The Legend of Heroes: Trails through Daybreak | Review

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak é o mais novo lançamento da saga The Legend of Heroes a chegar em nosso maravilhoso cantinho do mundo. Desenvolvido pela Nihon Falcom junto da PH3 GmbH, e publicado pela NIS America, Inc. O título nos coloca no controle de Van Arkride, um faz-tudo que, em um belo dia, acaba aceitando um servicinho muito mais caótico e bombástico do que ele jamais poderia imaginar. E não é sempre assim, nessa vida de protagonista ?

Bom, será que vale a pena embarcar nessa? É o que veremos agora, em mais uma adorável análise do Pizza Fria!

Van, o quebra-galhos mais famoso de Zemuria

Adivinhem o que tenho aqui comigo, leitores e leitoras deste sensacional reduto das interwebs. Não, não falo de meus traumas ou das provas cabais de que existe vida inteligente nos confins do universo, capaz de jogar xadrez e tricotar como ninguém. Na verdade, me refiro a mais um título de uma de minhas sagas mais queridas e próximas do coração.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak é seu nome, e finalmente temos o prazer de recebê-lo traduzido, apenas em inglês no entanto. Que pena! Contudo, fico feliz de ao menos poder acompanhar essa nova etapa da franquia que, ainda que marque o início de um novo arco, segue dando andamento em todo universo construído até The Legend of Heroes: Trails into Reverie.

Antes de começarmos, devo lembrar que é possível que eu deixe escapar um ou outro spoiler da jornada até aqui, visto que alguns acontecimentos e personagens que aparecem fazem menção à fatos que ocorreram em outros títulos como os Cold Steel, From Zero/Azure e até o próprio Reverie. Contudo, não há de ser nada que vá me fazer parecer nerd demais, ou quebrar todas as surpresas para aqueles que forem jogar a franquia de trás para frente. Dito isto, vamos que vamos.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak
Vai um cafézinho aí? (Imagem: Divulgação)

História

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak dá início ao arco da nação de Calvard, por assim se dizer, tal como os títulos antigos fizeram com Liberl, Crossbell e Erebonia. Uma pegada interessante é que logo no começo percebemos o quanto o país avançou, principalmente no que se refere à urbanização e tecnologia. Muito graças, em boa medida, aos reparos financeiros pagos pelo governo de Erebonia após a guerra que rolou durante a saga Cold Steel. Essa é mais uma das pequenas coisas que ajuda a manter a ideia de cronologia da série, e caiu muito bem para criar a ambientação dos lugares que passamos.

Nosso herói da vez é o maroto Van Arkride, um spriggan faz-tudo conhecido por resolver problemas cabulosos demais para se levar para a polícia, ou nebulosos demais para que os bons moços e moças dos Bracers resolvam. Portanto, qualquer um que precise resolver as coisas de maneiras pouco usuais, mas efetivas, não precisar ir longe para encontrar o cara certo para dar um jeito na questão.

Contudo, um trabalho recente se mostrou muito mais complexo do que deveria. Van decide aceitar o trampo de uma jovem chamada Agnès, que chegou com um pedido simples sobre encontrar alguma coisa que tinha perdido. Mas, tal como ocorre com frequência nessa vida bandida, as coisas acabam se complicando e tanto o balanço da república quanto a vida de todos os envolvidos acabam entrando em jogo.

Eu curti muito o que The Legend of Heroes: Trails through Daybreak propôs, tanto do ponto de vista de seus protagonistas quanto com a situação de Calvard como um todo. Van é um cara que opera por fora da lei, e sua constante dança entre o moral e quase imoral é muito legal de acompanhar. Além disso, o título aborda temas complexos como imigração e reparação de uma maneira interessante e com potencial de levar o jogador a pensar um pouco mais sobre o assunto. Aprovadíssimo.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak
Ô vidinha sofrida. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak chega propondo algumas mudanças interessantes para franquia, fortalecendo a ideia de que a saga que se inicia representa, realmente, uma mudança de ares e o início de uma nova era. Ainda que tenhamos velhos conhecidos como o sistema de orbments, arts e crafts, muitas alterações foram implementadas para garantir que Van e companhia façam um uso, até agora, inédito de tudo que já conhecemos das jornadas passadas.

A primeira, e diria que a mais ousada e bombástica, se deu nas dinâmicas de combate. Até o presente momento, as tretas da maioria dos jogos da série Trails ocorria naquele bom e velho esquema de turnos, com o adicional de que em alguns deles tanto os personagens quanto os inimigos poderiam receber algumas vantagens como dano crítico, custo zero de mana, e por aí vai.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak expande essa dinâmica através da introdução de combates em tempo real. Agora, podemos nos movimentar pelos cenários e atacar qualquer inimigo com combos, que enchem uma barra de ataque especial, além de nos esquivarmos de ataques. Contudo, não pensem que o velho sistema morreu. Basta apertar um simples botão para o jogo entrar no sistema de turnos que já conhecemos e amamos. Ah, e agora podemos nos mover livremente sem custos ! Somado, ainda, ao adicional de algumas habilidades se tornarem mais fortes quando usadas em determinadas posições ou ao lado de aliados.

Ainda que as possibilidades da nova mecânica sejam limitadas a bater e esquivar, o potencial futuro é simplesmente fenomenal. Isso ajuda a elevar a franquia a novos patamares, além de fornecer muito mais controle e possibilidades ao jogador. Uma pena, infelizmente, que aquelas cenas de fim de combate não ocorram mais. Sempre gostei muito, e achava que serviam para aprofundar ainda mais as personagens. Os custos do progresso, não é mesmo?

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak
Cada vez melhor. (Imagem: Divulgação)

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak também reimagina o sistema de orbments presentes em títulos anteriores. Essas gemas, equipadas em cada personagem, conferem uma série de efeitos e vantagens para nossos heróis. Contudo, ao invés de permitir o uso de arts específicas, elas garantem efeitos que podem ser ativados, mediante uma chance fixa durante o combate. O novo sistema de boost, que fortalece o boneco que usar, aumenta consideravelmente a chance de ativação.

Fora isso, temos também o sistema de moralidade. Ele é bem interessante, e permite influenciar tanto a maneira como Van interage com o mundo como certos acontecimentos da trama, quais facções podemos interagir e cooperar, e por aí vai. Dividido entre law, gray e chaos, ele aumenta conforme realizamos as missões primárias e secundárias e de acordo com as escolhas que fazemos. Ainda que não seja super complexo, é um adição bem vinda e que casa bem com a pegada moralmente dúbia que a trama propõe.

Contudo, todo avanço acaba trazendo certos retrocessos. Senti uma falta dos famosos minigames da franquia. Não encontrei espaço para a tão querida pescaria, já velha de guarda, e nem algo parecido com o agradável joguinho de cartas de Trails of Cold Steel. Nada que torne o título menos recheado de gostosuras, mas continua sendo uma oportunidade perdida de todo modo.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak
O novo sistema de orbments. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Eu curti demais os visuais de The Legend of Heroes: Trails through Daybreak , principalmente no departamento de design dos personagens e da animação. Até as interfaces me agradaram dessa vez, algo que sempre reclamei ! Além disso, temos cenários diversos e bem construídos, além de um mundo que parece vivo e é cheio de personalidade.

A trilha sonora, também, é um mimo. Temos todos os estilos conhecidos da franquia, com seus rocks e melodias mais calmas, com arranjos que passam um certo ar de malemolência perfeito para alguém maroto como Van. Menção especial para as músicas de combate, que ficaram excelentes. Nesse quesito, só ficou faltando a nossa legendinha de lei.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak
Os personagens ficaram bem legais. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar The Legend of Heroes: Trails through Daybreak?

É isso aí, spriggans do meu coração. Será que The Legend of Heroes: Trails through Daybreak deu bom? Bem, acho que a resposta ficou até mais evidente do que deveria durante nosso papo. De fato, eu realmente preciso me fazer de rogado e aumentar o ar de mistério de minhas análises. Manter vocês no suspense, sabem como é? Oras pois, que seja. Vamos relembrar o que falamos e bater o martelo nessa questão.

De positivo, o jogo constrói um mundo super legal, com uma trama envolvente e personagens cativantes. A jogabilidade dá saltos e pulos para o futuro, sendo ao mesmo tempo refinada e ousada. Tudo funciona melhor, é melhor de jogar e mais agradável aos olhos e ouvidos. De negativo, senti apenas que o combate em tempo real ainda precisa de mais refinamentos, que alguns minigames poderiam ter voltado e que a legenda em português poderia ter sido incluída.

Contudo, a real é que The Legend of Heroes: Trails through Daybreak é um jogo excepcional, ainda maior do que normal para uma franquia que já possui um nível de qualidade considerável. Fiquei realmente contente com o início dessa nova era, e mal posso esperar para acompanhar mais presepadas da Arkride Solutions. Seja você novato ou veterana da franquia, ou apenas apreciador de jogos no geral, pode ir sem medo. Vale a pena demais.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak está disponível para Nintendo SwitchPlayStation 4PlayStation 5 e PC, via Steam, desde o começo de julho de 2024.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America.

The Legend of Heroes: Trails through Daybreak

+ R$ 162,00
9.3

História

10.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Excelente começo de uma nova fase da franquia
  • ótimas evoluções para a fórmula já conhecida e aprovada
  • Personagens cativantes e bem construídos
  • Combate em turnos segue uma maravilha, com o adicional de tempo real tornando tudo mais açucarado
  • Sistema de moralidade ficou bem interessante, bem como as mudanças no esquema de orbments

Contras

  • Por mais que seja legal, o combate em tempo real precisa de mais funcionalidades e aprimoramentos
  • Senti falta de alguns minigames clássicos
  • Podia ser legendado em português, ao menos

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.