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The Last of Us Part I (PC) | Review

Estamos no pós-apocalipse novamente! Mas esse é o fim dos ports para PC como conhecemos? O aclamado e premiado jogo da Naughty Dog para PlayStation, The Last of Us Part I, finalmente chegou para os jogadores de computador! Depois de tanta espera, o port da Iron Galaxy Studios vale a pena? Vamos descobrir juntos em mais uma análise aqui no Pizza Fria!

História de cinema

Dez anos depois do lançamento original de The Last of Us, para PlayStation 3, a história permanece a mesma: emocionante, desafiante e extremamente bem desenvolvida, com personagens complexos cujas emoções e motivações são retratadas com uma sensibilidade enorme. Para os jogadores de primeira viagem, a narrativa é um prato cheio para quem nunca experimentou a explosão de sentimentos que o jogo causa.

Ainda atual, a trama de The Last of Us Part I permanece inalterada na nova versão do jogo; com alterações apenas na captura de movimento dos personagens, que agora expressam muito mais emoções, e ajudam a imergir o jogador na experiência cinematográfica que o título oferece.

The Last of Us Part I já conta com a história principal e o conteúdo extra Left Behind, que conta a história emocionante de Ellie antes de conhecer e viver a sua jornada com Joel. Emoção em dobro garantida!

The Last of Us Part I
As emoções foram apenas melhoradas em The Last of Us Part I! (Imagem: Reprodução)

Gameplay

Sendo um título originalmente feito para PlayStation 3, e posteriormente portado para PlayStation 4, PlayStation 5, e por fim PC, é de se imaginar que The Last of Us Part I seja melhor jogado com algum controle, – seja o DualShock, DualSense ou controle de Xbox -, e é exatamente isso o que acontece.

Os menus complexos e em tempo real de The Last of Us Part I podem se tornar um incômodo bem grande e bem rápido ao serem jogados com um teclado e mouse; especialmente quando grandes hordas de infectados ou estaladores estão no encalço do jogador. Criar algum item em tempo real, por exemplo, se torna uma tarefa muito mais desafiadora sem um controle para auxiliar o acesso rápido aos menus. Acessar o menu de arquivos do jogo, e todos os outros menus que não sejam o de opções viram esse mesmo calvário.

O mapeamento de botões não foi bem executado, e pela quantidade imensa de ações para serem realizadas em tempo real, remapeá-los para uma experiência mais agradável ao jogador de PC pode se tornar um trabalho confuso e frustrante. Na dúvida, prefira um controle para jogar The Last of Us Part I.

The Last of Us Part I
Pode ser difícil utilizar o menu em tempo real do jogo com um teclado e mouse. (Imagem: Reprodução)

Gráficos e desempenho: uma odisseia em patches

Duas horas compilando shaders. Esse foi o tempo médio relatado pelos usuários na página de The Last of Us Part I na Steam. Na máquina usada para a review aqui no Pizza Fria, mesmo sendo considerada de alta performance, a espera para compilar os shaders passou de 40 minutos. E a espera se repete a cada vez que uma nova atualização chega, e elas são frequentes. E ocupam muito espaço no armazenamento do PC, com o patch mais recente totalizando 76,18GB de arquivos do jogo. Vale lembrar que esse é um jogo de 2013, que apenas foi portado para outra engine – e tem o mesmo tamanho, até maior, de títulos recentes como Resident Evil 4.

Nos primeiros dias de lançamento, The Last of Us Part I trazia o maior uso de CPU já visto na história das reviews aqui no Pizza – 98% de uso. E, logo após chegar no uso total de processador, tela azul. A única maneira de registrar o uso excessivo foi tirando uma foto da tela com o celular. Tal qual os Maias faziam na antiguidade. Nesse estado do jogo, tirar um printscreen significava ver o jogo crashar na sua frente – e reiniciar o carregamento dos shaders.

The Last of Us Part I
O estado de The Last of Us Part I no dia do lançamento era completamente injogável. (Imagem: Reprodução)

É importante ressaltar que The Last of Us Part I passou por muitas mãos aqui na redação do Pizza Fria antes de chegar até mim; eu fui a única com hardware que conseguia, ao menos, manter o jogo aberto. E aqui está o setup usado para a review: um processador Intel i9 12900KF, placa de vídeo RTX 2070 de 8GB, 48GB de memória RAM. E ainda assim enfrentei problemas. Decidimos então aguardar por patches que corrigissem, ao menos, o tempo excessivo de carregamento de shaders e uso exagerado dos recursos do computador.

Nos menus de display e gráficos, a Iron Galaxy Studios fez diferente do port de UNCHARTED: Coleção Legado dos Ladrões – se no port anterior os jogos ofereciam quase nenhuma opção gráfica, em The Last of Us Part I as opções são quase infinitas, lembrando quase o processo de opções para renderizar um projeto no Blender, por exemplo. O jogador mais casual pode facilmente se perder na miríade de opções, e nem sempre as pré-definições extraem o máximo do jogo dentro das capacidades de cada máquina.

The Last of Us Part I
Os menus de display e gráficos podem ser confusos para o jogador mais casual. (Imagem: Reprodução)

E então finalmente estamos dentro do jogo! Ou não… já que, mesmo instalado em um SSD, o carregamento de The Last of Us Part I é demorado no PC, diferentemente da versão de PlayStation 5, que aproveita da velocidade do SSD no console para oferecer um carregamento quase instantâneo.

Dentro do jogo, os gráficos podem ser impressionantes, para o bem ou para o mal. É como se, em The Last of Us Part I, não existisse um meio termo: ou os gráficos ficam completamente comprometidos nas configurações baixa e média, com quase todos os efeitos de texturas, iluminação e volume desativados, ou são levados ao máximo nas configurações alta e ultra. E não podemos negar: nas opções de gráficos mais altos o jogo é, sem dúvidas, um dos mais bonitos do PlayStation a chegar no PC – talvez estando lado a lado com God of War, que chegou um ano antes aos computadores.

The Last of Us Part I
Quase todos os efeitos de texturas, iluminação e volume são desativados nas configurações baixas. (Imagem: Reprodução)
The Last of Us Part I
A diferença entre as opções de gráficos pode ser drástica. (Imagem: Reprodução)

Mas a similaridade entre os dois ports dos jogos mais famosos dos consoles acaba por aí; diferente de God of War, The Last of Us Part I não faz um bom uso da nova engine do título, fazendo um jogo linear e de mundo fechado consumir muito mais recursos da máquina que um jogo de mundo semi-aberto.

Para tentar aliviar o uso exagerado de recursos, é possível ativar as opções de upscaling Fidelity FX e DLSS – mas o uso causa o aumento de cerca de 20% do consumo da CPU apesar de também aumentar a taxa de quadros, mas isso significar entre o funcionamento ou a quebra do jogo, mesmo em resoluções baixas como os impressionantes 960p. Além do consumo exagerado de CPU ao ativá-las, o comprometimento de imagem torna o game ainda mais feio. Sim, feio. De machucar os olhos.

É como se estivéssemos em diversas ruas sem saída.

The Last of Us Part I
Tentar diminuir as configurações pode aumentar os frames por segundo, mas pode significar entre ter o jogo funcionando ou o crash do game. (Imagem: Reprodução)

Vale a pena jogar The Last of Us Part I no PC?

Eu ter sido a única em uma equipe de quase 20 pessoas com uma máquina capaz de abrir o jogo para fazer essa review diz muito sobre como estamos sendo tratados como consumidores, ainda mais de algo tão caro. Em um país que lentamente supera uma crise multilateral como o Brasil, a experiência de The Last of Us Part I ficará restrita a um grupo muito seleto de jogadores: os que podem pagar pelo jogo e que podem pagar por um PC que suporte rodar o jogo. Excludente até o último segundo. Contraditório, quando a história do título fala sobre acolher e incluir.

Com o jogo ainda no estado em que está, fica difícil imaginar que chegue a uma forma aceitável para o seu preço – o que também nos faz questionar o valor dessa experiência. Nos consoles, todos os jogadores poderão curtir o jogo da mesma forma; já no PC, as diferenças são drásticas e apenas um lado vai poder aproveitar o game de uma maneira mais digna.

Espere por um grande desconto e por um grande patch que corrija o jogo ao estado de quase-perfeição, como é no PlayStation. É o que essa história e o jogador merecem. Até lá, The Last of Us Part I no PC não vale a pena. Por enquanto, para os corajosos, o game está disponível para Steam e Epic Games Store, a partir de R$ 249,00.

*Review elaborada em um PC equipado com 12900KF e RTX 2070, com código oferecido pela Sony.

The Last of Us Part I (PC)

+ R$249,00
6.8

História

10.0/10

Gráficos e Sons

5.0/10

Gameplay

5.0/10

Performance

4.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • Uma das melhores narrativas de jogos
  • Extras divertidos e emocionantes

Contras

  • Gameplay confusa no teclado e mouse
  • Utiliza muitos recursos do PC
  • Gráficos podem ser extremamente bonitos ou extremamente feios
  • DLSS e Fidelity FX não ajudam muito

Flávia "Cassiopeia"

    A publicidade a escolheu, mas ela não escolheu a publicidade. Preferiu os jogos, principalmente aqueles que enchem os olhos e divertem por horas a fio. Gosta muito de piadinhas que ninguém entende e é uma das poucas donas de um PS Vita no Brasil, de acordo com as próprias estatísticas. Atualmente joga no que as pessoas ao seu redor chamam de "PC da NASA" mas nenhum foguete foi lançado do seu quintal até o momento.