Loop8: Summer of Gods | Review

Loop8: Summer of Gods é um JRPG que mistura viagens no tempo com monstros e dramas adolescentes na tentativa de criar uma aventura única, tanto em mecânicas quanto em narrativas. Desenvolvido pela Marvelous Inc., e distribuído em conjunto pela XSEED Games, Marvelous USA Inc., e Marvelous, o título promete entregar uma experiência refrescante como um sopro de verão ao gênero.

E aí, será que a promessa foi cumprida e nosso suado dinheirinho honrado? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.

Preso no fluxo

Olá novamente, leitores e leitoras. Deve ser a enésima vez que os recebo hoje, sabiam? Acreditem se quiser, mas acredito estar preso em um loop temporal causado por jogar Loop8: Summer of Gods. Ou isso, ou uma vida inteira de animes e açúcar finalmente cobrou seu preço e me colocou para viver no limiar entre a realidade e a fantasia. Totalmente excelente!

Enquanto espero a situação se resolver, como é o caso nesse tipo de coisa, vou falando para suas versões atuais sobre o jogo que causou toda essa confusão. Loop8: Summer of Gods é um JRPG que traz uma proposta interessante para a mesa, casando a ideia das mecânicas já conhecidas do gênero com um sistema de loops que nos incentivam a reiniciar a história frequentemente. Pensem no que vimos nos primeiros jogos da franquia Dead Rising, por exemplo.

Como disse, não me recordo de um jogo desse estilo aplicar esse tipo de mecânica. Bom, ao menos não dessa forma. Chrono Trigger, lá nos antigamentes, já se enrolava com essas doideiras espaciais, de fato. Mas com o uso de loops, quase flertando com o roguelite, envolvendo todo esse rolê espaço temporal foi o primeiro que tive contato. Se minha memória não falha, o que é uma possibilidade dado o supracitado excesso de açúcar, animes e ciclos temporais.

Loop8: Summer of Gods
E lá vamos nós. (Imagem: Divulgação)

A trama de Loop8: Summer of Gods é mais ou menos essa: estamos no controle de um rapazote chamado Nini, que chega para viver na idílica vila de Ashihara em agosto de 1983. A década de ouro, não é mesmo? Até poderia ser, se nosso protagonista não estivesse vindo fugido de uma estação espacial que foi destruída por monstros chamados de Kegai. Os mesmos que, nesse momento, planejam arrebentar com sua nova morada e consumir todos que nela vivem. Que cara azarado, não é mesmo?

Ao seu favor, nosso protagonista conta com a habilidade de voltar o tempo para o dia de sua chegada, no começo do mês, toda vez em que falha em salvar o vilarejo. Além disso, a cidade é habitada por uma série de outros personagens que, além de amigos em potencial, também podem se tornar aliados importantes se quisermos completar nossa missão e impedir que um desastre aconteça.

Loop8: Summer of Gods até que entrega um enredo instigante, que nos faz ficar interessados até o final. Alguns dos protagonistas, inclusive, são muito bem escritos e divertidos de acompanhar e se aproximar. Contudo, a natureza de loops do jogo, como falarei mais na frente, faz com que precisemos rever as mesmas cenas e ler os mesmos diálogos cada vez que voltarmos para o começo do mês. Essa ideia de repetição e possível cansaço resultante permeia toda nossa experiência com o título.

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O ciclo (lol) de jogo de Loop8: Summer of Gods lembra bastante o de outros jogos com protagonistas em idade escolar, como Persona, por exemplo. Nini precisar dividir seu precioso, e curto, tempo entre suas atividades escolares, sua vida social e sua luta contra os kegai que desejam detonar com Ashihara. Contudo, diferente de outras séries, as atividades que podemos realizar são muito mais importantes aqui.

Por exemplo, estudar aumenta nossa inteligência, o que tem efeito direto no dano de nossas habilidades em combate. Correr nos deixa com mais vitalidade, barras com força, esse tipo de coisa. Além disso, nos tornar amigos dos diversos habitantes da cidade também é benéfico pois, se forem combatentes, se tornarão mais fortes e poderão nos auxiliar melhor na hora da treta. Cada dia tem horas contadas, e temos uma barra de energia que se gasta com tudo que fazemos. Logo, planejar nossa rotina é essencial.

O chato disso é que Loop8: Summer of Gods reseta a maioria de nossos atributos ao reiniciar o ciclo, mantendo apenas algumas blessings que ganhamos de alguns personagens. É até interessante pela ótica roguelike. Mas, diferente de outros títulos do gênero, recuperar nossas amizades e atributos vai se tornando cada vez mais enfadonho. O jogo até ajuda aumentando a velocidade que evoluímos, mas problema ainda se mantém.

Esse é um exemplo, como falei antes, da mecânica chefe do título trabalhando contra seus melhores interesses. Manter nossos heróis fortes, mesmo que com inimigos que nos acompanhem, talvez fosse uma alternativa mais interessante. Isso não invalida a boa sacada desse lance todo de tempo e voltas, mas certamente não lhe faz nenhum favor.

Loop8: Summer of Gods
As bênçãos dessa coisinha são das poucas que se mantém nos loops. (Imagem: Divulgação)

Já o combate de Loop8: Summer of Gods segue o bom e velho formato de turnos, com algumas variações. Quando os kegai aparecem, vamos para uma versão sombria de Ashihara onde o pau come solto. Nosso time é composto por 3 personagens, o herói e outros dois de sua escolha, e temos por objetivo ir limpando a oposição até chegar ao grande chefe. Se o matarmos, sucedemos. Se morrermos, volta o tempo todo para o início do mês.

O diferencial das batalhas é que controlamos apenas nosso personagem, mas podemos falar frases que influenciam as ações de nossos ajudantes. Além disso, a força e natureza de nossos elos com eles influenciam quais habilidades poderão usar, e um boneco com ódio no coração é muito mais propenso a bater do que curar, ao que notei. Uma maneira elegante de amarrar mecânicas diferentes, não é mesmo?

Mas, controlar apenas um personagem acaba sendo mais sofrimento do que deveria. Tal qual ocorria no saudoso Persona 3 original, de PS2, muitas vezes nossos companheiros fazem o que querem mesmo que seja completamente oposto do bom senso. O inimigo está quase morrendo? Hora de dar um buff! Nini está quase indo de base? Melhor bater com meu ataque básico fraco.

Existem algumas outras mecânicas de habilidade que dão uma sacudida nas coisas, mas acho que o combate de Loop8: Summer of Gods acaba sendo mais frustrante do que deveria na maioria do tempo. O que é uma pena, pois ele é estiloso e impactante, e realmente me impressionou quando vi pela primeira vez. Talvez algo simples como poder comandar os aliados diretamente resolveria boa parte de minhas dores.

Sons e Visuais

No departamento visual, Loop8: Summer of Gods entrega com louvores. A cidade em que vivemos é bonita, as cores são vivas e os personagens são bem legais e bem desenhados. Uma única coisa estranha que percebi é que a movimentação do personagem é meio travada, parecendo faltar alguns frames. Não sei se é uma decisão estilística, mas foi bem disruptiva.

A parte sonora é boa também, principalmente pelas músicas que compõe a trilha e a dublagem. Seja andando pela cidade, seja lutando com os kegai, sempre teremos alguma música agradável tocando nos nossos ouvidos.

Loop8: Summer of Gods
A apresentação é top de linha. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Loop8: Summer of Gods?

Olá novamente, leitores e leitoras. Deve ser a enésima vez que os recebo hoje, sabiam? Acreditem se quiser, mas acredito estar preso em um loop temporal causado por jogar Loop8: Summer of Gods…. esperem aí! Já sei, provavelmente a saída desse ciclo será dar minha opinião final sobre o jogo, certo? Excelente meus atemporais, vejamos o que falamos até agora.

O título tem uma premissa muito legal, e uma ideia central com potencial. A noção de poder voltar no tempo e refazer as coisas pode ser divertida, e a ligação entre nossa vida social e os combates ficou bem feita. Além disso, o jogo é lindo de ver e ouvir. Contudo, essa mesma mecânica pode tornar tudo enfadonho, visto que precisamos ficar melhorando atributos e conquistando amigos de novo, de novo e de novo. Além disso, uma I.A maluca na hora dos combates acaba gerando frustração onde não deveria haver.

Ao fim e ao cabo, Loop8: Summer of Gods entristece mais por ser uma oportunidade perdida. O título é perfeitamente mediano no que faz, mas ele tinha o potencial de ser realmente um para servir de inspiração para títulos futuros. Se achar que a premissa é uma boa, e que o loop de jogo lhe agrada, pode confiar que irá agradar. Mas se repetição não for sua praia, talvez valha a pena ponderar um pouco antes de começar a jogar.

Loop8: Summer of Gods foi lançado para Nintendo SwitchXbox OnePlayStation 4 e PC, via Steam no dia 6 de junho deste ano. 

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela XSEED Games.

Loop8: Summer of Gods

+ R$ 179,50
7.3

História

8.0/10

Jogabilidade

6.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

6.0/10

Prós

  • Ideia de loops tem potencial
  • Boa união das mecânicas sociais com o combate
  • Bonito de ver
  • Premissa interessante

Contras

  • Natureza repetitiva pode enjoar fácil
  • Perder e recuperar todos os atributos e laços em cada loop desanima
  • IA dos membros da equipe nas lutas é inconsistente, gerando frustração
  • Animações travadas e variando me pareceram bem estranhas
  • Tinha um grande potencial que, infelizmente, não foi alcançado completamente

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.