Assassin’s Creed Mirage | Review

A franquia Assassin’s Creed é uma das mais renomadas no universo gamer. Desde seu lançamento original em 2007, a série passou por diversas transformações, alternando estilos. Como qualquer produto com uma trajetória extensa, teve seus altos e baixos. A revolução mais significativa da franquia surgiu em 2017 com Assassin’s Creed Origins. Este jogo deu início a uma trilogia com forte ênfase em elementos de RPG, sendo sequenciado por Odyssey e Valhalla entre 2018 e 2020.

Agora, após quase três anos do último grande lançamento, somos apresentados ao Assassin’s Creed Mirage. Este título traz consigo uma enorme responsabilidade, pois introduz mudanças significativas no gameplay da franquia, sucedendo uma trilogia aclamadíssima. Se você está ponderando se Assassin’s Creed Mirage merece seu investimento, está no lugar certo. A seguir, compartilho minhas impressões em mais um review antecipado do Pizza Fria!

Retorno às origens

Dizer que Assassin’s Creed Mirage é um retorno ao ponto inicial é ambíguo por duas razões. Primeiramente, o jogo narra a origem de Basim Ibn Is’haq, um personagem central introduzido em Assassin’s Creed Valhalla, que agora assume o protagonismo em Mirage. Em segundo lugar, o jogo busca reincorporar elementos de gameplay que marcaram presença no primeiro Assassin’s Creed de 2007. Vamos detalhar.

Em Assassin’s Creed Mirage, assumimos o controle e aprofundamos a trajetória de Basim, integrante dos Ocultos, a sociedade secreta que luta pela liberdade humana contra a opressiva Ordem, que visa dominar a sociedade através de manipulação social. Por ser uma prequela, não é necessário ter jogado Valhalla para compreender os eventos de Mirage. Cada personagem no novo título é ricamente desenvolvido e possui uma narrativa individual.

Assassin's Creed Mirage
Roshan, à esquerda, é outra personagem que retorna de Valhalla em Assassin’s Creed Mirage (Imagem: Divulgação).

Em termos gerais, Assassin’s Creed Mirage atinge seu objetivo narrativo com maestria. É um título mais curto que seus antecessores da trilogia anterior – a história principal pode ser finalizada em menos de 15 horas, enquanto o troféu de platina demanda aproximadamente 10 horas adicionais. Esta concisão não compromete a qualidade, ao contrário, potencializa uma narrativa mais direta e sem excessos, evitando personagens e tramas paralelas desnecessárias.

Particularmente, aprecio este formato. Ao finalizar Odyssey e Valhalla, após mais de 70 horas de gameplay, é complicado recordar eventos narrativos iniciais. Em Mirage, isso não foi um problema. Os desenvolvedores entregaram uma trama que destaca a evolução do Basim que conhecemos anteriormente.

Assassin's Creed Mirage
Este título detalha a trajetória de Basim até se tornar um Mestre Assassino (Imagem: Divulgação).

A Ubisoft cumpre sua promessa de homenagear o primeiro Assassin’s Creed. Com um escopo mais contido, somos convidados a explorar locais mais específicos, como a cidade de Bagdá, e aprimorar nossas habilidades de parkour pelos telhados urbanos. Detalharei mais sobre isso a seguir…

Gameplay familiar com novos contornos

Desde o início de Assassin’s Creed Mirage, senti uma agradável sensação de familiaridade. Os controles e a interface remetem à trilogia Origins-Odyssey-Valhalla. Entretanto, destaco uma modificação significativa: a redução de certos elementos de RPG, particularmente nas armas.

Descrever o gameplay de Assassin’s Creed Mirage é, de fato, um desafio. Enquanto aspectos de exploração e furtividade continuam sendo aprimorados, outros elementos parecem um tanto intrincados e, em certos momentos, prejudicam a experiência.

Assassin's Creed Mirage
A icônica “hidden blade” marca seu retorno em Assassin’s Creed Mirage (Imagem: Divulgação).

Uma das coisas que considerei mais positivas no novo jogo é aqui temos um recurso chamado Foco de Assassino, que após aprimorado, permite assassinar até inimigos em sequência, ideal para locais repletos de adversários e não ser visto. Em toda incursão que precisava fazer em alguma base inimiga, tornou-se meu recurso favorito. Para usá-lo, é preciso encher a barra de Foco, realizando eliminações furtivas. Ou seja, o próprio jogo incentiva você a jogar de uma forma mais discreta.

E eu digo isso porque o ponto que mais fugiu do controle e pesou negativamente foi o combate armado de Assassin’s Creed Mirage. Após recursos especiais que foram inseridos na trilogia recente, como o chute espartano, por exemplo, aqui temos o bom e velho combate tradicional. E só. Ataque, defesa, esquiva, aparar e contra-atacar. E, para tornar a situação um pouco mais complicada, uma barra de fôlego que se esgota rapidamente. Não gostei, mas diante do foco em outros elementos de gameplay, dá a entender que o game te força a explorar cada vez mais o jogo furtivo.

Assassin's Creed Mirage
As próprias mecânicas de Assassin’s Creed Mirage desencorajam o combate direto (Imagem: Divulgação)

E isso fica ainda mais evidente pois, conforme você vai cometendo crimes, e sendo visto, há uma caça por você – algo já introduzido em Valhalla, mas restrito à cada região do mapa. Aqui, vale pra toda Bagdá. Assim, há duas formas de se evitar isso. Pagando Munadis para cancelar a sua notoriedade, ou rasgando cartazes de busca com seu desenho espalhados pela cidade.

Falando em crimes, Basim é um ladrão notório, e isso é mesclado ao gameplay. Podemos furtar cidadãos que possuem itens valiosos, e por mais que exista a opção de só apertar um botão para executar essa ação, há um desafio extra para quem quer uma experiência mais real, através de um Quick Time Event, pressionando o botão correto na hora certa. Um ponto válido.

Assassin's Creed Mirage
A cidade redonda de Bagdá é imensa e viva (Imagem: Divulgação)

Fora isso, a exploração em Assassin’s Creed Mirage também é bem familiar. Você vai poder andar à cavalo/camelo por Bagdá e região, fazer algumas explorações submarinas, incursões em masmorras e muita exploração vertical, em especial para desbloquear os pontos de viagem rápida e o consequente desbloqueio de colecionáveis e elementos no mapa, através dos Pontos de Observação. Também há ciclos de dia/noite, que afetam diretamente as ações em determinadas missões.

Audiovisual segue em evolução

Pude experimentar Assassin’s Creed Mirage no PlayStation 5. Como é comum na nova geração, o jogo oferece duas opções gráficas: foco na Taxa de Quadros (60 FPS) ou na Qualidade (4K e alta fidelidade gráfica). Independentemente da escolha, a experiência visual é deslumbrante. Em minha jornada, priorizei a Taxa de Quadros.

Os elogios são merecidos. Desde as animações até a detalhada construção de cenários e personagens, sem esquecer da elegante interface dos menus, Assassin’s Creed Mirage demonstra atenção meticulosa aos detalhes visuais. Claro, encontrei alguns bugs menores, como pop-ins ocasionais, e percebi uma certa repetitividade na arquitetura das ruas de Bagdá. Contudo, considerando o contexto histórico, essas semelhanças são compreensíveis e não ofuscam a impressionante realização da equipe de desenvolvimento.

Quanto ao áudio, o jogo se destaca mais uma vez. Com total localização para o português brasileiro, a dublagem é de alto calibre. Efeitos sonoros imersivos e a experiência amplificada pelo headset PULSE 3D destacam nuances, como diálogos distantes de NPCs, que poderiam ser perdidos se ouvidos apenas pela TV.

Assassin's Creed Mirage
Assassin’s Creed Mirage é um jogo com visual incrível (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Assassin’s Creed Mirage?

Assassin’s Creed Mirage traz uma narrativa curta, mas envolvente, passando por mecânicas de jogo interessantes e uma impressionante qualidade audiovisual. Mesmo com pequenas falhas, como alguns bugs e repetições nos cenários, os pontos positivos do jogo superam em muito suas limitações. A atenção meticulosa aos detalhes, a evolução da franquia e a entrega de uma experiência imersiva são inegáveis.

Então, respondendo à pergunta título: Sim, sem dúvida Assassin’s Creed Mirage é um título recomendado, em especial para fãs da série e novatos no universo Assassin’s Creed. Mesmo mais curto que os jogos anteriores, Mirage é uma adição valiosa à sua biblioteca de jogos, garantindo horas de exploração, estratégia e aventura na envolvente Bagdá.

Assassin’s Creed Mirage chega nesta quinta-feira, 5 de outubro, com versões para Xbox Series X|S, Xbox OnePlayStation 5, PlayStation 4, e PC, via Epic Games Store e Ubisoft Store.

*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Ubisoft.

Assassin's Creed Mirage

+ R$ 209,99
8.3

História

8.5/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Gameplay

7.5/10

Extras

8.0/10

Prós

  • História concisa e envolvente
  • Qualidade gráfica e sonora impressionante
  • Foco de Assassino
  • Exploração diversificada
  • Ótima localização em PT-BR

Contras

  • Combate armado limitado

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.