Abragames e ApexBrasil apresentam cenário da indústria gamer do Brasil
A Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais (Abragames), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), anunciou recentemente o lançamento oficial da tão aguardada 2ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games. Este estudo, realizado em colaboração com o projeto setorial de exportação Brazil Games, oferece uma visão abrangente do panorama da indústria de jogos digitais no Brasil, abordando os anos de 2022 e 2023.
Estúdios nacionais cresceram nos últimos anos
Um dos dados mais destacados nessa pesquisa é o crescimento significativo do número de estúdios nacionais. Entre 2021 e 2022, houve um aumento de 3,2%, passando de 1.009 para 1.042 estúdios. Esse crescimento acompanhou um aumento na produção de jogos próprios, com 1.009 títulos lançados em 2022, representando um aumento de 12% em relação ao ano anterior.
Rodrigo Terra, presidente da Abragames, ressalta a importância desses resultados, apontando para o fortalecimento da posição do Brasil como um player promissor no mercado global de jogos. Ele destaca que os estúdios brasileiros têm se destacado em serviços de External Development, atendendo demandas internacionais com qualidade, especialmente nas áreas artísticas, de engenharia e co-desenvolvimento.
Jogos originais são prioridade
Além disso, a pesquisa revela a maturidade crescente da indústria brasileira, com 93% dos estúdios desenvolvendo propriedade intelectual própria em 2022. Terra também destaca o crescimento impressionante desde a primeira análise do setor em 2014, quando o Brasil tinha apenas 133 estúdios, em comparação aos atuais 1.042, representando um aumento de quase oito vezes.
Metodologia aplicada na pesquisa
A segunda edição da pesquisa teve como objetivo principal mapear abrangentemente o cenário dos jogos digitais no Brasil em 2022, comparando-o com o estudo anterior de 2021. Conduzido pela GA Consulting, o levantamento ocorreu em 2023 e seguiu uma metodologia mista, priorizando o mapeamento e o questionário, com base em referências bibliográficas e conhecimento prévio.
Marcos Vinicius Cardoso, cofundador da GA Consulting, destaca os desafios enfrentados, incluindo a falta de um CNAE específico para empresas de jogos e o dinamismo do setor. A participação no estudo exigia que os estúdios cumprissem diversos critérios, resultando em 309 empresas respondendo proativamente ao questionário, representando um aumento de 39% em relação ao ano anterior. Além disso, 34 estúdios responderam como autônomos, totalizando 343 respondentes ativos, ou 33% do total mapeado.
Demografia das desenvolvedoras e diversidade precisam melhorar
No aspecto demográfico, a pesquisa revela que os estúdios brasileiros estão distribuídos por todo o país, com a maior concentração nos estados do Sul e Sudeste, historicamente associados ao desenvolvimento criativo. São Paulo lidera com 302 estúdios, seguido pelo Rio de Janeiro com 107 e Rio Grande do Sul com 69. Quanto à diversidade e inclusão, a pesquisa mostra um aumento no número total de profissionais, mas uma redução na representação feminina, destacando a necessidade contínua de promover equidade de gênero na indústria de jogos.
No cenário internacional, o Brasil tem conquistado reconhecimento crescente, com os Estados Unidos e países da América Latina representando os principais mercados comerciais para os estúdios brasileiros. A Europa Ocidental também está emergindo como uma região de crescimento significativo.
Faturamento segue subindo
A segunda edição da pesquisa introduziu um novo método de cálculo do faturamento do setor, abrangendo não apenas as desenvolvedoras voltadas para o mercado consumidor e de entretenimento, mas também os jogos e serviços destinados a terceiros, jogos educacionais e advergames. Estima-se que em 2022 o faturamento total da indústria atingiu US$ 251,6 milhões, com uma mudança significativa na distribuição das receitas entre as empresas, indicando um processo de maturidade e maior exposição ao mercado internacional.
Na comparação com a pesquisa anterior, observa-se uma diminuição no percentual de empresas com faturamento mais baixo, enquanto aquelas com faturamento intermediário apresentaram um aumento. Quanto às fontes de receita, houve um crescimento na venda de jogos via plataformas digitais, ao passo que a venda direta diminuiu. Os jogos de entretenimento continuam dominando o mercado, seguidos pelos educacionais e advergames, refletindo a diversidade do setor e sua adaptação às demandas do mercado.
Motores gráficos e plataformas
A pesquisa também aborda as preferências tecnológicas dos estúdios brasileiros, com o motor gráfico Unity mantendo sua posição dominante, seguido pela Unreal Engine. Além disso, destaca o potencial do trabalho remoto, que se tornou mais comum e abriu portas para profissionais brasileiros no mercado internacional.
Também foram reveladas mudanças significativas na distribuição de jogos por plataforma em comparação com o estudo anterior. Em 2022, os jogos para computador lideraram com 24,9%, superando os jogos para dispositivos móveis, que representaram 24%. Além disso, destaca-se o aumento contínuo na produção de jogos para consoles, que passou de 17% em 2021 para 19% em 2022, enquanto os consoles portáteis dobraram sua participação, alcançando 4%.
Por fim, de olho no futuro, Rodrigo Terra expressa otimismo em relação às oportunidades e desafios que aguardam a indústria de jogos brasileira. Com um ecossistema em constante crescimento e diversificação, o Brasil está posicionado para se destacar ainda mais no cenário global de jogos digitais.
Sobre a Abragames e a ApexBrasil
A Abragames, fundada em 2004 por um grupo de empresas de desenvolvimento, é uma associação sem fins lucrativos dedicada a fortalecer a indústria nacional de jogos digitais. Seu objetivo é coordenar, fortalecer e promover esse setor no Brasil e internacionalmente, por meio de representação, diálogo com o ecossistema e promoção de eventos e parcerias que impulsionem o desenvolvimento da indústria.
A ApexBrasil, por sua vez, é a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, responsável por promover produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia nacional. A agência realiza diversas ações de promoção comercial, como missões e rodadas de negócios, apoio em feiras internacionais e visitas de compradores e formadores de opinião para conhecer a produção brasileira.
