Nostalgia na indústria de jogos: por que o passado ainda conta?

A indústria de jogos é um campo em constante evolução. Desde os primeiros dias do Pong e do Tetris até os gigantes da atualidade como The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom e God of War: Ragnarok, a evolução tem sido constante e acelerada. Mas um aspecto que tem se destacado ao longo dos anos é o poder da nostalgia. A indústria de jogos, em um movimento aparentemente paradoxal, volta constantemente para o passado, revivendo títulos clássicos através de remakes e remasterizações. Resident Evil 4 e Final Fantasy VII são apenas alguns dos exemplos mais notáveis dessa tendência. Mas por que a nostalgia é tão poderosa na indústria de jogos?

Resident Evil 4 Remake
Leon Kennedy voltou em RE4 Remake, lançado em março deste ano (Imagem: Divulgação)

Ao meu ver, isso acontece porque a nostalgia é um poderoso motor emocional. O sentimento nostálgico passa uma sensação de saudade, um anseio pelo passado que costuma vir acompanhado de positividade. Na indústria de jogos, a nostalgia pode atuar como uma ponte entre gerações de jogadores, permitindo que novos públicos experimentem clássicos do passado em novos formatos.

Exemplos recentes

A indústria de jogos tem se aproveitado desse fenômeno com grande sucesso. O remake de Resident Evil 4, por exemplo, não apenas recriou o icônico jogo de terror para uma nova geração de hardware, mas também introduziu o título a um público que talvez não tivesse tido a oportunidade de jogá-lo em sua versão original.

Da mesma forma, o remake de Final Fantasy VII, lançado em 2020, foi recebido com entusiasmo tanto por fãs antigos como por novos. A Square Enix conseguiu revitalizar um clássico adorado, trazendo para ele gráficos modernos e um sistema de combate atualizado. Ao mesmo tempo, o enredo e os personagens – elementos centrais da nostalgia dos jogadores – permaneceram (quase que) fiéis ao original.

Esses casos mostram que a indústria de jogos é habilidosa em canalizar a nostalgia dos jogadores para criar experiências novas e emocionantes. O poder da nostalgia na indústria de jogos é tal que até mesmo títulos que não foram particularmente bem recebidos em seu lançamento original podem encontrar uma segunda vida através de remakes.

Mas a nostalgia na indústria de jogos não é apenas uma ferramenta para reviver títulos antigos. Ela também é uma importante força motivadora para a inovação. A busca por recriar a sensação de jogar um título clássico pode levar a novos avanços em tecnologia de jogos, design de jogos e narrativa.

Dead Space
Dead Space, lançado em janeiro de 2023, é outro exemplo de remake bem sucedido (Imagem: Divulgação)

Remakes e remasters vão continuar!

A nostalgia é uma força poderosa na indústria de jogos. Ela oferece uma maneira de conectar gerações de jogadores, revivendo títulos clássicos de formas novas e emocionantes. No entanto, não é apenas uma maneira de olhar para o passado. Ela também pode ser um poderoso motor de inovação, inspirando desenvolvedores a criarem novas experiências que capturem a magia dos jogos clássicos.

Com o sucesso de remakes recentes, é claro que a indústria de jogos continuará a explorar o potencial da nostalgia. Afinal, esses clássicos não são apenas jogos – são memórias e experiências compartilhadas que transcendem gerações.

Entretanto, é crucial que a indústria de jogos também continue a inovar. A nostalgia pode ser um poderoso instrumento, mas o sucesso a longo prazo na indústria de jogos requer um equilíbrio entre honrar o passado e abraçar o futuro.

A indústria de jogos tem a responsabilidade e o privilégio de manter vivos os clássicos que moldaram gerações de jogadores. Ao mesmo tempo, tem a oportunidade de criar novas experiências que um dia serão vistas com a mesma nostalgia que hoje temos pelos clássicos.

Por fim, a nostalgia é uma prova do impacto duradouro que os jogos podem ter. Na indústria de jogos, os títulos que amamos não desaparecem – eles são reimaginados, reinventados e revividos para novas gerações de jogadores. E é por isso que a nostalgia é tão poderosa na indústria de jogos. Ela é um lembrete de onde viemos, e um sinal de até onde podemos chegar.

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.