MARS 2120 | Review
MARS 2120 é um metroidvania, ambientado em marte, desenvolvido e publicado pela QUByte Interactive. Nele, tomamos o controle da sargenta Anna Charlotte durante uma missão em Marte que, tal como costuma acontecer nesse tipo de situação, acabou sendo muito pior do que ela esperava. Aposto que, inclusive, a fez reconsiderar se essa carreira de heroína é uma boa, não acham?
Bom, e será que vale a pena acompanhar esse babado? É o que veremos agora, em mais uma análise sideral do Pizza Fria.
Foi para o espaço
Lá venho eu novamente, caros leitores e leitoras deste site sideral, com mais uma análise fresquinha para vocês. Ou não, caso vocês estejam lendo isso muito no futuro, através de reconstruções digitais acerca do que era entretenimento no século XXI. De toda forma, temos mais metroidvania para apreciarmos que é, de quebra, um produto nacional.
MARS 2120 chega com a proposta de oferecer um metroid da vânia com uma cara espacial, ambientado no grande planeta vermelho e possuidor de tudo que faz esse gênero ser um dos mais amados por toda população global (segundo as vozes em minha cabeça me dizem, ao menos). Achei essa premissa interessante e até que refrescante para mim, visto que o último jogo que me lembro de ter jogado com essa ideia marciana foi Red Faction Guerilla.
Também fiquei intrigado quanto às aspirações do título. Afinal, qualquer um que cite gigantes como Super Metroid e Castlevania: Symphony of the Night como inspiração certamente estão no caminho certo, não é mesmo? Bom, temo dizer que acredito que não foi o caso. Ao menos, acredito, que a intenção tenha sido pegar a direção contrária. Vamos entender o motivo desse meu choro, agora.
História
MARS 2120 começa com a protagonista, Anna Charlotte, caindo em uma colônia no planeta Marte. Sua missão? Descobrir o que rolou por lá, dar um jeito no problema e ajudar quem puder. E… é isso, acredito. Vejam, o título começa abruptamente, com nossa protagonista em frente de alguns destroços e, sem mais nem menos, recebemos o controle total. Ousado e prático, ao menos.
Conforme avançamos, vamos encontrando alguns poucos logs gravados por sobreviventes (e falecidos) que contam um pouco da treta que rolou no lugar, envolvendo experimentos fora de controles e outras coisas saborosas do tipo. Contudo, fica tudo tão largado que realmente é complicado se envolver na trama ou, ao menos, se importar com as dores dos que viviam ali.
Não sei se isso foi causado por algum bug em MARS 2120 (mesmo que eu o tenha recomeçado algumas vezes), mas realmente acredito que a trama do game realmente seja mais solta e protocolar, tal como foi apresentado. Achei isso uma pena porque, apesar dos pesares, o setting se mostra promissor, e poderia ter sido muito mais bem aproveitado.
Gameplay
MARS 2120 se apresenta como um metroidvania raiz, apoiado nos bons e velhos princípios da movimentação em 2D, elementos de plataforma, umas pitadinhas de RPG e, nesse caso, um enfoque maior no uso de armas de longo alcance e habilidades que permitem que a protagonista manipule alguns elementos do mundo a sua volta, além de ajudar na hora de arrebentar com os monstros que rondam o lugar.
Os controles são simples, com botões para atacar com as armas de alcance (que usam uma barra de energia recarregável), golpes curtos, pulos duplos e outras coisas do gênero. Anna vai encontrando, ao longo de sua jornada, uma série de melhorias que a tornam uma lutadora e exploradora mais eficaz como, por exemplo, a habilidade de congelar água ou se transformar em energia para esquivar de ataques ou passar por barreiras.
Além disso, ganhamos experiência que pode ser utilizada nas estações de salvamento para melhorar alguns atributos básicos da heroína, bem como apimentar algumas de suas habilidades. É um esquema bem padrão, mas não há nada errado em se apoiar nos básicos se for tudo bem aplicado. Infelizmente, não foi o caso em nosso querido de hoje.
MARS 2120 não controla bem, tornando até coisas simples como pular em plataformas algo mais sofrido do que deveria. A personagem parece deslizar, de certa forma, e qualquer precisão maior vai pelo ralo quando precisamos lutar com a Anna e a gravidade ao mesmo tempo. Pior, ainda, quando precisamos realizar ações em sequência. Pular enquanto congelamos algo com nossa escopeta gelada, para cair em cima, é algo complicado de fazer.
MARS 2120 também possui problemas com seu combate, que nem sempre é responsivo. Diversas vezes vi ataques que deveriam acertar errando, o que deveria errar acertando e, ainda, esferas de cura que recebemos ao derrotar inimigos não registrando. Isso torna a experiência bem complicada, e muito mais difícil do que deveria ser. O jogo, realmente, demonstra uma série de problemas. O mais bizarro que vi foi com o salvamento, que demora horrores. Em minhas contas, cada vez que acessamos a estação de salvamento precisamos esperar um bom tempo até a lista de saves aparecer.
Contudo, fica claro que o título tem seu coração no lugar correto. A diversidade de poderes que temos acesso, bem como seus usos variados em combate e exploração, demonstram que a desenvolvedora soube olhar o que funcionava em outros títulos para poder colocar aqui. Ainda, o minuto a minuto de lutar contra as feras marcianas pode ficar bem interessante conforme avançamos.
Por fim, curti enfrentar os chefões que MARS 2120 jogou no meu colo. Alguns são bem grandões, tomando boa parte da tela, e criam uma noção bem legal de perigo e do quão épico é enfrentar e tombar essas bizarrices do espaço sideral.
Sons e Visuais
MARS 2120 tem alguns cenários interessantes, até. Principalmente quando andamos na superfície de Marte, com seus montes de areia ou terra (não sei ao certo) e a imensidão do vazio. Contudo, passamos boa parte do tempo dentro de instalações que, ainda que com variações, não tem personalidade alguma. Além disso, o jogo tem visuais bem geração retrasada, e uma câmera que mais atrapalha do que ajuda. Inclusive, chega até a tontear o jogador em alguns momentos.
O mesmo rola com a trilha sonora e dublagens, que não vão muito além do que poderíamos esperar em um título com essa proposta e pegada.. Contudo, ao menos temos vozes e textos em nossa língua, feitos de maneira competente e compreensível.
Vale a pena comprar MARS 2120?
É isso, leitores e leitoras. Devo dizer que me decepcionei um pouco com MARS 2120, principalmente após ter criado certa expectativa por conta de seu gênero, premissa e inspirações. O game até propõe as ideias corretas, e notamos alguns brilhos aqui e ali. Contudo, o título falha na execução e acaba não alcançando seu verdadeiro potencial. O que, infelizmente, é uma pena.
De positivo, temos um título que sabe no que se inspira e tenta aplicar, oferecendo chefes legais de enfrentar e poderes que usamos tanto para quebrar os inimigos quanto manipular o cenário. Sem contar, claro, com a dublagem. Contudo, o excesso de bugs, somado da falta de polimento de muitas das mecânicas, acaba por tornar a experiência geral muito menos agradável do que poderia
No fim das contas, devo dizer que minha experiência com MARS 2120 foi meio agridoce. O título até possui as ideias corretas na cabeça, mas a execução acaba por lançar todas as boas intenções por terra por conta de seus bugs e pequenas chateações que o jogador deve aguentar. Uma pena, de fato.
MARS 2120 chega nesta quinta-feira, 1º de agosto, para PC, via Steam e Epic Games Store, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela QUByte Interactive.
MARS 2120
+ R$ 49,95Prós
- Alguns chefes são legais
- Dublado e legendado em português
Contras
- Demora quase dois minutos cada vez que vamos salvar ou acessar os aprimoramentos da personagem
- Gráficos muito datados
- Câmera maluca nos deixa confusos em muitos momentos
- Jogabilidade imprecisa gera frustração constante e desnecessária
- Trama desconexa e com um começo abrupto