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Re:Turn 2 – Runaway | Review

Re:Turn 2 – Runaway apresenta uma abordagem diferente no gênero survival horror. O game traz uma aventura de terror psicológico, na qual os jogadores irão assumir o papel de Saki em um trem que está sendo assombrado por uma criatura mística. A grande diferença em relação aos títulos de terror padrões é que está aventura entrega gráficos em 2D, com alguns elementos de visual novel. Assim sendo, nos segmentos de gameplay, exploraremos o game com uma jogabilidade em duas dimensões, enquanto a grande maioria dos diálogos seguirá um formato de VN.

Logo que vi o trailer de Re:Turn 2 – Runaway, fiquei intrigado pela premissa do título, pois, eu curto bastante games de terror em 3D, sendo que um tempo atrás pudesse experienciar o game Lamentum, que entrega uma excelente aventura aterrorizante. Portanto, será que temos aqui mais uma joia do terror psicológico e um título que consegue se destacar em meio a este gênero tão amado? A resposta eu trago agora, em mais uma review do Pizza Fria!

Um começo intrigante, mas que não mantém a consistência

Re:Turn 2 – Runaway começa narrando os acontecimentos do primeiro game. Saki, seu noivo e alguns amigos estavam em um trem a caminho de uma aventura, quando misteriosamente o local foi invadido por uma força sobrenatural chamada Ayumi. Durante os eventos do primeiro título, grande parte dos amigos da protagonista acabaram morrendo, entretanto, após muito esforço, ela e o noivo conseguiram supostamente derrotar a grande ameaça.

O game começa logo após estes eventos, com os dois personagens procurando uma saída do trem. Entretanto, logo fica evidente que algo ruim aconteceu, pois, o noivo de Saki começa a agir estranho e falar palavras incompreensíveis. Assim, ele adentra novamente o interior do ambiente e desaparece. Cabe a protagonista procurar seu noivo, fugir dos novos perigos sobrenaturais que irão aparecer em seu caminho e então escapar desde aterrorizante ambiente.

Re:Turn 2 - Runaway
Em Re:Turn 2 – Runaway, cabe a protagonista enfrentar os perigos sobrenaturais do título em busca do seu noivo (Imagem: Divulgação)

Como foi dito anteriormente, a narrativa de Re:Turn 2 – Runaway começa muito bem, apresentando o objetivo inicial da protagonista, entretanto, a obra não consegue manter a consistência. Durante a nossa jornada, não teremos grande reviravoltas ou um aprofundamento maior nos personagens e no storytelling dos desafios sobrenaturais que encontramos. Isto faz com que o rumo da história seja previsível e pouco aproveitado, sendo que o sentimento de “é só isso?” acaba se tornando constante a partir de determinado da narrativa.

Além disso, por mais que Re:Turn 2 – Runaway apresente um excelente trabalho de dublagem, a obra acaba não fazendo um bom uso desse recurso, pois, os diálogos da protagonista com os outros personagens que encontraremos durante a jornada deixam a desejar. Eles são simples, sem profundidade e não temos o sentimento que estamos compreendendo este universo fantástico e aterrorizante que o jogo tenta apresentar.

Este aspecto acaba sendo prejudicial na imersão do jogador no terror psicológico. Pois, embora possa ser usado o argumento de medo do desconhecido, em Re:Turn 2 – Runaway esta justificativa não funciona, já que manter o medo do desconhecido durante toda uma obra faz com que o interesse do jogador no mistério seja perdido.

Se escondendo do terror

O gameplay de Re:Turn 2 – Runaway se resume em explorarmos alguns locais, coletarmos itens para resolvermos puzzles e então nos escondermos de monstros. Não temos combate no título, assim, nossa única forma de lidar com as criaturas do título é se esconder. Existem lugares pré-determinados nos cenários que podemos usar para nos esconder e então sair e avançar pelo caminho quando o monstro passar.

Além disso, Re:Turn 2 – Runaway não pega leve neste aspecto, pois, os inimigos são 1 hit kill. Embora inicialmente, os monstros pareçam verdadeiramente assustadores, logo o jogo começa a repetir demais visualmente estas criaturas, o que torna estes confrontos pouco variados e até mesmo previsíveis.

Re:Turn 2 - Runaway
Os confrontos com as criaturas se tornam repetitivos rapidamente (Imagem: Divulgação)

Outro elemento importante, é que, pelo cenário, teremos alguns locais com velas, sendo que nestes ambientes poderemos salvar o nosso progresso. O jogo faz um bom trabalho de aos poucos ir aumentando a distância destes ambientes de salvamento, o que faz com o sentimento de desespero se torne frequente na reta final da obra. Logo, este foi um dos meus maiores problemas com este jogo. Pois, quando o sentimento de saves estarem mais distantes se torna mais aterrorizante do que o terror que o game apresenta, fica evidente que o título não está sendo eficaz na sua proposta.

Puzzles que poderiam ser mais desafiadores

Re:Turn 2 – Runaway apresenta quebra-cabeças que deixam muito a desejar. O título possui aquele característico elemento de leva e trás de itens em relação aos puzzles, entretanto, não existe um real desafio neste aspecto. Logo, funciona da seguinte maneira: chegamos a um local com uma porta fechada. Após isto, devemos explorar um determinado ambiente em busca de uma chave ou dois objetos para combinarmos e então interagir com aquela porta e ela se abrir. Portanto, o grande problema aqui é que iremos repetir este mesmo ciclo durante toda a jornada, não existindo uma variação, situação está que torna este aspecto do gameplay repetitivo e cansativo.

Re:Turn 2 - Runaway
Os quebra-cabeças do game são simples demais e não apresentam nenhum desafio para o jogador (Imagem: Divulgação)

Além disso, Re:Turn 2 – Runaway acaba perdendo a oportunidade de usar estes elementos enigmáticos para expandir a lore do título, assim como é feito em games do gênero, como Resident Evil e Silent Hill. Porém, o título simplesmente usa este segmento para abrirmos portas de um ambiente a outro, o que acaba não sendo uma boa abordagem de progresso.

Gráficos e trilha sonora

Re:Turn 2 – Runaway apresenta um gráfico 2D pixelado com alguns segmentos com cutscenes animados que lembram visual novel. Assim sendo, o grande destaque fica com a forma que o título consegue construir uma boa atmosfera, mesmo que a narrativa não acompanhe tão bem este aspecto. O ambiente central, o trem assombrado, possui várias salas para explorarmos, que vão desde bibliotecas, cômodos com bagagens e até mesmo a região na qual os passageiros deveriam estar.

O título entrega uma paleta de cores quase sempre escura e com um tom sujo nos locais que adentramos. Está escolha visual, torna os ambientes que adentramos aterrorizantes e com um aspecto sufocante. Estes elementos ajudam a construir uma excelente atmosfera de terror que acompanha a protagonista durante a jornada.

Re:Turn 2 - Runaway
O game possui uma excelente atmosfera, sendo este o ponto mais forte da obra (Imagem: Divulgação)

Além disso, Re:Turn 2 – Runaway possui alguns segmentos que se passam em locais abertos nas redondezas do trem. O game apresenta elementos ainda mais sombrios nestes locais, como arvores destruídas, uma chuva intensa e até mesmo uma nevoa que prejudica a visualização do cenário. Isto faz com que estes locais sejam interessantes de se adentrar, principalmente pelo fator atmosférico incrível transmitido pela junção dos elementos citados.

O game também faz um bom trabalho com a sua trilha sonora. De maneira acertada, o título dá prioridade para os sons ambientes, o que torna a jornada imersiva. Assim sendo, a todo momento o jogador irá escutar de forma alta o barulho de passos, portas se abrindo e até mesmo das criaturas que podem aparecer a qualquer momento. Dou o destaque mais uma vez para o segmento no qual temos um cenário com chuva, sendo que o trabalho de som neste cenário é simplesmente excelente.

Desempenho

Minha experiência foi em um PC, equipado com uma GTX 1650. O game rodou fluidamente em 60 FPS e não apresentou quedas e nem bugs durante a minha jornada. Além disso, os loadings são rápidos, o que tornou toda a experiência suave e rápida.

Vale a pena comprar Re:Turn 2 – Runaway?

Re:Turn 2 – Runaway é um game que deixa a desejar no aspecto narrativo e na profundidade da história dos personagens. Além disso, o game acaba se tornando repetitivo demais em suas mecânicas, sendo que o principal fator durante a gameplay sempre é se esconder de monstros, ter alguns diálogos, encontrar o item para a próxima porta e então ir para o cenário seguinte.

Entretanto, o título consegue compensar por apresentar uma atmosfera imersiva e um trabalho sonoro excelente. Assim sendo, recomendo o game para os jogadores que gostam de um terror focado na atmosfera e na imersão que a obra consegue inserir os players. Entretanto, para quem espera uma narrativa profunda e muitas reviravoltas emocionantes, podem se decepcionar.

Re: Turn 2 – Runaway foi desenvolvido pela Red Ego Games e lançado no dia 28 de janeiro para PC, via Steam, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Red Ego Games.

Re:Turn 2 - Runaway

+R$ 16,59
6.5

História

5.0/10

Gameplay

6.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Inovação

7.0/10

Prós

  • A atmosfera do game é excelente e imersiva
  • O design de aúdio é bom
  • Possui legendas em PT-BR

Contras

  • O gameplay é repetitivo
  • A história poderia ser melhor
  • Os puzzles não possuem nenhum desafio
  • O jogo não consegue transmitir um sentimento de terror convincente

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.