The Legend of Heroes: Trails to Azure | Review
The Legend of Heroes: Trails to Azure é um JRPG, que faz parte da família The Legend of Heroes, lançado originalmente no longínquo ano de 2011. Dando as caras pela primeira vez no nosso lado de cá, o jogo continua a história iniciada em The Legend of Heroes: Trails from Zero. Como alegria de pobre dura pouco, nossos amigos e amigas da Special Support Section (SSS, para os íntimos) não terão tempo algum para descansar das tretas do último jogo. Maquinações e personalidades maldosas irão colocar a cidade de Crossbell e seus habitantes na linha de tiro, e apenas eles poderão fazer algo a respeito disso. Que vida de cão, não é mesmo?
E aí, será que vale a pena acompanhar mais esse desenrolar da saga de Lloyd e companhia? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Vida agitada
Vejam bem, leitoras e leitores, se não temos mais um queridinho da galera seguindo a linha de Like a Dragon: Ishin! . Lançado pela primeira vez em 2011 (12 anos atrás, meu Deus como estou velho), The Legend of Heroes: Trails to Azure chega para o oeste traduzido (em inglês, é verdade) e pronto para contar a segunda parte da história de Lloyd e companhia limitada, iniciada no agradável The Legend of Heroes: Trails from Zero.
A série The Legend of Heroes sempre entregou jogos de qualidade, embora não tenha (ao menos em se tratando de minha percepção) caído no mainstream da galera. De todo modo, ver mais jogos sendo lançados e portados com traduções oficiais aquece meu coração com a esperança de que não precisaremos mais contar passar o perrengue de procurar localizações alternativas ou, Deus me livre, esperar mais uma década.
Um aviso aos navegantes, ainda que The Legend of Heroes: Trails to Azure seja uma continuação, não se sintam dissuadidos de apreciá-lo. O jogo conta com uma seção resumindo todo o rolê do título anterior, bem como uma para apresentar os personagens centrais. Além disso, personagens secundários e NPCs sempre reconheceram o pessoal da SSS, relembrando os velhos tempos e nos colocando à parte dos acontecidos. Isso é essencial, e serve tanto como uma nostalgia para quem viveu a primeira aventura quanto uma apresentação para os novatos.
Vamos na história de The Legend of Heroes: Trails to Azure. Após passarem perrengues com monstros, máfias e cultos demoníacos, nossos amigos e amigas da SSS retornam para sua vida rotineira de patrulhas e atendimento de necessidades da população em geral. Nada de novo para o, agora, prestigiado esquadrão da polícia de Crossbell City. Paz e tranquilidade merecidas, não é mesmo?
Só que não, infelizmente. Ou felizmente, visto que a falta de dor de cabeça para nossos chegados causaria uma falta de jogo para nós, não é mesmo? Enfim, as coisas não andam bem na cidade. Diversas organizações poderosas começam a se movimentar para ocupar as lacunas deixadas pelas máfias derrubadas no primeiro título e pressões vindas das duas nações que fazem fronteira com Crossbell prometem colocar todos em estado de alerta. Com isso, nossa pacata cidade se torna uma panela de pressão, e cai nas mãos de Lloyd e seus companheiros arranjar uma maneira de impedir que ela estoure e destrua tanto a vida dos que vivem lá quanto a própria SSS.
Como falei, marinheiros de primeira viagem não terão muito problema em entender o que aconteceu no primeiro título, nem para pegar o fio da meada. The Legend of Heroes: Trails to Azure é um jogo muito bem escrito, tanto para acolher novos fãs em potencial quanto para fazer conexões entre os títulos, deleitando os fãs de carteirinha.
Os personagens, principalmente, são um mimo. Seja nos diálogo ou, na construção de sua personalidade, enfim. São escritos com tanto refino e delicadeza que não há como não se conectar com eles, sejam protagonistas ou secundários. Além disso, a trama tem um bom andamento e não decepciona, intrigando e nos amarrando até o fim. O único negativo é que, algumas vezes, a exposição é um pouco densa demais. Resultado disso é o alto tempo gasto, por vezes, lendo e vendo animações. Mas, nada que quebre a roda da carroça.
A jogabilidade de The Legend of Heroes: Trails to Azure se divide entre prosseguir com a trama, enquanto resolvemos as requisições cotidianas da SSS, e cair no tapa com toda sorte de monstro e malfeitor que aparecer pela frente. No início de todo capítulo recebemos uma série de missões: urgentes, que avançam a história, e comuns. As últimas vão de entregar formulários para as pessoas até derrotar monstros e afins.
Isso é interessante pois, além de contar como coisas extras a se fazer, ajuda a criar a ideia de que nossos protagonistas ainda são membros da polícia local, trabalhando para ajudar os moradores de Crossbell e resolver suas dores, sejam quais forem. Além disso, resolver essas pequenas coisinhas nos manda para todo tipo de local, ajudando a motivar na exploração.
Um outro ponto positivo de visitar os diversos lugares que nos mandam é conversar com os NPCs. Muitos conhecem nossa galera, e falarão tanto dos problemas que os fizeram nos conhecer (no primeiro jogo) até a forma como sua vida seguiu depois das confusões em que todos se meteram. Achei isso uma forma elegante e simples de criar a visão de que realmente estamos em um mundo que seguiu, e que os eventos do primeiro jogo tiveram seu impacto que perdura até hoje.
Em se tratando de pancadaria, The Legend of Heroes: Trails to Azure segue o bom e velho esquema de turnos com algumas voltas e reviravoltas. Cada um de nossos personagens pode agir em sua vez, decidindo por se movimentar, atacar, usar arts (as magias do jogo), crafts (habilidades mais fortes que usam CP para executar) e itens. Cada boneco tem um alcance específico, e diferentes armas necessitam de suas próprias distâncias para acertar o alvo.
O primeiro ponto a se destacar são os crafts. Como vimos acima, elas são habilidades bem mais fortes e únicas para cada personagem. Alguns possuem ataques em área, outros cura, interrupção de magias inimigas, esse tipo de coisa. Além disso, podem ser utilizados para adiantar a ação do personagem que escolhermos, fazer com que ele utilize um de seus crafts fora de turno e, até, lançar ataques em duplas com alto poder destrutivo. É um sistema simples e divertido, que recompensa saber a hora de guardar nosso CP ou usar. Curti bastante.
As arts são aprendidas através de orbments: um equipamento específico de cada herói que permite usar uma magias, além de ganhar alguns atributos extras. O sistema não é demasiadamente complexo e lembra bastante o sistema de materias de Final Fantasy. Contudo, a forma pela qual aprendemos e melhoramos nossos quartz (as pedras que colocamos nos orbments para aprender uma magia) é um pouco confusa de se entender em principio.
Esse é um problema que tive com algumas mecânicas de The Legend of Heroes: Trails to Azure, assim como seu predecessor. Isso, talvez, pelo fato da base do sistema se manter a mesma. Não é um problema com o tutorial em si, mas mais como as informações sobre todo o processo são demonstradas na tela. Como no título anterior, a interface do jogo não é das mais limpas e amigáveis.
Sons e Visuais em The Legend of Heroes: Trails to Azure
Antes de mais nada, vamos nos lembrar de que The Legend of Heroes: Trails to Azure já possui certa idade. Dito isto, começo dizendo que os modelos dos personagens continuam fofos e belos como sempre. Todos possuem muita individualidade, e dão um toque especial ao título. O que nunca me agradou muito, desde o Zero, foram os cenários. Em sua maioria urbanos, são muito sem vida e repetitivos para empolgar. Levemente potencializado aqui, creio, devido ao fato de muitos deles retornarem do jogo anterior.
A trilha sonora é competente, com muitas músicas relaxantes. Dito isso, acho que ela fica levemente sem sal por conta desse clima. Não me senti especialmente animado ou empolgado por nenhuma, mas também não me irritei. Diria que ficou na média cravada. As vozes, no entanto, ficaram muito boas. Contando com a dublagem original em japonês, o título traz um trabalho competente de seus voice actors, o que ajuda muito a elevar a experiência.
Vale a pena comprar The Legend of Heroes: Trails to Azure?
É chegada a hora, leitora. Prepare papel e caneta, leitor. Vamos tentar descobrir se The Legend of Heroes: Trails to Azure valerá o investimento de nosso tempo cada vez mais curto nesse planeta azul. Bom, vamos lá. O título é uma continuação de uma história já iniciada, mas faz um trabalho excelente em acolher aqueles que não conhecem o que rolou em Zero. Portanto, não precisam ter medo. E os veteranos, por sua vez, irão se deleitar com as conexões e desdobramentos das aventuras anteriores do SSS.
No mais, The Legend of Heroes: Trails to Azure é um JRPG de combate em turnos muito competente, com uma história intrigante, personagens cativantes, um sistema de combate divertido e muitas mecânicas interessantes. E temos um botão de acelerar para deixar tudo mais frenético ainda! Ainda que a interface deixe tudo muito confuso, não chega ao ponto de impedir de jogar. O visual do jogo peca um pouco, dadas as ressalvas de sua data de lançamento, pela repetição de cenários (alguns vindos de Zero) e a falta de variedade pelos lugares que passamos. Os modelos de personagens, contudo, continuam muito bons.
Ao fim e ao cabo, queridos e queridas, The Legend of Heroes: Trails to Azure é um jogo que já vale como recomendação instantânea para todos que curtiram o anterior, e querem ver o fim da saga do Lloyd. Mas, como falei, até os que ainda não conhecem nossos queridos desajustados terão muito para aproveitar aqui. Não se deixe assustar pela interface no começo, e vá tranquila. The Legend of Heroes: Trails to Azure vale a pena.
The Legend of Heroes: Trails to Azure será lançado no ocidente no dia 14 de março, com versões para Nintendo Switch, PlayStation 4 e PC, via Steam, GOG.com e Epic Games Store.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America.
The Legend of Heroes: Trails to Azure
Prós
- História intrigante, com diálogos excelentes
- Personagens cativantes
- Sistema de combate divertido
- Sistema de orbment permite uma boa customização de habilidades
- Acolhe os novatos sem esquecer dos veteranos
Contras
- Alguns diálogos são longos demais
- Cenários se repetem com frequência
- Interface confusa
- Sem tradução em PT-BR