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NASCAR 25 | Review

Ando muito imerso no mundo do automobilismo e, por acaso, acabei de assistir à série da NASCAR na Netflix. Com isso, claro que tive vontade de jogar NASCAR 25, jogo do iRacing Studios disponível para PlayStation 5 e Xbox Series X|S (e, em 11 de novembro, para PC via Steam). Porém, o título é um velho conhecido dos gamers que, simplesmente, desaparceu por anos. Depois desse hiato e alguns jogos que passaram batidos, temos a franquia de volta, feita por uma das melhores desenvolvedoras de jogos de corrida da atualidade.

Com isso, fica praticamente inevitável a expectativa não estar enorme. Afinal, seria este o jogo que finalmente colocaria os fãs de stock car de volta no rumo certo? Pois é, logo de cara, NASCAR 25 demonstra uma intenção clara de reconstruir o legado da marca a partir de uma base sólida. Mas será que isso, de fato, se consolida? Confira isso e muito mais nesta análise!

Um recomeço

Antes de falar sobre o jogo em si, é importante entender o contexto que o cerca. NASCAR 25 marca o primeiro título totalmente desenvolvido pela iRacing Studios, algo que muda totalmente a perspectiva sobre o game. Afinal, o iRacing é um dos jogos mais conhecidos pelos fãs de automobilismo virtual. Ou seja, a expectativa, como dito na introdução, acaba sendo alta. Com isso, o jogo contou com parte da expertise da criação do título mencionado, prometendo física mais realista, comportamento de pneus refinado e uma experiência de direção mais autêntica.

Em parte, essa promessa se cumpre, o que é bem realista. Os carros em NASCAR 25 têm peso. Eles reagem à pista, aos ângulos das curvas e a cada contato com os rivais. Ao fazer curvas em alta velocidade, sentimos um pouco da ideia de lutar contra o carro, dosando o acelerador para não dar uma famosa traseirada no final. Em pistas como Dover, Kansas e Darlington, o jogo brilha: é possível sentir a vibração do asfalto e a instabilidade típica de um possante de 600 cavalos tentando se manter estabilizado e rente ao chão.

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O asfalto podia ter sido um bocadinho mais bem tratado, né? (Imagem: Divulgação)

Mas… nem tudo é perfeição. Em contrapartida, há momentos em que a física parece inconsistente, sobretudo no que diz respeito aos contatos entre veículos. Em certas batidas, os carros reagem como bolas de bilhar, ricocheteando de forma extremamente artificial e caótica. Não acontece sempre, mas quando ocorre, quebra demais a imersão. Mas, mesmo assim, é um jogo interessante, ainda que com uma jogabilidade ligeiramente complexa que, felizmente, pode ser adequada a diversos níveis de jogadores.

Séries e licenças são ponto interessante do jogo

Outro ponto alto de NASCAR 25 é a amplitude de conteúdo apresentado. O jogo inclui as quatro principais divisões da NASCAR, como a Cup Series (a elite da categoria), a Xfinity Series, a Truck Series e, pela primeira vez, a ARCA Menards Series, voltada a pilotos iniciantes. Sobre a última, ela traz um toque especial e simbólico para jogadores novatos sentirem um pouco de como funciona a progressão na stock car. Sem contar que é legal demais ter uma sensação de subir de nível com o tempo.

O calendário de NASCAR 25 também se destaca por cobrir os principais circuitos dos Estados Unidos, incluindo Daytona, Bristol, Talladega, Las Vegas, Homestead e Charlotte, além de pistas menores da ARCA, raramente vistas. Particularmente, a ARCA é uma novidade para mim. Felizmente, essa variedade de pistas é grande o suficiente para sustentar longas temporadas, especialmente para quem gosta de desafios e de ajustar o carro para cada pista.

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NASCAR 25 tem gráficos interessantes, mas podia mais. (Imagem: Divulgação)

Um Modo Carreira que desliza no muro

O modo Carreira provavelmente é considerado pelos jogadores como o coração de NASCAR 25. Por conta disso, acaba sendo também seu maior ponto de debate. Ele começa de forma promissora: criamos nosso piloto, escolhemos nome e gênero (embora as opções de personalização visual sejam simplórias demais) e pronto! Começa a jornada pela série ARCA! A primeira corrida funciona como um evento de demonstração, em Rockingham, e define se você receberá (ou não) um carro para competir profissionalmente.

A partir daí, você passa a administrar sua própria equipe: contrata engenheiros, melhora peças (motor, chassi, carroceria e suspensão) e gerencia o orçamento. Nada muito novo em jogos de corrida, mas, ainda assim, tem seu valor. Cada corrida consome recursos e gera desgaste nos componentes, exigindo planejamento entre uma etapa e outra. Essa dinâmica dá um toque estratégico interessante, trazendo aspectos mais realistas para a atmosfera do jogo.

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O Modo Carreira é meio que “sem alma”. (Imagem: Divulgação)

Entretanto, o sistema de progressão não é tão profundo quanto parece. Os work points usados para reparar e melhorar o carro não são bem explicadas, e o ritmo de evolução é meio inconsistente. É possível restaurar um veículo 100% entre corridas, desde que você não destrua tudo, aspecto que tira parte da tensão da gestão.

Além disso, os eventos de relações públicas e reuniões de equipe, embora presentes, praticamente não fazem diferença nas corridas. Ainda assim, há mérito na tentativa: o iRacing Studios constrói aqui uma ideia funcional, que pode ser refinada futuramente, mas que precsa de mais alma.

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Conseguir patrocínios é essencial no Modo Carreira de NASCAR 25. (Imagem: Divulgação)

Sentindo o carro nas mãos, ou mais ou menos isso

O trabalho da iRacing Studios na física dos carros é, sem dúvida, um ponto positivo do jogo. A sensação de peso e aderência é excelente, que chega até a ser difícil guiar o carro sem assistências. A diferença entre pistas e compostos é perceptível: em Daytona, o carro parece deslizar sobre o asfalto, enquanto em Martinsville ou Bristol, o controle fino de aceleração se torna essencial. Portanto, é um jogo que requer um volante e pedais, perdendo muito a graça de ser jogado no controle.

A experiência até lembra os simuladores clássicos, embora tenha um bocadinho de complexidade para entender como a categoria funciona. NASCAR 25 não é um iRacing de console, e nem passar perto de ser. Afinal, essa não é a ideia do jogo. O foco é justamente tentar equilibrar entre realismo e acessibilidade. Isso significa que você vai sentir a física e o comportamento dos pneus, mas ainda pode jogar com assistências e outras facilidades.

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O detalhamento dos carros é bem bacana. (Imagem: Divulgação)

Mas aqui também existem inconsistências. O comportamento dos carros em colisões e o sistema de IA rival variam bastante: às vezes os adversários reagem de forma crível, disputando espaço milímetro a milímetro; outras vezes, parecem distraídos, freando abruptamente ou causando acidentes totalmente desnecessários. Pequenos deslizes que lembram que o jogo continua em curva de calibragem. Não é ruim, mas também não é o melhor jogo de corrida. Sinceramente, a jogabilidade é boa, mas esbarra nos vacilos e se torna meio morna em alguns momentos.

Gráficos, sons e a imersão da NASCAR

Graficamente, NASCAR 25 entrega um resultado sólido e bem bonito, embora eu tivesse uma expectativa maior para este ponto. O jogo usa a Unreal Engine 5 para renderizar circuitos detalhados, iluminação dinâmica e carros bem modelados. O destaque vai para o efeito de reflexo na lataria e o desgaste visual dos veículos após longas corridas. Pistas como Daytona e Las Vegas são especialmente bonitas sob o pôr do sol, que se reflete nos vidros e no asfalto.

Entretanto, o desempenho técnico nem sempre é consistente. Há algumas quedas de taxa de quadros durante grandes colisões e travamentos esporádicos em replays. Nada que arruíne a experiência, é verdade, mas são problemas que merecem ser mencionados e, quem sabe, corrigidos em um futuro próximo.

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Imagine fazer curvas com o pé no acelerador e mais 34 carros com você? (Imagem: Divulgação)

Na parte de áudio, o trabalho é excelente. O ronco dos motores é potente, as variações de aceleração são perceptíveis, e o rádio da equipe traz imersão genuína, com alertas sobre rivais, pneus e combustível. A trilha sonora dos menus traz poucas, mas boas músicas, sendo bem discreta, mas cumpre o papel de estar ali.

O que realmente chama atenção, porém, é a câmara interna do carro. A sensação de velocidade e o balanço do cockpit criam uma imersão digna de bons simuladores. É fácil perder a noção do tempo quando se está lado a lado com outros 35 carros em Talladega ou em Daytona, correndo pela sua vida. Só assim para a gente entender qual é a graça de correr trocentas voltas em um circuito oval, com um sistema de pontuação bem esquisito, típico dos estadunidenses…

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Circuitos ovais são o ápice em NASCAR 25. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar NASCAR 25?

NASCAR 25 é um jogo que acerta bem na direção e na base técnica, mas tropeça na falta de profundidade fora da pista e em alguns outros problemas. A IA inconsistente, o Modo Carreira bem raso e o ritmo lento de progressão são problemas que impedem o jogo de alcançar um maior nível. Além disso, a falta de tutoriais acessíveis para novos jogadores deve ser mencionada. Afinal de contas, a NASCAR é cheia de nuances e detalhes e, com isso, o game acaba sendo mais nichado para veteranos do que para novatos e curiosos. Para uma franquia que precisa reconquistar espaço, isso é um erro estratégico.

Porém, esse é apenas o começo da franquia sob a batuta da iRacing Studios. No geral, NASCAR 25 traz consigo uma base extremamente promissora. A sensação de pilotagem está no caminho certo, os modos clássicos funcionam bem, e o conteúdo cobre o essencial. É, portanto, um jogo que não chega em primeiro lugar, mas que não faz feio na pista; embora faça fora dela. Portanto, fãs de corrida irão curtir o título, mas não verão nada de novo; os novatos, por sua vez, podem encontrar alento em outras opções mais variadas.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela iRacing Studios.

NASCAR 25

R$ 222,45+
7.3

Jogabilidade

7.8/10

Gráficos e sons

8.2/10

Licenças, pilotos e imersão

8.2/10

Extras

5.0/10

Prós

  • Inclusão da ARCA Menards Series
  • Áudio imersivo e sensação realista de velocidade
  • Física dos carros sólida e convincente

Contras

  • Jogo não tem legendas em português brasileiro
  • Progressão lenta e confusa em alguns sistemas
  • Colisões com física inconsistente
  • Falta de personalidade nos pilotos e nas cutscenes

Álvaro Saluan

Completamente apaixonado por videogames, escreve e pesquisa sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte. Vai dos jogos de esporte aos RPGs tranquilamente, admirando cada experiência. Seu maior ídolo dos jogos é Hideo Kojima.