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Persona 5 Strikers | Review

Persona 5 Strikers é mais um jogo da famosa, e relativamente antiga, saga Shin Megami Tensei: Persona. Já vimos os diversos heróis da saga lutarem e até, pasmem, dançarem. E agora é hora de aplicar ao estilo musou, famoso pelos jogos da série Dinasty Warriors. O game foi desenvolvido pela Omega Force em parceria com a P-Studio e publicado pela Atlus.

Me coloque uma máscara e me faça enfrentar meus demônios interiores, leitor, pois é hora de ver como minha querida série se saiu nesse novo molde. Que, admito, sou um grande admirador de longa data. Em frente!

A volta do Phantom Thieves em Persona 5 Strikers

Vou começar contando uma pequena curiosidade sobre minha vida, leitor gatuno. Até hoje, nunca descobri ter poderes que me permitissem atiçar fogo nas coisas nem invocar representações do meu psicológico para atacar qualquer desafeto. Parando para pensar, também nunca consegui me enviar para realidades paralelas. Mas eu tenho uma grande habilidade. A incrível capacidade de me lembrar das coisas. Por isso, vou mostrar para vocês fatos que essa incrível capacidade me revelou.

Veja bem, sempre fui um fã de carteirinha da série Shin Megami Tensei como um todo. Diferente do que se pensa as vezes, a saga Persona é um desdobramento desta que é o “tronco” principal. Outros jogos na mesma linha são os da série Devil Survivor, outro amor do meu coração. Todas elas tem algo em comum, como temáticas um pouco mais intrincadas e cheias de simbolismos ou representações mais complexas dos conceitos de certo ou errado (do ponto de vista moral). Algumas, como Persona, tem um enfoque em gerenciamento de tempo e interações sociais, por exemplo.

Persona 5 Strikers
Quem pegou a referência? Bem na cara. (Imagem: Reprodução)

Meu amor com a série vem desde Persona 3, que joguei pela primeira vez em uma época sombria conhecida como… 2008. Lembro de estar no ensino médio e um amigo vir me falar sobre esse jogo super divertido de colegiais com músicas boas e estilo mais trevoso, como costumavam chamar na praça. Desde então foi uma história de amor construída em cima de muito J-Rock/Pop, crises existenciais e horas a fio juntando experiências e acompanhando as aventuras e desventuras dos personagens. Lindos tempos. Por isso, vale lembrar que meu carinho em especial embasa boa parte das minhas visões do jogo, e provavelmente também irão as suas se tiver gosto pela série e seu universo também.

Esse é um ponto que vai diferenciar no aproveitamento daqueles que entrarem no jogo com um conhecimento prévio de Persona 5 e sua história (visto que Persona 5 Strikers funciona como uma sequência) e daqueles que nunca jogaram antes. O título tem o cuidado de introduzir certos conceitos como os shadows, palácios e personas, mas são apenas pincelados e não explorados como no JRPG propriamente dito. Portanto, uma experiência prévia pode fazer com que certas batidas da trama sejam mais fortes ou tenham um valor emocional maior. Mas, reforçando, Persona 5 Strikers também funciona para quem nunca teve contato com a série antes.

Persona 5 Strikers
Falando em imagens, aqui está a tela de status do meu chegado Yusuke. Claramente um dos melhores Phantom Thieves. (Imagem: Reprodução)

Persona 5 Strikers e o musou

Mas o que seria esse musou de que tanto falo? Esse estilo ficou famoso pelos jogos da série Dinasty Warriors, ao que sei, e se baseia em um personagem forte controlado pelo jogador que é colocado em mapas semi-abertos, mas pequenos, para enfrentar exércitos enormes. Nesses jogos não é incomum se derrotar 1000 inimigos em uma missão de vinte minutos, e grande parte da diversão vem da repetição e da sensação de poder que vem de ser uma máquina de destruição e aniquilação total. Até você enfrentar algum general inimigo ou jogar em dificuldades mais altas, e ver que era tudo um doce sonho de verão. Clássico choque de realidade.

A Omega Force, desenvolvedora do jogo e famosa por ser uma das melhores nesse estilo, não é estranha a adaptar franquias para esse modelo. Por exemplo, já foram feitas versões de The Legend of Zelda (Hyrule Warriors) até Berserk (Berserk and the Band of the Hawk). Alguns jogos são mais únicos que os outros em suas mecânicas, mas a ideia geral é a mesma. Ocorre, aqui, que Persona 5 Strikers é notadamente diferente de qualquer jogo que já vi de musou, para bem e para mal. Eu cá achei maravilhosa essa interpretação única, mas fãs que esperavam uma experiência mais pura podem se decepcionar.

Persona 5 Strikers
Silkie, uma das diferentes personas que podem ser invocadas pelo protagonista. (Imagem: Reprodução)

O combate de Persona 5 Strikers destoa bastante do que se vê em Dinasty Warriors, por exemplo. Os combos ainda se dividem em ataques fortes e fracos usados de maneira sequencial, mas existem muitas nuances que foram importadas do JRPG para cá. Por exemplo, existem diversos tipos de dano e fraquezas específicas, o combate é mais focado em um grupo do que em um personagem somente e a seleção de diferentes personas abre um leque de opções que não se vê normalmente.

É muito interessante do ponto de vista da variedade, e garante que os combates não sejam sempre uma coisa extremamente mecânica. Para se ter ideia, até os all out attacks (quando os inimigos são derrubados por alguma fraqueza ou dano crítico e todo seu time pode os atacar de uma vez) foram implementados. Bem como golpes fortíssimos chamados de Showdown que tem um dano absurdo e acertam todos os inimigos da tela em simultâneo.

Os combates também não ocorrem a todo momento, também. Tomando como base Persona 5, eles acontecem em um espaço que é fechado quando a luta começa, e podem ser engajadas atacando um inimigo no mapa. Isso pode ser feito de maneira direta, por ataques frontais, ou na furtividade em ataques de oportunidade. Esses podem ser feitos de certos pontos e com os inimigos de costas, e garantem uma oportunidade de all out attack. Essa dinâmica é fascinante, e muito diferente do que se vê normalmente em musous. Contudo, é muito diferente do que se tem por padrão do estilo e pode desanimar alguns que buscam um ritmo de luta desenfreado e constante.

Persona 5 Strikers
Um exemplo de Showdown (Imagem: Reprodução)

Além disso, Persona 5 Strikers tem um foco muito maior na história. Diálogos longos, desenvolvimento de personagens e ambientação são bem longos, e certas conversas podem levar um bom tempo. Tudo com voz e estilo de animação tal qual visto no JRPG, além de muitas cenas feitas no estilo do anime do Persona 5. Novamente, é algo que gosto porque diálogos e a construção do novo relacionamento dos personagens é algo que me atrai. Mas pode ser um ponto negativo também, dependendo de seu ponto de vista.

A trama se desenrola durante as férias de verão do ano seguinte ao fim da história de Persona 5, e vê os Phantom Thieves reunidos mais uma vez. Ao invés de palácios, cadeias vem aparecendo no metaverso (mundo paralelo onde se passa a ação do jogo) criadas por pessoas que roubam os desejos dos cidadãos japoneses. É uma batida mais ou menos igual ao JRPG, mas tem diferenças e a familiaridade já estabelecida dos protagonistas conferem um ar suficientemente diferente para justificar o jogo como uma continuação.

Em suma, a jogabilidade é muito boa. O jogo se desenvolve igual um JRPG tradicional com diálogos e cenários para se explorar, e o combate conta com um sistema simples e efetivo que tem a mentalidade do musou com algumas particularidades. Muitos inimigos ao mesmo tempo, mas em um sistema de engajamento mais parecido com um JRPG. Pela essência acaba por se tornar repetitivo algumas vezes, mas sempre divertido.

Persona 5 Strikers
Os bacanas reunidos (Imagem: Reprodução)

Visuais e músicas em Persona 5 Strikers

Eu separei um espaço menor para falar desse aspecto porque, pelo bem e pelo mal, os áudios e sons são muito parecidos com o que se viu em Persona 5. O jogo transborda estilo de todos os lados com gráficos simples, mas que convertem bem a atmosfera estilosa e realçam bem cada personagem e localidade. Persona 5 Strikers não é uma revolução gráfica, mas roda bem e desempenha seu papel. Um único ponto que me incomodou é que o jogo é estranhamente serrilhado. Mesmo com os recursos de suavização ativados é bem perceptível. Gera incomodo em alguns momentos, mas nada que acabe com a vida do cidadão.

Os personagens são muito bem dublados e os sons em geral são satisfatórios. Os golpes têm um impacto bom, as vozes em combate tem uma emoção que transmite bem o que os personagens fazem e sentem. Em uma palavra, são bons o suficiente para não ser nada que valha a pena ser destrinchado e criticado.

A beleza aqui, dedicado leitor, são as músicas. A trilha sonora do jogo é totalmente, completamente e verdadeiramente excepcional. Se você nunca ouviu nada da série, é um excelente começo. As músicas são bem feitas, bem cantadas e tem uma capacidade de se prender a sua mente que raramente vejo nesse meio. Além disso, Persona 5 Strikers conta com remixes exclusivos de músicas de Persona 5, todos feitos de maneira espetacular. Tendo a dizer que valem a recomendação do jogo por si só. A versão de Last Surprise, particularmente, é amável como ver seu cão de estimação te receber balançando o rabo na porta de casa após um longo dia de trabalho. Positivamente sensacional.

Persona 5 Strikers
O menu principal de Persona 5 Strikers (Imagem: Reprodução)

Vale a pena comprar Persona 5 Strikers?

Oras pois, realmente me empolguei ao falar de Persona 5 Strikers. Mas é um indicativo bom do que achei da experiência como um todo. Além de tudo, vale a pena dizer que o jogo conta com novos personagens jogáveis, um sistema de bonds, que crescem conforme os personagens interagem e a história segue, que permite comprar habilidades e uma série de personas e armas equipáveis. São mecânicas que realmente ajudam o título a se elevar no mar de musous e adaptações que já foram, e serão, feitas.

A repetitividade do jogo é esperada dada ao estilo, mas muito é feito para atenuar esse lado. Alguns pontos não se transportaram tão bem, como certos movimentos de interação e exploração dos mapas, mas não é nada que quebre a firma. E faz falta uma dublagem ou ao menos tradução em português, também.

Em suma, intrépido leitor, Persona 5 Strikers é um jogo sensacional. Fiquei realmente contente com seu lançamento, e acredito ser uma boa porta de entrada para todos que querem conhecer a série. Talvez não agrade muito os fãs que procuram uma experiência de musou mais tradicional e com menos história, mas de qualquer forma o jogo é refinado o suficiente para agradar diversos paladares. Recomendo fortemente.

Persona 5 Strikers chega no dia 23 de fevereiro para PlayStation 4Nintendo Switch e PC, via Steam, mas quem comprar a Edição Digital de Luxo, já pode jogar a partir de hoje.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela Atlus. 

Persona 5 Strikers

R$ 349,90
8.5

História

9.0/10

Gráfico e Sons

9.0/10

Gameplay

9.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Continuação interessante da história de Persona 5
  • Trilha sonora cativante
  • Boa interpretação do estilo musou
  • Boa transferência de mecânicas entre gêneros

Contras

  • Gráficos muito serrilhados em alguns pontos
  • O estilo de combate e exploração podem assustar alguns que buscam uma experiência mais clássica do gênero
  • Alguns problemas com movimentação e animações dos personagens
  • Falta opção de jogar em português

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.