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REYNATIS | Review

REYNATIS é um jogo de ação de ação e aventura, com leves elementos de RPG, desenvolvido pela FURYU Corporation e publicado pela NIS America. Nele, somos colocados para acompanhar as tretas e desavenças entre magos dentro e fora da lei em uma Shibuya diferente, mas ainda com a mesma vibe mística de sempre.

E aí, será que vai dar bom? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Tira o capuz, coloca o capuz.

Imaginem vocês, leitores e leitoras, se vivêssemos em um mundo no qual a magia fosse real. Não me refiro aquela do amor, nem do dinheiro e, tampouco, a da pólvora e do fogo. Nem a magia dos videojogos eletrônicos, que nos aproximam nesses momentos em que venho aqui ficar resmungando sobre as coisas de forma mais ou menos desconexa. Não, me refiro a mágica de verdade.

Mas, será que um mundo desses seria baseado na igualdade? Será que tanto magos quanto não-magos, seja lá como se chamarem, teriam os mesmos direitos e deveres? Será que eu usaria minha magia para fazer coisas banais como limpar a casa e dar banho nos cachorros? Essas perguntas, e algumas outras, surgiram em minha mente após jogar nosso joguinho da vez: REYNATIS.

Admito que fiquei interessado quando vi a premissa da aventura, além do design de alguns dos personagens. Trocar bolas de fogo e marretadas de trovão no meio de um distrito icônico de Tóquio foi apenas o último empurrãozinho para me laçar de vez. Agora, será que meu hype e expectativa foram atendidos? Será que saí um rapaz levemente menos ranzinza e resmungão? Bem, é o que veremos agora.

REYNATIS
E lá vamos nós. (Imagem: Reprodução)

História

REYNATIS se passa em um mundo no qual a magia é algo real, sendo que apenas alguns podem utilizá-la. Contudo, ao invés de escolas britânicas e bruxos, nossa aventura ocorre em um dos distritos mais cool de Tóquio: Shibuya. Contudo, essa versão do popular destino turístico não está aberta para o público durante todos os momentos do dia. Afinal, um toque de recolher foi declarado pela agência responsável por fiscalizar e controlar o uso de magia, e o risco de ataques de magos renegados e usuários de uma droga mágica são muito reais.

No meio dessa maluquice temos nossos dois protagonistas: Sari Nishijima e Marin Kirizumi. A primeira é uma oficial, e decide utilizar sua magia para manter a ordem e garantir que as coisas sigam o mesmo rumo de sempre, conforme o que é devido. O segundo, ao contrário, deseja usar sua mágica para encontrar seu lugar no mundo e traçar seu próprio destino.

A narrativa de REYNATIS, daí, passa a explorar a dualidade e as diferenças na realidade dos dois protagonistas, visto que Marin e Sari são opostos tanto em ideologia quanto no lugar que ocupam na sociedade. Além disso, também acompanhamos o desenvolvimento pessoal tanto da duplinha dinâmica quanto daqueles que os acompanham. Isso é feito tanto pelas cutscenes quanto por mensagens trocadas entre os personagens, que são bem legais de ler.

A trama de REYNATIS é um de seus pontos mais fortes, mesmo que algumas partes e personalidades não pisem nem um milímetro fora do lugar comum. Ao explorar a dinâmica da segregação de magos e não magos, além de questões como resistência e opressão, o título nos convida a pensar em pontos bem críticos e complexos tanto para o universo da Shibuya mágica quanto para o nosso próprio.

REYNATIS
Marin e Sari. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Como falei acima, caso não tenha alucinado novamente, REYNATIS é um ação e aventura dentro um mundo semi-aberto que exploramos enquanto completamos missões primárias e secundárias, encontramos grafites mágicos que conferem poderes especiais, lutamos contra monstruosidades variadas e aproveitamos a vibe da Shibuya virtual.

Começando pela ação, ela se dá através de uma mecânica em partes distinta, em partes bizarra. Vejam só, todo mago precisa liberar seu poder para tretar, o que o faz gastar mana mas dá acesso aos poderes e armas. Quando a mana acaba, ele precisa se suprimir e ficar esquivando e esperando até ela encher novamente. Em termos de jogo, isso significa que sempre estaremos ou batendo, ou usando o sistema de defesa automática (que consiste em apertar e segurar um botão enquanto um círculo se enche) para nos recuperar até a hora de bater novamente.

Podemos usar ataques fortes, fracos, de distância e esquivas, sendo que estas podem dar dano e encher a barra de mana até além do limite quando acertamos o minigame de encher o círculo. Tudo é bem vistoso e cheio de cores, além de ser bem bonito de acompanhar. Contudo, infelizmente, a mecânica se mostra mais trabalhosa do que divertida, ao longo do tempo.

Essa ideia, ainda que criativa, faz com que REYNATIS esteja sempre parando e começando, tal como nosso carro quando estamos aprendendo a usar a embreagem. Por vezes estava super animado, descendo a marreta nos inimigos e soltando dragões elétricos, quando minha mana acabou e precisei me esconder como um ratinho assustado. Pelo menos ela enche rápido, e temos uma boa quantidade de bonecos para utilizar.

REYNATIS
Marretada. (Imagem: Divulgação)

Outra mecânica curiosa, mas pouco efetiva, é a do estresse. Nossos protagonistas ficam estressados falando com os outros, o que possui o efeito de aumentar o dano causado e recebido. Ainda que seja legal e introduza uma mecânica de risco e benefício, esse esquema acaba sendo pouco utilizado pois os incrementos em que o estresse sobe são pequenos e facilmente curáveis. Ao menos, devo dizer, conseguiram expressar bem a raiva cotidiana do trabalhador médio que precisa socializar na rua, não é mesmo?

Fora isso, REYNATIS conta com missões primárias e secundárias para seguirmos, uma taxa de malícia que desce conforme completamos conteúdo e um esquema interessante presente quando jogamos com Marin. Como ele é um mago fora do sistema, seu uso de magia é banido e reportado pelas pessoas sempre que utilizamos os poderes. Após certo tempo, isso faz com que sejamos alvos de esquadrões policiais. Contudo, esse risco pode ser facilmente mitigado ficando em pé um tempo em locais específicos feitos para fazer com que as pessoas se esqueçam do que viram.

Em suma, REYNATIS possui alguns fundamentos muito bem desenvolvidos, e mecânicas criadas para transcrever as temáticas de dualidade e controle para a jogabilidade, vide todo lance de supressão e dos dedos duros que nos denunciam. Contudo, muitas dessas mecânicas não foram bem aproveitadas, gerando mais a sensação do que poderia ter sido do que a alegria do que foi.

REYNATIS
Que combo. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

REYNATIS possui visuais bem legais, principalmente no que se refere ao design dos persongens e do distrito de Shibuya. Tudo é bem vivo e colorido, além de bem animado e cheio de vida. Outro ponto positivo são as animações e golpes durante as lutas. Contudo, temos texturas meio grosseiras em alguns pontos e as animações do rosto dos personagens são bem robóticas.

A trilha sonora, por outro lado, agrada bem mais. Tanto as músicas de batalha quanto aquelas que tocam durante nossas andanças são boas de ouvir, deixar uma atmosfera bem maneira e ajudam a elevar a experiência como um todo.

REYNATIS
As magias são em legais. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar REYNATIS?

Hora de relembrar, belas leitoras e leitores dessa e de outras realidades, os pontos positivos e negativos de nosso queridão de hoje para saber se, de fato, ele vale nosso tempo. Do lado da alegria, temos uma trama interessante, um combate vistoso e colorido, uma boa varidade de bonecos com poderes diferentes, alguns designs bem legais para os personagens e uma cidade viva e bem representada.

De negativo, temos mecânicas não tão bem implementadas, animações faciais robóticas, um combate que não engata bem, além de certa repetição nas missões e problemas bem enjoados com queda de frames e performance em determinados momentos, principalmente quando mudamos de uma tela para outra. Principalmente em mapas com maior fluxo de pessoas.

Ao fim e ao cabo, eu achei REYNATIS um jogo bem interessante, tanto por algumas das mecânicas que ele propõe quanto por sua ambientação e trama. Contudo, os problemas estruturais que citei acabam impedindo que o jogo alcance tão alto quanto poderia, e deixam a experiência como um todo relativamente menos mágica (piadas, piadas) do que poderia ser.

REYNATIS será lançado oficialmente em 27 de setembro para PlayStation 4, PlayStation 5Nintendo Switch e PC, via Steam. Uma demo gratuita está disponível em todas as plataformas acima.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela NIS America.

REYNATIS

R$ 314,99
7.5

História

8.0/10

Gameplay

7.0/10

Gráficos e Sons

7.5/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Premissa interessante
  • Proposta da dualidade entre os magos renegados e legais é aplicada como mecânica de jogo
  • Shibuya ficou bem ambientada
  • Boa quantidade de personagens para jogar, com poderes diferentes
  • Alguns personagens tem um design bem legal

Contras

  • Problemas de performance
  • Mecânicas não tão bem implementadas geram mais incômodo que diversão
  • Ter que parar para recuperar a mana quebra o fluxo do combate
  • Animações faciais muito robóticas
  • Sem legenda em português do Brasil

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.