Warcraft III: Reforged | Review
Warcraft III é um jogo atemporal. Desde o seu lançamento, em julho de 2002, o game tomou conta das diversas lan-houses espalhadas pelo Brasil e o mundo. E a Blizzard quis trazer de volta toda essa nostalgia em Warcraft III: Reforged, mesmo com o título original sendo jogado 18 anos após o seu lançamento e a expansão Frozen Throne, que também está nessa nova versão, sendo lançada dois anos depois.
A maior questão que entra nesse caso é: havia a necessidade de se aprimorar Warcraft III mesmo sendo ainda funcional (embora que com gráficos bem antigos)? A versão Reforged, logo depois de ser lançada, foi atacada pelos fãs do game. E com certa razão. Contudo, é interessante de se deixar claro que nossa análise se baseará no jogo antes das atualizações e depois, deixando claros os motivos de tanto tumulto nas redes que levaram a desenvolvedora a reembolsar os jogadores insatisfeitos.
“Pronto para trabalhar?“
Warcraft III: Reforged teve uma boa intenção logo de início, mas parece que a Blizzard derrapou no resultado inicial: entregou um jogo extremamente quebrado, cheio de erros, e mudanças do que havia prometido originalmente. Sendo bem franco, acho um absurdo uma empresa consagrada fazer isso com sua fan base, sobretudo por ter tantos recursos para tornar um jogo incrível em algo ainda mais extraordinário. No início, ela errou feio com a turma. E assim, “parece” estar querendo corrigir as lambanças por meio das atualizações, algo abordado por eles mesmos no fórum oficial do game.
E enfim, tive a oportunidade de jogar o antes e o depois do game e posso dizer que diversos pontos realmente foram aprimorados, sobretudo a questão gráfica do jogo, que não tinha o desempenho otimizado. Eu explico: para se ter ideia, os menus do jogo travavam o tempo todo. Portanto, imagine como não ficava o desempenho durante o jogo? Pois é, isso foi bem complexo. Há algo que a comunidade reclamou, que são as cutscenes, que foram apresentadas de forma diferente no pré-lançamento, com ângulos distintos dos apresentados na versão final do game. A própria desenvolvedora rebateu isso alegando querer deixar a experiência o mais aproximada possível do jogo original. Tudo bem, motivo plausível. Porém, por que cargas d’água apresenta algo de um jeito e depois do outro? É desejo de enganar o público? Não sei, mas não ficou legal.
É nostálgico demais
É engraçado, mas fora os problemas e tumultos gerados, o jogo agora está estabilizado. E pois bem, ao jogar as campanhas e algumas partidas online (coisa que sou péssimo para fazer), senti uma nostalgia imensa. As novidades gráficas não tiraram a identidade do jogo, parecendo ser exatamente o mesmo, inclusive na física e em macetes conhecidos como clicar várias vezes em um animal até que ele exploda ou os cliques rápidos para se construir prédios mais rapidamente.
Por outro lado, a dublagem deu um toque diferente, uma espécie de preocupação em localizar o jogo para o apaixonado público brasileiro. A meu ver, um trabalho belíssimo que dá uma levantada na franquia. Além disso, certas otimizações deram certo (depois de várias atualizações, claro). Mas a dinâmica do jogo permanece quase que intacta. Bem, pelo menos para os jogadores que não são tão viciados, pois sempre haverá um detalhe que passe despercebido pelos olhos nostálgicos de alguém que ficou 6 anos sem jogar.
Mas há sempre algo novo
Uma coisa a ser ressaltada é que Warcraft III: Reforged conta com um modo de customização de partidas muito maior que o anterior. Com isso, parece querer mirar ainda mais no cenário competitivo. Como se não bastasse, a desenvolvedora anunciou a possibilidade de se lançar novos personagens ao longo do tempo, acrescentando ainda mais conteúdo ao jogo. E isso deu super certo em StarCraft 2. Além disso, foram incluídas skins para os personagens, uma tática que vem dando muito certo no mercado dos games. Particularmente, é uma mudança legal, mas não é nada demais (a não ser para os lucros da empresa).
Já os gráficos ficaram bem renovados. Contudo, não espere nada muito absurdo, sobretudo se seu PC não for muito bom. Aliás, nem no máximo o jogo apresenta muita diferença, a não ser suporte a resolução 4K. Por conta dessas mudanças, o game exige uma máquina razoável, algo bem diferente dos 128MB que o original pedia. Mas seria besteira ser tão simples assim na comparação. O que mais pegou em Warcraft 3: Reforged é a questão do espaço consumido, que gira em torno de 30Gb.
A Blizzard parece não aprender…
Muita gente está com birra da Blizzard não só por conta de Warcraft III: Reforged. A situação é ainda mais complexa. Desde a complicada parceria com a Activision, o anúncio de Diablo Immortal e o banimento de um jogador profissional por se posicionar em apoio aos protestos de Hong Kong, tudo o que a empresa faz é duramente questionado pelo seu público. E com razão. Além disso, os executivos parecem não entender o que se passa, ignorando assim boa parte do que seus usuários reclamam. E bem, esse é um erro gravíssimo que pode respingar até mesmo em Diablo IV (espero muito que não).
Outra coisa é prometer algo e não cumprir, como mo próprio caso das cutscenes citado anteriormente. Isso sem contar as “mudanças” citadas pela equipe, que alegavam que queriam deixar o jogo mais puro, sendo que o produto final não foi muito bem polido assim. Ou seja, muitos jogadores consideraram que o jogo não era necessariamente um relançamento, criticando até mesmo o fato dessas mudanças serem pagas. Francamente, fico cético, pois acho que mesmo de graça a comunidade desceria a lenha no game. Mas, no final das contas, eles teriam razão: é frustrante esperar algo e não recebê-lo em sua plenitude. Mas, longe de querer defender a desenvolvedora, parece haver uma tentativa para reverter o quadro. Veremos…
…e o negócio parece ficar pior
Como se não bastasse toda essa confusão, ainda tem outro ponto bizarro. Logo depois do lançamento de Warcraft 3: Reforged os jogadores leram a EULA, a licença do usuário e descobriram que qualquer mapa ou modificação feita no jogo é de propriedade exclusiva da Blizzard. E isso não havia existido antes. Nessa onda de modders, diversos usuários de Warcraft III nos brindaram com o famoso DOTA, ou Defense of the Ancients, que atualmente é um jogo autônomo, sendo um negócio bilionário que a Blizzard não quer abrir mão. Sinceramente, isso não é NADA ético, sendo quase uma tomada de propriedade intelectual dos jogadores. Porém, está na EULA, coisa que quase ninguém lê…
Claro que isso não faz diferença para se jogar, mas a comunidade não está para brincadeira e, sempre que pode, cutuca esses vacilos das desenvolvedoras. Pior ainda é que muitos desses modders vão preferir utilizar outras plataformas, tirando possibilidades do universo de Warcraft III: Reforged. E aí todo mundo sai perdendo.
Vale a pena comprar Warcraft III: Reforged?
Sinceramente, se hoje fosse o dia do lançamento, eu diria facilmente: “NÃO COMPREM!”. Porém, como eu mesmo puder perceber, o jogo teve uma série de atualizações que o melhoraram. Está perfeito? Sinceramente, não posso afirmar isso. Contudo, ao jogar tanto online quanto offline, contra a máquina ou nas Campanhas, não nego que me senti transportado para minha adolescência. Mesmo não sendo um especialista sobre o game, tive também o mesmo impacto que toda a comunidade na primeira vez que joguei. O jogo era travado, as sombras tinham problemas, tudo parecia funcionar de forma estranha. Atualmente, as coisas estão melhores. Inclusive, me impressionei com a semelhança da jogabilidade.
Mas também devo ser franco a vocês: não sou uma sumidade em Warcraft III. Portanto, pode ser que certos pontos minuciosos tenham passados despercebidos por mim, e eu peço as mais sinceras desculpas por isso. Mas, como um crítico, devo expôr aqui a significativa melhora do game desde a beta e o seu lançamento. Entendo plenamente a ira dos fãs, pois é terrível você pagar caro em um jogo e não ter o que deseja. Pior ainda, os jogadores que migraram da versão antiga, que tiveram que fazer downloads imensos e ainda viram algumas ferramentas sumirem. É de matar mesmo.
Por fim, eu daria uma chance ao título da Blizzard, mas não pela empresa, mas pelo game em si. As atualizações melhoraram diversas questões do jogo, mas pode ser que alguns jogadores tenham tomado birra ou realmente não tenha ficado tão bom quanto esperavam. E aí é bem melhor voltar para a versão original mesmo, já que há como jogar com os players das duas versões, motivo pelo qual a desenvolvedora unificou o launcher. Ou seja, Warcraft III e Warcraft III: Reforged não estão mortos. Mas olha… o último matou muita gente de raiva.
* Review elaborada no PC. Cópia fornecida pela desenvolvedora.
Warcraft III: Reforged
Prós
- É possível jogar com os players da versão original
- Nostalgia mantida de forma interessante
- Possibilidade aprimoramento por meio de atualizações
- Jogo totalmente em português
Contras
- Muitos problemas no lançamento
- Desempenho poderia ser mais otimizado
- Os problemas com a comunidade afetaram o jogo de uma forma geral