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Metaphor: ReFantazio | Review

Metaphor: ReFantazio é um JRPG, com um pedigree invejável, desenvolvido pela ATLUS e publicado pela SEGA. O título, que empregou uma galerinha de peso responsável pelo desenvolvimento da série Persona, conta a história de uma corrida maluca em busca da coroa de um reino mágico e totalmente pacífico. Nada de confusões aqui, imaginem só.

E aí, será que o jogo ficou bom? É o que saberemos agora, em mais uma análise açucarada do Pizza Fria!

Sobre regicídios e fantasias

Respondam a seguinte pergunta, leitores e leitoras de meu coração. Mais vale sermos desconhecidos sem cobranças, ou famosos com uma certa pressão sobre nossos ombros? Sendo que, na maioria do tempo e com as obrigações da vida, somos tanto nunca-celebridades quanto eternamente apertados pelas correrias do cotidano.

E no caso dos videojogos eletrônicos? Fiquei pensando isso após jogar nosso título da vez, que foi construído por pessoas que trabalharam em Persona, uma das séries mais influentes do gênero hoje em dia. Segundo eu mesmo, ao menos. De fato, é inegável que Metaphor: ReFantazio chegou ao mundo muito mais badalado que o normal puramente devido ao calibre de seus criadores.

Contudo, será que o título faz bom uso dessa pompa toda, ou é apenas mais uma das diversas decepções que temos pela vida? Como, por exemplo, na época que tentei desenvolver um sabor único de sorvete e acabei criando um risco severo para minha própria saúde? Bom, só há uma maneira de descobrir e, felizmente, ela não acarreta no risco de passar uma semana desmaiado no hospital. Vamos nessa.

Metaphor: ReFantazio
Só alegria, amizades. (Imagem: Divulgação)

História

A trama de Metaphor: ReFantazio se passa no reino de Euchronia, um terra medieval bem diferentona que espelha o nosso mundo real moderno. Nela, diversas tribos diferentes (com seres de espécies diferentes) fazem parte de uma sociedade bem desigual e elitista, sendo que determinados tipos de pessoa são vistos como superiores ou inferiores com base unicamente no local de onde vieram e por suas características físicas. Algo puramente fantasioso, não é mesmo?

Para tornar a situação ainda mais caótica, o rei é assassinado, mergulhando as terras em uma bad ainda maior. Contudo, um feitiço lançado pelo monarca antes de sua morte inicia uma corrida maluca pelo trono, na qual qualquer um pode ascender ao poder conquistando a aprovação e adoração do povo. É nesse cenário avacalhado que nosso herói entra em cena, com o objetivo de se aproximar do responsável por amaldiçoar seu amigo de infância que, por acaso, também era o príncipe de Euchronia. E para aumentar ainda mais a tensão, o responsável pela maldição é o mesmo que assassinou o rei. Que personagem tenebroso, não é mesmo?

Metaphor: ReFantazio transforma o que poderia ser uma fantasia medieval bem básica em algo realmente interessante através de duas grandes jogadas: primeira, na força e carisma de seus personagens principais e secundários. Segundo, na forma em aborda temas sensíveis como preconceito, diferenças sociais e exclusão. Realmente gostei do que vi, e acho que o título consegue passar sua mensagem de uma forma tão cativante ao jogador quanto instigante para nos fazer pensar sobre como o que vemos se apresenta em nossa realidade.

Metaphor: ReFantazio
A galerinha. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

A maior dica de que Metaphor: ReFantazio foi construído por gente que trabalhou em Persona, para o bem e para o mal, é na jogabilidade. Em sua essência, o título é um JRPG com combate em turnos e elementos de controle de tempo, no qual temos um prazo de dias para conquistar determinadas masmorras e cumprir objetivos. Quando não quisermos sair em aventuras, podemos fortalecer nossos laços com algumas pessoas próximas, fazer missões secundárias, melhorar atributos sociais, e por aí vai.

Além disso, o jogo aplica uma mecânica interessante semelhante ao que vemos em The Legend of Heroes: Trails through Daybreak. Temos duas formas de enfrentar inimigos comuns: ou saímos dando pancadas em tempo real, com um sistema rudimentar de combos, ou entramos no modelo mais robusto de turnos. O bom de acertar os monstros antes da treta começar de fato é que isso nos garante uma boa vantagem de dano inicial e alguns turnos extras para fazer aquela bagunça.

Para deixar as batalhas mais apimentadas e nos dar mais liberdade de estratégias, Metaphor: ReFantazio aplica o chamado sistema de Arquétipos. Ao longo de nossa jornada, conforme fortalecemos a amizade com a galera, vamos liberando novos Arquétipos que, em essência, funcionam como classes. Ao equipa-los (através de um sistema idêntico ao Velvet Room), nossos personagens ganham um boost em seus atributos básicos, resistências e fraquezas, novas habilidades e acesso à armamentos únicos. E, também, podemos liberar golpes em sincronia que gastam mais turnos para dar mais dano e efeitos especiais.

Esse esquema é bem maneiro, e a possibilidade de liberar novos Arquétipos e combinar habilidades realmente faz com que o jogo seja bem mais profundo e interessante do que se esse não fosse o caso. Conseguimos montar alguns combos bem quebrados se quisermos, e a possibilidade de distribuir os pontos de melhoria quando nosso protagonista evolui ajuda a criarmos um herói exatamente da forma que quisermos. O meu, por exemplo, era um mago sortudo focado em dar suporte aos aliados enquanto aplicava desvantagens nos inimigos.

Metaphor: ReFantazio
Amizade é poder. (Imagem: Divulgação)

Metaphor: ReFantazio também conta com muito conteúdo adicional, que nos faz precisar ser espertos com a maneira que gastamos nosso tempo. Só podemos fazer uma atividade durante o dia e noite, e quando exploramos não podemos fazer mais nada. Isso é interessante, contudo senti que alguns prazos eram curtos demais para que pudéssemos fazer tudo que desse vontade. Outro positivo, e achei um tanto quanto inovador, é a forma que algumas masmorras são exploradas. Não contarei spoilers, mas podem acreditar que algumas delas irão surpreender e, até, tirar alguns sorrisos de vocês.

De ponto negativo, no geral, achei apenas que o título se apoia um pouco demais nas fundações de Persona, e na franquia Shin Megami Tensei no geral. Não que isso seja um problema, de forma alguma, nem indicativo de que tudo seja apenas uma cópia. Contudo, as semelhanças por vezes são gritantes, e acho que podem ter o efeito de diminuir o real valor que o jogo apresenta durante sua duração.

Metaphor: ReFantazio
Mandando o passinho. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

A parte visual de Metaphor: ReFantazio é excelente, principalmente na arte, no design dos personagens e monstros, de alguns cenários e dos menus como um todo. Tudo é bonito, vistoso, cheio de charme e com uma originalidade suficiente para nos marcar. O único negativo que notei foram algumas texturas mais serrilhadas e um certo excesso de saturação em algumas cores, mas algo muito raro.

A trilha sonora, também, é fenomenal. A dublagem é muito boa, e com legendas em português. As músicas, também, são todas muito bem compostas e com um bom potencial para aumentar o peso dos diversos momentos do jogo. O tema de combate merece um salve em especial, por ser bem chiclete e ficar na nossa cabeça.

Metaphor: ReFantazio
Adorável. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Metaphor: ReFantazio?

Devo mandar a real, leitores e leitoras. Achei Metaphor: ReFantazio um jogo sensacional, caindo com facilidade na minha lista de melhores do ano até o momento. E diria que essa sensação se manteria, até, se eu não tivesse nenhum conhecimento da série na qual ele tanto se inspira. De fato, o jogo conseguiu superar as expectativas e quebrar as correntes que o fariam ficar subjugado ao Persona.

A história é boa e nos faz pensar, os personagens são carismáticos, o sistema de Arquétipos é bem maneiro, temos muitas missões, mecânicas e um monte de coisas para descobrir e fazer. Além disso, a parte audiovisual não decepciona em nada. Tirando uma certa semelhança exagerada com Persona em alguns momentos e a questão do tempo curto de algumas missões, o jogo entrega valor mais do que suficiente.

Sendo assim, não tenho como deixar de recomendar Metaphor: ReFantazio. O jogo me divertiu e prendeu do começo ao fim, e realmente acredito que ele seja um dos JRPGs mais divertidos que apareceram na praça até o momento. Se curtir o gênero, ou videojogos bons no geral, pode ir sem medo no coração. Tenho certeza que não irá se arrepender.

Metaphor: ReFantazio chega no dia 11 de outubro para PlayStation 4, PlayStation 5, PC, via Steam e Windows Store, Xbox One e Xbox Series X|S. Comprando pela Nuuvem você tem descontos, eventuais cupons e ainda pode parcelar em até 12x no cartão. Os links acima auxiliam o Pizza Fria a continuar crescendo!

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX, com código fornecido pela SEGA of America.

Metaphor: ReFantazio

+ R$ 299,90
9.5

História

10.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • Trama que cativa e convida a uma análise crítica sobre temas importantes
  • Sistema de arquétipos é bem legal e completo
  • Muito conteúdo, entre missões principais e secundárias
  • Algumas masmorras apresentam boas variações para a fórmula já conhecida
  • Lindo de ver e ouvir

Contras

  • Alguns limites de tempo poderiam ser maiores
  • Algumas mecânicas lembram Persona um pouquinho demais

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.