The Legend of Nayuta: Boundless Trails | Review

The Legend of Nayuta: Boundless Trails é um JRPG de ação, misturado com um bocado de hack and slash, desenvolvido pela Nihon Falcom junto da PH3 GmbH e publicado pela NIS America. Lançado originalmente em 2012, exclusivo para a terra do sol nascente, o título faz sua primeira aparição para o lado de cá com gráficos em alta definição e tradução em inglês (nada em português, infelizmente) neste nosso ano de 2023.

E aí, será que compensa encarar essa aventura da década passada? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!

Por onde você andou, enquanto eu te procurava?

O mundo dos videojogos eletrônicos, leitoras e leitores, é uma coisa mágica. Temos uma infinidade de títulos, em uma infinidade de séries para uma quantidade enorme de consoles, salpicados aos longos dos anos. Ainda que a maioria deles, hoje em dia, seja lançada do lado de lá e do lado de cá, ainda ocorre de muitas pérolas serem guardadas apenas para aqueles que manjem do japonês. Kratos sabe que espero até hoje, sem sucesso, o lançamento de meu querido Yakuza Black Panther para o nosso mercado.

O mesmo acontecia, até pouco tempo, com a série The Legend of Heroes e uma de suas sagas paralelas, Trails. Recentemente estamos recebendo muita coisa em inglês, felizmente, como The Legend of Heroes: Trails into Reverie, por exemplo, mas ainda tem bastantes jogos bons no catálogo exclusivo para o pessoal do Japão. Era o caso, até então, de nosso joguenho da vez: The Legend of Nayuta: Boundless Trails.

O título deu o ar da graça pela primeira vez em 2012, para um console portátil chamado PlayStation Portable, também conhecido como o mais brabo de sua geração. Eu tenho um carinho enorme pelo PSP, e joguei um bocado de coisas neles ao longo dos anos e, admito, até hoje. Contudo, eu nunca tinha ouvido de nosso menino Nayuta, ou tido a oportunidade de jogar, até agora. Mas e aí, será que a espera compensou? Pois vejamos, então.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails
E começa a jornada. (Imagem: Divulgação)

The Legend of Nayuta: Boundless Trails acompanha as aventuras de Nayuta, um jovem sonhador e aspirante a pesquisador que volta para sua terra natal, a ilha de Remnant, para dar uma descansada de lei durante o verão. O lugar é palco de um fenômeno interessante, no qual “estrelas cadentes”, mais para fragmentos de algum mineral, caem do céu e lotam as praias de entulho. Que horror! O interessante, no entanto, é que ao jogar um pouco de luz nessas pedrinhas podemos ver pequenas imagens de um outro mundo, chamado Lost Heaven.

E, acreditem só, em um belo dia Nayuta, junto de seu amigo Cygna, observam uma ruína inteira, e não um fragmento, cair nas praias de Remnant. Ao explorar o local, eles encontram uma pequena fada chamada Noi, que diz ser da tal Lost Heaven antes de abrir um portal do lado da casa de nosso protagonista e desaparecer. Os dois amigos, loucos que são, decidem ir atrás da fadinha e pulam para dentro também.

Daí a trama se desenrola com Nayuta e Noi lutando para impedir um vilão enlouquecido de destruir tanto o mundo de Lost Remnant quanto aquele em que vive Nayuta, enquanto descobrem as motivações por trás de uma série de acontecimentos e o motivo dos dois mundos viverem em separado. Eu curti bastante as batidas da história de The Legend of Nayuta: Boundless Trails, embora a narrativa seja um pouquinho acelerada. Mas, de todo modo, os personagens cativantes e as situações que eles vivenciam faz valer a pena. E, devo adicionar, Nayuta é um protagonista bem legal de se acompanhar.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails
Da esquerda para a direita: Noi, Cygna e Nayuta. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade de The Legend of Nayuta: Boundless Trails lembra bastante a de um outro título espetacularmente maravilhoso da Nihon Falcon chamado Ys, atualmente em sua nona edição (na linha principal) se não me falha a memória. Aqueles que já conhecem a franquia vão sacar o naipe da experiência, mas deixe-me explicar de toda forma. Temos um sistema de combate em tempo real rápido, com a possibilidade de realizar uma série de combos, desviar, usar magias, aparar golpes, e muito mais.

Além disso, a jogabilidade do título também adiciona alguns elementos de plataforma na mistura. Logo de cara, nosso amigo dos cabelos azuis pode usar o bom e velho pulo duplo para alcançar lugares mais altos, se esquivar de golpes ou acertar inimigos no ar. Ao longo da jornada, também conseguimos algumas habilidades extras que expandem essas capacidades.

Outra parada bem legal em The Legend of Nayuta: Boundless Trails são as lutas contra os chefes de cada capítulo/área. Eles costumam ser muito criativos, com mecânicas bem únicas e uma utilização do cenário que faz com que enfrentá-los seja mais do que apenas metralhar o botão de ataque. Eu sempre fiquei animado quando algum aparecia, e creio que isso seja uma das grandes influências da série Ys.

Uma menção honrosa se deve ao fato de que o título, com 11 anos de lançamento, envelheceu com dignidade. Ainda que possamos notar algumas tendências do passado, a experiência continua agradável, divertida e com um controle muito preciso e responsivo. Isso não é algo que vemos sempre em remasterizações, e deve ser louvado.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails
O combate é rápido e divertido. (Imagem: Divulgação)

Outra coisa interessante em The Legend of Nayuta: Boundless Trails é a forma como exploramos o mundo. Ao invés de oferecer um mapa integrado e contínuo, o título separa os ambientes em fases, como se fosse um jogo de plataforma. Cada ilha de Lost Heaven tem as suas, e cada fase tem uma série de objetivos extras que, ao serem completados, conferem estrelas que Nayuta pode usar para aprimorar suas habilidades.

Esses objetivos vão de terminar um estágio em um tempo determinado até derrotar x inimigos sem sofrer dano, o que o jogo chama de chain, ou não perder nada de vida. Além disso, cada fase conta com baús e cristais que podem ser coletados para melhorar nossa nota final. Eu curti bem esse esquema, e o tamanho reduzido (mas sem exagerar) das fases faz com que ir em cada uma repetidas vezes seja bem rápido e prático.

Além disso, podemos controlar o tempo de algumas ilhas, mudando os níveis recomendados de cada fase, seus inimigos e seus caminhos. Inclusive, algumas missões envolvem fazer algo em um estágio durante uma estação e voltar lá na outra. Eu achei isso bem divertido, e ajuda o título a aumentar a variedade de estágios sem precisar desenvolver muita coisa nova.

Por fim, Nayuta também pode realizar missões secundárias para obter dinheiro ou novos equipamentos, colecionáveis para dar ao museu ou habilidades. Ainda que valham a pena serem feitos, esses objetivos costumam ser coisas bestas como pegar A e levar para B, ou algo do tipo. Não são muito exploradas, servindo mais como um adicional para aumentar a duração do título.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails
Os chefes são muito legais de enfrentar. (Imagem: Divulgação)

Sons e visuais

The Legend of Nayuta: Boundless Trails conta com visuais bem legais, com modelos fofos e cores bem vibrantes. Além disso, comparar com o original de PSP mostra como o título caiu bem para a nova geração, principalmente se jogarmos no modo de portátil. Uma coisa negativa, entretanto, está na repetição de cenários e inimigos. Ainda que a mudança de estações altere alguns aspectos chave, como de verão para inverno, tudo continua mais ou menos com a mesma cara.

A trilha sonora é muito boa, como costuma ser nos jogos da Nihon Falcon, com músicas bem agitadas e animadas nas partes mais explosivas da ação. Além disso, a dublagem ficou bem legal. Contudo, ela é utilizada de maneira estranha, salpicada entre diálogos sem muita consistência.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails
O jogo também conta com novas ilustrações. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar The Legend of Nayuta: Boundless Trails?

Já sei, já sei. Vou dar o que querem, seus leitores e leitoras fascinados por representações numéricas. Qual será o valor que representa o nível de maravilhas de The Legend of Nayuta: Boundless Trails? Bom, vamos puxar da memória aquilo que falamos até o momento para tentar responder essa pergunta de milhões, está certo?

Do lado positivo, o título segue o pedigree de suas séries irmãs oferecendo uma história legal de acompanhar, com uma narrativa mais acelerada, aliada a um gameplay divertido e de qualidade, com mecânicas maneiras e chefes ótimos de enfrentar. Ainda, o sistema de estágios favorece jogatinas e resultados rápidos, o que me agrada bastante. E, além disso, temos que falar que o jogo envelheceu bem. Pelo lado negativo, eu citaria apenas a repetição de inimigos e cenários, além do uso inconsistente da dublagem.

No fim das contas, meus amores, resta dizer que The Legend of Nayuta: Boundless Trails é um mimo, e demorou demais para vir pras nossas bandas. Uma jogabilidade divertida, aliada a personagens amáveis, torna esse jogo uma boa pedida para todos os públicos. Fãs de Ys e Trails, então, nem se fala. Podem ir sem medo, a aventura de Nayuta vale a pena ser vivida.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails foi lançado em setembro e está disponível para Nintendo SwitchPlayStation 4 e PC, via Steam.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America.

The Legend of Nayuta: Boundless Trails

+ R$ 107,99
8.8

História

9.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • O jogo envelheceu muito bem, o que prova sua qualidade
  • Jogabilidade rápida e divertida, com controles precisos
  • Sistema de fases, variando com estações, é bem criativa
  • Chefes muito legais de enfrentar
  • Nayuta é um protagonista adorável

Contras

  • Faltou a legenda PT-BR
  • Um pouco de repetição em cenários e inimigos
  • Dublagem utilizada de maneira incosistente

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.