Morkull Ragast’s Rage | Review
Morkull Ragast’s Rage é um metroidvania, misturado com plataforma e aventura, desenvolvido pela Disaster Games e publicado pela Selecta Play em conjunto com a Astrolabe Games. Nele, controlamos um deus da morte que se encontra preso em uma prisão digital entre a nossa e a quarta parede. Ah, a boa e velha tendência de um mundo pós Deadpool, não é mesmo?
Mas e aí, será que vale a pena encarar essa aventura? É o que saberemos agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
História
A narrativa de Morkull Ragast’s Rage gira em torno de Morkull. Ele, segundo nos é informado, não é ninguém mais, ninguém menos, do que o grande vilão de nossa história. Bom, ao menos é assim que ele foi caracterizado pelos desenvolvedores do jogo que, temendo a força bruta e maléfica que criaram, o prenderam dentro do jogo. Agora, ele precisa de nossa ajuda para sair de nossos consoles e computadores para poder dominar o mundo dos vivos.
Nosso protagonista, inclusive, sabe que é um personagem de videogame e conversa diretamente conosco durante diversos momentos da jogatina. Inclusive, essa percepção e consciência do boneco é algo utilizado para justificar mecânicas, injetar humor na narrativa e, também, tentar dar uma cara bem diferentona e única ao título.
Mas, infelizmente, senti que Morkull Ragast’s Rage erra um pouco a mão. Embora a premissa seja interessante, senti o humor um pouco forçado e na cara demais, pouco explorando o potencial que a proposta narrativa coloca na mesa. Diferente do que vemos no próprio Deadpool, que comentei mais cedo, Morkull fica nos relembrando o tempo todo de que o personagem sabe que é um ser virtual. Nos balões de fala, nas descrições de itens, na tela de morte, e por aí vai.

Jogabilidade
Em sua essência, Morkull Ragast’s Rage se apresenta como um bom e velho metroidvania. Por isso, podemos esperar uma boa dose de exploração em duas dimensões, inimigos que precisam de um pouco de estratégia para enfrentar, lugares secretos para encontrar e uma série de habilidades que, pouco a pouco, vão nos permitindo acessar novos lugares do mundo.
Ainda, o jogo utiliza algumas leves mecânicas souls para poder trazer um pouco mais de desafio para o jogador. Nesse caso, temos uma jogabilidade que recompensa o jogador que sabe aparar golpes, que pune com uma boa quantidade de dano qualquer vacilo que dermos e que, no caso de morte, toma metade das almas que servem como recurso para comprar novas habilidades.
Em se tratando de movimentação e plataforma, Morkull Ragast’s Rage entrega o esperado. Temos uma série de habilidades, como avanços e pulos diversos, que podem ser utilizadas tanto para andar pelos cenários quanto para nos ajudar a desviar de inimigos mais ordinários. Além disso, precisamos ficar ligados para desviar de diversos perigos como líquidos estranhos que ficam no chão, espinhos, aranhas que descem do teto, pedras, e muito mais.
Os controles até que respondem bem na maioria do tempo, mas senti que o jogo é um pouco inconsistente com o alcance de certos elementos da tela. Muitas vezes achei que uma esquiva ia me salvar e acabei apanhando, e isso é terrível quando precisamos andar por longos pedaços do mapa sem vida e longe de checkpoints.

Também achei os mapas de Morkull Ragast’s Rage um pouco confusos. Não temos tantas variações entre os “biomas”, e algumas coisas dificultam muito nossa exploração. Por exemplo, em muitas situações me vi ativando alavancas sem o jogo dizer qual porta abriam. Em outras, salas de combate que eu já havia vencido travavam novamente. Isso não tem muita consistência, e realmente me deu um trabalho danado que, acredito, não deveria ter.
Em se tratando de combate, o game segue aquele bom e velho esquema de golpes fortes, fracos, esquivas, aparos e outras coisinhas que ganhamos pelo caminho. Além disso, podemos comprar habilidades que estendem nossos combos, fortalecem nosso boneco e, eventualmente, fazem com que nos tornemos o terror do submundo virtual.
Contudo, achei as tretas de Morkull Ragast’s Rage um pouco sem sal. No fim das contas, para a maior parte dos inimigos, elas se resumem a qual personagem consegue prender o outro em uma animação de ataque primeiro. Por exemplo, ficar metralhando golpe forte, geralmente, é suficiente para acabar com a maioria dos bichos mais fracos. Um ou outra realmente necessitam estratégia, ou de uma sagacidade no aparo. Que, também, por vezes funciona de maneira um tanto quanto aleatória.
No fim das contas, acredito que a jogabilidade do título acaba fazendo pouco para sair do lugar comum, entregando os fundamentos necessários para representar o gênero sem ir muito além do que manda a cartilha. Contudo, esses pequenos incômodos que comentei ali em cima realmente acabam por derrubar um pouco da experiência do jogador e, por consequência, sua diversão. Isso, pelo menos, acaba por ser um pouco aliviado conforme vamos avançando e aprimorando nosso arsenal.

Sons e Visuais
Morkull Ragast’s Rage possui gráficos bem coloridos e cartunescos, indo na onda de títulos como Hollow Knight, por exemplo. Nosso protagonista é bem fofo, e os lugares que ele se mete também seguem essa linha pensamento. Esse foi um dos aspectos que mais me agradou no título, e acho que acabou por ser um de ses pontos fortes.
A trilha sonora tem algumas músicas bem legais, como a do menu e do trailer por exemplo, mas elas não são tão bem aproveitadas durante a jogatina. Os primeiros mapas, por exemplo, deixam de lado as batidas empolgantes em troca para utilizar sons ambientes e algumas faixas que não empolgam nada. Bom, pelo menos temos um título legendado em português!

Vale a pena jogar Morkull Ragast’s Rage?
Morkull Ragast’s Rage chegou prometendo uma experiência metroidvania de qualidade, se diferenciando dos demais por conta de sua narrativa diferentona e de seus visuais. Além disso, o título também apostava em uma mecânica de combate e exploração mais desafiadora, tudo para deixar o jogador sempre ligado e atento para não morrer e perder seu progresso.
Contudo, não senti que o game conseguiu aproveitar esses pontos como deveria. Embora a premissa seja interessante, a narrativa não brilhou como poderia, e achei que o humor e os personagens acabaram por ser forçados demais. E a jogabilidade, embora bem fundamentada, acaba caindo muito no lugar comum, entregando poucas novidades e muitas frustrações.
Ao fim e ao cabo, acredito que Morkull Ragast’s Rage ainda possua elementos para agradar apreciadores do gênero, principalmente aqueles que se interessam por narrativas onde demolimos a quarta parede ou visuais desse tipo. Contudo, todos os pontos que citei acima acabam fazendo com que precisemos ser um pouco mais lenientes para aproveitar tudo que o título tem para oferecer.
Morkull Ragast’s Rage foi lançado em mídia física para Nintendo Switch e PlayStation 5 em dezembro de 2024, com as edições digitais chegando nesta quinta-feira, 6 de março, para PC, via Steam, Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
*Review elaborado em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Selecta Play.
Morkull Ragast's Rage
Prós
- Premissa interessante
- Legendado em português
- Pode ser bem desafiador em alguns momentos
Contras
- Mapas confusos de explorar, com salas de combate se rearmando sozinhas e alavancas não mostrando qual porta abrem
- Humor forçado que não aproveita bem o potencial da premissa narrativa
- Não utiliza bem a trilha sonora
- Se torna repetitivo com facilidade, principalmente quando ficamos sem saber o que fazer ou onde ir
- A jogabilidade não faz muito para se diferenciar de outros títulos do gênero