Deathbound | Review
Deathbound é um soulslike, com elementos de ação e RPG, desenvolvido pela brasileira Trialforge Studio e publicado pela Tate Multimedia. Nele, tomamos o controle de um grupo de guerreiros recém-falecidos que partem em uma jornada através de um mundo destruído e medieval, construído sobre as ruínas da tecnologia do nossa realidade moderna. Que loucura!
E aí, será que vale a pena encarar? É o que veremos agora, em mais uma análise supimpa do Pizza Fria.
Morreu, mas passa bem
Estou aqui novamente, leitores e leitoras, para contar mais uma história fascinante sobre minha rotina nem um pouco peculiar. De fato, acabei de retornar de uma experiência única, tão singular a ponto de jamais terem ouvido (ou lido, talvez) nada parecido vindo dessa pessoa maravilhosa que vos escreve. Eu, e acreditem quando digo, passei um bom tempo jogando um videojoguinho eletrônico! Chocante, não é mesmo?
E um souslike brasileiro, acreditem se quiserem. Após minhas experiências maravilhosas com nossos produtos nacionais (abençoado seja Mullet Madjack e seu corte irado), admito que fiquei positivamente intrigado com o que Deathbound poderia nos oferecer. Será que seria mais uma delícia de jogo para colorir nossos dias tão cinzentos e banais?
Boa pergunta, e uma que pretendo responder da melhor maneira que puder agora. Afinal, não posso aceitar nada além de meu melhor para essas pessoas maravilhosas que passam seu tempo lendo minhas loucuras na internet. Dito isto, apertem seus cintos, se preparem para sair rolando e esquivando e me sigam. É hora de botar para quebrar.
História
Deathbound se passa no mundo de Ziêminal, um lugarzinho que, embora já tenha se parecido com a nossa realidade, acabou indo de pernas para o ar faz muito tempo. Agora, a humanidade vive em meio as ruínas da tecnologia, tentando não morrer nas mãos uns dos outros ou nas garras de monstros horripilantes, enquanto um religião fanática toca o terror e ameaça a tranquilidade de geral.
Começamos acompanhando um cavaleiro dessa fé, que louva a dama da Morte. Após se deparar com um monstrão bolado, nosso quase protagonista acaba batendo as botas. Mas ele não morre, na verdade. Assim como outros guerreiros e guerreiras que encontramos pelo caminho, nosso camarada se tornou uma essência e, assim como as outras, passa a ser parte do conjunto maior que o jogador controla. Faz mais sentido do que parece, na verdade.
Daí, controlamos todas as essências na jornada para saber o que diabos aconteceu conosco e como separar essa galera toda. Deathbound trabalha muito bem esse ponto, principalmente ao criar relações entre as essências (de antagonismo e amizade) que até se transcrevem como buffs e debuffs durante a jogatina. De fato, um dos pontos altos do jogo.
Uma pena, em minha opinião, que o título não explore muito o cenário tão fascinante que criaram. Todo esse lance de ruínas de um mundo moderno, cultos, magia e gente voltando dos mortos me pareceu super divertido e legal de acompanhar. Contudo, acabou que fiquei com aquele gostinho de quero mais depois de ver os créditos rolarem.
Jogabilidade
A jogabilidade de Deathbound, em sua forma mais pura, segue a fórmula de um soulslike raiz. Temos golpes fortes e fracos, que gastam nossa barra de fôlego, e precisamos jogar com malemolência se quisermos ir além do tutorial. Morrer faz com que todas as almas que coletamos, usadas para melhorar itens e personagens, sejam perdidas, e não conseguir recuperar antes de morrer de novo faz com que elas vão para o saco de vez.
A grande pegada de Deathbound, e a qual prefiro me focar mais, é o sistema de Essências. Conforme avançamos, vamos encontrando outros guerreiros que morreram e podem ser absorvidos para nosso time. Após uma rápida introdução de história e jogabilidade, podemos vincular cada uma em nossa equipe e trocar para ela quando quisermos. Cada qual possui seu próprio arquétipo (tank, mago, ladino e etc), e saber combinar é essencial para poder ter sucesso nas pancadarias.
Deathbound vai ainda mais longe ao permitir que a troca seja feita quando quisermos, bastando utilizar um dos botões digitais do controle. Ainda, podemos gastar uma barrinha de sincronização para fazer com que a próxima essência já entre em cena descendo o sarrafo e se esquivando do dano que seria recebido. Um bom uso desse sistema faz com que um jogador habilidoso consiga causar um estrago arrumado sem, quase nunca, tomar dano todo tempo. Totalmente excelente.
Como falei, cada essência possui seu próprio estilo de jogo, atributos a serem melhorados com as almas que coletamos, armas e por aí vai. Algumas batem de perto, outras de longe, outras envenenam, e por aí vai. Isso permite que o jogador tenha uma boa variedade de esquemas para escolher, melhorando muito a experiência e aumentando ainda mais a variedade. Ponto extra, devo citar, por terem feito um esquema que vai além de simplesmente “quebrar” tudo que um protagonista normal faria entre vários. Cada Essência é bem construída, e poderia ser uma protagonista tranquilamente.
Outra novidade de Deathbound é o sistema de sincronismo entre Essências. Algumas se dão melhor com umas do que outras, e isso é representado em jogo com vantagens e desvantagens que obtemos ao utilizar certas combinações. Eu utilizei um time que balanceava isso de modo que eu perdia em defesas e ganhava em postura e roubo de vida, mas cada jogador pode fazer como preferir para deixar a experiência do seu jeitinho.
Agora, uma das coisas que mais me agradou em Deathbound foi uma das Essências lutar capoeira. Além do boneco ser divertido demais de controlar, e forte para caramba quando utilizado corretamente e no ataque de sincronismo, ele foi uma boa forma de colocar uma pitada de nossa cultura e beleza dentro da obra, sem parecer fora de lugar. Amei.
De negativo, achei Deathbound um pouco injusto em alguns momentos. Quando tomamos dano, nossa barra de fôlego diminui junto (por ser a mesma da vida) e isso pode causar uma dor de cabeça tremenda. Itens de cura raramente recuperam a vida da Essência que controlamos, geralmente tirando de uma e colocando na outra. Além disso, alguns inimigos são bem ordinários e dão quantidades absurdas de dano mais rápido do que podemos defender. Por fim, acho que algumas porcentagens de upgrades poderiam ser maiores. Contudo, são mais questões pontuais do que algo que desanime de jogar.
Sons e visuais
Deathbound tem uns visuais bem legais, principalmente quando estamos do lado de fora de seus laboratórios e coisas do tipo. Ver as ruínas da civilização, e como a nova ordem se construiu em cima dela, é bem legal. Além disso, alguns inimigos são bem criativos. Uma pena, entretanto, que o visual das Essências não seja muito inovador. Salvo o capoeirista, são exatamente o que esperamos de jogos do estilo.
A trilha sonora já me agradou bem mais, principalmente em se tratando de vozes e dos sons de ambiente e de atmosfera. Pontos positivos, novamente, pelas legendas e traduções em português. Todas ficaram muito bem feitas, e não tive problemas em nenhum momento.
Vale a pena comprar Deathbound?
É isso aí, gente bonita. Será que Deathbound vai ser mais uma para provar que o povo daqui manja dos videojojinhos? Bom, é chegado o momento de fazermos aquela revisão esperta para tentarmos encontrar a resposta dessa questão de grandes milhos. Afinal, será que essa aposta com o sistema de Essências deu em algo único?
Bom, de positivo, começo dizendo que sim. O esquema de podermos montar nosso time, com vantagens e desvantagens de acordo com a composição, e trocar quando quisermos é excelente. Os bonecos são legais de usar, a jogabilidade é divertida e a premissa é bem interessante. De negativo, queria uma trama mais aprofundada e algumas pequenas mudanças para evitar a frustração, como o lance do fôlego diminuir quando apanhamos ou os padrões de alguns inimigos.
Mas, no fim das contas, o que importa é o fato de Deathbound ser um soulslike excelente, tanto para os novatos quanto veteranos. O título faz mais do que o suficiente para se destacar de seus pares, e recompensa o jogador que aprender suas mecânicas com uma experiência bem diferente do que costumamos ver no gênero. Podem ir se medo, está mais do que recomendado.
Deathbound chega no dia 8 de agosto para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam, Epic Games Store e GOG.com.
*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX com código fornecido pela Tate Multimedia.
Deathbound
Prós
- Sistema de Essências ficou muito divertido e completo
- Opção de trocar de personagens durantre o combate fornece opções interessantes ao jogador
- Premissa interessante, com um universo intrigante
- Homenageia a cultura brasileira com um personagem tão forte quanto divertido de usar
- Sistema de afinidades das Essências aumenta a profundidade das mecânicas do jogo
Contras
- Trama poderia ser um pouco mais explorada
- Algumas coisas como o sistema de fôlego ou de cura podem deixar o jogo mais frustrante do que deveria