Absolum | Review
Absolum é um jogo que despertou minha curiosidade quando testei a demo dele em alguns dos festivais de demos do Steam, principalmente por se tratar de um beat’n up, um gênero que gosto tanto e que já me trouxe muitas memórias gostosas de tardes divertidas com amigos. Entretanto, uma coisa sempre me manteve com os dois pés atrás em relação a esse jogo, o fato de ele ser um roguelike. E não me entenda errado, isso não é um demérito do jogo, mas quem acompanha alguns dos meus textos aqui do Pizza Fria já sabe que sou o maior hater de jogos roguelike que existe. Poucos jogos do estilo me agradaram.
Pois bem… aqui estamos com Absolum, um jogo que de um lado pertence a um gênero que gosto, e do outro de um gênero que eu detesto. E obviamente, essa dicotomia despertou minha curiosidade para ver o que os desenvolvedores conseguiram fazer com esse título. Se você, assim como eu, também está curioso com essa mistureba de estilos de jogos, vem comigo entender se o resultado dessa mistura deu bom ou não, em mais uma análise do Pizza Fria!
O que é Absolum?
Absolum é essencialmente um roguelike em 2D com combate e mecânicas de jogos beat’n up como Golden Axe e Streets of Rage . O título foi desenvolvido pela Guard Crush Games e Supamonks, publicado pela Dotemu para PC via Steam, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch e Nintendo Switch 2. O jogo se passa em Talamh, um mundo fantástico devastado por um cataclismo mágico. E após essa catástrofe uma ditadura sangrenta liderada pelo Rei Sol Azra começou a se erguer até atingir o domínio do reino através do medo e da força. Azra, para evitar qualquer tipo de rebeldia contra seu reinado, decidiu banir a magia, perseguir magos, e principalmente intensificar a tirania e a violência no reino.
Eis que entra você nessa história, jogando como um dos rebeldes sobreviventes (Galandra, Karl, Cider, e mais tarde Brome), cada um com estilo, habilidades e motivações distintas, numa jornada para recuperar a magia do reino, resgatar sobreviventes confrontar os monstros e as tropas lideradas por Azra e derrotar o tirano que assola o reino. A trama não tenta reinventar o gênero, mas é interessante, traz personagens divertidos, vilões e inimigos memoráveis e funciona como pano de fundo para porradaria desenfreada.

O mundo de Talamh é riquíssimo visualmente, um lugar onde magia, tecnologia, ordem e tirania se enfrentam constantemente. O Rei Sol Azra é um vilão interessante que é Onipresente praticamente o jogo inteiro, gerando uma tensão e uma ansiedade para descer a porrada nele. O visual em 2D desenhado à mão dá vida ao mundo, e a trilha sonora reforça o clima de resistência e misticismo. Não é o tipo de história que guia o jogo, mas complementa o gameplay com personalidade e carisma, e vai te tirar boas risadas com os amigos durante a jogatina.
Outro ponto altíssimo do jogo é a sua excelente trilha sonora, que conta com grandes nomes como Mick Gordon (responsável pela trilha de Killer Instinct, DOOM de 2016 e DOOM Eternal) e Yuka Kitamura (responsável por algumas músicas da franquia Dark Souls, Sekiro e Bloodborne). Então, sabendo desse time, convenhamos que é praticamente impossível sair uma trilha sonora ruim, não é mesmo?

O gameplay beat’n up
O gameplay de Absolum é o grande protagonista do jogo, afinal é o que se espera de um jogo focado no combate, e principalmente, na repetição intrínseca ao gênero roguelike. E como esperado dos estúdios envolvidos no excelente Streets of Rage 4, o combate é fenomenal, é rápido, responsivo, com uma boa combinação entre ataques leves/pesados, esquivas, contra-ataques, uso de magias e de habilidades especiais dos personagens.
Falando em personagens Absolum traz no seu lançamento apenas 4 personagens jogáveis, cada um com sua própria história e principalmente com suas características de combate:
- Galandra é a guerreira com espada pesada, danos diretos, golpes pesados e lentos mas devastadores.
- Karl, o anão briguento é o personagem mais versátil tendo uma boa variedade de golpes corpo a corpo e ainda por cima um bacamarte para auxiliar no combate a longa distância.
- Cider é uma ninja com partes mecânicas, é a mais ágil dos protagonistas de Absolum com golpes rápidos, foco em mobilidade, adagas, armadilhas e combos aéreos.
- Por último, Brome, o mago-sapo, é o famoso “Canhão de Vidro” focado em magias, danos assustadoramente gigantescos, mas em compensação possui pouca vida, pouca mobilidade e poucas ferramentas para lidar no combate a curta distância.

No fim cada um desses personagens traz um estilo de jogo diferente que pode ser alterado, customizado e moldado conforme o jogador preferir, dependendo dos itens disponíveis nas runs e principalmente da sua sorte.
A parte roguelike
Absolum traz uma estrutura de roguelike diferente de outros jogos do gênero, aonde o objetivo final da sessão é derrotar o rei Azra, porém o jogador pode escolher diversos caminhos para chegar até lá. Alguns mais longos com mais recompensas, outros mais curtos com recompensas maiores, porém com inimigos mais desafiadores. Outros caminhos haverão missões secundárias para serem completadas e desbloquear novos itens, upgrades e recursos permanentes para o jogador. Tudo isso sem contar os MUITOS, mas MUITOS segredos escondidos, salas, caminhos, chefes, itens e recompensas escondidas nos mapas.
Em outras palavras é aqui que Absolum mostra o que o diferencia de outros beat ’em ups modernos. O jogo não se limita a repetir fases; ele constrói uma experiência viciante que raramente se torna repetitiva, algo que é crucial para um gênero que se apoia na rejogabilidade. Durante a jornada, o jogador coleta Rituais, Relíquias e Essências, que funcionam como modificadores temporários.

Eles alteram drasticamente o estilo de jogo: um Ritual pode transformar ataques básicos em magias flamejantes, aumentar a velocidade em troca de resistência ou permitir reviver uma vez após a morte. Esses bônus têm sinergias, o que gera builds imprevisíveis e estratégias emergentes, o tipo de sistema que faz você querer “só mais uma run”, ou “vou recomeçar para tentar fazer a build perfeita”. Entre as tentativas de Absolum, há uma base central onde é possível gastar recursos obtidos nas runs anteriores.
Esses upgrades são permanentes, fortalecendo atributos, desbloqueando magias e liberando upgrades. É um sistema que recompensa tanto a habilidade quanto a persistência dos jogadores, permitindo que o jogador progrida no jogo em todas as tentativas, mesmo se ele falhar em derrotar Azra. Outro ponto interessante é a presença de escolhas dinâmicas durante o percurso. Às vezes, o jogador precisa optar entre seguir um caminho mais arriscado (com recompensas maiores) ou outro mais seguro, porém com menos loot. Essa tomada de decisão dá ritmo e tensão a cada run, e lembra bastante o fluxo viciado de jogos como Hades e Dead Cells.

O resultado? Um ciclo viciante de progresso e aprendizado: você apanha, melhora, experimenta uma nova build, ou um novo personagem, ou uma nova magia e sente que está evoluindo. É o tipo de design que faz um roguelike funcionar; e Absolum entende isso muito bem, mais do que a maioria dos milhares de roguelikes espalhados pelo mercado.
Vale a pena jogar Absolum?
Absolum ja é um dos meus jogos favoritos do ano, sim eu sei num ano tão disputado como 2025 é difícil falar isso. Porém, confia em mim: Absolum não é somente mais um roguelike perdido no mar das lojas de games, sendo um jogo com grande potencial para se tornar um dos melhores beat’n ups da história. Assim, ele poderá também rivalizar com grandes nomes do gênero roguelike como Hades e Dead Cells. Então se você gosta desses jogos, Absolum é mais que uma recomendação de jogo, é quase uma obrigação.
No fim não teria como ser diferente, um jogo que conseguiu me tirar dezenas de horas testando builds, descobrindo segredos, dando risadas e explorando o mundo é uma recomendação fácil, até mesmo para aqueles que, assim como eu, viram o rosto quando descobrem que o jogo é “mais um roguelike”. Vai por mim, Absolum tem potencial para disputar contra os principais jogos do ano (e estou falando de Hades 2 mesmo).
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Dotemu.


