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Redfall | Review

Se tem um estúdio de jogos que eu posso me considerar fã é a Arkane Studios. Eu simplesmente adoro todos os jogos desenvolvidos por eles até então, desde Arx Fatalis, Dishonored até Deathloop (confira nossa análise aqui). E é por isso que eu fiquei tão animado com o anúncio de Redfall, justamente por se tratar de um título novo da desenvolvedora, com uma nova abordagem focada mais no modo cooperativo e na ação. Isso tudo com a promessa de ainda assim manter a essência dos games vistos anteriormente, que se consagraram por terem mundos complexos, interativos e cheios de segredos para explorarmos com diversas abordagens cunhando o termo “simuladores imersivos” em suas produções.

Redfall era um desafio gigante para a Arkane, um passo para fora da zona de conforto do estúdio, e isso de certa forma me animava ainda mais, pois eu ainda queria ver a visão que os desenvolvedores poderiam trazer para tipos e gêneros diferentes de jogos, mas será que esse passo pra fora da zona de conforto foi certeiro? Vem comigo para mais uma análise que eu te conto!

O que é Redfall ?

Antes de tudo vamos aos termos técnicos, Redfall é um game de tiro em primeira pessoa, de mundo aberto e cooperativo para até 4 jogadores, o título foi desenvolvido pela Arkane Austin e publicado pela Bethesda. Redfall surge num movimento da Arkane tentar algo diferente, trazendo o game design já consolidado pelo estúdio para um jogo cooperativo mais voltado para a ação.

A história se passa na ilha de Redfall, um lugar que por algum motivo foi dominado por vampiros, e numa tentativa de fugir dessa ilha os quatro protagonistas tem seu barco afundado pelas criaturas obrigando eles e o restante dos refugiados a se abrigar novamente na ilha. E é nesse momento que o jogo nos apresenta à Sol Negro, a principal antagonista, que é uma vampira poderosíssima que conjurou uma magia para tirar toda a água na volta da ilha e também forçar um eclipse permanente, permitindo que os vampiros andem livremente durante o dia.

E é aqui que tudo começa. Você deverá escolher o seu personagem, junto dos seus amigos para sobreviver aos perigos da ilha, explorar o que aconteceu e o que ocasionou essa catástrofe, enquanto terá que lidar com diversos vampiros, cultistas, soldados e sobreviventes. O jogo tem 4 protagonistas diferentes com habilidades diferentes e histórias e motivações diferentes, são eles:

  • Layla Ellison: Uma estudante que após alguns experimentos adquiriu poderes tele cinéticos e um ex-namorado vampiro.
  • Jacob Boyer: Ex-sniper das forças especiais, agora é um mercenário que após um encontro com vampiros adquiriu um olho fantasmagórico e um corvo mágico.
  • Remi de La Rosa: Uma talentosa engenheira que hoje trabalha na guarda costeira ajudando a resgatar as pessoas com seu robô.
  • Devinder “Dev” Crousley: Criptozoólogo, inventor autodidata e influenciador na internet, Dev dedicou a vida a explorar e documentar o paranormal, e agora chegou a hora dele mostrar na prática tudo que aprendeu.
Redfall | Review
A ambientação dos espaços do jogo e o design de tudo é bastante caprichado nessa estética mais cartunesca. (Imagem: Divulgação)

Apesar dos personagens terem histórias e backgrounds interessantes, infelizmente a história de Redfall não desenvolve muito bem esses personagens e nem ela mesma, se mantendo sempre na superficialidade de uma trama simples, clichê e por inúmeras vezes boba. O que de certa forma é extremamente frustrante comparando com os jogos anteriores da Arkane que sempre foram famosos por terem universos, narrativas e histórias não só bem feitas, mas bem escritas, dirigidas e extremamente imersivas, como Prey e Dishonored.

Então apesar de uma história com vampiros feita pela Arkane parecia uma excelente ideia, esse potencial foi desperdiçado, pois a ilha poderia sim ser mais viva e a narrativa poderia sim ter herdado mais do histórico do estúdio, porém infelizmente contar uma boa história e criar mundos interativos e imersivos para jogos multiplayer não é a tarefa mais fácil, justamente por envolver vários jogadores ao mesmo tempo, e eu acredito que Redfall sofreu muito com isso.

Redfall | Review
Redfall sofre com o fato de ser um jogo cooperativo (Imagem: Divulgação)

Gameplay

Quando falamos de “simuladores imersivos”, o gameplay sempre é um fator importante, pois a interatividade com as mecânicas e o cenário são a principal característica do gênero, logo um bom gameplay é indispensável para o gênero. Por exemplo Dishonored abusa de um gameplay mais focado no stealth, Deathloop na ação e Arx Fatalis em suas magias. Redfall prometia trazer uma gameplay mais focada na ação, com um foco na interação entre os personagens e com um gameplay mais focado no combate e no gunplay, e isso desde o começo foi uma preocupação gigante para mim.

Isso porque apesar dos títulos anteriores da Arkane serem incríveis, o maior trunfo do gameplay deles nunca foi o gunplay e nem o combate, mas sim as interações das mecânicas e dos sistemas.

Aí fica a questão: Redfall consegue entregar um bom gameplay? A resposta é bem simples… não. Porque ele foca em trazer um combate frenético focado nas armas sem te dar sequer a oportunidade de testar coisas novas, por exemplo no jogo não há nenhuma mecânica voltada para o stealth somente para o tiroteio desenfreado. Isso por si só não seria um problema, porém se torna um problema quando os inimigos não possuem sequer uma Inteligência artificial funcional, além do fato de serem as famosas “esponjas de bala”.

Redfall | Review
Infelizmente nem as lutas contra os chefes salvam a experiência (Imagem: Reprodução)

Isso tudo cria um combate chato e monótono ainda mais quando percebemos que nem as habilidades dos personagens interagem bem entre si, ou seja não há nem a necessidade de uma cooperação entre os players. Entretanto você deve estar pensando, que apesar do combate em si ser ruim, as mecânicas interagem bem com o ambiente e com os inimigos, como os outros jogos do estúdio, certo?

Errado! Pois, apesar de Redfall ter sim sistemas diferentes para abordar algumas situações, especialmente no combate contra os vampiros essas opções são poucas e em geral pouco eficiente, pois é muito mais fácil atirar uma estaca e matar o vampiro de uma vez do que montar uma estratégia para atrai-lo até um lugar de vantagem por exemplo. Acaba então que Redfall não entrega nem o melhor da Arkane e nem traz algo novo de bom, ficando no meio do caminho de uma má sucedida de tentativa de algo novo.

O mundo aberto

Quando a gente fala de mundo aberto, é sempre importante entendermos como é a estrutura desse mundo, até porque existem tipos diferentes de mundos abertos, mundos grandes, pequenos, densos, repetitivos e por ai vai. Entretanto, Redfall possui um mundo aberto um pouco diferente, o jogo tem dois mapas onde o segundo é desbloqueado durante a história principal, entretanto não é possível voltar para o primeiro mapa. Esses mapas em geral são pequenos, mas densos, e quando eu digo denso quero dizer que você pode entrar e explorar a maioria das casas, o mapa tem uma boa verticalidade de prédios e o level design em geral é bem feito.

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Apesar dos problemas a direção de arte do jogo é boa, os cenários e o level design são bem feitos (Imagem: Divulgação)

Porém não há muito o que fazer nesses mapas, pois os únicos itens que o título traz são armas e dinheiro (para comprar mais armas), então acaba que você irá explorar o mapa apenas para ir atrás de armas melhores, e alguns pouquíssimos coletáveis que não afetam em nada a progressão do seu personagem. A maior recompensa que você irá ganhar por explorar o mapa por incrível que pareça são os pontos de teletransporte e alguns abrigos para reabastecer sua vida e munição porque o jogo não tem um bom sistema de loot que te incentive a explorar.

Caso você entenda isso e ainda sim queira procurar por armas melhores para montar sua build perfeita, o mapa tem alguns mini-chefes e quests para serem feitas que contam mais sobre a lore de Redfall e irão te dar alguns itens mais raros baseados no seu nível.

Fora isso tudo o mapa de Redfall tem algumas mecânicas interessantes que exigem um pouco dos jogadores e é legal entender como contorná-las, mecânicas essas que irão afetar sua travessia como névoas tóxicas, acampamentos de bandidos, armadilhas, portais, ninhos de vampiros e por ai vai. E cada um desses conteúdos são diferentes entre si e até certo ponto divertidos, mas servem somente para você adquirir as mesmas armas e dinheiro. E o mais frustrante disso tudo é que essas interações com o cenário nem chegam perto de se comparar com o que o estúdio ja fez, é complicado saber o potencial desperdiçado que esse mundo aberto tinha.

Redfall | Review
Um dos maiores acertos de Redfall é a sua ambientação, cada cenário é bastante caprichado e combina bem com a estética do jogo (Imagem: Divulgação.)

Vale a pena Jogar Redfall ?

Como você deve ter reparado, Redfall é um título problemático, e muitos das questões dele eu nem cheguei a abordar como, por exemplo, a péssima otimização e as sofríveis animações dos personagens. Mas, apesar de todos os problemas, eu até que me diverti jogando. Creio que o jogo atualmente pode ser frustrante para muita gente, mas acredito que ele tem potencial para se tornar um bom game online, algo que ele ainda não é. Redfall tem sim coisas boas e interessantes, mas infelizmente, essas poucas coisas acabam sendo ofuscadas pelos diversos problemas citados aqui.

Concluindo, Redfall foi uma experiência bastante frustrante para mim, mas acredito que qualquer um que saiba o que o jogo é e o que ele tem para oferecer pode acabar se divertindo, mesmo sendo genérico e por muitas vezes “inocente”, sendo muito mais parecido com Far Cry ou Borderlands do que com Dishonored ou um Prey cooperativo.

Redfall será lançado no dia 2 de maio para PC via Steam e Epic Games, Xbox Serie X|S e está disponível para os assinantes do Xbox Game Pass.

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX na versão da Steam com código fornecido pela Bethesda.

Redfall

R$ 249,00
5.4

História

5.0/10

Gameplay

6.0/10

Gráficos

8.0/10

Extras

4.0/10

Performance

4.0/10

Prós

  • Gráficos muito bons
  • Ambientação bem definida
  • Jogo totalmente localizado para o português brasileiro

Contras

  • A otimização do jogo é péssima
  • Falta de variabilidade na jogabilidade
  • Algumas animações e comportamentos
  • Combate deixa muito a desejar
  • Mundo aberto tem pouco conteúdo.

Matheus Feldmann

Game Designer de formação, preservador de jogos antigos, amante de MMORPG's, Jogos de Luta, jogos indies e RPG's em geral. Também assumo o posto de maior defensor de jogos ruins, especialmente Daikatana.