Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains | Review

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains é um RPG de combate em turnos, com uma forte inspiração dos clássicos de outrora, desenvolvido pela SOFTSTAR ENTERTAINMENT em parceria com a DOMO Studio e publicado pela dobradinha de eastasiasoft. O título, que se passa na idade medieval, tenta inovar juntando relatos históricos com magias e loucuras envolvendo demônios e espíritos. Meio que me lembrou Shadow Hearts, até. Bons tempos.

E aí, será que vale a pena cair pra dentro dessa aventura? É o que veremos agora, em mais uma análise quentinha do Pizza Fria!

Uma viagem diferente, pro bem e pro mal

Se tem uma coisa que o meio dos videojogos nos ensinam, pupilos e pupilas de minh’alma, é que não existe um período histórico nesse planeta em que vivemos, dentro dessa linha temporal específica, que não possa ser dobrado para gerar obras tão malucas quanto divertidas. Dinossauros? Aprendemos algo na escola, sim. Algo envolvendo o fato de terem surgido cerca de 233 milhões de anos atrás (segundo a internet) e que frangos são os parentes mais próximos do T-Rex que temos notícia. Legal, não?

Já os jogos nos ensinam mais. Por exemplo, segundo Cadillacs and Dinossaurs haviam pessoas que conseguiam domar e derrubar os terríveis lagartos na base da bordoada. Um deles, inclusive, usando um boné de posto de gasolina e dirigindo um carro turbinado. Outros, que existiam samurais no Japão feudal que davam socos na cara de tigres e adoravam cantar baka mitai em bares e saunas.

De toda forma, a mistura do mundano e do passado com o fantástico sempre foi aproveitado nos mais diversos tipos de mídia. Afinal, existe um apelo único na justaposição entre o que já sabemos, do natural e do já ensinado, com a loucura da fantasia. É nessa pegada que se baseia nosso jogo da vez: Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains
História sendo refeita. (Imagem: Divulgação)

História

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains conta as pelejas de Septim, um cavaleiro enviado por Pippin terceiro, rei dos francos entre os anos de 751 e 768, para a cidade de Veneza com uma missão peculiar. Conseguir um translado para as terras árabes em uma missão tão secreta quanto delicada e importante. O que começa como algo relativamente mundano acaba tomando uma virada maluca quando nosso camarada se vê envolvido com demônios, lutando para salvar pessoas de serem queimadas na fogueira e entrando em um jarro de barro. Que onda.

Devo admitir que a trama do jogo me surpreendeu por diversos motivos, tanto por qualidade quanto pela total insanidade da coisa. Algumas temáticas são interessantes, como o preconceito que Septim recebe por ser de origem chinesa, embora cavaleiro de um reino ocidental, da busca fanática por hereges e das mortes sem sentido que resultam disso, da busca obcecada por um objetivo a qualquer custo. O crescimento do herói ao longo da jornada, principalmente após trocar ideia com um certo monge, também foi muito bom de se ver.

Por outro lado, Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains também surpreende ao tirar alguns acontecimentos do chapéu, sem mais nem menos. Pactos com o demônio, gente crucificada, cachorros que falam, Septim desenvolvendo poderes quebrados sem nenhum desenvolvimento prévio. Novamente, o fato de nosso protagonista ter um jarro de barro com um mundinho dentro no qual vivem demônios, e por aí vai. Nem tudo funciona, mas há de se dizer que sempre estamos ficando de queixo caído por um motivo ou por outro.

Isso poderia ser melhor se o jogo fosse melhor traduzido para o inglês, infelizmente. Por vezes me senti jogando aqueles clássicos do PS1 com uma tradução maluca, vide Final Fantasy Tactics, no qual certas partes do enredo perdem seu impacto pelo simples motivo das falas dos personagens serem escritas de formas erradas ou pouco naturais. Estar no meio de uma luta frenética, com uma música sombria e macabra, para então ouvir Septim dizer alguma frase de efeito quebrado ou mal traduzida não tem preço, no entanto.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains
O famoso mundo do jarro. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains se comporta muito como um RPG da época do PS1, tanto na forma que se apresenta quanto no ciclo mais mundano de jogo. Novamente, não entendam isso de maneira errada. Afinal, segundo as vozes de minha cabeça, muitos dos melhores jogos do estilo surgiram na época do Super Nintendo e foram cair no apreço da galera na época do queridinho da Sony.

Nossas aventuras nos levam a diversos lugares a serem explorados em busca de pontos para botar a trama para a frente, combates para ficarmos mais fortinhos e missões paralelas para completar. Algumas são mais simples, envolvendo coisas como resolver problemas matemáticos, até algumas mais complexas. O único problema é que muita coisa não é mostrada claramente, o que acaba fazendo que deixemos muito de lado. Isso também não é facilitado com a tradução maluca que fizeram.

Na hora da pancadaria, o combate se divide em turnos nos quais cada combatente pode realizar as ações de sempre, como atacar, usar magias e por aí vai, conforme a barra de ação se enche. Um outro medidor, também, permite o uso dos ultimates, golpes fortíssimos que podem virar a mesa quando necessário. Além disso, Septim pode utilizar seu jarro de barro mágico para capturar alguns dos demônios que usa, contanto que eles estejam com a vida suficientemente baixa.

Esse lance é uma das grandes sacadas de Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains. Os demônios que capturamos podem ser utilizados para diversas finalidades, como equipamentos que aumentam atributos básicos, invocações de uso único que dão dano constante ao longo de combates, e também como catalisadores para a mecânica de fusão que fizeram. Pensem em algo tipo o que vemos na saga Shin Megami Tensei, mas com a possibilidade de combinar tudo com tudo.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains
Fechou o tempo. (Imagem: Divulgação)

Esse lance de fusões através do filtro de barro mágico de Septem é útil por demais. Por exemplo, podemos fundir demônios entre si, gerando novos itens ou demônios mais fortes. Até aí, tudo chato e nada de novo. O interessante é que também podemos combinar itens, armas, armaduras e tudo mais, criando um plantel considerável de resultados para explorar. Usar esse troço compensa, e pode ser a diferença entre passar raiva com um chefe em específico ou quebrá-lo no meio fácil, fácil.

Mas, nem tudo são flores nem jarros mágicos. Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains é um jogo meio estranho, seja na movimentação do personagem no mundo principal, nos menus abarrotados de coisas, em mecânicas explicadas pela metade, e afins. Além disso, ele tem um péssimo hábito de dar um crash bem na hora que esquecemos de salvar. Não é de quebrar a roda da carroça, mas certamente não me fez sorrir nem cantar de alegria. Pelo contrário, inclusive.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains
Fundir tudo com tudo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains tem visuais bem legais, em minha opinião. Acredito que me fez lembrar bem aqueles títulos da era que ele me parece se inspirar, como Suikoden ou os últimos Breath of Fire (menos o Dragon Quarter, Deus me dibre), inclusive fazendo uso de AMVs tiradas direto da época. Outro ponto de nota é que ele se baseia no estilo antigo de arte chinesa, o que dá um ar bem único pra coisa. Como negativo, cito que alguns retratos de personagens ficaram bem estranhos (Nicole, por exemplo) e que a interface é bem obtusa.

No campo sonoro, o jogo conta com trilhas boas, que sabem vender bem as emoções que precisamos sentir naquele momento em específico. Principalmente nos momentos em que a trama toma seus rumos mais sombrios.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains
A velha guarda. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains?

É tempo, meu povo. Será que Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains vai valer nosso tempo e cada vez menor reserva de papel moeda? Bom, isso é uma pergunta mais complicada que parece. Eu tive sentimentos mistos durante todo meu tempo de jogo, em muito devido aos altos e baixos que comentei ali pra cima. Mas, vamos lá. Começando pelo legal.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains é uma boa homenagem aos RPGs das antigas, em cara e coração. Temos um sistema de fusão maneiro, visuais legais, um combate divertido e uma trama completamente maluca que nos deixa sempre sem saber o que vai rolar, e sem acreditar no que rolou. Isso, mais do que tudo, foi o que me prendeu. Mas, essa mesma história é apresentada com uma tradução inconsistente, através de um jogo meio travado e com uma mania feia de fechar sozinho quando não deveria. Além disso, muito do que poderia ser legal se perde por trás de condições secretas ou escondidas por traduções zoadas.

Mas, tive raiva de Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains ? Em alguns momentos, sim. Contudo, segui jogando na firmeza por acreditar que coisas melhores viriam. E, de fato, elas vieram. Por tanto, creio que o título seja uma boa recomendação para os apreciadores do gênero. Contudo, sabendo que alguns pontos precisaram ser relevados para o aproveitamento total.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains chegou neste mês para Nintendo Switch e está disponível para PC, via Steam, desde julho.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela eastasiasoft.

Xuan-Yuan Sword: Mists Beyond the Mountains

+ R$ 44,49
7.5

História

8.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

7.5/10

Extras

7.5/10

Prós

  • História divertida e imprevisível
  • Sistema de fusão bem completinho
  • Combate diverte
  • Captura bem o espírito dos clássicos

Contras

  • Tradução em inglês bizarra, com falhas
  • Costuma fechar sozinho as vezes
  • Muito se perde ou por falta de apresentação, ou pela tradução torta
  • Sem PT-BR

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.