Diablo Immortal: Emil Salim fala sobre o novo momento do jogo na BGS 2025
Durante a Brasil Game Show 2025, o Pizza Fria teve a oportunidade de conversar com Emil Salim, artista líder de Diablo Immortal, sobre o novo momento do jogo e a estética sombria que define a sua mais recente atualização: a Temporada da Colheita. A entrevista ocorreu na sala de imprensa do evento, com um convite da Blizzard para conhecer de perto as inspirações, os desafios e os bastidores visuais por trás do universo de Santuário.
A conversa revelou não apenas detalhes técnicos sobre o processo criativo, mas também a paixão de Salim pelo equilíbrio entre tradição e inovação, dois conceitos que, segundo ele, são a espinha dorsal da direção de arte de Diablo Immortal. Além disso, o artista compartilhou detalhes inéditos sobre o evento especial de Halloween, os novos sistemas de PvP e crafting e o que ele mais admira na comunidade brasileira de jogadores. Confira todas as novidades abaixo!

A Temporada da Colheita e o espírito da renovação
Lançada oficialmente em 10 de setembro, a Temporada da Colheita marca uma nova fase para Diablo Immortal. A atualização trouxe o retorno de itens aprimorados, eventos por tempo limitado que recompensam os jogadores com recursos de crafting, brasões e equipamentos especiais, além de melhorias em sistemas centrais, como a venda de gemas lendárias de cinco estrelas entre servidores, otimizações de PvP e uma série de ajustes de qualidade de vida dentro do jogo.
Segundo Emil, a equipe da Blizzard buscou capturar um sentimento de transição, o mesmo que marca o outono e o período de colheita. “Queríamos criar uma atmosfera que fosse aconchegante e familiar, mas que escondesse algo mais profundo e misterioso. A Temporada da Colheita fala sobre a beleza do fim e o medo que vem com a renovação”, explicou o artista, destacando que o trabalho visual da nova temporada combina o aconchego das cores outonais com o horror visceral característico da franquia, que é repleta de sangue, monstruosidades e vísceras.
Essa mistura fica evidente na ambientação de Wicker Fields, uma das novas áreas apresentadas na temporada. O local, que representa um terreno sagrado para os povos fictícios de Sharval e Einsteiner, é o epicentro de uma narrativa marcada por tensão e conflito. “O roteiro nos dizia que esse campo era um símbolo de união, onde as pessoas se encontravam para celebrar a colheita anual. A partir disso, a direção de arte teve a missão de transformar esse espaço em algo corrompido, tomado pela doença e pelo grotesco”, contou Salim.
A equipe de arte se inspirou em imagens reais de pele infectada, feridas e cicatrizes, para desenvolver o aspecto visual da praga conhecida como Boil of Creation, um elemento que contamina o sagrado e o transforma em profano. “O contraste é o que nos move. Pegamos algo bonito e o infectamos. É essa justaposição, entre o que é puro e o que é nojento, que define o tom de Diablo Immortal“, comentou o artista, rindo ao lembrar das longas horas de pesquisa em referências nada agradáveis.
O DNA visual de Diablo Immortal: entre tradição e inovação
Ao ser questionado sobre a principal filosofia estética que orienta Diablo Immortal, Emil não hesitou: “Tudo gira em torno do equilíbrio entre tradição e inovação”. Segundo ele, a equipe começou o projeto buscando conciliar o tom sombrio e atmosférico de Diablo II com o alto nível de detalhes e a paleta vibrante de Diablo III. O desafio estava em traduzir esse legado para o ambiente mobile, sem comprometer a identidade visual da série.
“Diablo sempre foi sobre peso e textura, o metal das armas, o brilho do sangue, a sensação de decadência em cada pedra. Mas agora tudo isso precisa funcionar em uma tela de celular”, explicou. O segredo, segundo o artista, está na composição visual focada da cintura para cima, área onde o jogador concentra a maior parte do olhar devido à câmera superior do jogo. “Colocamos os principais detalhes, cores e contrastes ali. É o que o jogador vê o tempo todo”.
Essa adaptação também exigiu um redesenho completo da interface de usuário (UI). “O mobile não tem teclado, mouse nem um monitor separado. Tudo acontece em uma tela pequena, controlada com dois polegares. Tivemos que repensar cada ícone, cada espaço de toque, para garantir que o jogador se sinta imerso, mas nunca sobrecarregado”, explicou Emil. Ele brinca que, depois de tantas horas ajustando proporções e cores, “ver o jogo rodando com fluidez no celular é como assistir um demônio cabendo dentro de um cristal”. Seria essa uma analogia a Mefisto em Diablo IV?
Apesar das limitações, o resultado é um jogo que preserva a grandiosidade da franquia, mas se adapta perfeitamente ao ritmo e às possibilidades do mobile, popularizando a jogabilidade da franquia para ainda mais pessoas. “Acho que conseguimos traduzir a essência de Diablo II e III para o formato de bolso. É tradição e inovação, convivendo na mesma tela”, concluiu o artista líder, feliz com o êxito do jogo.

O artista e o historiador
Durante a conversa, Emil se mostrou não apenas um profissional técnico, mas também um apaixonado pelas artes. Ao mencionar o aspecto sombrio e ritualístico de Diablo, ele reconheceu que o jogo funciona como uma exploração estética do medo e da beleza, conceitos que se entrelaçam nas tradições mitológicas e religiosas de diversos locais do mundo, que inspiram o universo da franquia.
Em determinado momento, quando menciono sobre ser professor e pesquisador, Emil sorri e comenta: “De certa forma, Diablo é uma história sobre humanidade. Mesmo em um mundo de monstros e demônios, o foco sempre está nas emoções humanas: na culpa, na fé, no sacrifício. E isso é o que torna o jogo tão fascinante para mim”, explica Emil.
Novidades para os jogadores: PvP, crafting e outros detalhes
Além da ambientação e da direção de arte, a Temporada da Colheita trouxe atualizações importantes em termos de jogabilidade. Emil destacou que muitas dessas mudanças nasceram do diálogo constante com a comunidade. “Nosso time ouve os jogadores o tempo todo. A introdução do modo War Games, por exemplo, veio de pedidos antigos da base de fãs. Assim como a inclusão da Capa das Sombras, algo que todos vinham pedindo há meses”.
As melhorias no sistema de crafting também refletem esse compromisso com o feedback dos jogadores. Agora, os eventos sazonais oferecem itens raros e materiais de aprimoramento, permitindo que cada jogador desenvolva seu personagem de maneira mais personalizada. “Nosso objetivo é tornar cada atualização uma celebração do que a comunidade pede. A Temporada da Colheita é uma resposta direta aos desejos dos jogadores”, afirmou Emil. Ele enfatiza que a Blizzard busca constantemente o equilíbrio entre novidade e familiaridade: “Queremos inovar sem quebrar o que já funciona. O jogador precisa sentir que está em casa, mas sempre com algo novo para descobrir”.

Uma palinha sobre o evento de Halloween
O tradicional evento Hallow’s Wake retorna a Diablo Immortal entre 15 de outubro e 12 de novembro, trazendo duas fases distintas: Survivor’s Bane (de 15 a 29 de outubro) e Howler Hunt (de 29 de outubro a 12 de novembro). Ambas oferecem desafios temáticos, recompensas diárias, brasões, itens lendários e cosméticos exclusivos que mergulham o jogador no espírito macabro da temporada.
Este foi claramente um dos momentos mais empolgantes da entrevista, quando Emil Salim começou a falar sobre o evento. Visivelmente animado, ele descreveu a data como “um dos períodos mais divertidos do ano para o time de arte”. E não é difícil entender o porquê: o Halloween é quase uma extensão natural do mundo de Diablo, trazendo consigo lendas, mitos e muitos monstros.
“É o mês em que podemos exagerar em tudo o que o jogo tem de melhor: o grotesco, o sombrio, o trágico. Este ano, o tema principal é o contraste entre o amor e a morte”, revelou. Inspirado nos clássicos de terror e nos contos de casamentos amaldiçoados, o novo conjunto cosmético da temporada apresentará uma estética baseada em um casamento fracassado, com referências diretas à figura da noiva cadáver e ao conceito de vingança espectral. Durante sua explicação, Emil mostrava as artes conceituais de maneira empolgada, deixando explícito o orgulho da criação de sua equipe.
Segundo Emil, o conjunto trará duas versões distintas, sendo uma masculina e uma feminina, com diferenças marcantes de design. “O noivo carrega a cabeça da noiva em sua arma, e a noiva empunha a cabeça do noivo como espada. É um jogo de espelhos entre pureza e violência”, explicou. “Trabalhamos com o simbolismo das mãos entrelaçadas, do sangue e das rosas, uma mistura entre romance e carnificina”.

Um dos detalhes mais curiosos, segundo o artista, são os efeitos visuais dinâmicos. Quando o jogador equipa o conjunto, a cabeça do personagem desaparece e reaparece em chamas etéreas, enquanto crianças fantasmas seguram a capa do herói, acompanhando-o em movimento. “É assustador e poético ao mesmo tempo. Acho que os fãs vão amar esse tipo de contraste”, completou, sem esconder o orgulho. Por conta do embargo, as imagens mostradas durante a entrevista não podem ser reproduzidas aqui. Felizmente, segundo o artista, o conteúdo “chegará muito em breve”. E se a descrição e as artes já causam arrepio, é fácil imaginar o impacto visual que esse evento trará para o jogo.
O olhar da Blizzard para o Brasil
Quando o assunto passou a ser o público brasileiro, Emil abriu um sorriso largo. “Essa é minha segunda visita ao Brasil, e o que mais me impressiona é a energia criativa desse país”, disse. O artista contou que ficou encantado com a quantidade de arte espalhada por São Paulo, especialmente nos murais e grafites. “A cidade respira cor e expressão. Dá para sentir o quanto o povo brasileiro é apaixonado por estética e emoção. Isso conversa diretamente com o espírito de Diablo“.
Ele também relembrou sua visita ao Artist’s Alley da BGS, espaço dedicado a desenvolvedores e ilustradores independentes. “Fiquei impressionado com o talento local. Há uma sensibilidade única aqui, uma mistura de humor e melancolia que me inspira muito”.
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de o folclore brasileiro um dia estar presente ou até mesmo influenciar o universo de Diablo, Emil não descartou a ideia. “Seria incrível! Nós sempre buscamos inspiração em culturas reais, porque isso torna o jogo mais crível, mais humano. O Brasil tem um folclore riquíssimo. Não posso prometer nada, mas adoraria ver elementos daqui aparecendo no jogo”. Imagine só ter que lutar contra o Boitatá ou ter como parceiro o Curupira? Isso seria demais, não é mesmo?
Ao falar deste ponto, o artista reforçou que a Blizzard mantém canais abertos de comunicação com a comunidade. “Temos um servidor oficial no Discord, onde os jogadores podem compartilhar ideias e conversar com o time. Nosso gerente de comunidade está sempre lá, ouvindo e repassando sugestões. Então, se alguém tiver uma ideia genial baseada no Saci ou na Cuca, por favor, fale com a gente!”, brincou.

A arte como narrativa
Emil encerrou a entrevista refletindo sobre o papel da arte em Diablo Immortal. Para ele, a estética do jogo não é apenas algo visual, mas uma forma de narrativa. “Cada textura, cada sombra conta uma história. Quando o jogador entra em um calabouço e sente medo, isso não vem só do som ou da música, mas também do modo como as luzes piscam, das cores que contrastam com o sangue no chão. Tudo é intencional”.
Ele acredita que o sucesso do jogo se deve à coerência visual que conecta cada atualização. “O desafio é manter a alma de Diablo viva em um formato que evolui o tempo todo. A arte é o fio que une o passado e o futuro da franquia”. Para os fãs que, assim como eu, acompanham a série desde os tempos de o primeiro título, esse cuidado sempre foi visível. Diablo Immortal pode ter nascido como uma adaptação mobile, mas hoje se consolida como um capítulo essencial do legado de Santuário, com uma comunidade global vibrante, e com o Brasil ocupando um lugar cada vez mais especial nesse cenário.
Entre contrastes de luz e escuridão, de vida e morte, de pureza e corrupção, a franquia Diablo segue cultivando sua estética única, aquela que faz do inferno um lugar estranho e, paradoxalmente, belo. E se depender do entusiasmo de Emil, o futuro de Diablo Immortal promete continuar sendo um terreno fértil para novas inspirações e histórias a serem contadas, popularizando assim uma franquia tão querida para os jogadores brasileiros.

Sobre Diablo Immortal
Diablo Immortal é uma experiência social de MMORPG completamente nova na série. Os jogadores explorarão o mundo enorme e compartilhado de Santuário, formarão Grupos Guerreiros com até oito membros, participarão de desafios em grupo, como os chefes de invasão do Infernicário, e entrarão em clãs com até 150 amigos para obter as desafiadoras conquistas de clã.
O jogo também conta com um robusto sistema JxJ baseado em facções. Com o Ciclo de Conflito, os jogadores podem formar equipes para lutar em uma guerra contínua que concederá ao melhor jogador do servidor a Coroa Eterna e a liderança dos Imortais. O líder precisará constantemente defender o reinado em diversos modos, incluindo um confronto brutal 1×30 contra as Sombras. Diablo Immortal já está disponível para Android, iOS e PC, via Battle.net.


