Copycat | Review

Copycat chamou minha atenção no Steam Next Fest de junho de 2024, onde pude jogar a demo que trazia o início da história. O game de exploração em 3D, com foco narrativo, nos coloca no controle de Dawn, uma gata de rua que foi adotada por Olive para substituir sua antiga gata. Na demo, tanto o desenvolvimento da trama quanto o gameplay me chamaram a atenção o suficiente pro título entrar no meu radar.

Agora, à convite da Spoonful Of Wonder, pude conferir a versão completa de Copycat e, confesso, me emocionei ao jogar. É um game que, provavelmente, aqueles que têm carinho pelos seus animais de estimação ou passaram por alguma situação semelhante à de Olive, vão se sentir abraçados pelo jogo. Quer saber o por quê? Vem comigo em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Casa nova, regras novas

Dawn é nossa protagonista da vez. No começo do game, Olive, uma senhora de idade, que enfrenta um grave problema de saúde, vai ao abrigo da cidade em busca de uma companhia e faz a adoção da nossa gatinha, que pode ter sua aparência personalizada entre seis opções diferentes, mas todas popularmente conhecidas como vira-latas, aqui no Brasil.

Dawn é nossa “copycat”, que em português significa imitadora. E há um porquê disso. Ela foi adotada para ser exatamente como a antiga gata de Olive, que fugiu em uma noite onde a idosa passou mal, e precisou de atendimento médico por uma ambulância. Ao retornar para casa, Olive sente falta da sua amiga, e em busca de uma companhia, decide fazer uma nova adoção – exatamente como aquela gatinha que já estava acostumada.

Copycat
Olive tem toda paciência do mundo com Dawn (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Os primeiros dias de Dawn na nova casa são de adaptação. Tanto para ela, que chega em uma nova casa, com novas regras, quanto para Olive, que precisa ter a consciência de que apesar da aparência idêntica, sua nova Dawn tem uma personalidade bem diferente da sua antiga gata. Nesse meio tempo, nós, como jogadores, controlamos a gatinha pela casa da idosa, explorando e executando ações pré-definidas, como derrubar pratos na cozinha, arranhar uma poltrona, entre outros.

Mesmo nossa gata sendo “da pá virada”, Olive tem apreço e paciência com ela, além de uma responsabilidade maior, afinal, se sente culpada por ter deixado sua antiga companheira fugir. Acontece que alguns acontecimentos narrativos nos mostram o que levou a antiga gata a desaparecer, e quando ela reaparece, Olive coloca sua primeira Dawn para dentro de casa, deixando a nova Dawn do lado de fora.

Copycat
Fofura e bagunça (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Falando assim, Copycat nos prega algumas peças narrativas interessantes, mesmo com suas quase três horas de duração (eu levei 2h40 para finalizar o game). O pouco tempo é compensado por uma história intensa, emocional, e que traz um toque diferenciado, em especial para quem tem animais de estimação. Eu nunca tive um gato, sempre gostei mais de cachorros, e mesmo assim o título me emocionou. A arte é realmente uma coisa impressionante.

Gameplay simplório

Se a história de Copycat é o ponto alto do jogo, o mesmo não pode ser dito sobre seu gameplay. Com quase três horas de duração, é um título linear, que abusa de repetições de recursos por muitas vezes, e por mais que exista uma certa variedade em mecânicas, é algo que deixa um pouco a desejar e fica um gostinho de que poderia ser melhor explorado.

Copycat
Oi! (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Enquanto está dentro da casa de Olive, o gameplay da nossa Dawn é bem básico. Podemos explorar a casa, subir em alguns móveis, derrubar coisas ao passar por elas e executar as ações que nos permitem avançar na narrativa, como roubar uma comida e colocar no nosso potinho, ou fazer alguma ação para chamar atenção da idosa. Para executar essas ações, Copycat faz uso de um personagem que é chamado de Biólogo, uma voz que fala para nós, jogadores, o comportamento de Dawn e parte dos sentimentos da gatinha. Na prática, funciona muito mais como um narrador do que como um biólogo, mas tudo bem.

Eu pensei que a casa de Olive, ambiente no qual passamos cerca de metade do jogo, seria um teste para o que viria depois, quando acabamos indo para a rua. Mas não foi isso que aconteceu. Por mais que Dawn tenha um momento de exploração no quintal, não há uma mecânica de exploração nas ruas, ou mesmo uma área aberta. O game é linear, ditando e orientando nossas ações, por vezes usando até um “guia” para mostrar onde você deve ir para prosseguir.

Copycat
Boa parte da segunda metade de Copycat usa ângulos de câmera para fazer o jogador apenas seguir em frente (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Para não dizer que exagerei, há mapas específicos em que podemos explorá-los quase que livremente, inclusive com o jogo nos perguntando na hora que chegamos na saída, se vamos embora ou se queremos explorar mais. Essa técnica é aplicada no trecho do quintal, ainda na casa de Olive, pela primeira vez, e se repete em mais duas vezes ao longo do gameplay.

Fora isso, Copycat traz mecânicas de quick time events (QTE), onde devemos apertar botões na ordem e momento certo, na maior parte das vezes, durante interações com outros animais, e uma de endless run, que se popularizou em games mobile, onde devemos desviar de objetos que aparecem no caminho. A diferença é que aqui há um fim para a corrida.

Copycat
Olha, Dawn, eu acho que proibir doguinhos seria um enorme erro (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Um recurso que o jogo utiliza muito é colocar Dawn em um campo de sonhos, onde nossa personagem se torna uma pantera, e precisa cumprir alguns objetivos, como correr contra outros animais, perseguir algo ou coisa do tipo. Esses sonhos são estranhos, e parecem meio desconectados da proposta geral do game.

Mas, mesmo com essa certa simplicidade no gameplay, Copycat cumpre sua proposta. O foco não é oferecer uma experiência brilhante de jogabilidade, mas sim, uma narrativa mais emocional. E, pra isso, os elementos inseridos no título funcionam bem. Até mesmo uma falsa sensação de decisão, em momentos em que temos que escolher entre opções, contribuem para a proposta do jogo.

Audiovisual eficiente

Se o gameplay não é o ponto mais alto de Copycat, o visual é mais eficiente. Mesmo que o game não apresente gráficos super realistas, e tenha alguns problemas sérios com a física do pulo, que dura mais do que deve e passa a sensação que Dawn está planando no ar, é um jogo bonito, com uma excelente fotografia. A gatinha em si é charmosa, e a captura de movimentos do estúdio para criação das feições da personagem foram bem feitas.

Copycat
Uma simpatia que só! (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Mas me chamou atenção para o desempenho. O game não roda bem em resoluções altas, mesmo com uma máquina que supera e muito as recomendações mínimas (no momento que essa análise é escrita, não há requisitos recomendados na Steam). Para jogar Copycat com uma taxa de quadros mais estável, precisei reduzir a qualidade gráfica e a resolução em uma RTX 2080, acompanhado de um Ryzen 5700x e 32Gb de RAM, para mirar nos 60 FPS, mas ainda assim com algumas quedas. Em momentos de pouca ação, no entanto, o game ultrapassa a casa dos 100 FPS.

Na parte sonora, há dublagem para os personagens humanos do jogo, miados diferentes para gatos, rugidos para os momentos de sonhos e para a pantera, latidos para os cachorros da vizinhança, assobios para os pássaros, entre outros. Funciona bem, a trilha sonora é boa, adequada à obra, e Copycat ainda conta com uma localização em texto muito bem adaptada para o português do Brasil. Ponto para a desenvolvedora!

Copycat
A fotografia de Copycat é maravilhosa (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Vale a pena comprar Copycat?

Se você estiver interessado em uma experiência emocional e narrativa, sim, Copycat vale a pena! Especialmente para aqueles que têm uma conexão forte com animais de estimação. O game se destaca pela sua história envolvente e tocante, que aborda temas de perda, adaptação e conexão, oferecendo uma trama que ressoa particularmente bem com aqueles que já passaram por situações familiares semelhantes à de Olive, a personagem humana do jogo.

No entanto, ao considerar o gameplay, Copycat apresenta uma jogabilidade simplória e linear, com mecânicas repetitivas e uma exploração limitada. Embora existam algumas variações como QTE e momentos de corrida, essas mecânicas não são tão desenvolvidas e deixam um sentimento de que o potencial não foi totalmente explorado. Há ainda o problema de desempenho, que deixa a desejar.

Em resumo, vale a pena comprar Copycat se o que você busca é uma experiência narrativa envolvente com foco emocional, que celebra a relação entre humanos e animais de estimação. O jogo cumpre bem essa proposta, mesmo que sacrifique a complexidade do gameplay em favor da história e da experiência sensorial.

Copycat será lançado no dia 19 de setembro e será publicado pela Neverland Entertainment e pela Nuuvem, para PC, via Steam. Versões para Nintendo Switch, PlayStation e Xbox estão em desenvolvimento e serão lançadas em uma data futura, ainda a ser definida.

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX, com código fornecido pela Neverland Entertainment.

Copycat

6.8

História

9.0/10

Gameplay

5.5/10

Gráficos e Sons

7.5/10

Extras

5.0/10

Prós

  • História envolvente e emocional
  • Visual charmoso
  • Boa localização para o português

Contras

  • Gameplay simplório e repetitivo
  • Problemas de desempenho
  • Exploração limitada

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.