Dragon is Dead | Review
Dragon is Dead é um roguelike, com foco em ação, desenvolvido pela TeamSuneat e publicado pela PM Studios, inc. Nele controlamos o Sucessor, um camarada que surge como a única esperança para derrotar um dragão tenebroso que anda fazendo a vida de todos no reino ser um inferninho na terra. Dragões e seus comportamentos indelicados, não é mesmo?
Mas e aí, será que vale a pena encarar? É o que saberemos agora, em mais uma análise totalmente excelente do Pizza Fria!
Só sucesso(res)
Mais um dia, mais um ciclo infinito de falhas com pequenos avanços para degustarmos. De fato, leitores e leitoras deste que pode ser considerado o site mais glorioso deste lado das internets, nada melhor para espantar o fantasma do tédio do que uma boa e peleja com um roguelike e suas mecânicas desenhadas para nos ensinar de maneira forte, porém atenciosa.
E nada melhor para trazer esses sentimentos do que nosso jogo do dia: Dragon is Dead. Além de seu claro descaso pela raça de dragões e draconídeos em geral, nosso parceiro chega com a proposta de entregar um rogue em duas dimensões com um bom foco em combate e na customização de habilidades de personagem a cada run, algo que particularmente acho bem interessante.
Afinal de contas, o mercado de jogos do tipo está relativamente saturado esses dias e toda pequena grama de originalidade deve ser explorada pelo título que desejar se destacar na multidão. Mas, fica a pergunta: será que esse foi o caso com nosso queridão da vez? Ou será que estarei apenas me enganando e atrasando uma decepção, como faço com quase tudo na vida? É o que vamos saber agora, meu povo.

História
Dragon is Dead se passa em um mundo que, como costuma acontecer em jogos desse estilo, está sendo consumido por um mal inimaginável. Vejam só, essa terra costumava ser habitada por uma tribo de dragões que, também como é costumeiro dessa galera, decidiu enfrentar os deuses de frente para clamar o poder supremo. Contudo, esse plano deu super errado e todos eles foram mortos. Com a exceção de um, chamado Guernian.
Cheio de raiva e mágoa, o tal dracono decidiu que iria abrir uma fenda no mundo para corromper tudo que estivesse ao redor, certificando-se que todos nos sofreríamos como ele sofreu. O que é um absurdo, visto que nem todos foram a favor desse plano maluco de matar divindades e tudo mais. Eu, ao menos, votei contra na assembléia.
Mas não temam! Eis que surge o Sucessor, matador de dragões, cheio de raiva e habilidades muito específicas que caem como uma luva nesse momento. É através de seus olhos que acompanhamos o desenrolar de Dragon is Dead enquanto passamos por todos os locais arrasados do reino, observamos a miséria dos que vivem nele e tentamos dar um fim no problema.
Eu curti a premissa geral do título e a forma que ele constrói seu universo, com depressão e ruína para ninguém botar defeito. Contudo, acho que a narrativa poderia ser mais bem explorada através de mais diálogos ou textos, visto que a maioria do que vemos é antes de entrarmos em cada novo “bioma”, não sendo suficiente para realmente trazer a proposta com toda a glória que poderia ter.

Jogabilidade
Em se tratando de jogabilidade, Dragon is Dead combina as mecânicas rogue com uma ação hack n’ slash 2D, com um grande enfoque no melhoramento de equipamentos e na combinação de efeitos de runas e relíquias para fortalecer nosso boneco. O objetivo, como sempre, é tentar chegar até o final do jogo em uma única run, com recursos que se perdem ao morrer e alguns que podem ser mantidos para melhorarmos nosso personagem para tentativas subsequentes.
Em se tratando de combate, podemos escolher três personagens com estilos de jogo bem diferentes. Cada um possui um foco específico como manipulação elemental, a possibilidade de atacar à distância, e por aí vai. Além disso, suas árvores de habilidades são bem distintas e, também, permitem uma boa customização de nosso estilo de jogo.
Por exemplo, o personagem inicial de Dragon is Dead pode imbuir suas armas com diversos elementos diferentes que, a depender, podem causar variados status nos inimigos. Conforme vamos subindo na árvore de skills podemos escolher outras magias com efeitos bem distintos, sejam passivos ou ativos, para construir uma build que seja exatamente dentro de nossas preferências.
Essa é uma das maiores forças do jogo, porque garante que temos toda liberdade para definir nosso estilo de jogo e , conforme desejarmos, testar diferentes combinações até achar a que mais nos agrada. Eu, por exemplo, me foquei na árvore de gelo que deixava os inimigos lentos ou congelados e, de quebra, aumentava a chance de receberem dano crítico

Outra mecânica interessante de Dragon is Dead são as relíquias. Elas são itens que obtemos ao longo de nossas runs, e perdemos ao morrer, que conferem habilidades passivas únicas para o jogador. Aumento de dano, chance de crítico, e por aí vai. Contudo, elas também possuem uma estatística chamada sinergia que aumenta conforme vamos pegando relíquias com um mesmo tipo.
Por exemplo, temos uma que possui o tipo “fera”. Cada relíquia com essa característica soma um ponto na sinergia, e a cada dois pontos recebemos um efeito passivo novo. Aumento de dano base, maior velocidade de ataque, armadura, e por aí vai. Essa dinâmica é muito divertida e essencial para irmos até o final de nossas tentativas. Além disso, elas conseguem dar ainda mais profundidade ao sistema de builds e a forma que podemos construir o arsenal de nossos bonecos.
Em se tratando de melhorias permanentes, Dragon is Dead se foca mais nos upgrades de equipamentos. Diferente de outros jogos do estilo, a única coisa que perdemos em morte é ouro e relíquias. Todos os itens continuam conosco, e podem ser melhorados para deixar o personagem ainda mais forte. Isso é uma boa, visto que certas armas, além de aumentar atributos básicos, também alteram a forma que certas habilidades são usadas. Uma, por exemplo, transforma o que seria um simples avanço em uma fênix que sai queimando os inimigos.

Tudo isso acaba resultando em um jogo bem divertido de se jogar, com um combate interessante e uma boa quantidade de opções para o jogador. E isso é essencial, visto que o título peca em alguns pontos relacionados a forma como lida com as fases que passamos. Diferente de jogos como Hades, por exemplo, sempre seguimos uma mesma rota até o chefão final.
Dragon is Dead não nos pergunta se queremos ir para a sala A ou B, com diferentes desafios, nem nos dá a opção de encontrar lugares que são apenas recompensas sem inimigos ou chefes. Isso acaba ocasionando, após certas sessões mais longas de jogo, uma certa sensação de repetição e tédio que poderia ser facilmente evitada com um pouco mais de variedade.
Por fim, e podem me chamar de noob se quiserem, senti um certo pico de dificuldade quando vamos nos aproximando do final. Eu sei que as coisas deveriam ficar mais difíceis, mas a impressão que tive é de que o jogo apenas aumenta o dano que tomamos, diminui o dos inimigos e coloca ainda mais projéteis zanzando pela tela ao mesmo tempo.

Sons e Visuais
Dragon is Dead possui visuais pixelizados bem legais e bonitos, com ares sombrios e deprimentes que conseguem passar com facilidade o ar de miséria e destruição que a história nos propõe. Também achei as animações muito bem feitas, os designs de chefes interessantes e, no geral, uma grande qualidade no pacote como um todo.
A mesma coisa digo da trilha sonora, que consegue ser bem melancólica nos momentos de pausa enquanto compramos com mercadores e mais acelerada quando o bicho está pegando de verdade. Contudo, ficamos sem as legendas em nosso idioma, e os textos em inglês podem ser um pouco travados as vezes, sem tanta fluidez.

Vale a pena jogar Dragon is Dead ?
Dragon is Dead, leitores e leitoras, é um roguelike que conseguiu me agradar bastante. Ainda que não seja tão desenvolvido em alguns aspectos, o título mais que compensa em outros pontos que conseguem garantir que a experiência seja agradável e divertida, apesar de uma ou outra coisinha aqui e ali que testem nossa santa paciência.
Temos um combate bem divertido, com três personagens distintos, uma boa quantidade de habilidades que mudam significativamente a forma de jogar, grande liberdade para builds e um sistema de relíquias que adiciona uma boa camada de complexidade ao conjunto da obra. De negativo, cito que o jogo pode ser linear demais, tem um salto de dificuldade injusto em certos momentos e poderia ter uma legendinha em nosso idioma.
Mas, no fim das contas, Dragon is Dead conseguiu me cativar durante toda sua duração. Achei um título bem redondinho, tudo considerado, sendo uma boa opção tanto para os que já apreciam o gênero quanto para aqueles que estão querendo conhecer. Seja qual for seu caso, pode dar uma chance sem medo que garanto: não irá se arrepender.
Dragon is Dead, título de ação hack-and-slash com elementos de roguelite, chega nesta sexta-feira, 6 de junho, para PC, via Steam.
*Review feita em um ROG Ally, com código fornecido pela PM Studios.
Dragon is Dead
BRL 59,99Prós
- Boa variedade de habilidades e estilo de jogo entre os três personagens
- Muitas habilidades que variam significativamente a forma de jogar
- Sistema de relíquias e sinergias dá uma boa camada de complexidade ao título
- Combate preciso e empolgante
Contras
- Narrativa poderia ser melhor exposta
- Pode ser repetitivo, pois não temos seleção de rotas
- Os inimigos no final são bem esponjosos, demorando a morrer e batendo demais
- Sem legenda em português