. O tutorial, inclusive, funciona razoavelmente bem.

Mas, conforme avancei, o peso da repetição ficou evidente. O grind inevitável para progredir, a falta de variedade em estratégias viáveis e a previsibilidade das missões acabaram reduzindo o fator surpresa. Não é um jogo que vai reinventar o gênero roguelite, mas cumpre bem o papel de entregar algumas horas de diversão direta, especialmente para quem gosta de partidas rápidas e táticas acessíveis.

Se você curte estratégia em tempo real mais leve, com doses de roguelite e ambientação alternativa de guerra, vale a pena dar uma chance. Principalmente pelo preço justo (está custando R$ 59,99 neste momento, sem nenhuma promoção) e pelo cuidado de trazer interface em português. Só não espere que Grit and Valor – 1949 seja um jogo para semanas a fio: ele brilha mais como aquela experiência que você visita em sessões ocasionais, sem grandes pretensões.

No fim, é um título que entrega muito “grit” (a ação corajosa de encarar mechs nazistas) e talvez não tanto “valor” em termos de profundidade estratégica. Ainda assim, esmagar nazistas metálicos nunca deixa de ser divertido – e só por isso já vale o ingresso.

Grit and Valor – 1949 já está disponível para PC, via Steam, e chega no dia 21 de agosto para PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch e Epic Games Store.

*Review feita em um PC equipado com GeForce RTX e no Steam Deck, com código fornecido pela Megabit Publishing.

Grit and Valor – 1949

BRL 59,99
7.1

História

6.5/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Gameplay

7.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Estética dieselpunk criativa e bem executada
  • Jogabilidade acessível, com partidas rápidas e intensas
  • Chefes desafiadores que quebram a repetição
  • Boa otimização no PC, estável até em momentos de caos
  • Localizado em PT-BR

Contras

  • Narrativa rasa e personagens genéricos
  • Progressão excessivamente dependente de grind
  • Pouca variedade estratégica a longo prazo
  • Missões e objetivos secundários repetitivos
  • Movimentação das unidades pode atrapalhar em momentos críticos

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.