The Last of Us Part II | Review
The Last of Us Part II é o jogo mais aguardado da atual geração para a comunidade PlayStation. Após o sucesso absoluto de crítica e público do primeiro título, lançado lá em 2013, havia muita expectativa por uma possível continuação, já que o final ficou em aberto. A sequência foi confirmada em 2016, durante a PlayStation Experience, por meio de um trailer. Muito tempo se passou desde então, a hype de muitos fãs cresceu absurdamente e, enfim, o aguardado título estará entre nós na próxima sexta, 19 de junho.
Mas nós já tivemos a oportunidade de jogar! A PlayStation Brasil nos enviou uma cópia de acesso antecipado e você começa a ler agora tudo o que podemos te contar sobre um forte candidato à jogo do ano ou, porque não apostar, no da geração!
Tudo tem dois lados
The Last of Us Part II é uma sequência direta do primeiro game e isso fica claro logo na primeira cena. Mas há uma mudança importante: Ellie é a personagem jogável no lugar de Joel. Portanto, se você quer começar a Part II sem ter passado pelo primeiro título, eu recomendo fortemente que não faça isso. O conjunto da obra é contado como um todo, e há elementos narrativos que são bastante explorados em comparação ao jogo passado por meio de flashbacks. Isso porque o final de The Last of Us ficou em aberto e cabe à sequência responder essas questões.
Portanto, aqui estamos nós, no centro de uma história de vingança. Ellie e Joel viviam uma vida dentro da normalidade possível em Jackson, Wyoming, no assentamento gerenciado por Tommy e Maria. Então, algo traumático muda tudo e você irá partir em busca de justiça. O processo narrativo de The Last of Us Part II como um todo é tão bem construído que nós, jogadores, sentimos um mix de sentimentos, sendo que o principal, ao menos em um primeiro momento, é de compaixão por Ellie. E assim, temos motivação suficiente para ir em busca dessa vingança.
Eu tenho que ressaltar: a narrativa adotada pela Naughty Dog é o ponto alto do jogo. Isso porque, ao longo de todo o gameplay, somos sempre apresentados aos dois lados de uma mesma história. Até que ponto o final de The Last of Us influencia a Part II? Quais as consequências que as atitudes de Joel geraram para ele e Ellie em suas novas vidas?
Um pouco de The Last of Us Part II
O título nos leva em uma emocionante jornada de justiça, vingança e redenção até Seattle, uma cidade ocupada pela Washington Luta pelo Futuro (WLF), os Lobos, uma milícia altamente treinada e bem equipada com equipamentos militares. Só que as ameaças vão além de muitos infectados pelo cordyceps, já que há uma disputa territorial com outro grupo, os Cicatrizes, ou como eles gostam de se chamar, Serafitas. Ellie se vê no meio dessa disputa e em um local desconhecido.
Ao chegarmos em Seattle, somos surpreendidos com um mapa enorme. É possível explorá-lo em busca de recursos e colecionáveis, com uma vastidão de detalhes, localidades e tamanho inéditos em um jogo da Naughty Dog. Eu explorei bastante, e ainda deixei muita coisa pra trás. É realmente um dos pontos mais importantes do game, principalmente por ser nas primeiras horas. É ali que você tem aquela certeza de que uma experiência fora dos padrões nos aguarda.
A partir daí, a narrativa de The Last of Us Part II se desenrola. Ellie estabelece uma base em Seattle e segue caçando as pessoas que ela julga serem responsáveis pelo seu sofrimento. O título reserva alguns plot twists centrados em uma história emocionalmente forte, que te deixa pensando por algumas horas quando os créditos aparecem. Se você deixar se envolver com ela, vai sentir raiva, repulsa, orgulho, desprezo… É um mix de sentimentos ao longo de várias horas. Com certeza o jogo ganhará prêmios pela sua narrativa.
Uma verdadeira evolução no gameplay
Uma das poucas críticas relacionadas ao The Last of Us original diziam respeito ao seu gameplay um pouco travado. Não que não fosse algo real, mas como Joel é pesado, lento e mais velho, as injustas críticas — acostumadas com protagonistas ágeis e poderosos — podem até ter influenciado um pouco nas mudanças feitas na sequência. E agora não há absolutamente nada a ser criticado no quesito jogabilidade.
Isso porque The Last of Us Part II é uma evolução natural do primeiro jogo. Antes de começar o game, eu havia terminado o original — pela quarta vez — há alguns dias. E a minha sensação foi exatamente essa: o que já era bom, conseguiu ficar ainda melhor. Justamente por Ellie ser menor, mais leve e mais nova do que Joel, ela é mais rápida e isso adicionou um botão de esquiva e outro de pulo para o game. Acredite: você vai usá-los bastante em sua jornada.
O fato da mobilidade da personagem ser maior, também deu a opção para o game ganhar em verticalidade. Ou seja, é possível explorar os cenários indo para cima ou para baixo. Ellie consegue subir em casas, caixas, carros e caminhões, mas também pode ficar deitada e rastejar. Quebrar vidros também foi uma adição interessante, proporcionando explorar áreas com recompensas e colecionáveis, além de oferecer novos caminhos para chegar aos objetivos.
O combate em The Last of Us Part II
De um modo geral, a forma como se luta em The Last of Us Part II permanece muito semelhante à do jogo original, mas também ganhou mudanças. O fato de Ellie ser mais ágil dá muito mais possibilidades de ações furtivas, e isso é executado com maestria ao longo da história: ao mesmo tempo em que estar em cima de um caminhão te dá uma visão geral do onde estão os inimigos, você fica exposto. Somente isso representaria uma evolução completa do combate e exploração em The Last of Us Part II, mas não para por aí.
Seattle está tomada pelo natureza, e muitos ambientes apresentam mato alto. É possível usar a furtividade proporcionada e eliminar infectados e humanos em áreas abertas com muito mais facilidade. Ellie não é “tank” como Joel, e isso fica claro logo nas primeiras batalhas. As lutas corpo-a-corpo são praticamente impossíveis de serem vencidas se você for ao embate direto, somente socando quem estiver na sua frente. É preciso mesclar o botão de esquiva nos momentos certos para derrotar infectados e humanos. Se a coisa apertar, correr ainda é uma opção válida.
Somado à isso, temos os elementos “clássicos”: modo escuta, armas que podem ser aprimoradas com ferramentas encontradas pelo mapa, armas rápidas de mão, facas e afins. Uma das novidades nisso é que Ellie tem uma faca “inquebrável”, ou seja, ela não é gasta quando você elimina estaladores como acontecia com Joel. A brutalidade já iniciada no game original segue presente, com opções de finalização de inimigos mais diversificadas, indo desde estrangulamentos até cabeças de infectados explodindo.
Inimigos mais mortais ditam o ritmo!
The Last of Us Part II também evoluiu em outros aspectos. Após anos da queda da civilização, os humanos também estão mais bem preparados para lidar com ameaças externas às suas organizações. Um bom exemplo é como a WLF se defende. Todos os NPCs possuem nomes e seus companheiros fazem juras de vingança quando encontram seus corpos sem vida. Além de usarem armamentos pesados, eles possuem cachorros treinados que vão te detectar em alguns momentos. Se eles pegam seu rastro, é difícil perderem e é inevitável ter que matar uns doguinhos para avançar na história.
Já os Serafitas possuem um comportamento totalmente diferente. Eles ficam em pontos estratégicos de Seattle ou na mata, e podem atacar de surpresa. Embora a maioria utilize arco e flecha, eles também possuem pistolas e escopetas, e não vão hesitar em atirar primeiro e perguntar depois. Pra piorar, eles se comunicam por meio de assobios, que podem ser ouvidos em longas distâncias. Na prática, se você elimina um dos serafitas, e ele não responde ao assobio de chamada, um assobio de alerta é feito e eles começam a ir até a posição onde o que você matou está.
Novos tipos de infectados em The Last of Us Part II
Os anos que se passaram após o Outbreak Day também fizeram com que novos tipos de infectados surgissem. Além dos já tradicionais corredores, estaladores e os temidos baiacus, ao menos dois tipos de infectados andam pelas ruas de Seattle em The Last of Us Part II. O primeiro que você vai encontrar são os trôpegos. Eles são capazes de lançar ácidos gasosos quando os jogadores se aproximam e são mais resistentes aos danos de armas. Eles são mais rápidos do que parecem, têm um visual que lembra o baiacu e ainda causam uma explosão quando são derrotados. Por isso, tenha sempre alguns molotovs em mãos para lidar com eles e você não sofrerá muito.
Já os espreitadores são sorrateiros. É verdade que não são tão mortais assim, mas prepare-se para levar bons sustos quando eles pularem em você do nada. Eles saem de paredes onde a infecção tomou conta, ou se movem em silêncio em ambientes com pouca iluminação. O modo escuta não é muito útil aqui. Por isso, esteja sempre atento e com armas de mão para não ter muitos problemas.
Os gráficos mais bonitos da geração?
The Last of Us original foi lançado no fim da geração passada e explorou o máximo do que o PlayStation 3 podia oferecer. Agora a Part II repete a fórmula, nos mostrando todo o poderio gráfico que o PlayStation 4 tem. Eu arrisco a dizer que o título traz os gráficos mais bonitos da geração até aqui. Das expressões faciais ao detalhamento do mundo, The Last of Us Part II traz uma beleza absurda para as telas dos videogames. E tenha em mente que eu não joguei em um PS4 Pro, nem em uma TV 4K.
O que mais me chamou atenção foram os efeitos de luz. Muito se fala em Ray Tracing e Lumen, que vão facilitar a programação de jogos. E por isso é preciso tirar o chapéu para a Naughty Dog. Usando um motor gráfico próprio, a empresa cuidou de cada detalhe e o resultado é espetacular. Explorar Seattle durante o dia, com o sol a pico, é algo incrível!
Isso tudo vem acompanhado de expressões faciais dos personagens que transmitem sentimentos, e eu não falo apenas dos personagens principais ou de cutscenes. Quando você ataca um Serafita ou um Lobo de forma furtiva, a mudança de câmera nos mostra o desespero do inimigo com a aproximação de Ellie.
Há ainda detalhes “menores”, mas que fazem diferença. Em algum momento da narrativa, Seattle estará sob chuva e o game trabalha isso de uma forma espetacular. Os efeitos da água no corpo, seja saindo de um rio ou mesmo na chuva, são muito bem construídos. Até mesmo o cabelo, que costuma ser algo que não ganha muita atenção dos desenvolvedores, ganhou a devida atenção em The Last of Us Part II.
Mais detalhes
A obra-prima da Naughty Dog faz questão de ser uma continuação direta do primeiro jogo. Não é The Last of Us 2, mas sim, Parte II. Então, muitas questões que ficaram em aberto no game passado acabam sendo respondidas. Uma delas é que Ellie aprendeu a tocar violão e, inclusive, podemos participar de alguns mini-games voltados para essa prática. Você deve posicionar o analógico esquerdo na nota musical, e tocar com o touchpad. Após cumprir a missão da música em questão, há um modo livre, e eu tenho certeza que os mais entusiastas e entendidos do assunto poderão criar músicas inteiras nesse sistema.
Fora isso, ainda há o cuidado que a desenvolvedora teve com outros elementos narrativos. No primeiro título, Ellie não sabia nadar. No segundo, a água e a exploração subaquática é um dos pontos chaves em alguns momentos. E para isso, temos um flashback com um divertido momento em que a protagonista ainda dava suas primeiras braçadas. O recurso de voltar no tempo, inclusive, foi bastante usado para fechar pontos chaves da história, principalmente ao contar o que houve nos anos que separam The Last of Us e The Last of Us Part II. É bom ressaltar neste ponto que a elogiada dublagem do primeiro título foi repetida aqui, então espere ouvir vozes conhecidas ao jogar!
The Last of Us Part II ainda conta com colecionáveis que contam sua própria história. Através de documentos, registros no diário ou itens que são espalhados pelo mapa, você acaba se interessando pelo conteúdo de cartas deixadas por pessoas afetadas pela infestação. São muitos colecionáveis para serem obtidos. E por fim, o game também já chega com recursos modernos, como um Photo Mode, que pode ser acessado desde o começo.
Um dos jogos mais acessíveis da história
Não bastasse todos os detalhes que escrevi acima, The Last of Us Part II ainda se destaca por ser um dos títulos mais acessíveis da história dos videogames. Em uma rápida configuração no menu inicial, é possível definir alguns elementos que vão desde a opção de guiar o game através do som, até alteração em contraste para pessoas com baixa visibilidade. Com isso, são cerca de 60 opções personalizáveis, que alteram itens como controles, recursos visuais, dicas por meio de áudio, navegação, travessia e combate. Há até uma opção em que converte em texto tudo o que se lê no jogo, desde menus até os documentos, e outra que dá avisos sonoros ao se aproximar de itens e colecionáveis.
Vale a pena comprar The Last of Us Part II?
Definitivamente, The Last of Us Part II é a obra-prima da Naughty Dog, aquele jogo que será lembrado gerações à frente. O mais novo exclusivo do PlayStation 4 traz uma história marcante, profunda e envolvente, somada com uma gameplay incrível e gráficos surreais para os padrões atuais. Ainda conta com elementos elaborados para preencher lacunas, como histórias secundárias por meio de colecionáveis e até um mini-game baseado no principal hobbie de Ellie. É um daqueles jogos raros, que deixam um vazio após ser terminado e que será lembrado por gerações.
Em formato digital, The Last of Us Part II segue disponível em pré-venda em duas versões na PlayStation Store. Enquanto a versão padrão custa R$ 249,99, a Digital Deluxe sai por R$ 289,99, trazendo além do jogo completo, um pequeno livre de arte digital de 48 páginas, um tema dinâmico para o console e um conjunto com seis avatares para usar na PSN. O lançamento está marcado para o dia 19 de junho!
*Review elaborada no PlayStation 4 padrão, com código fornecido pela Sony.