Hunt the Night | Review

Hunt the Night é um jogo de ação em 2D, com aquela boa e velha visão por cima do personagem, desenvolvido pela Moonlight Games e distribuído pela DANGEN Entertainment. O título nos coloca nas botas góticas de Vesper, uma espreitadora que faz seu melhor para cumprir a missão nada elusiva, e totalmente abstrata, de matar a noite. Que belo serviço, não é mesmo?

E aí, será que vale nosso investimento emocional? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!

Destrua a rotação solar

Sabem, leitores e leitoras, todos nós já pensamos que gostaríamos de ser protagonistas de videojogos eletrônicos. As (des)aventuras, as conquistas, as paixões, os terrores noturnos. As amizade, os macetes para dinheiro infinito. A capacidade de fazer carinho em todos os cães e gatos do mundo. Sim, tudo isso é muito bom e maravilhoso, mas nunca pensamos pelo outro lado, não é mesmo? De fato, nunca pensamos nos jogos em que recebemos algum trabalho para fazer.

Vejam a protagonista de Hunt the Night, por exemplo. Como o próprio título sugere, nossa protagonista precisa realizar a totalmente crível e realizável tarefa de caçar e erradicar a noite. Que idéia excelente, senhor gerente, como nunca a tivemos antes? Por acaso, isso me lembra de Castlevania Lament of Innocence, no qual nosso chegado Leon Belmont promete destruir essa tão querida parte do nosso dia. Como alguém faz isso? Que absurdo.

Ah, mas chega de divagações e delírios de uma mente cansada, caros caçadores e caçadoras da noite e tudo aquilo de ruim que nela se esconde. Viemos aqui para destrinchar, ou fofocar talvez, sobre Hunt the Night. O jogo tem uma pegada gótica, sombria e violenta que me lembrou, curiosamente, um Bloodborne pixelizado e com visão de cima para baixo. Ficaram interessados? Então se liguem no que falaremos agora.

Hunt the Night
Exploda a noite. (Imagem: Divulgação)

Hunt the Night conta a história brilhante e sorridente de Vesper, uma garota que vive em um mundo maravilhoso no qual os dias são ensolarados e cheios de vida, amor e confetes. E a noite, por sua vez, é tomada por aberrações, morte e desgraças das mais variadas. Que excelente lugar para se viver, não é mesmo? Realmente, me encontro verde de inveja.

Contudo, nossa heroína faz parte de um grupo que não concorda de maneira alguma com essa situação e de todo sofrimento vindo com o por do sol. São os chamados espreitadores, chamados assim em boa medida por terem tido a ideia fenomenal de tomar parte dos poderes obscuros da penumbra para lutar contra ela mesma. A boa e velha reviravolta, não é mesmo?

Certas escolhas feitas por esse adorável grupo de cavalheiros causou uma mudança brusca no balanço das coisas, fazendo com que a noite tomasse conta de tudo, até onde o dia devia reinar absoluto. Cai no colo de nossa destemida Vesper sair pelas terras desoladas em busca de uma solução para todo esse problema, que possui muito mais a ver com ela do que poderíamos pensar de início.

Devo dizer que curti a trama de Hunt the Night , tanto na ambientação quanto nos diálogos e na exposição. Não passamos muito tempo lendo, e toda atmosfera e boa parte da demonstração do estado desesperançoso e desolado do mundo em que vivem os protagonistas é mostrado com clareza pelos locais por onde Vesper passa. Curto muito esse tipo de estrutura, e me agradou bastante aqui.

Hunt the Night
A noite até poderia ser bonita, não fossem os monstros. (Imagem: Divulgação)

Agora, passemos para a bagunça. Hunt the Night é um jogo de ação, majoritariamente, no qual controlamos nossa personagem numa visão por cima, naquele jeito clássico dos jogos de aventura da era 16 bits, enquanto exploramos uma boa variedade de locais em busca de chefes para derrotar, armas para coletar e missões para cumprir. Além dos objetivos principais, podemos brincar com caçadas a monstros mais fortes em troca de recompensas.

Hunt the Night nos dá uma seleção de armas de curto alcance, variando de lanças ou espadas até algumas mais esotéricas, armas de fogo que possuem munição que recarrega em um ponto de salvamento ou de recarregar, um dash usado tanto para desviar dos inimigos quanto passar por cima de coisas como buracos ou outros perigos, e poderes que podemos utilizar mediante recarga, dependendo do que estiver equipado no momento.

O combate é até que bem divertido, bem rápido, brutal e com uma sensação de impacto muito boa. Perdemos muita vida muito rápido, e as poucas poções recarregáveis não ajudam muito se não formos espertos na hora de lutar. Contudo, ele pode se tornar frustrante facilmente por conta dos controles meio leves demais, e pela falta de precisão com os dashes que precisamos usar tantas vezes.

É de irritar estarmos no meio de uma confusão, com lobos e demônios atirando bolas de energia em nós, e vermos que estamos esquivando para dentro de um buraco ou para cima de um inimigo porque o comando não foi reconhecido da maneira esperada. Suponho que possa ser algo que alguns não sintam tanto, mas a mim incomodou bastante, ao menos.

Enquanto não estivermos trocando tapas com toda sorte de bizonhices, estaremos passando entre plataformas suspensas por lava e outras coisas boas para a saúde, procurando chaves, resolvendo puzzles e lendo documentos que servem tanto para ambientar a história e seus contextos quanto para mostrar mais sobre Vesper e aqueles que existem a sua volta.

O problema com Hunt the Night que citei acima, sobre os controles, acaba azedando essa faceta da experiência, também. Temos que pular muito de um lado para o outro, muitas vezes parando para mirar em uma plataforma enquanto somos atacados na nossa que, por sua vez, está prestes a sumir. Tudo isso enquanto precisamos correr para chegar em uma porta antes que feche. Meu Deus! Isso se torna desolador quando, além de tudo que o mundo nos joga contra, também precisamos lutar com um controle malcriado.

Vejam, Hunt the Night é um jogo bem difícil até. Ouvi os termos soulslike serem falados em sua página da Steam e não posso negar a influência. E o título funciona bem dentro dessa dinâmica. Quando os controles decidem obedecer, é claro. Acaba que jogar utilizando um controle é quase essencial para uma experiência menos desnecessariamente complicada. Bom, ao menos dentro do que senti ao jogar.

Hunt the Night
Quase como assobiar e chupar cana ao mesmo tempo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Nesse quesito Hunt the Night entrega com vigor, honrando suas inspirações. Temos visuais muito bem desenhados e pensados, com designs bem feitos para personagens e monstros, e animações fluídas e bonitas de ver. O jogo possui uma atmosfera maravilhosa, com cores e iluminações que demonstram o poder da noite e a depressão e desesperança do mundo.

Um único negativo é que há muita repetição nos cenários, por serem grandes, o que causa uma confusão espacial tremenda que só é piorada pela ausência de um mapa. Se há, não consegui achar. Se orientar em um plano 2D sem um guia é muito mais complexo do que em jogos 3D onde podemos simplesmente ver alguma coisa na distância e correr até lá.

A trilha sonora é filé também, com músicas sombrias e sons bizarros que ajudam a criar uma tensão e uma atmosfera tão palpáveis que podemos cortar com uma faca. Não tenho do que reclamar aqui, considerado o estilo e escopo do jogo.

Hunt the Night
Os cenários são bem legais. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Hunt the Night?

É tempo, filhos e filhas da pizza noturna! Será que Hunt the Night vai valer uma gota de sangue no cálice eterno dos jogos virtuais de videogames? Bom, excelente pergunta. Resumindo nosso papo, notamos que Hunt the Night é um jogo bonito de se ver, com uma atmosfera boa, uma proposta interessante e um combate com variedade e impacto o suficiente para agradar.

Por outro lado, os controles meio leves e os dashes imprecisos fazem tanto lutar contra inimigos quanto pular por plataformas um sofrimento. Em um jogo que exige precisão e reflexos rápidos, comandos que sejam menos que perfeitos vão ocasionar muita raiva e palavras de baixo calão ditas entre dentes cerrados e punhos em riste. Além disso, a repetição de cenários e a falta de um mapa faz com que a confusão e a falta de direção sejam perigos constantes em nossa mente.

Mas, o engraçado é que mesmo com tudo isso para me fazer sofrer, ainda sorri com Hunt the Night. Ainda que tenha um negativo para descer cada alto da experiência, ainda achei um jogo divertido e válido nem que seja pela estética e os momentos nos quais tudo encaixa bem. Pode ser que aqueles de nós com menos tolerância larguem mão, mas fãs de soulslike ou dessa estética mais gótica podem achar bastante valor aqui.

Hunt the Night já está disponível para PC, via Steam e GOG.com, com versões para consoles chegando em data posterior.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela DANGEN Entertainment.

Hunt the Night

R$ 59,99
7.3

História

8.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Jogabilidade

6.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Belo visual, cenários e ambientação
  • Combate conta com muitas armas e poderes
  • Quando tudo encaixa bem, é um deleite de ver e jogar
  • Bem traduzido em PT-BR

Contras

  • Controles leves e imprecisos convidam à frustração
  • Falta de mapa gera uma confusão tremenda e desnecessária
  • As seções de plataforma com inimigos e timers são um terror
  • Os cenários, ainda que bonitos, se repetem demais

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.