The Legend of Heroes: Trails into Reverie | Review
The Legend of Heroes: Trails into Reverie é um JRPG desenvolvido pela Nihon Falcom juntamente com a PH3 GmbH e publicado pela NIS America, Inc. Lançado pela primeira vez em 2020, o título chega agora para nós com dublagens e traduções em inglês. Deixando de fora o bom e velho PT-BR que tanto amamos, infelizmente. Bom, quem sabe um dia não é mesmo?
E aí, será que vale a pena conferir mais esse capítulo na longa, longa saga Legend of Heroes? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Excessivamente maravilhoso
Se acheguem, leitores e leitoras. A noite está fria, a ponto de estalar os ossos e bater os dentes. Felizmente, consegui acender essa bela fogueira utilizando meu material de japonês. Vejam bem, estava tentando entender o básico para poder jogar THE LEGEND OF HEROES: HAJIMARI NO KISEKI e ver a continuação da aventura de meu amigo Lloyd Bannings. Mas acabei de ser informado pelos poderes superiores que isso não será mais necessário. Fantástico!
Eis que entra The Legend of Heroes: Trails into Reverie, o nome dado a hajimari no kiseki em nossas bandas. Traduzido e dublado para o bom e velho inglês. Falando sério agora, eu realmente estava intrigado com a proposta do jogo. Ele tem a proposta ambiciosa de seguir as histórias dos personagens da saga Zero/Azure, da SSS, e o povo da Class VII, de Cold Steel.
Todos esses nomes o confundem? A mim também, e olha que já joguei uma boa quantidade dos títulos da série que desenvolveram a trama até aqui. Felizmente, assim como foi em Azure, temos uma boa enciclopédia para nos inteirar do que aconteceu até aqui de forma simples e rápida. E falando em acontecimentos, vamos conversar sobre as loucuras e dramas que viveremos nessa parada.
Um dos pontos mais interessantes de The Legend of Heroes: Trails into Reverie é que a trama se desenrola através de três pontos de vista diferente, as chamadas Routes. Na primeira, controlamos Lloyd, o protagonista dos jogos Zero e Azure, que enfrenta uma nova ameaça que surge no dia da assinatura do tratado de independência de Crossbel. O segundo protagonista é Rean, da saga Cold Steel, que volta para sua cidade natal apenas para descobrir que pobre nunca tem descanso e mais uma catástrofe está para acontecer. E o último lida com um grupo misterioso que pode ter laços com o golpe dado na rota do Lloyd.
Confuso? Pior que não, acredite se quiser. No começo é meio estranho jogar entre as rotas, porque devemos avançar em umas para poder continuar as outras. Isso faz com que precisemos parar em momentos nos quais a ação e tensão estão no limite. Mas, todas as três perspectivas são tão bem escritas, montadas e encaixadas que isso se torna fácil de ignorar.
Esse era o ponto que mais me preocupava, principalmente pelo fato de que se focar em muitos personagens (e temos muitos, sejam jogáveis ou não) poderia ser uma receita simples para a desgraça. Mas, novamente, fico feliz em dizer que não foi o caso. Me senti amarrado da primeira até a última linha do jogo, e me senti contente de ver e conhecer personagens novos, fossem os que não era familiar por não ter jogado a saga Cold Steel ou os que foram criados apenas para essa etapa.
The Legend of Heroes: Trails into Reverie possui um ar de desespero e de que tudo está em jogo, com muito a se perder. Porém, os personagens sempre demonstram que enquanto houver a vontade e a força para lutar a esperança existe, por mais frágil que seja a chama. Tema batido? Certamente. Contudo, a forma que se apresenta pode fazer até um clichê desses ser bem sucedido.
A jogabilidade de The Legend of Heroes: Trails into Reverie é o resultado de uma série de mecânicas que vêm sendo refinadas e incrementadas já faz tempo, desde os primeiros títulos da série. Ainda que algumas sejam levemente alteradas, tudo ainda é suficientemente familiar, mas com mudanças suficientes para não ser repetitivo.
Nosso tempo se dá, majoritariamente, entre exploração de mapas, mudança de uma perspectiva para outra (feita através de um menu), preparação para batalha e a treta em si. Temos todo o esquema de orbs, que funcionam mais ou menos como as materias de Final Fantasy. Nossos personagens podem equipar uma quantidade de quartz, dividas entre menores e maiores, que conferem uma série de status e habilidades que podem ser lançadas usam um recurso chamado EP. Como cada um desses confere atributos, muitas vezes, saber quais quartz aplicar em qual boneco pode ser a diferença entre ter um time porreta e um mediano.
Além disso, cada personagem possui uma série de crafts, habilidades exclusivas que utilizam suas próprias reservas e podem tanto dar dano como curar ou melhorar temporariamente as habilidades do usuário. Elas possuem versões mais fortes ainda, chamadas s-crafts, que geralmente pegam todos os inimigos e, havendo recursos para utilizar, podem ser lançadas até se não for a vez do personagem.
Outra ferramenta são os battle points, que utilizamos para utilizar ordens que conferem bônus para dano, defesa e essas coisas. Eles são obtidos ao quebrar a guarda de um inimigo, e também podem ser utilizados para utilizar um ataque com o time todo a um inimigo ou vários ao mesmo tempo. Saber quando utilizar e quando segurar esse recurso é essencial. Ele também pode ser obtido se o personagem cair em um turno com bônus. Temos uma barrinha que nos mostra quando iremos agir (combate em turnos, abençoado seja), e tanto nossos bonecos quanto os inimigos podem se beneficiar disso e outros efeitos como dano extra, recuperação de vida, e por aí vai.
Também podemos unir dois personagens através dos chamados links, que se fortalecem conforme eles lutam e ficam no time juntos. Personagens linkados podem realizar ações em conjunto como atacar, defender um ao outro, curar e muito mais. Nossa equipe também pode usar habilidades coordenadas, gastando uma barra de longa recarga, que permite atacar inimigos e se fortalecer, curar e aumentar defesa ou dar dano mágico aumentando a velocidade.
Por fim, temos os personagens. The Legend of Heroes: Trails into Reverie nos dá uma seleção invejável de membros para nossa equipe, sejam eles em suas rotas específicas ou quando há sobreposição. Eu fiquei realmente impressionado, visto que cada um deles é único, seja em atributos, armas ou crafts, e a variedade de combinações deixa tudo mais divertido.
Ufa, acho que isso é quase tudo. Não vou falar todas as opções para não estragar a descoberta, mas é um tanto bom, não é mesmo? Ironicamente, utilizar isso em conjunto não é nem de perto tão complicado quanto parece. Eu arriscaria até a dizer que The Legend of Heroes: Trails into Reverie é mais simples de entender e visualizar que seus antecessores, acreditem se quiser. E, ainda que não o fosse, é um preço que eu pagaria feliz para ter esse leque de mecânicas a minha disposição.
Sons e Visuais
Certo, vou começar dizendo que até sinto falta do visual chibi dos jogos da série Crosbell. Mas, de todo modo, fiquei bem satisfeito com o que vi The Legend of Heroes: Trails into Reverie. Os visuais tem estilo, os modelos dos personagens são maneiros e as habilidades possuem impacto e grandeza. Um único negativo é que notei um lag considerável em alguns momentos, principalmente na rota do Lloyd. Não era impeditivo, mas bem chatinho.
A sonoplastia é filé, com vozes bem dubladas e escolhidas. A do Randy, da SSS, está perfeitamente casada com o visual e o jeitão do personagem. As músicas também ficaram muito legais, e a da abertura é viciante.
Vale a pena comprar The Legend of Heroes: Trails into Reverie?
Leitora, rápido! Lance uma bola de fogo na madeira para que não fiquemos no escuro. Dito isso, é tempo de fazermos o velho choro e a velha dança de sempre para enumerar conceitos que, por definição, não o deveriam ser. Meh, que seja. Vamos lá, antes de fazer o resumão devo lembrar que ainda que The Legend of Heroes: Trails into Reverie seja um jogo que necessita de uma certa bagagem, ele não deve ser visto de forma alguma como exclusivo para fãs da série.
A história é muito boa, com personagens que irão te cativar de várias maneiras. Seja como eu, ao notar como nossos chegados evoluíram desde seus jogos de origem, ou como a galera novata, que vai se encantar com suas personalidades. Some a isso mecânicas de combate fartas e divertidas, uma quantidade considerável de personagens, missões secundárias, a mini-enciclopédia, enfim. É conteúdo para caramba, e que vale ser experimentado.
Como negativo? Bom, acho que o jogo pode assustar de começo devido ao seu escopo e a trama pode arrastar de leve enquanto fazemos os primeiros capítulos de cada rota, mas daí para frente é só sucesso. E é isso, leitores e leitoras do meu coração. The Legend of Heroes: Trails into Reverie é um baita JRPG, e posso recomendar sem um pingo de receio para qualquer um que procure uma boa dose de diversão.
The Legend of Heroes: Trails into Reverie será lançado no dia 7 de julho para PC, via Steam e Epic Games Store, Nintendo Switch, PlayStation 4 e PlayStation 5.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America.
The Legend of Heroes: Trails into Reverie
Prós
- Trama com 3 rotas que se completam e são muito bem escritas
- Diversas mecânicas bem implementadas
- Muito, muito conteúdo
- Personagens cativantes como sempre
- Apesar de não parecer, tem muito apoio para receber veteranos e novatos da saga The Legend of Heroes
Contras
- O jogo se arrasta de leve no primeiro capítulo de cada rota
- Uns lags aqui e ali