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Tell Me Why | Review

Tell Me Why é o mais novo jogo da DONTNOD Entertainment, responsável pela franquia Life is Strange. O game, que terá seu primeiro capítulo disponibilizado ainda hoje, segue a premissa que a produtora ofereceu em seu maior sucesso, ou seja, é um título com forte apelo na história, com uma jogabilidade mais básica, em que o jogador deve explorar o mapa e fazer escolhas, decidindo o futuro dos personagens. Publicado pelo Xbox Games Studios, o game está disponível para Xbox One e Windows 10, compatível com Xbox Game Pass, e PC, via Steam.

Tive acesso antecipado aos três capítulos que irão compor a narrativa de Tell Me Why e, embora não traga nenhum spoiler sobre a história, falarei sobre como o game se comporta e evolui em relação ao gênero. Vou te contar o porquê em mais uma review do Pizza Fria!

Uma história madura

Life is Strange foi um dos títulos mais revolucionários da última década dos videogames. E por isso a DONTNOD segue apostando na fórmula, mesmo cinco anos após o seu maior sucesso, e em um mundo onde os games pedem cada vez mais dinamismo. Tell Me Why chegou entendendo bem essa proposta, trazendo temas mais maduros bem atuais. Se Life is Strange trazia uma trama um pouco adolescente, o assunto aqui é mais sério: identidade de gênero, aceitação perante a sociedade, depressão, luto e etc. Não é um jogo para qualquer um, e isso eu já deixo claro logo no começo da minha análise.

Como disse acima, toda a mágica dos jogos de escolha da DONTNOD está na narrativa, então não convém dar spoilers da história. Acredito que o jogador deve descobri-lá enquanto joga. No entanto, para contextualização, falarei brevemente sobre as informações já divulgadas pelo próprio marketing do jogo.

Tell Me Why
Alyson e Tyler, os dois protagonistas de Tell Me Why (Imagem: Divulgação)

Tell Me Why se passa no Alasca, na fictícia cidade de Delos Crossing. Dois irmãos gêmeos, Tyler, um homem trans, e Alyson Ronan, se reencontram após dez anos. Eles foram separados devido à um acontecimento na infância, que interrompeu um ciclo de amizade e amor. Há ainda, assim como nos outros Life is Strange, elementos sobrenaturais para dar o gás ao game: Tyler e Alyson possuem uma conexão, algo que eles chamam de Voz, o que permite que eles “falem” na consciência do outro, além do poder de rever memórias.

Ao longo da história, você deve enfrentar o passado, revivendo memórias na casa em que ambos cresceram, e construir relacionamentos com os personagens do presente, além de afinarem a conexão entre os dois. É verdade que o leque de opções não é tão grande, e que alguns personagens acabam sendo mal explorados. Mas, ao final de tudo, temos uma história que se fecha e uma conclusão satisfatória, que sana todas as questões levantadas, após passar por uma escolha relativamente fácil (eu e 76% dos jogadores decidimos pelo mesmo final).

O gameplay de Tell Me Why

Ao abrir Tell Me Why, você notará que o jogo é uma enorme evolução em termos de jogabilidade se comparado aos jogos anteriores da produtora. A ideia central segue a mesma: definir o destino dos personagens a partir de escolhas. Mas tudo isso com muitas melhorias.

Para começar, o jogo está bem mais suave em relação aos seus antecessores. Ao jogar tanto com Tyler quanto com Alyson, temos uma movimentação muito mais próxima da realidade, apesar do estilo gráfico ainda seguir um pouco o cartoon. Durante as cenas de escolha, a câmera é “livre”, permitindo um ângulo de 180º aos personagens que estão na cena. Isso permite explorar um pouco mais os belos visuais do jogo.

Tell Me Why
Os gêmeos tem o poder de rever memórias (Imagem: Divulgação)

Isso porque o Alasca de Tell Me Why é graficamente incrível, e o jogo é cheio de detalhes. Um exemplo é nas diversas cenas onde se anda na neve, o pé dos personagens fica marcado. É um detalhe bobo, mas já dá para ter uma ideia do cuidado com a parte gráfica.

Soma-se à isso as transições, que ficaram consideravelmente mais suaves, e o desempenho, estável durante todo o gameplay. Há ainda uma considerável melhoria nos modelos de personagens. São poucos personagens, mas todos foram bem retratados graficamente, com mais detalhes e expressões faciais.

Tell Me Why
Mesmo personagens secundários, como Michael, são bem representados graficamente (Imagem: Reprodução)

Há ainda uma mecânica de puzzles que os jogadores devem desvendar ao desbloquear o Livro dos Goblins. Por diversas vezes na narrativa, temos que recorrer ao livro, ler uma história e encontrar as respostas para aquilo que precisamos. É um artifício legal, embora em alguns momentos, o próprio game deveria nos oferecer mais dicas.

E, para acabar, Tell Me Why chega com uma trilha sonora original espetacular, que casa perfeitamente com a proposta do jogo. Nada de Backstreet Boys, ok?

Vale a pena comprar Tell Me Why?

Se você já jogou e gostou de algum jogo com foco em narrativa, como as franquias Life is Strange e The Walking Dead: The Telltale Series, Tell Me Why certamente é para você. O game é uma evolução natural do gênero em termos técnicos e gráficos, apresentando uma história original, com temas maduros e tão emocionantes como manda o figurino para games desse estilo.

Mas se você nunca jogou nada do tipo, e gosta de jogos com mais ação, é melhor passar longe. Por vários momentos, eu deixava o controle de lado para acompanhar cutscenes e apenas definia o que fazer em alguns momentos. Os momentos de exploração existem, mas não são o que ditam o ritmo do game. Por outro lado, os puzzles são um bom desafio para a mente, já que alguns têm um nível de dificuldade mais elevado.

O primeiro capítulo de Tell Me Why será lançado nesta quinta, 27 de agosto. O segundo capítulo chega na próxima semana, 3 de setembro, enquanto o capítulo final estará disponível no dia 10 de setembro. Todos estarão disponíveis no dia de seu lançamento no Xbox Game Pass para console e PC.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Microsoft.

Tell Me Why

R$ 169,00
8.5

História

9.5/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

7.5/10

Prós

  • História madura
  • Legendado em PT-BR
  • Visuais muito bonitos
  • Trilha sonora impecável

Contras

  • Gameplay pode ser cansativa para alguns
  • Puzzles podiam contar com ajuda

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.