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Life is Strange: True Colors | Review

Em 2015, a DONTNOD Entertainment e a Square Enix lançaram Life is Strange, um jogo com foco narrativo, com visuais pintados à mão e com um alto poder de replay, já que poderia oferecer caminhos diferentes aos jogadores, de acordo com as escolhas que fossem feitas ao longo da jogatina. O sucesso foi estrondoso, com o game faturando prêmios no The Game Awards e no BAFTA Video Games Award, duas das principais premiações de jogos do mundo. Anos se passaram, a o gênero evoluiu, ganhou novos títulos e chegamos em Life is Strange: True Colors, a mais nova entrada da franquia.

Com lançamento previsto para a próxima sexta-feira, 10, para Xbox One, Xbox Series X|SPlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam, com a versão de Nintendo Switch chegando ao final do ano, pudemos jogar o game completo de forma antecipada. Pela primeira vez, um título da franquia chegou completo no dia do lançamento, ou seja, o formato episódico foi abandonado, e todos os capítulos serão disponibilizados no dia do lançamento. Quer saber o que achei dessa aventura? Cola comigo em mais uma review do Pizza Fria!

Bem-vindo à Haven Springs!

Arcadia Bay, a fictícia cidade em que se passava o primeiro jogo, marcou época. Em Life is Strange 2, não tivemos um lugar para chamar de nosso, mas agora, chegou a vez de conhecermos Haven Springs, outra cidade fictícia, que promete ocupar um lugar no coração dos fãs da franquia. Estamos no controle de Alex Chen, uma jovem que, assim como nos jogos anteriores, também conta com um poder: o da Empatia.

Essa habilidade de Alex permite que ela veja, através de cores, o que as pessoas estão sentindo e até mesmo sinta o que elas sentem. E, ao contrário de Max Caulfield e Daniel Diaz, protagonistas dos primeiros jogos da franquia, Alex já conhecia seus poderes antes dos eventos do jogo. E caberá ao jogador decidir a melhor forma de usá-los.

Life is Strange: True Colors
A fictícia Haven Springs é a casa de Life is Strange: True Colors (Imagem: Divulgação)

O poder de Alex funciona de uma forma bem simples. Ao segurar o L2/LT no controle, o mundo de Life is Strange: True Colors muda um pouco de aparência, e as pessoas ganham auras em torno delas, cada uma com uma respectiva cor. O vermelho, por exemplo, diz que esta pessoa está com raiva. O azul representa uma tensão/tristeza, enquanto o roxo quer dizer medo. Por fim, o amarelo quer dizer felicidade. Ao longo de sua jornada, você vai explorar e descobrir um pouco mais sobre cada um desses sentimentos.

Uma história madura

Em todos os títulos anteriores de Life is Strange, controlamos adolescentes. Agora, pela primeira vez, estamos no controle de uma mulher adulta. Por si só, isso já muda bastante a perspectiva e as tomadas de decisões do jogo. Alex passou por poucas e boas – e isso fica claro ao longo do jogo – até chegar em Haven Springs para encontrar seu irmão Gabe. Não convém dar nenhum spoiler da história, mas é de conhecimento público, através do material de divulgação do próprio jogo, que em um determinado momento haverá uma morte que ditará o rumo da narrativa.

Life is Strange: True Colors
Alex, nossa protagonista (Imagem: Divulgação)

Inconformada com a situação, Alex está decidida a usar seus poderes para encontrar o(s) culpado(s), e o jogador deverá conduzir isso. Será uma busca implacável por justiça, ou você poderá lidar com a situação com mais “pé no chão”? Particularmente, eu gostei muito dos rumos que a minha história tomou, e achei que o game teve um final bem digno, principalmente após o plot twist do jogo acontecer.

Em Haven Springs, além de Gabe, conhecemos alguns personagens importantes para história: Steph Gingrich, que retorna de Life is Strange: Before the Storm, Ryan e Jed Lucan, Charlotte, Ethan, Mac, Riley, entre outros. É verdade que o rol de personagens não é muito grande, mas ajuda a traduzir bem a mensagem do jogo. Em True Colors, a ideia que eu absorvi ao jogar é de que a cidade te abraça, fazendo com que Alex sinta-se em casa. Mas isso pode mudar, de acordo com suas escolhas…

Life is Strange: True Colors
Steph, já adulta, está de volta após Before the Storm (Imagem: Divulgação)

A evolução de ambientação

Life is Strange: True Colors é o jogo mais bonito da franquia até aqui. Não deveria ser surpresa, afinal, estamos falando de um jogo que vai chegar também para a nova geração de consoles. Os gráficos ganharam um novo patamar, mais detalhes e a movimentação de Alex não parece tão robótica. Nos momentos de exploração livre, inclusive, é possível correr com a personagem – e não andar depressa, como nos acostumamos a fazer.

Haven Springs também é uma cidade muito bem construída e bonita. É verdade que não há muita gente morando no local, mas ficou claro que tudo isso faz parte de uma escolha narrativa. Ao entrar em uma escola como no Life is Strange 1, ou viver na estrada como no segundo jogo, são precisos mais personagens para a ambientação. Em True Colors, haven Springs é uma comunidade bem pequena, mas acolhedora. Logo, acredito que foi possível trabalhar melhor mais detalhes da cidade, desde a vegetação, até reflexos (o jogo conta com ray tracing) e objetos, rolando até mesmo a oportunidade de incluir a ótima trilha sonora na narrativa.

Life is Strange: True Colors
Houve uma grande evolução gráfica para a franquia em True Colors (Imagem: Divulgação)

Por falar em detalhes, Life is Strange: True Colors também se comporta muito bem em termos de desempenho nos computadores. Rodando em uma 1080, com ray-tracing desligado e com configurações no Cinemático, o jogo quase sempre manteve estáveis os 60 FPS com V-Sync ligado. Houve pequenas quedas, principalmente em momentos de mudança abrupta de perspectiva, por exemplo, quando a própria narrativa nos leva a interagir com um personagem ou objeto para descobrir os sentimentos relacionados à eles. Nesses momentos específicos, o jogo chegou a baixar para cerca de 20 FPS.

Missões secundárias e colecionáveis

Ao falar de objetos com auras de cores, somos apresentados aos colecionáveis de Life is Strange: True Colors. Sua missão como Alex é encontrá-los no jogo, e reviver as memórias relacionadas com eles. Isso ajuda a contar um pouco mais da narrativa de personagens, e até na resolução de missões secundárias.

Mas, espera aí: missões secundárias em Life is Strange? Sim! Obviamente, elas não alteram a narrativa principal, mas é legal ver que houve essa preocupação por parte dos desenvolvedores ao inserir mais tarefas aos jogadores. Há algumas histórias com habitantes de Haven Springs que você pode ir acompanhando, entendendo o sentimento dos envolvidos, até chegar o momento de interceder. Que tal juntar dois amigos que se gostam, mas morrem de medo de assumir o sentimentos?

Life is Strange: True Colors
Ryan, Alex e Gabe estão no centro da narrativa de Life is Strange: True Colors (Imagem: Divulgação)

Um gameplay familiar, mas com boas surpresas

Se você já jogou algum jogo narrativo, em especial os da Telltale ou os próprios Life is Strange, há uma ideia central do que esperar. Não há muitas mudanças em relação ao que o gênero oferece. Muitas cutscenes, alguns momentos de exploração livre para encontrar colecionáveis e andar entre os objetivos, enquanto tenta encontrar colecionáveis. É isso, não há muita novidade.

Mesmo assim, Life is Strange: True Colors gasta uma certa onda e traz um recurso bem legal, em especial no terceiro capítulo. Ao participarmos de um LARP (Live action role-playing), fui surpreendido com uma adição bem legal no gameplay. Prefiro guardar minhas impressões, para que você se surpreenda quando jogar! Além disso, os jogadores ainda contam com mini-games nos arcades que estão no Lanterna Negra – bar do jogo.

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True Colors (cores verdadeiras, em português) é uma metáfora ao que acontece no jogo (Imagem: Divulgação)

Outra adição bacana feita pelos desenvolvedores de True Colors são as roupas, que definem o visual de Alex em cada capítulo. É possível acessar o guarda-roupas da personagem para escolher qual usar, dentro de opções diferentes para cada situação.

Vale a pena comprar Life is Strange: True Colors?

Life is Strange: True Colors é um ótimo jogo, mas assim como já é uma característica do gênero, não é voltado para todos os públicos. E isso está longe de ser um problema. Com foco em um nicho específico de jogadores, o game brilha e cumpre muito bem o seu propósito, entregando uma narrativa sólida, com um tema maduro, mas sem deixar de lado nenhuma das características que popularizaram a franquia.

Quando os créditos de Life is Strange: True Colors subiram, eu marcava 10,3h em minha biblioteca na Steam, o que vai ao encontro das minhas experiências passadas com a franquia – cerca de 2 horas por episódio. A duração não é exatamente um problema, afinal, há um considerável fator replay e o game conta com seis finais principais, e diferentes variações, que se ramificam ao longo do Capítulo 5 todo, com base nas suas escolhas e relacionamentos construídos ao longo do jogo. No entanto, se descobrir e encontrar os diferentes rumos da história não te motiva, dificilmente o game valerá o valor cobrado por ele, já que a Square Enix quer quase R$ 300 em sua versão mais barata.

Life is Strange: True Colors chega no dia 10 de setembro, mas a leva de conteúdos planejados para o game não para por aí. No dia 30 de setembro, será lançada a DLC Wavelengths, em que os jogadores controlam Steph, um ano antes dos acontecimentos do jogo. Por fim, os compradores da Ultimate Edition vão receber, quando for lançado, Life is Strange Remastered Collection, que contém o primeiro jogo da franquia e o spin-off Before the Storm, com um visual remasterizado.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Square Enix.

Life is Strange: True Colors

+R$ 298,90
8.6

História

9.5/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • História madura
  • Gráficos excelentes
  • Ótima trilha sonora
  • Muitas variações da história

Contras

  • Muito caro em relação aos outros jogos da franquia

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.