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Little Nightmares III | Review

Enfim se tornando uma trilogia, a série em que controlamos crianças fugindo de criaturas perturbadoras em um mundo que parece ter saído da mente de Tim Burton apresenta, pela primeira vez, a possibilidade de jogar toda a história com mais um jogador no modo online.

Desta vez totalmente desenvolvido pela Supermassive Games, Little Nightmares III consegue manter o padrão de qualidade mesmo sem o envolvimento da Tarsier Studios? Descubra a seguir nesta análise antecipada do Pizza Fria!

Se aventurando na Espiral

Desta vez, assumimos o controle de Low e Alone, duas crianças que precisam atravessar uma região conhecida como “A Espiral”, enquanto fogem das estranhas criaturas desse mundo. Seguindo a tradição dos títulos anteriores, não há diálogos, e a história é contada por meio dos cenários, bem como pelas ações dos protagonistas e antagonistas durante a exploração.

Em Little Nightmares III, há um número consideravelmente maior de cenas no estilo plano sequência. Geralmente focadas em momentos de ação, elas servem para transitar o jogador entre diferentes ambientes. Essa adição reforça a sensação de jornada e o clima constante de perigo que paira sobre os protagonistas.

Quanto às conexões com os jogos anteriores, elas existem, mas são mais sutis do que em Little Nightmares II. O novo título contribui mais para a construção de mundo, apresentando cenários inéditos que revelam o funcionamento e o cotidiano desse universo, em vez de focar apenas em um local fechado, como nos capítulos anteriores.

Foi também o primeiro jogo da série em que realmente senti empatia pelos personagens, torcendo genuinamente por um desfecho feliz em sua jornada. As novas cenas ajudam nesse aspecto: os objetivos estão mais claros e as expectativas, melhor construídas — resultando no final mais envolvente da trilogia.

Little Nightmares III
A bizarrice dos cenários continua! (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Um cooperativo funcional, mas pouco desafiador

Desde o início, é importante destacar que, embora seja possível vivenciar toda a história sozinho, acompanhado pela IA, é altamente recomendável jogar Little Nightmares III ao lado de outra pessoa. As descobertas e a análise dos cenários se tornam muito mais envolventes dessa forma.

Logo ao iniciar a campanha, o jogador escolhe entre controlar Low ou Alone. Low utiliza um arco para atingir objetos e inimigos à distância, enquanto Alone empunha uma chave de fenda capaz de quebrar paredes frágeis e finalizar determinados inimigos.

Quando controladas pela máquina, as habilidades individuais são executadas quase automaticamente, mesmo que o jogador ainda não tenha descoberto a ação necessária. Infelizmente não há suporte para um segundo jogador local — uma ausência difícil de entender, considerando o quanto essa opção seria bem-vinda.

Os enigmas, em sua maioria, são simples de resolver em cooperação, sem exigir muito timing ou estratégia. Em alguns casos, inclusive, é possível superá-los com apenas um jogador. Em diversos momentos, a sensação é de que o segundo jogador está ali apenas para acompanhar uma campanha essencialmente single-player com suporte para dois participantes.

Ainda assim, há passagens mais intensas que exigem maior atenção dos jogadores. Embora esporádicas e distribuídas ao longo das tradicionais quatro horas de duração típicas da série, essas sequências representam o ponto alto da experiência.

Little Nightmares III
Os coletáveis bem escondidos voltam a dar as caras (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Uma identidade própria que não dura muito

Fiquei bastante empolgado com o início da jornada de Little Nightmares III, ambientado em um cenário desértico que transmite uma sensação de grandeza impressionante — algo reforçado por aquele que continua sendo o maior destaque da trilogia: o design de som. A profundidade dos ambientes, os ecos, o som dos passos de enormes criaturas (ainda mais colossais que nos jogos anteriores) e até o leve ruído da areia escorrendo entre os diferentes andares ajudam a construir uma atmosfera envolvente, que realmente faz o jogador sentir que está explorando uma expansão desse universo.

Infelizmente, esse sentimento não dura muito. Pouco depois da metade da experiência, os cenários passam a remeter fortemente aos títulos anteriores, especialmente ao primeiro Little Nightmares, chegando a dar a impressão de uma recriação de diversos segmentos. O jogo não perde sua essência, mas há uma sensação de familiaridade excessiva no núcleo da aventura. Considerando o potencial apresentado na primeira hora, fica a impressão de uma oportunidade perdida em consolidar uma identidade própria para o projeto.

Little Nightmares III
O primeiro capitulo de Little Nightmares III está sem dúvidas entre os melhores da série. (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Felizmente, o obstáculo final da jornada resgata a sensação de grandiosidade de Little Nightmares III. Mesmo em ambientes familiares, as interações do vilão com o cenário são únicas e surpreendentes, conferindo um desfecho marcante à experiência.

Minha única ressalva técnica diz respeito à chuva e à água. Visual e sonoramente, esses elementos não apresentam o mesmo nível de capricho observado no segundo jogo. A imersão do segmento ambientado no parque de diversões foi parcialmente comprometida justamente porque, de repente, os sons dos passos na água, o vento e o efeito da chuva soavam menos cativantes.

Little Nightmares III
Os momentos de silêncios continuam memoráveis e cativantes em Little Nightmares III. (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Vale a pena comprar Little Nightmares III?

A Supermassive Games manteve o padrão de qualidade da série e, em seus melhores momentos, conseguiu expandir o universo criado pela Tarsier Studios. Embora Little Nightmares III não ofereça grandes novidades nem um desafio elevado em sua jogabilidade, as fugas intensas e as cenas bem dirigidas compensam parte dessas limitações.

A experiência é significativamente melhor quando jogada em dupla, tornando a interação com o mundo mais imersiva e os melhores enigmas ainda mais marcantes.

Para quem deseja se aprofundar no universo da franquia, vale conferir os dramas em áudio oficiais intitulados The Sounds of Nightmares, disponíveis gratuitamente no canal da Bandai Namco no YouTube. Eles ajudam a compreender alguns dos segredos por trás da história deste capítulo. Além disso, Little Nightmares III receberá duas expansões de história ao longo de 2026 — então, prepare-se para mais pesadelos e mistérios pela frente.

Little Nightmares III tem lançamento previsto para 10 de outubro, com versões para PlayStation 5, PlayStation 4Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch, Switch 2 e PC, via Steam e Xbox no PC.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Bandai Namco.

Little Nightmares III

BRL 199,50
7.7

Desafios

5.0/10

Gráficos

9.0/10

Áudio e trilha sonora

9.0/10

Prós

  • Qualidade técnica quase impecável
  • Mais cutscenes, oferecem mais storytelling e imersão
  • Em seus melhores momentos, cria sua própria identidade com separado dos títulos anteriores
  • Localizado em PT-BR

Contras

  • Segmentos familiares demais com os jogos anteriores
  • Poucos desafios e aproveitamento do cooperativo
  • Sem modo cooperativo local