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FREEDOM WARS Remastered | Review

FREEDOM WARS Remastered é um jogo de ação em terceira pessoa, com foco em desafiar missões cada vez mais complicadas conforme avançamos em sua história, desenvolvido pela Dimps Corporation e publicado pela Bandai Namco Entertainment Inc. Nele, tomamos controle de um camarada super azarado que, pelo grande crime de perder a memória, acaba sendo condenado a uma pena de um milhão de anos de trabalho. Que droga, não é mesmo?

Mas, e aí, será que vale a pena encarar o rojão? É o que veremos agora, em mais uma análise totalmente rebelde do Pizza Fria!

Crimes e Punições

Já dizia Thomas Hobbes, leitores e leitoras de meus olhos, que a vida do homem em um estado de natureza é violenta, curta e cruel. De fato, por vezes o medo da pena por algo nos deixa consideravelmente receosos de fazê-lo. O receio de um pai ou uma mãe arrancar o controle do videogame e dar para o cachorro comer, de ser reprovado por colar em uma prova ou de ser expulso, permanentemente, de um restaurante por pedir abacaxi e pimenta em sua pizza. Crimes e punições, não é mesmo?

Em certos casos, contudo, o castigo é completamente desproporcional ao crime cometido. Por exemplo, ser banido permanentemente de um servidor de Counter Strike por cegar seu time vezes demais com suas próprias bangs. Ou de sua guilda do World of Warcraft por querer jogar sendo pacifista. Ou, como no caso de FREEDOM WARS Remastered, o simples ato de perder sua memória. Se fosse assim, a prisão de protagonistas de RPG viveria lotada, não é mesmo?

Ah, me lembro quando o título lançou no longínquo ano de 2014 (meu deus, como estou velho). Joguei horrores em meu PS Vita, chegando aos extremos de até conquistar todos os troféus. Apesar de suas faltas, o jogo era divertido e conseguia nos prender. Podem imaginar, então, minha empolgação em saber que ele receberia uma versão turbinada para os consoles moderninhos. Mas, será que ele realmente é tão legal quando me lembrava? É isso que vamos descobrir agora, gente bonita.

FREEDOM WARS Remastered
Ler review é crime? (Imagem: Divulgação)

História

FREEDOM WARS Remastered conta a história de um mundo em declínio, no qual os recursos são cada vez mais escassos e as dificuldades cada vez maiores. Para tentar resolver a questão, a humanidade se dividiu em diversos Panopticons, parecidas com cidades-estado, para poder angariar o máximo de poder e aumentar as possibilidades de uma existência continuada. Tudo regrado a muito controle, opressão e violência. Como costuma ser nesse caso, não é mesmo?

As populações desses lugares são compostas por dois tipos de pessoas. Os cidadãos, que possuem conhecimento técnico e são vistos como a nata da sociedade, e os pecadores, vistos como parasitas incuráveis que precisam arriscar a vida para pagar sua dívida com a sociedade. Dívida paga, inclusive, através da proteção e roubo de cidadãos de outros panopticons e outras missões de alta periculosidade. E, infelizmente, é desse grupo que fazemos parte. Um milhão de anos de pena pelo pecado de perder a memória. Que droga!

Daí, a trama de FREEDOM WARS Remastered segue explorando nossa luta para recuperar nossas memórias, o abismo social dos Panopticons, a guerra por recursos e uma série de eventos que prometem abalar o frágil mundinho de nossos heróis. Eu curti a temática do jogo, principalmente pela forma que lida com temas de controle e liberdade, e acredito que ela possui um bom potencial para levantar pontos interessantes para discussão. Contudo, infelizmente, o título pouco explora esse potencial.

FREEDOM WARS Remastered
Nasci devendo, que viagem. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

A jogabilidade de FREEDOM WARS Remastered é uma boa e velha ação 3D, com um grande foco no combate contra grandes monstros chamados Abductors, além de pecadores de Panopticons rivais. Isso rola mais ou menos como vemos em Monster Hunter, em cenários contidos nos quais podemos nos deslocar enquanto buscamos por nossos objetivos. Podem ser derrotar um inimigo específico, proteger algo, resgatar um cidadão, e por aí vai. O movimento pode ser tanto nas canelas quanto através do uso de nosso chicote de espinhos, que permite prender e se lançar até certas coisas.

Para lidar com os malvadões, podemos usar uma série de armas de curto e longo alcance. Cada uma tem sua especialidade, e pode ser muito útil ou inútil de acordo com o que queremos fazer. Além disso, podemos usar nosso chicote para prender em inimigos e monstros, o que permite arrancar certas partes dos Abductors, jogá-los no chão, esquivar e por aí vai. É uma ferramenta bem legal, que dá uma boa liberdade ao jogador e uma maneira de deixar os combates mais dinâmicos. Eu, por exemplo, usei armas leves de corte para serrar o máximo de partes dos bichões.

Além disso, FREEDOM WARS Remastered libera novos recursos conforme vamos cumprindo nossa pena, o que é uma forma maneira de unir narrativa e jogabilidade. No começo não podemos nem sair de nossa cela, ou correr, mas pouco a pouco novas liberdades vão se apresentando indo da grande graça de dormir deitado até a possibilidade de melhorar nossas armas, construir melhorias e módulos para elas, e por aí vai.

Em suma, a jogabilidade é bem divertida e frenética, principalmente se jogarmos junto com amigos nos modos cooperativos ou jogador contra jogador. O único negativo disso, como era de se esperar, é que por vezes a ação fica meio confusa, com a câmera se perdendo na bagunça e nosso boneco dando uns pulos ou espadadas no vento. Ainda que seja algo que fiquemos mais acostumados com o tempo, continua sendo algo que incomoda um pouco.

FREEDOM WARS Remastered
Se cair vai levar um míssil nas ideias. (Imagem: Divulgação)

FREEDOM WARS Remastered também nos permite customizar bastante tanto nosso personagem quanto o androide que nos acompanha, com uma série de roupinhas, cores e cabelos que são liberadas conforme pagamos nossa dívida com a sociedade. De fato, nada melhor para comemorar menos cem mil anos de cana do que uma blusinha da moda, não é mesmo?

Em se tratando das melhorias da versão remasterizada, temos muitas correções que tornam a experiência mais agradável com controles revisados, gráficos mais limpos e definidos, muito conteúdo que era adicional entregue como padrão, a possibilidade de colocar e tirar módulos a vontade e muitas outras coisas que tanto facilitam a vida do jogador quanto permitem que o título atinja novos patamares.

Os maiores pontos negativos de FREEDOM WARS Remastered no quesito jogabilidade são os mesmos, tudo em tudo considerado, que eu pensei quando joguei na primeira vez. Certa repetitividade nas missões e objetivos, um pouco de enrolação no começo e o que citei, acima, sobre a questão da câmera. Contudo, é inegável que esteja muito melhor do que em 2014.

FREEDOM WARS Remastered
Vou me jogar lá na cara dele, se liga. (Imagem:Divulgação)

Sons e Visuais

Antes de mais nada, queridos e queridas, vamos nos lembrar que FREEDOM WARS Remastered é um jogo de onze aninhos de idade. Dito isto, ele nos entrega visuais bem legais, principalmente no design de alguns monstros, além das diversas opções de personalização. Contudo, a pouca variedade de cenários, dentro e fora de missões, continua sendo um problema.

O departamento sonoro está bem legal, com trilhas e vozes turbinadas deixando tudo bem mais legal. Temos músicas que complementam bem a ação, além de algumas que ambientam bem as partes passadas nos Panopticons. Contudo, não é nada que seja marcante o suficiente para nos fazer cantarolar, nem nada que se agarre demais na mente. Mas, pelo menos, temos legendas em português!

FREEDOM WARS Remastered
Na prisão. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar FREEDOM WARS Remastered?

Devo admitir, pecadores e pecadoras deste site totalmente punk e rebelde das internets, que não esperava por um remaster de FREEDOM WARS Remastered. Mas, depois de jogar para contar para vocês, fico feliz do destino ter me dado a oportunidade de existir nessa linha temporal que o forneceu para nós. Ainda que alguns pontos ainda causem certo atrito, a experiência como um todo segue positiva.

Temos uma narrativa com uma premissa interessante que pretende explorar como seria um mundo distópico no qual a sociedade é totalmente fragmentada, bem como toda disputa é resolvida no tapa. Além disso, a ação é divertida, temos muitas opções de combate e a customização de personagens é bem legal. Por outro lado, boa parte do brilho se perde com a narrativa pouco ousada, a câmera é meio chata de lidar e o jogo repete muito seus cenários e objetivos.

Mas, tudo em tudo considerado, FREEDOM WARS Remastered ainda foi um deleite de se jogar. Realmente fico feliz que títulos como ele estejam sendo revisitados, e torço para que outras jóias raras do Vita caiam novamente em nossos saudosos braços. Se jogos de ação desse formato foram seu estilo, podem ir sem medo. E, agora, só resta torcer para que um Soul Sacrifice Remastered dê as caras por aí, também.

 FREEDOM WARS Remastered, uma versão atualizada do clássico de ação e RPG, foi lançado no dia 10 de janeiro para Nintendo SwitchPlayStation 5, PlayStation 4 e PC, via Steam.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Bandai Namco.

FREEDOM WARS Remastered

BRL 199,50
8

História

7.5/10

Gameplay

8.5/10

Gráficos e Sons

7.5/10

Extras

8.5/10

Prós

  • Premissa interessante
  • Combate contra Abductors é bem legal
  • Muitas melhorias que deixam a experiência bem mais agradável
  • Legendado em português
  • Boas opções para customização de personagem

Contras

  • Câmera meio estranha de controlar
  • Repetição de cenários e objetivos
  • O jogo não aproveita bem as oportunidades criadas por sua premissa

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.