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Indivisible | Review

Mecânicas de um RPG em consonância com as de jogos de aventura em plataforma, sistema de combate excitante e recompensador no aprendizado, personagens interessantes. Combinar tudo isso em uma grande experiência parece complicado até no papel, quem dirá na prática. No entanto, Indivisible, o novo jogo da Lab Zero Games, resultado de uma campanha bem-sucedida de crowdfunding, faz isso de uma forma assustadoramente natural.

Uma aventura fantástica

A aventura estrela a garota Ajna, possuidora de um passado misterioso, que sai em busca de vingança quando seu vilarejo é destruído e um ente querido perde a vida nas mãos de soldados de um regente cruel.

O gameplay essencialmente se divide entre lutar contra inimigos que surgem no mapa e explorar os cenários do jogo. Ambos são bem divertidos e podem se mostrar complexos em certos pontos, apesar de sua aparente simplicidade.

Já no início da jornada, nos deparamos com gráficos coloridos e interessantes tanto nos cenários como em cenas que são exibidas em determinados pontos da história. Ao se explorar o mundo de Indivisible, encontramos mecânicas oriundas de jogos de aventura. Ajna pode saltar, escorregar e correr pelo mapa, em movimento 2D, além de parar para interagir com NPCs e reunir informações.  

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Ajna explora os cenários como um metroidvania (Imagem: Divulgação)

Os cenários são variados e vastos, indo de montanhas de gelo e desertos áridos até fortalezas e cavernas labirínticas, que oferecem puzzles ao jogador. Conforme avançamos, novas armas e habilidades se tornam disponíveis a Ajna e isso se reflete na jogabilidade, com combinações de botões inéditas que permitem que a protagonista alcance lugares antes impossíveis. Detalhe, inclusive, que encoraja ao usuário revisitar certos pontos da aventura em busca de conteúdo extra.

Não se preocupe se você estiver em um estágio particularmente complicado. A morte em Indivisible chega a quase não ser um inconveniência, com o jogador voltando a praticamente o mesmo lugar instantaneamente, tornando a aventura pouco frustrante, sem perder o desafio.

Perambular sobre o mundo é, no entanto, apenas metade da diversão que este título reserva ao jogador. E, na minha opinião, a outra parte do jogo é ainda melhor. 

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Retornar aos locais visitados é uma das características de Indivisible (Imagem: Divulgação)

Você não está só

O sistema de combate de Indivisible consiste na utilização de uma equipe de até quatro personagens, cada um colocado em espaços pré-designados da arena. Cada membro do time responde a um botão do controle e tem ações diferentes conforme uma direção é pressionada. Apertar para trás, juntamente com o botão designado de um dos lutadores faz com que ele assuma uma postura defensiva, por exemplo.

A princípio parece que é possível resolver tudo só apertando botões desenfreadamente, mas logo vemos que é mais complexo do que isso: todos as ações gastam a barra de ‘’Iddhi”, que precisa estar cheia para o personagem se mover novamente. Logo, é necessário planejar seus ataques com cautela e prestar atenção a quem os inimigos vão atacar, para reagir de maneira adequada (cada tipo de opositor também tem ataques e padrões próprios), não gastar toda a munição antes da hora e evitar de ficar vulnerável. Além disso, é prudente avaliar quais guerreiros são menos resistentes, deixando-os em alguma posição mais afastada dos adversários.

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As batalhas podem parecer fáceis, mas escondem segredos (Imagem: Divulgação)

As primeiras lutas com chefes podem ser desafiadoras até se pegar o jeito do sistema, mas como foi abordado antes, não se perde muito com a morte em Indivisible.

Ao longo da trama, Ajna encontra diversos outros personagens e os recruta para a viagem. De maneira inusual, os integrantes da equipe são absorvidos pela protagonista e passam a viver em uma dimensão paralela dentro de sua mente. O reino mental é acessível a qualquer momento, para que possamos interagir com quem está nos acompanhando no momento. Ao total são mais de 20 jogáveis, dentre obrigatórios e opcionais.

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O reino mental é onde ficam os personagens absorvidos por Ajna (Imagem: Divulgação)

Em Indivisible, a variação é a chave

E é exatamente essa quantidade elevada de que faz com que as lutas sejam tão interessantes. Diferente da maioria dos RPGs, não há como mudar o equipamento da sua equipe, com cada integrante contando apenas com suas habilidades inatas.

Existem todos os tipos de arquétipos na hora de montar uma equipe (que sempre deve contar com Ajna), personagens que atacam de perto, como o espadachim Dhar, de longe como o pistoleiro Latigo, curandeiros como a botânica Ginseng ou magos ofensivos como a Xamã Razmi.

Não deixe os estereótipos te enganarem, no entanto, pois cada combatente, ainda que se comporte de maneira similar a outro, possuí sempre alguma mecânica diferenciada. Como a pirata Baozhai que rouba dinheiro para melhorar seus ataques, ou os irmãos Hunoch e Xiboch, que dividem o mesmo corpo, podendo assumir o controle do mesmo em momentos distintos, mudando as propriedades de seus ataques.

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A história de Ajna em Indivisible pode ser concluída com cerca de 18 horas (Imagem: Divulgação)

Ter uma variedade tão grande permite ao jogador fazer todo tipo de combinação, já que é possível atacar com mais de um membro do time ao mesmo tempo. Assim, privilegia-se a criatividade do usuário, que pode ajustar sua equipe para o estilo de jogo que mais gosta.

A necessidade de se usar sempre a protagonista é, admitidamente, um ponto fraco. Porém, Ajna desbloqueia novos talentos a medida que a aventura se desenrola, o que afasta um pouco o enjoamento.

Vale a pena comprar Indivisible?

Eu fico muito satisfeito quando vejo jogos assim dando certo. Títulos nascidos de iniciativas pequenas, com apoio de jogadores que acreditam na premissa. No caso de Indivisible, só há o que comemorar. Um jogo que pode ser jogado horas a fio sem nenhum chateamento, pegando pontos fortes de vários gêneros e demonstrando atenção ao detalhe que somente quem quer agradar os fãs consegue. O título está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC, via Steam e GOG.com. Uma versão para Nintendo Switch também é prevista.

*Review elaborado no PS4 padrão, com código fornecido pela 505 Games.

Indivisible

9

HIstória

8.0/10

Jogabilidade

10.0/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Casamento perfeito de diferentes gêneros de jogo
  • Personagens interessantes e variados
  • Sistema de combate divertidíssimo

Contras

  • Ser obrigado a se prender a personagem principal nos combates
  • Repetição excessiva de tipos de inimigos em determinados pontos do jogo

João Gabriel Marques

    Jornalista e Videomaker por formação, entusiasta de filmes e jogos por gosto. Gosta de coisas complicadas que explodem o cérebro e de coisas bestas que desligam o mesmo.

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