Valkyrie Elysium | Review
Valkyrie Elysium foi anunciado no começo de 2022 durante um State of Play, promovido pela Sony, que apresentou jogos desenvolvidos no Japão. O título, um lançamento autônomo da popular franquia Valkyrie Profile, além de marcar o retorno da série aos consoles de mesa após mais de dez anos, também prometia uma nova visão aos jogadores, com gráficos em 3D, batalhas em tempo real e uma história emocionante.
O game está entre nós e pude jogá-lo por cerca de 15 horas, tempo suficiente para terminar a história principal e algumas das missões secundárias que o game nos apresenta. Quer saber o que achei? Vem comigo em mais uma análise do Pizza Fria!
Uma apresentação bem diferente
Desenvolvido pela Soleil Ltd. e publicado pela Square Enix, Valkyrie Elysium chega como um jogo inédito em uma franquia amada por muitos jogadores, mas esquecida durante muitos anos. O último grande lançamento para consoles de mesa foi Valkyrie Profile 2: Silmeria, lançado em 2007 no Ocidente para PlayStation 2 (!), com Valkyrie Profile: Covenant of the Plume chegando ao Nintendo DS em 2009 sendo o último grande lançamento da série. De lá pra cá, até houve uma tentativa de relançar a franquia com Valkyrie Anatomia, lançado em 2019 para dispositivos móveis, mas cujos serviços online duraram pouco mais de um ano.
O que toda a franquia compartilhava em comum, e era amada pelos fãs por isso, é uma apresentação de gameplay com batalhas por turno, histórias densas e gráficos bastante interessantes para a época. Então, era bastante natural que se criasse uma expectativa razoável quanto ao retorno da franquia quando Valkyrie Elysium foi anunciado.
O game nos coloca no papel de uma Valquíria, lendárias guerreiras da mitologia nórdica, com a responsabilidade de purificar almas e, assim, evitar o Ragnarok. Seu objetivo é atender as demandas de Odin, o Pai de Todos, que busca através de você, recuperar seu poder e domínio do mundo. Uma história batida, sem muito sal, mas que serve como base para a narrativa. Apesar de ter uma reviravolta interessante, ela é bem previsível para os fãs da franquia. E somada à curta duração do jogo, é algo que não empolga muito.
Nossa Valquíria não tem nome, e os personagens que encontramos ao longo da história também não se destacam muito, tirando um ou outro Einherjar que acrescenta uma nostalgia à série. O brilho da narrativa fica por conta dos mistérios envolvendo o próprio Odin, e o que nossa Valquíria está fazendo ao seu comando, ao visitar diferentes regiões ou mesmo enfrentar criaturas populares da mitologia nórdica.
Um gameplay que me lembra alguma coisa
Em março, pude revisar Stranger of Paradise Final Fantasy Origin aqui no site e minha memória imediatamente saltou para o jogo quando comecei Valkyrie Elysium. Isso porque o sistema de aceitação de missões e navegação entre elas é muito semelhante, parecendo apenas uma nova roupagem para o que já nos foi entregue no começo do ano. Saiu Final Fantasy, entrou Valkyrie Profile.
Basicamente, após um tutorial que explica as funções básicas do game, Odin nos leva para Valhalla, onde temos acesso ao mapa do mundo do game, em Midgard. Cada cenário conta com uma missão principal, com cutscenes e diálogos que contam a narrativa ao entramos nela. Ao fim de cada missão, que podem chegar a durar até 2 horas, temos um boss no final do mapa, que normalmente é o ponto alto da aventura. No meio do caminho, podemos ainda desbloquear e realizar missões secundárias, que auxiliam em loot e trazem um pouco mais de narrativa. Há também colecionáveis, para deixar o desafio de fazer o rank S em cada missão ainda mais desafiador.
Então, falando um pouco mais sobre o gameplay, Valkyrie Elysium nos leva para regiões de Midgard com a missão de cumprir missões e avançar a história. Como um bom RPG de ação, nós temos uma ampla opções de armas para escolher, que misturadas com combos que aprendemos no tutorial e ao longo do gameplay, fazem da trocação a parte alta do jogo. A Valquíria ainda consegue utilizar magias elementais, que podem ser usadas contra inimigos e bosses.
No entanto, uma das melhores atrações de Valkyrie Elysium são os Einherjars, que estão mesclados com a narrativa e compõem uma espécie de party com a protagonista. Podemos invocá-los durantes os combates, imbuindo nossa arma com o elemento do Einherjar e ficar com golpes mais forte. Além disso, conseguimos evoluí-los a medida que adquirirmos habilidades e continuamos utilizando-os em combate. Ao derrotar inimigos, nossa Valquíria adquire almas e gemas, que são gastas em uma árvore de habilidades dividida em Ataque, Defesa e Apoio. Isso estimula a exploração e, principalmente, cumprir as missões secundárias.
Gráficos decepcionantes, som incrível
Valkyrie Elysium é um jogo que chega para PlayStation 4 e PlayStation 5 e, eu confesso, esperava bem mais do potencial gráfico do jogo. É um jogo muito simples graficamente, que poderia ter entregue muito mais realismo e detalhamento por parte dos jogadores. A maior parte dos mapas conta com edificações semelhantes, o que passa uma impressão de reciclagem. Isso piora porque os mapas são vazios. Não fossem os inimigos e os bosses, nossa missão é destruir caixas, abrir baús e encontrar colecionáveis, muitos já revelados no mapa. rios lugares quebrando caixas e abrindo baús na busca pelos colecionáveis que já estão revelados no mapa.
Eu também senti uma falta de carisma nos protagonistas, nossa Valquíria e no próprio Odin. Se a dublagem em inglês passa longe de ser cativante, a aparência dos personagens também não me agradou muito. A ausência de emoções em ambos e alguns diálogos sem empolgação fazem o aspecto visual do jogo ser uma decepção.
Por outro lado, temos uma trilha sonora marcante. Motoi Sakurab está de volta assinando os arranjos do game e cumpre aquilo que se esperava dele, com trilhas empolgantes e trazendo emoção em momentos adequados da narrativa. Além disso, as músicas são agradáveis, e tornam menos maçante a exploração.
Por fim, é preciso ressaltar que o jogo foi testado em um PlayStation 5 e o “combo next-gen” não foi tão bem explorado. Não há opção de escolher configurações gráficas entre Desempenho e Resolução, com o game já definido em 60 FPS. Me parece que roda em 4K, mas procurei alguma análise técnica para fundamentar o que meus olhos veem, e não encontrei. Também notei que DualSense não é algo marcante no game. Por outro lado, os loadings são extremamente rápidos.
Vale a pena comprar Valkyrie Elysium?
Valkyrie Elysium talvez tivesse sido um jogo revolucionário se fosse lançado em 2012. Em pleno 2022, é um game que agrega muito pouco, seja para os fãs da franquia, que se viam órfãos desde 2009 – e não encontraram sequer uma boa história- ou seja para os curiosos, que podiam buscar alguma inovação de gameplay, mas também não encontraram.
Vejam bem: Valkyrie Elysium não é ruim. Mas também não é bom. É aquele jogo mediano, que possivelmente muitos jogadores baixariam se fosse gratuito para assinantes PlayStation Plus Extra/Deluxe e poderiam avançar na história ou mesmo terminá-lo, ainda mais por ser em PT-BR. O problema é que, por R$ 299,90, há opções muito mais envolventes, seja em termos narrativos ou de gameplay. Se você quiser, há uma demo gratuita disponível para testá-lo antes, cujo progresso é transferido para a versão final.
Valkyrie Elysium está disponível para PlayStation 5 e PlayStation 4, com um título cross-buy, desde 29 de setembro, e chegará para PC, via Steam, em 11 de novembro deste ano. No Metacritic, o game conta com média de 65 pontos.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Square Enix.