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Revenge of the Savage Planet | Review

Para mim, Revenge of the Savage Planet é o que a maioria dos jogos da indústria deveria ser. Ok, eu sei que essa afirmação pode parecer exagerada e pretensiosa para um jogo indie, mas deixa eu explicar meu ponto de vista.

Quando Revenge of the Savage Planet foi anunciado, confesso que não dei muita atenção e nem sabia o que esperar, afinal, nunca tive contato com o título anterior da série, Journey to the Savage Planet. No entanto, conforme os meses foram passando e fui acompanhando mais materiais sobre o jogo em eventos e campanhas publicitárias pela internet, minha curiosidade começou a crescer.

Assim que a Raccoon Logic Studios — desenvolvedora e distribuidora do game — entrou em contato com a equipe do Pizza Fria para testarmos o título, me ofereci prontamente para descobrir o que havia por trás daqueles trailers engraçados e irreverentes. E é por isso que estou aqui, a convite dos desenvolvedores, para contar por que Revenge of the Savage Planet deveria servir de exemplo para todos os criadores de jogos.

O que é Revenge of the Savage Planet?

Revenge of the Savage Planet é a sequência de Journey to the Savage Planet, um jogo de tiro em primeira pessoa. No entanto, ao contrário de seu antecessor, o novo título adota a perspectiva em terceira pessoa e aposta em uma experiência mais voltada para o multiplayer cooperativo, tanto local quanto online.

Apesar de ser uma continuação, é importante destacar que você não precisa ter jogado o título anterior para aproveitar 100% da experiência. A história de Revenge of the Savage Planet não é diretamente conectada ao primeiro jogo e não depende dos eventos passados para fazer sentido.

Mas, afinal, do que se trata Revenge of the Savage Planet? No jogo, você assume o papel de um viajante espacial a serviço da empresa Alta, que é imediatamente demitido após pousar em um planeta novo e desconhecido, inicialmente designado para exploração e colonização. A partir daí, o objetivo é sobreviver em um ambiente hostil, enfrentar criaturas perigosas e investigar o que realmente está acontecendo dentro da corporação que o contratou — e depois descartou.

A narrativa se desenvolve em uma jornada leve e divertida, com momentos carismáticos e diversas reviravoltas absurdas que garantem boas risadas. O humor é uma marca registrada do game, com piadas e referências constantes que lembram o estilo de séries como Rick and Morty e Futurama. Em resumo, trata-se de uma história simples, despretensiosa e eficaz como pano de fundo para a jogabilidade. Ainda assim, há espaço para críticas: a narrativa, embora divertida, poderia ser mais bem explorada. Em alguns momentos, o jogo parece se acomodar em clichês e deixa de arriscar em ideias mais ousadas.

Revenge of the Savage Planet

Mas como é o jogo de fato?

Como mencionei anteriormente, Revenge of the Savage Planet é um jogo em terceira pessoa. Diferente de seu antecessor, que era mais centrado em combate e tiroteios, este novo título foca muito mais em seções de plataforma, resolução de quebra-cabeças e um sistema de combate simplificado, que exige o uso de equipamentos específicos para enfrentar diferentes tipos de inimigos. Por isso, é importante deixar claro: se você está em busca de um jogo centrado em ação intensa e confrontos constantes, este provavelmente não é o game ideal para você.

Agora, se você aprecia jogos de plataforma 3D com elementos de ação, exploração, puzzles, coleta de itens e um bom humor — como em Ratchet & Clank ou Jak and Daxter, por exemplo —, Revenge of the Savage Planet tem tudo para te conquistar. O foco aqui está na exploração detalhada dos ambientes, na coleta de colecionáveis e na solução de enigmas criativos.

Embora a comparação com outros títulos do gênero seja inevitável, considero um pouco injusto colocar Revenge of the Savage Planet lado a lado com qualquer outro jogo recente da indústria. Isso porque ele traz uma variedade de atividades e mecânicas únicas que, combinadas, oferecem uma experiência surpreendentemente divertida e inovadora dentro do gênero de plataforma 3D.

image 3 revenge of the savage planet

Um amontoado de boas ideias

Como já comentei, Revenge of the Savage Planet reúne uma enorme variedade de mecânicas — e, sendo sincero, é até difícil lembrar de todas ou descrevê-las em detalhes. Mas é importante destacar: o jogo vai muito além de ser apenas um plataforma 3D ou um shooter genérico em terceira pessoa. Ele também incorpora elementos de jogos de captura de criaturas, como Pokémon, sobrevivência ao estilo Rust, construção de base, resolução de puzzles, exploração e até decoração de ambientes, como em The Sims. Sim, tudo isso pode parecer uma mistura improvável, mas, surpreendentemente, as mecânicas funcionam de forma harmoniosa.

Durante sua jornada, você vai explorar diversos ambientes em busca de itens, recursos e colecionáveis para aprimorar sua base, personalizar sua casa, evoluir o personagem, avançar na história e desbloquear novos equipamentos que possibilitam interações criativas com o mundo ao redor. Esses equipamentos são variados, divertidos de usar e oferecem uma liberdade enorme ao jogador.

E o mais interessante é que os equipamentos de Revenge of the Savage Planet não são itens com funções únicas e limitadas. Eles foram pensados para permitir múltiplas formas de interação com os cenários. Um bom exemplo é a arma de líquidos, que pode armazenar gosma, lava e água — usadas, respectivamente, para tornar superfícies escorregadias, queimar objetos e inimigos, ou limpar o ambiente. Esse é apenas um entre vários exemplos da criatividade por trás das ferramentas disponíveis.

Agora imagine espalhar todas essas possibilidades por diferentes planetas e mapas, cada um com estruturas, criaturas, plantas e objetos únicos para interagir. O resultado é um jogo extremamente variado e envolvente, que incentiva o jogador a revisitar áreas já exploradas para testar novas habilidades, desbloquear segredos e encontrar itens escondidos.

image 2 revenge of the savage planet

Vale a pena comprar Revenge of the Savage Planet?

Você pode estar se perguntando: por que Revenge of the Savage Planet deveria servir de exemplo para a indústria de jogos? A resposta é simples. Este é um jogo acessível, divertido, recheado de conteúdo para explorar, tecnicamente bem executado e que, muito provavelmente, teve um custo de produção reduzido. Em contraste com muitos títulos AAA genéricos, sem personalidade e com orçamentos bilionários, que acabam entregando experiências esquecíveis, Revenge of the Savage Planet mostra que é possível criar algo marcante sem exageros.

Este é o tipo de jogo que resgata aquela sensação genuína de diversão que muitos de nós sentimos na infância ao jogar videogame. Revenge of the Savage Planet é exatamente isso: uma experiência cativante, feita com criatividade e foco na jogabilidade.

Claro, nem tudo é perfeito. Embora eu tenha aproveitado muito meu tempo no jogo, ele não é exatamente inovador e tampouco isento de problemas. Durante os testes, enfrentei algumas quedas de desempenho e stutterings na versão de PC, mas nada que comprometa seriamente a experiência. No fim das contas, o título não tenta reinventar a roda — e nem precisa. Ele é um ótimo exemplo de como fazer o básico de forma competente pode render um game memorável.

Revenge of the Savage Planet chega nesta segunda-feira, 5 de maio, para PC, via Steam, GOG.com e Epic Games Store, além de PlayStation 5 e Xbox Series X|S, em sua edição Cosmic Hoarder. O jogo também pode ser jogado por assinantes do Xbox Game Pass.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Raccoon Logic Studios Inc.

Revenge of the Savage Planet

8.8

História

7.5/10

Gameplay

9.5/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Jogabilidade fluída
  • Animações extremamente carismáticas
  • Boa Variedade e quantidade de conteúdo
  • Localizado em PT-BR

Contras

  • O jogo apresenta alguns problemas de desempenho
  • Alguns mapas possuem um level design não tão agradável de navegar

Matheus Feldmann

Game Designer de formação, preservador de jogos antigos, amante de MMORPG's, Jogos de Luta, jogos indies e RPG's em geral. Também assumo o posto de maior defensor de jogos ruins, especialmente Daikatana.