Infernax | Review
Infernax é um jogo de ação e plataforma 2D, enquadrado como um totalmente excelente metroidvania, desenvolvido pela Berzerk Studio e distribuído pela The Arcade Crew. Ele nos coloca nas calças metálicas de Alcedor, um lorde que volta das cruzadas e encontra suas terras tomadas por um mal indescritível e nada educado.
E será que vale nosso tempo? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Mas que Infernax
Ah ,garoto, aqui nós vamos novamente. Jogue essas tripas pixelizadas para fora desse banquinho e sente-se, leitora. Nosso tópico de discussão de hoje será Infernax, o metroidvania mais novo por essas bandas. Eu realmente gosto do estilo, como já falei infinitas vezes, e sinto meu gelado coração aquecer sempre que surge mais um na praça. Permitam-me explicar o que é o estilo, pegando o que falei na análise do sensacional ENDER LILIES: Quietus of the Knights:
Tal qual outros jogos do estilo como Lost Ruins e Phoenotopia: Awakening (meu grande amorzinho), ENDER LILIES: Quietus of the Knights se encontra no estilo que chamamos de metroidvania. Ele se resume, basicamente, em uma exploração de plataforma com combate e habilidades que são destravadas ao longo do tempo que concedem acesso às novas áreas.
Da Vânia, Castelo.
Uma coisa que notei logo de cara é que Infernax se inspira muito em Castlevania. Até aí, nada novo. Quem não se inspiraria? Eu mesmo, por exemplo, tenho hábito de correr pela rua lançando o passinho dos Belmont. O que me surpreendeu, na verdade, foi ele se inspirar abertamente em Castlevania 2. É um jogo, de certa forma, mal visto na franquia. Por uma série de motivos. Os quais, felizmente, não vemos aqui.
Como de praxe, comecemos pela história. Infernax conta a aventura do lorde Alcedor, que volta de uma temporada terrível nas cruzadas para descobrir que, de alguma maneira, as coisas estão piores ainda em seu doce, doce lar. Suas terras estão dominadas por toda sorte de demônios e abominações, e cai no colo de nosso caríssimo senhor resolver toda essa treta.
Uma coisa interessante de notar, também, é que o jogo conta com mais de um final diferente. E, além disso, com escolhas que levam a cada um e alteram certos elementos e acontecimentos. Por exemplo, no começo podemos escolher salvar ou matar aldeão possuído. A primeira opção nos faz perder uma quest secundária para a frente, mas poupa de enfrentar um chefe. A segunda, o contrário.
Agora vejam, leitores e leitoras. Eu sou uma pessoa conhecida por escolhas duvidosas. Por exemplo, não sei se comer copiosas quantidades de dentaduras de goma foi uma boa. Ou tatuar ” God of War exclusivo eterno” em minhas costas naquele verão em Tijuana. Mas, de todo modo, aprecio quando um título me permite fazê-las. Além disso, é uma forma simples de aumentar o fator de replay.
E tem mais, também. Fatores extra, e não tatuagens que envelheceram mal. Dependendo dos finais podemos liberar algumas variações de nosso herói para jogar. Uma delas, inclusive, muda significativamente o estilo de jogo. Ela, também, pode ser vista ao usar o código da Konami (cima cima baixo baixo esquerda direita esquerda direita B A) na tela de seleção. Foi um toque charmoso que adorei ver.
Salvo isso, temos o estilo metroidvania clássico em Infernax. Nosso herói pode andar, pular, usar magias e itens. Algumas dessas , inclusive, liberam acesso para lugares novos nos mapas que, antes, eram inacessíveis. Além disso, podemos utilizar dinheiro e experiência para comprar melhorias para nosso querido Alcedor. Elas são caras, e adicionam mais uma camada à escolha do jogador. Será que vale bater mais forte? Ou será que vale poder apanhar mais?
Também temos diversas partes de plataforma. Precisamos pular por cima de espinhos, buracos sem fim, fogo, e todo tipo de risco à vida que encontramos nos manuais de construção predial. Os controles são responsivos, e raramente achei que morri por algo além da boa e velha falta de habilidade. Mas, por outro lado, o hábito de alguns inimigos de nos jogar para trás, combinado com a presença desses buracos de morte instantânea, me frustraram um pouco. Que Infernax!
Outro elemento são as missões secundárias. Personagens que encontramos pelos mapas podem nos dar alguns trabalhos para fazer, de índole duvidosa ou não. Realizá-los nos garante itens, novas magias para comprar ou alguma recompensa em dinheiro. Além disso, a escolha de quem ajudar ou ignorar pode fazer com que certas missões futuras estejam disponíveis ou não.
Essa é uma das grandes influências de Castlevania 2 que Infernax executa com maestria, além do estilo de jogo e das habilidades. Realmente curto ver essas pequenas variações na fórmula, e acho que foram feitas de maneira sensacional aqui. E vejam só que alegria. Diferente dos habitantes de Wallachia da época de Simon, os aldeões do reino de Alcedor não mentem o tempo todo. Que maravilha!
Melhor ainda, inclusive, que podem nos ajudar vendendo equipamentos e melhorias. Como disse acima, uma das opções de escolha revolve em torno do que melhorar. Levando em conta que podemos perder tudo entre um ponto de salvamento e outro, se estiver no modo clássico, a escolha do que aprimorar se torna realmente estratégica. O modo casual ameniza isso, mas tira boa parte da diversão de morrer e não ter nada a fazer além de levantar seus braços impotentes para o céu praguejando por sua falta de habilidade. Como fiz, várias e várias vezes.
Sons e Visuais
Infernax pega o estilo pixelizado clássico dos jogos de Nintendinho e quebra a banca, completamente. Achei charmoso demais, principalmente na forma como emula os visuais antigos, mas com certos retoques e qualidades modernas. As cores são fortes, as animações são fluídas e os cenários são diferentes o suficiente para percebermos que o reino e os locais que vamos são realmente variados. Além disso, as cenas de escolha com mais violência são um bom toque, principalmente para diferenciar o título de seus irmãos que homenageiam a velha era dos 8 bits.
A trilha sonora e sonoplastia são uma delicinha. As músicas, principalmente a primeira, são maravilhosas, prendem na cabeça e dão um ritmo muito bom para o que está acontecendo. Infernax tem um esquema de dia e noite, e a mudança das trilhas entre um e outro ajuda a criar aquele senso de perigo e excitação que deixa a experiência bem mais frenética.
Vale a pena jogar Infernax?
Ah não, lá vem uma escolha de novo. A eterna luta contra o dilema binário do sim e do não. Mas, tal qual nosso valente Alcedor, deverei encarar de frente! Sem medo e sem hesitar! Hora de estalar os velhos dedos, parar de enrolar e escrever. Senão vejamos, eu já comecei bem por associar o título a uma de minhas zonas de conforto. Mas acredito que ele vai bem além do que uma simples homenagem.
Infernax faz o suficiente para pegar um estilo de jogo já consagrado e ir um pouco além. Os elementos extras, finais, escolhas, jogabilidade, visuais. Tudo trabalha para criar uma experiência familiar, mas com passos suficientes para não ser uma mera cópia. Ainda que algumas partes, como seções de plataforma com inimigos que te atiram em buracos, sejam complicadas, não posso dizer que me arrependa de tê-lo jogado.
Se você curte metroidvanias, jogos de aventura em 2D, ou coisas boas no geral, irá gostar bastante do que verá aqui. Infernax contra bem, é bonito aos olhos e ouvidos e te dá motivos o suficiente para querer uma segunda dose das presepadas de nosso herói. Salvo o trabalho que tive para limpar o sangue e pedaços de zumbi do teclado, não tenho o que reclamar. Recomendo fortemente.
Infernax foi lançado em fevereiro e está disponível para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e PC, via Steam. Assinantes Xbox Game Pass, tanto no PC quanto no console, podem jogar sem custo adicional.
*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela The Arcade Crew.