Ghost of a Tale | Review

Ghost of a Tale, RPG de ação em 3D com elementos de stealth, lembra muito uma dessas animações infantis: tem visuais muito bonitos e, além disso, conta com um protagonista bem fofinho, um rato chamado Tilo. E a aparência realmente tem sentido de ser assim. Afinal de contas, o jogo contou com Lionel “Seith” Gallat, veterano animador da DreamWorks, que criou um estúdio de desenvolvimento, chamado SeithCG, há mais de quatro anos, junto com uma pequena equipe de amigos. Para se ter ideia, “Seith” fez 90% das artes, design e códigos, sendo algo surpreendente.

Mas será que, por contar com uma grande referência liderando a equipe de desenvolvimento o jogo pode ser bom ou isso faz apenas o hype ser maior? Ou melhor. Será que ambas as questões podem acontecer juntas? Pois bem, nesta review irei mostrar minhas impressões sobre este curioso jogo.

A narrativa de Ghost of a Tale

Pois bem, Ghost of a Tale é um jogo que se passa em um mundo medieval povoado exclusivamente por animais. Nosso protagonista, Tilo, é um ratinho menestrel (uma espécie de artista a serviço de senhores que recitava e cantava). Ele é apanhado em uma aventura perigosa, iniciando sua jornada dentro de uma prisão.

O jogo em diversos momentos precisa de ações furtivos, disfarces, conversas com personagens, e variadas missões. Aliás, a furtividade do personagem faz todo sentido, pois ele não é lá um grande lutador. Mas sua agilidade compensa a ausência de atributos físicos, o que é legal e torna o jogo bem desafiador. E, como em todo conto, o objetivo de nosso artista é encontrar Merra, o amor de sua vida.

Ghost of a Tale
O adorável protagonista, Tilo. (Imagem: Divulgação)

A jogabilidade e alguns outros detalhes

Ghost of a Tale é bastante linear. Contudo, conta com diversos puzzles que podem ser um tanto quanto chatos e lentos de serem resolvidos, a depender do jogador, claro. Nesse ponto, fiquei incomodado logo de início, pois custei fazer as primeiras tarefas. Tudo bem que o jogo explica diversos detalhes, mas ainda assim, é meio arrastado. Você tem que achar uma chave, desviar furtivamente de um guarda, e por aí vai. Mesmo sendo um jogo muito bonito esteticamente, não me senti muito bem com sua jogabilidade. Outro ponto é que, para salvar o progresso, você deverá estar à salvo e escondido. Com isso, é bom abusar dos saves para repetir várias vezes o mesmo trajeto. Todavia, reconheço o valor do jogo, sobretudo por ser um indie feito por uma pequena equipe.

Nosso modesto protagonista executa alguns movimentos como andar furtivamente, saltar, fazer barulhos para chamar a atenção dos guardas, etc. Isso tudo já foi visto em outros jogos e é bem executado aqui. Há também uma outra questão em sua jogabilidade que facilita bastante, que são os diálogos e missões secundárias dadas por aliados, que explicam melhor como funciona a dinâmica do jogo. Sendo assim, fica mais fácil para se livrar de masmorras repletas de portas, chaves e guardas do dobro do tamanho de nosso pequenino personagem. Aliás, o título quase todo se passa em ambientes fechados, algo meio claustrofóbico. Além disso, tais ambientes são labirínticos e meio escuros, algo que fica mais palatável graças a qualidade das sombras projetadas por tochas espalhadas pelas paredes.

Ghost of a Tale
Se prepare para rodar em masmorras e ambientes fechados. (Imagem: Divulgação)

Gráficos, ambientação, legendas e sons

Os gráficos, como já foi dito acima, são bem bonitos. E isso faz toda a diferença em um detalhe: a ambientação. Sim, Ghost of a Tale se passa em um período medieval. Ou seja, não há luz elétrica. Portanto, velas, candeeiros e outras fontes mais arcaicas serão vistas ao longo das masmorras. E o tipo de sombra projetada nas pedras é muito bonita, mostrando uma obscuridade facilmente imaginada para esse período. E bem, esses aspectos são louváveis e merecem ser citados. Ainda falando sobre a questão visual, os personagens mais ativos são muito carismáticos e bonitos, tendo animações bem fluídas e interessantes. E vou falar de novo, o protagonista é muito simpático, contando com traços bem parecidos com personagens de animações.

O jogo conta com muitos diálogos, que não são dublados, documentos e os menus, que contam com traduções em diversas línguas, menos em português. Isso pode ser problemático para diversos jogadores, mas é algo ainda recorrente. Por fim, os sons são bem condizentes com o restante do jogo, sendo bem agradáveis. Por fim, em todos esses requisitos tratados neste tópico, o jogo está de parabéns, não devendo muito aos AAA.

Ghost of a Tale
O jogo tem uma ambientação incrível. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Ghost of a Tale?

De uma forma geral, o jogo é agradável. Contudo, não me agradou muito o desenvolvimento de sua gameplay, já que encontrei alguns bugs e glitches. Sua jogabilidade é algo bem pessoal, como é possível perceber. Isso fica ainda mais evidente por conta da média das avaliações dos jogadores da Steam, que deram nota 9 ao título. Já a crítica especializada pegou um pouco mais pesado, o que é de se esperar. Segundo a média retirada do Metacritic, o game recebe 75 pontos na versão para PC, sendo uma nota ok para um jogo indie.

Já graficamente, o jogo é surpreendentemente belo. E como eu disse anteriormente, não deve nada a títulos mais conhecidos. Tudo bem, a equipe é pequena, mas conta com excelentes nomes na elaboração de todo o jogo. A história é bonitinha e dá um bom pano de fundo, algo que é mais explorado por meio de amigos e inimigos, além de documento. Mas não é algo absurdamente elaborado.

De uma maneira geral, é um jogo que merece reconhecimento por conta de todo o seu esforço, feito por uma pequena equipe. Mesmo com o elemento de RPG sendo meio capenga, Ghost of a Tale traz algumas horas de diversão. Aliás, se você for fã de animações, vai adorar toda a ambientação da odisseia de Tilo.

Ghost of a Tale também está disponível, em formato digital, para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

*Review elaborada no PC, com código gentilmente cedido pela Nuuvem.

Ghost of a Tale

7.8

História

7.7/10

Jogabilidade

7.1/10

Gráficos e sons

8.8/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Gráficos muito bem elaborados
  • Protagonista cativante
  • Ambientação medieval surpreendente

Contras

  • Jogabilidade pode não agradar
  • Trama meio lenta e alongada

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.