Armored Core VI Fires of Rubicon | Review
Armored Core VI Fires of Rubicon é um jogo de ação, focado no combate entre mechas, desenvolvido pela FromSoftware Inc e distribuído pela mesma em conjunto com a Bandai Namco Entertainment Inc. Trazendo de volta uma das mais antigas franquias da gigante japonesa, o título promete combates intensos e frenéticos, misturando as mecânicas já conhecidas com algumas novidades importadas dos outros jogos da empresa.
E aí, será que vale a pena encarar esse rojão? É o que veremos agora, em mais um adorável análise do Pizza Fria.
Eu me amarro nos robôs gigante. Todos se amarram nos robôs gigantes
PAREM AS PRENSAS! Chegou aos meus ouvidos, leitores e leitoras, que a saga Armored Core estaria recebendo uma nova adição após, creio eu, onze anos dormindo nas profundezas dos arquivos da FromSoftware. É isso aí, jovens crianças do verão, não é só de Dark ou Demon Souls, Sekiro ou Elden Ring que se construiu o que é agora, ao menos em minha visão, uma das maiores fábricas de videojogos eletrônicos do mercado.
Uma pequena curiosidade para vossas senhorias. Armored Core VI Fires of Rubicon é o sexto (numerado, pois houveram outros títulos como Armored Core For Answer, por exemplo) jogo de uma série que começou na década de noventa, em 1997 para ser mais exato. Inclusive, se não me engano, no saudoso e totalmente adorável PlayStation 1. Ah, os velhos tempos.
Duas coisas diferenciavam a série de seus pares. Primeiro, uma jogabilidade que casava uma necessidade de preparo e customização com batalhas eletrizantes, nas quais o piloto e a máquina precisavam estar em sintonia para que tudo não terminasse em lágrimas. Segundo, uma trama complexa e pesada envolvendo as desgraças da guerra e seus efeitos, tanto no coletivo quanto no individual. Na mesma veia de Front Mission, a saga de robôs da casa de Final Fantasy, outra série digna de nota. Interessante notar como obras de que envolvem com mechas, vulgo robôs gigantes, tendem a enveredar por lados mais sombrios. Já ouviram falar de Gundam (alguns deles, ao menos), Code Geass ou Evangelion? Fascinante.
Agora, falemos um pouco sobre o motivador de toda aventura e confusão, turminha, que encontramos em Armored Core VI Fires of Rubicon. Antes de mais nada, quero falar que darei apenas um panorama geral, o suficiente para aguçar sua curiosidade. Esse é um aspecto muito interessante do título, e começar no escuro é parte da diversão.
Bom, o título nos coloca nas calças metálicas de C4-621, um piloto dos chamados ARMORED CORES (AC) que entra de maneira ilegal em um planeta chamado Rubicon3. Devastado por uma guerra pelo controle de uma substância poderosíssima chamada Coral, o lugar se encontra em frangalhos e ainda em conflito por conta da dita cuja.
Após muita treta, tomamos a identidade de um mercenário morto chamado Raven e começamos nosso próprio trampo para conseguir um pouco desse Coral tão desejado por todos. Seguindo as ordens de nosso handler, chamado Walter, começamos a realizar uma série de missões para as várias facções ativas em Rubicon3 a fim de conseguir botar nossas mãos nessa substância e garantir uma aposentadoria nas Bahamas. Provavelmente, se C4-621 e Walter forem realmente espertos e sagazes.
Mais que isso deixarei em aberto, mas devo dizer que gostei muito do que vi. Armored Core VI Fires of Rubicon aproveita o fato de que controlamos um mercenário para nos apresentar várias facetas do conflito no planeta, na maioria das vezes conflitantes. Ainda, isso nos permite reparar que há seres humanos dos dois lados, com suas próprias lutas e vidas. Uma percepção acerca da desumanização que a guerra força naqueles e naquelas que a travam servem como a cereja desse agradável bolo.
O ciclo de jogo de Armored Core VI Fires of Rubicon se divide, em linhas gerais, em dois grandes momentos. O primeiro lida com o preparo antes das missões, selecionando as peças de nosso AC, suas armas e fazendo todo o planejamento para que estejamos preparados para qualquer imprevisto. Que, se preparem, acontecerão aos montes. O lado B se refere às tretas entre mechas, propriamente ditas, e tudo que está envolvido com isso. Explosões, esquivas, lágrimas e sofrimento. Bom, falemos destes em ordem.
Um dos pontos altos da experiência do título é customizar nosso AC, e devo dizer que não economizaram nesse quesito. Podemos personalizar tanto da parte visual, com cores e padrões de pinturas, até todas as peças que compõe a máquina. E isso, meus pilotos e pilotas, é a primeira parte da receita para o sucesso. Afinal, como vencer um missão com inimigos ligeiros se monto um mecha pesado e com armas de curto alcance?
Podemos montar nosso AC escolhendo cabeça, braços, tronco, pernas, propulsor, gerador, processador, armas para cada mão e cada ombro. Essas partes se encontram em diversas categorias, que vão do leve até o pesado, que possuem suas próprias características e vantagens. Por exemplo, uma perna pode ser mais forte, porem pular sem gasto de propulsão. Outra pode ser super pesada, mas nos permite planar. Quer voar mais? Tire uma arma e coloque um propulsor mais parrudo. Saber como montar nosso robozinho, e do que podemos abdicar, é essencial para sofrer o mínimo possível na mão da oposição.
Todas as informações acerca das estatísticas de nosso AC, e das mudanças que ocorrem por conta da instalação ou remoção de novas peças, é mostrada na tela de customização. Um ponto negativo desse leque de opções é que o jogo pode acabar por assustar alguns marinheiros de primeira viagem, que certamente irão se assustar com aquele montão de números e letras em vermelho dizendo que a capacidade de carga ultrapassou o limite. Aparentemente, Armored Core VI Fires of Rubicon não aceita a ideia de que eu possa ter um mecha do tamanho do Godzilla que se mova rápido como uma flecha. Que deselegante.
A outra metade da laranja lida com a trocação de lasers e socos honesta entre mechas. Armored Core VI Fires of Rubicon se comporta como um jogo de ação em terceira pessoa, no qual controlamos nosso AC em missões com objetivos variados que, geralmente, envolvem chegar até algum ponto ou destruir uma quantidade x de inimigos, possivelmente com um chefão no final. Estes, devo dizer, são bem divertidos de enfrentar, ainda que possam nos frustrar bastante em alguns momentos por conta da alta dificuldade do título.
Nosso robô pode se esquivar e voar utilizando a barra de boost, além de se movimentar mais ou menos rápido a depender do peso que nossas peças possuem. Ainda, temos 4 armas que possuem seus botões específicos com quantidades variadas de munição. Cada uma delas é bem única, indo de metralhadoras até espadas lasers. Isso é muito legal, pois nos dá muitas opções na hora de definir nosso estilo de jogo, seja ele de lutar colado na cara do inimigo ou mais longe dele.
O título também traz, de seus irmãos Souls, aquela mecânica de postura. Ao levar muito dano, qualquer AC pode ficar em um modo de superaquecimento que aumenta consideravelmente o dano que ele leva, além de poder desarmá-lo. Por exemplo, deixar um inimigo ruim das pernas e chegar girando uma laser blade nas ideias é tão destrutivo quanto maneiro de se ver.
E devo admitir, tudo em Armored Core VI Fires of Rubicon é bem estiloso e de saltar aos olhos. Temos inimigos gigantes, explosões por todo lugar, tiros, jatos, verticalidade nos mapas para nos dar espaço para reagrupar ou voar nos sacanas que querem nos explodir. Enfim, a jogabilidade é divertida demais da conta, muito por conta do caos que se instaura em cada campo de batalha. O único ponto ruim disso é que, as vezes, fica difícil entender o que acontece. Podemos usar a mira automática para seguir os inimigos, mas é complicado quando temos um monte de gente nos atirando e nosso campo de visão fica pulando de um lado para o outro o tempo todo.
Não menos digno de nota é o modo arena, no qual podemos colocar nossos AC em combate com outros controlados pela máquina ou, pasmem, pilotados por jogadores de carne e osso. Virtualmente, claro. Esses combates são muito legais, e prevejo muita coisa boa saindo de competições entre os pilotos e suas máquinas. E muitos xingamentos, claro, como é de praxe.
Um ponto que me deixou um pouco queimado da experiência foi a dificuldade. Antes de me perseguirem com seus ancinhos e tochas gritando “git gut scrub“, ouçam bem. Armored Core VI Fires of Rubicon é um jogo desafiador, de fato, que nos obriga a entender suas mecânicas e as combinações de peças para podermos avançar na trama. Até aí, tudo bem.
A única coisa que me incomodou um pouco nisso foram alguns dos chefes, que acabam se tornando frustrantes demais por conta de certos ataques e padrões de movimento. Nada que tenha feito eu desistir, mas com certeza me fez praguejar um bocado.
Sons e Visuais em Armored Core VI Fires of Rubicon
Armored Core VI Fires of Rubicon conta com visuais bem bonitos, principalmente no que se refere aos AC e suas armas. Temos uma boa variedade de modelos, com animações bem feitas e que passam todo peso e impacto que esperamos de máquinas desse porte. Os cenários tendem a se repetir um pouco, mas é compreensível dado o estado em que Rubicon3 se encontra. Tudo em tudo considerado, a parte visual é excelente.
A trilha sonora também é competente, com músicas que se adequam aos momentos e ajudam bem a colocar o coração pra bombear. Principalmente na hora de alguns chefes mais cabulosos. Além disso, os sons dos AC e os barulhos de luta são muito legais de ouvir, ajudando na construção de uma atmosfera de ponta.
Vale a pena comprar Armored Core VI Fires of Rubicon?
É chegado o momentos, queridas e queridos mechas do meu coração. Será que Armored Core VI Fires of Rubicon vale a pena? Será que é o retorno que os fãs dessa série antiga e prestigiada merecia? Será que minha opinião vale como a batida final do martelo? Nah, provavelmente não. Mas, de toda forma, vamos resumir o que falamos e ver o que dá.
Armored Core VI Fires of Rubicon oferece uma experiência rápida e frenética, igualmente divertida e punitiva aos que não levam todo o lance de construir o AC em conta. Contudo, ter uma máquina bem equipada e montada, e depois sair por Rubicon3 destruindo geral, é uma sensação libertadora. Além disso, a trama é boa e o jogo consegue prender a gente com facilidade, e a habilidade de repetir missões e enfrentar inimigos na arena aumenta a vida útil do título. Ele pode ser um pouco confuso e caótico as vezes, com uma câmera malcriada e chefes meio sacanas, mas nada que queime as válvulas do robô.
Ao fim e ao cabo, caros e caras, Armored Core VI Fires of Rubicon é um senhor retorno para a franquia. Eu comecei a jogar com altas expectativas, tanto pelo cacife da desenvolvedora quanto pela saga em si, e devo dizer que não me decepcionei. Se curtir robôs gigantes, ou bons jogos de ação no geral, pode ir sem medo. Não vai se arrepender.
Armored Core VI Fires of Rubicon será lançado no dia 25 de agosto para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC, via Steam, já estando em pré-venda.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Bandai Namco.
Armored Core VI Fires of Rubicon
+ R$ 257,99Prós
- Combate frenético e divertido
- Construir nosso AC é bem maneiro
- Trama bem construída levanta questões interessantes
- Alguns chefes são de cair o queixo
- Muitas opções de armas permitem diversos estilos de jogo
Contras
- Um pouco confuso demais em alguns momentos, com tudo que acontece na tela
- Alguns chefes são meio frustrantes