Moonscars | Review
Moonscars é um metroidvania de ação e aventura, com um foco maior em combate e atmosfera, desenvolvido pela Black Mermaid e distribuído pela Humble Games (a mesma publisher do adorável Midnight Fight Express). O jogo nos coloca no controle de Irma, uma guerreira em busca de respostas sobre seu passado e dos motivos de tretas recém ocorridas. Quem nunca, não é mesmo?
Será que esse será mais um vânia de respeito, digno de entrar em minha lista de recomendações? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Irmavania
Em nome de Drácula, caro leitor, o que temos aqui!? Acabei de receber um pombo com um recado escrito por um velho amigo, que mora na Transilvânia. Vejam só, ele é tão cheio de classe que se comunica apenas por cartas, não tem fotos e me escreve apenas à noite. Realmente chique, não? Eu sempre soube que, um dia, gastar fortunas em migalhas de pão e ter a entrada de casa dominada por seres voadores, cheios de pulgas e ódio, ia me render grandes dividendos. Escreveu meu chegado:
“Velho camarada, segue na outra pata desta ave o código para um jogo chamado Moonscars. Ele é um metroidvania, e acredito que possa agradar seu paladar refinado. Por favor, deleite-se. Além disso, peço que envie o frasco que enviei nas asas do pombo preenchido com um pouco de seu sangue. Para minha coleção particular, definitivamente não relacionada ao consumo e nem ao vampirismo. Um grande abraço do Conde.”
Que homem! Bom, não seria louco de desperdiçar tamanha cordialidade de um senhor tão estimado. Portanto, fiz a única coisa esperada de um gentleman como eu: instalei o jogo em meu PC, joguei por uma longa duração e me preparei para elogiar e reclamar através da internet. Que alegria! Sendo assim, vamos ver o que nos espera.
Comecemos pela trama. Moonscars nos coloca no controle de uma senhora chamada Gray Irma. Além de ter um nome que lembra minha avó, ela possui diversas habilidades para a treta e uma equipe de qualidade ao seu lado. Só que não, infelizmente. Começamos o jogo com nossa protagonista acordando de um coça daquelas.
Irma não está feliz, e quer saber qual o motivo de toda essa confusão. Para isso, ela deve partir em busca do Sculptor, o homem responsável pela criação da mesma e de seus companheiros. A trama segue com a protagonista sabendo mais sobre sua própria razão de ser, sobre a situação em que o mundo se encontra e seu papel nisso.
Em verdade, a história de Moonscars é mais um pano de fundo para a ação, acredito. Seguindo a linha dos jogos da série Souls, talvez, a história é contada de forma levemente desconexa, com diálogos curtos e muita coisa sendo deixada nas entrelinhas. Isso não é ruim, por si só, mas a forma que foi executado faz com que os acontecimentos pareçam confusos e menos profundos do que poderiam, ou deveriam, ser. Tudo em tudo, não foi algo que me prendesse demais.
Pois bem, vamos ao que realmente interessa: como é jogar Moonscars? Bom, para começar, gostaria de dizer que não sinto que ele seja tão metroidvania assim. Calma, calma, não me odeiem ainda. Ocorre que, enquanto joguei, fiquei ponderando se o título realmente se enquadrava bem dentro do estilo. Antes de ouvir meu argumento, relembremos o que seria esse tal metrô da vânia:
Ele se resume, basicamente, em uma exploração de plataforma com combate e habilidades que são destravadas ao longo do tempo que concedem acesso à novas áreas. Além disso, conta com elementos de RPG como níveis, equipamentos e afins
Copiado descaradamente lá da minha análise de Aeterna Noctis
Ainda que possamos destravar habilidades e encontrar itens que abram outros lugares no mapa, não há aquela ideia de conseguir poderes que nos permitam manipular ou cruzar os cenários de maneiras muito diferentes. Podemos abrir uma porta, estourar uma barreira, e é isso. Estamos falando de semânticas, de fato. Mas, ainda acho que ele estaria um pouco mais distante dos pilares do estilo do que seus contemporâneos. Contudo, nem tudo está perdido. O combate de Moonscars, ao menos, merece ser louvado.
Tretar é o que há de melhor em Moonscars. A luta é simples, até. Temos um botão para golpes fortes, um para golpes de armas secundárias, um para aparar ataques, dois para poderes e um para esquiva. Os inimigos batem rápido, forte, e uma Irma que não consiga desviar bem não será uma Irma que viverá até os anos dourados da vida. Eu gostei demais, principalmente do caos do combate.
As habilidades podem ser compradas usando pó de ossos, que ganhamos ao matar inimigos e explorando os cenários. Contudo, morrer faz com que tudo que temos caia no chão. No melhor estilo souls, precisamos voltar e recuperar para não perder tudo para a noite. É um sistema legal e batido, com um grande porém. Morrer faz com que uma lua sangrenta aconteça. Aí está o problema.
A lua sangrenta faz com que todos os inimigos fiquem mais fortes. O pior de tudo é que, para cessar o efeito, precisamos gastar um item finito que também é utilizado para comprar equipamentos e melhorias. Além disso, as armas secundárias que temos também são perdidas ao morrer, ou ao ativar os espelhos que servem como checkpoint e onde melhoramos nossas habilidades. Isso pune demais quando falhamos, e faz com que o jogo se torne cada vez mais frustrante.
Somado a isso, temos o fato das habilidades. Para usá-las precisamos de ichor, que é a fonte de nossa regeneração de vida também. Isso não seria ruim, se não dependêssemos de atacar para reunir mais desse recurso e que fosse tão custoso usar cada uma delas. Isso é um saco, principalmente se você aumentar o nível de cada habilidade a tal ponto que o custo seja alto demais, ou maior do que suas reservas de ichor. Esse foi um dos pontos mais irritantes da experiência, para mim.
Sons e visuais
Moonscars tem uma arte chique, embora escura e deprimente. A desolação do mundo e de seus personagens é demonstrada com maestria através das cores, do design dos personagens e das animações. Achei todas bem feitas, principalmente quando relacionado à movimentação. A da esquiva, principalmente, é amorzinho total.
A sonoplastia também é filé, com efeitos sonoros pesados para os golpes de armas e trilhas que casam muito bem com a estética. Achei muito bom, principalmente por auxiliar na construção de toda essa vibe deprimente e desesperadora que vemos por aqui. Aprovado.
Vale a pena a comprar Moonscars?
Hora de escrever minha resposta para o Conde. Que alegria! Bom, comecemos pelos lados mais sombrios de Moonscars. De primeira, diria que ele não é um familiar de Castlevania. Não tanto, por exemplo, quanto ENDER LILIES: Quietus of the Knights. Seu foco maior é no combate, em verdade. Ele é rápido, brutal e divertido. Mas algumas mecânicas, como da lua sangrenta, e um foco maior em punir as falhas do jogador puxam a experiência para baixo.
Mas, por outro lado, tretar é the tops. O combate de Moonscars é bruto, rápido, e o foco em aparar ataques faz com que sempre tenhamos que estar de olho em tudo que está acontecendo. Os visuais também são ótimos, e sua junção com a trilha sonora ajuda a criar um ambiente hostil, deprimido e tão tomado de atmosfera que não é possível desagradar.
Ao fim e ao cabo, Moonscars não é um metroidvania tradicional. Contudo, não quer dizer que não vá agradar fãs do gênero ou aqueles que estejam chegando nesse mundo. Mas, talvez as mecânicas punitivas e a frustração advinda delas podem afastar muitos que, por falta de familiaridade ou paciência, poderiam vir a se tornar novos fãs do gênero. Mas, de todo modo, vale a pena conferir. Dito isto, hora de assinar minha carta com sangue e enviar para a Transilvânia. Será que é muito caro?
Moonscars está disponível para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam, desde o fim de setembro.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Humble Games.