Lords of the Fallen | Review
Lords of the Fallen, lançado em 2014, é frequentemente citado como um dos piores títulos a tentar se inserir no gênero soulslike, seguindo o sucesso de Dark Souls. O anúncio de um reboot dessa franquia gerou ceticismo, fazendo com que muitos mantivessem expectativas moderadas. O histórico da franquia já seria razão suficiente para um certo pessimismo em relação a este novo título; contudo, o desenvolvimento do novo Lords of the Fallen enfrentou diversos desafios adicionais.
Os desenvolvedores recomeçaram o projeto do zero pelo menos duas vezes, descartando todo o trabalho anterior e causando significativos atrasos no lançamento. O jogo também passou por várias mudanças de nome, iniciando como uma sequência intitulada Lords of the Fallen 2, evoluindo para The Lords of the Fallen, e finalmente se consolidando como Lords of the Fallen perto do término do desenvolvimento. Vale ressaltar que a equipe de desenvolvimento passou por várias mudanças ao longo deste período, culminando com a liderança do estúdio HEXWORKS.
Diante deste cenário de desenvolvimento problemático, minhas expectativas para o jogo sempre foram baixas. No entanto, a CI Games e a HEXWORKS convidaram o Pizza Fria para experimentar essa nova fase da franquia Lords of the Fallen e compartilhar nossas impressões em mais uma análise: será que os desenvolvedores conseguiram superar os obstáculos?
O que é Lords of the Fallen?
Lords of the Fallen é um jogo que se mantém fiel às raízes do gênero soulslike, incorporando características típicas do gênero. Se você já tem experiência com títulos similares, encontrará familiaridades em sua jornada. No entanto, Lords of the Fallen apresenta inovações significativas, sendo a mais notável a Lanterna Umbral.
Esta lanterna emerge como uma das ferramentas mais inventivas e notáveis em um jogo soulslike nos últimos tempos. Lords of the Fallen se destaca por abranger duas dimensões: a realidade convencional, denominada Axiom, e o plano Umbral. A lanterna Umbral desempenha um papel crucial ao revelar o plano Umbral quando o jogador está na dimensão de Axiom, efetivamente apresentando dois mapas interconectados.
A dinâmica de alternar entre essas duas realidades resulta em um design de níveis excepcionalmente cativante, incentivando a exploração dos mapas em ambas as dimensões. Os jogadores são desafiados a descobrir caminhos, passagens secretas, pontes e itens valendo-se da lanterna. Essa mecânica enriquece a exploração, tornando-a uma das mais envolventes em um soulslike linear desde o lançamento de Dark Souls em 2011.
Além disso, a lanterna tem a função de interagir com objetos específicos, ativando atalhos, solucionando puzzles e sendo uma ferramenta auxiliar no combate.
O enredo de Lords of the Fallen se desenrola no mesmo universo do jogo anterior, mas os eventos ocorrem centenas de anos depois. Embora a história não seja uma continuação direta, ela traz referências sutis que certamente serão apreciadas pelos fãs da série.
O combate
O combate dos jogos da CI Games sempre foram uma pedra no sapato para mim, seja nas animações nos feedbacks sonoros e principalmente na velocidade do combate. Era previsível que o combate seguisse a linha dos jogos anteriores do estúdio, e de fato, ele se assemelha em vários aspectos. No entanto, o novo Lords of the Fallen conseguiu aprimorar os pontos fracos do sistema de combate anterior, proporcionando uma experiência mais gratificante, algo crucial em jogos soulslike.
Conforme mencionei anteriormente, a lanterna desempenha um papel vital também nas batalhas, contribuindo significativamente para o refinamento do combate. A lentidão intrínseca do jogo é compensada pela introdução de novas ferramentas e possibilidades durante o combate.
A lanterna é usada para extrair as almas dos inimigos, deixando-os desorientados temporariamente, permitindo ao jogador atacar essas almas para desestabilizar a postura do inimigo e, eventualmente, desferir um golpe poderoso. Outra inovação no combate do jogo é a introdução de armas de longa distância, que possuem um espaço específico no equipamento do personagem, eliminando a necessidade de escolher entre, por exemplo, uma espada e um arco, já que eles não ocupam mais o mesmo espaço de equipamento. Isso oferece mais uma oportunidade criativa para enfrentar os inimigos.
Embora o combate em Lords of the Fallen não seja revolucionário ou excepcional, ele cumpre seu papel e traz algumas inovações interessantes que podem ser apreciadas por veteranos do gênero soulslike.
Os visuais
É fundamental destacar que Lords of the Fallen apresenta uma beleza estonteante em todos os aspectos visuais. Desde os gráficos detalhados e texturas de alta qualidade, aos efeitos especiais e, particularmente, à direção de arte excepcional, o jogo impressiona. Além disso, apresenta uma variedade de mapas que incluem áreas cobertas de neve, florestas, pântanos, entre outros cenários. No entanto, o ponto alto visual, ao menos para mim, reside na dicotomia artística entre as duas dimensões do jogo. Esta dinâmica frequentemente resulta em dois mapas distintos, separados apenas por um botão, ampliando exponencialmente as possibilidades de exploração e variedade de paisagens.
Porém…
No entanto, é importante reconhecer que Lords of the Fallen não é perfeito, longe disso. O jogo enfrenta problemas significativos, especialmente em relação à performance. A renderização simultânea das duas dimensões representa um desafio até mesmo para computadores e consoles de última geração, o que pode ser atribuído, em parte, à falta de otimização por parte dos desenvolvedores. É importante salientar que o jogo exige o uso de um SSD para funcionar adequadamente, sem o qual a dinâmica das duas dimensões torna o jogo praticamente injogável.
Outro aspecto que prejudicou minha experiência com o jogo foi a disposição dos inimigos e armadilhas nos mapas. Lords of the Fallen, por vezes, exagera na quantidade de adversários e obstáculos, exigindo uma paciência extrema dos jogadores. Os inimigos são agressivos e possuem muita vida, o que, aliado ao ritmo lento do combate, pode criar uma experiência frustrante e desagradável. A abundância de armadilhas também contribui para momentos de tensão e desafio, até mesmo para jogadores experientes no gênero.
Vale a pena comprar Lords of the Fallen?
Lords of the Fallen oferece, ao final do dia, uma experiência positiva. O jogo se mantém fiel ao estilo soulslike, mas introduz algumas pequenas inovações que, de maneira geral, enriquecem a jogabilidade. Com isso em mente, é provável que o jogo agrade os entusiastas do gênero, embora possa não ser tão atraente para aqueles que não são fãs de jogos similares, especialmente considerando os problemas mencionados anteriormente. A exigência de um SSD para um gameplay fluído pode ser um empecilho para alguns jogadores, e a falta de otimização pode ser uma fonte de frustração.
Em resumo, Lords of the Fallen se destaca mais por ser um jogo interessante do que excepcionalmente bom. Ele oferece uma experiência familiar, mas desafiadora, para os jogadores que apreciam a dificuldade característica dos jogos soulslike.
Lords of the Fallen já está disponível para PC, via Nuuvem, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com o jogo instalado em um SSD e código fornecido pela CI Games.
Lords of the Fallen
+ R$ 249Prós
- Gráficos de cair o queixo
- Algumas mecânicas são bastante diferentes e criativas
- Tradução PT-BR
- O jogo tem bastante conteúdo e é bem longo
- A dinâmica das duas dimensões é muito interessante
Contras
- Otimização e desempenho deixam a desejar
- Inteligência artificial dos inimigos é agressiva demais tornando o combate frustrante
- Densidade de inimigos nos mapas