Samsung Odyssey OLED G80SD | Review
A Samsung anunciou novidades na linha de monitores Odyssey OLED na CES 2024, lançando os produtos no Brasil no meio do mesmo ano. À convite da empresa, venho testando o modelo G80SD desde setembro do ano passado e tenho muito a dizer sobre o que achei do produto: seja no dia-a-dia, seja para jogar, ou consumir conteúdo em vídeo, o monitor de 32 polegadas traz uma combinação ousada de especificações premium, incluindo resolução 4K, taxa de atualização de 240Hz e painel QD-OLED com revestimento anti-reflexo.
Mas será que toda essa qualidade prometida é realmente funcional? Que essas promessas se traduzem em uma experiência realmente satisfatória para o usuário? Nesta análise, vou explorar minha experiência durante esses quatro meses de uso contínuo, para as mais variadas tarefas. Vem comigo em mais uma review do Pizza Fria!

Design e construção: simplicidade e funcionalidade
Quando recebi a caixa do Samsung Odyssey G80SD, a primeira coisa que me chamou atenção foi que o produto não traz uma estética “gamer”, nem uma caixa cheia de imagens aleatórias de monstros ou algo assim. É uma caixa simples, discreta e bem “profissional”. Talvez justamente por ser um produto voltado para entusiastas, e não jogadores casuais que só buscam uma imagem mais fluída.
Ao abrir a caixa, as primeiras surpresas. A tela é realmente imponente: 32 polegadas, uma moldura fina, prateada e em bordas reduzidas. Quase uma “tela infinita”, como se dizem nos smartphones. A base de suporte é robusta, podendo se ajustar altura, inclinação, rotação e pivô, e é praticamente um “plug & play”. Encaixou, ouviu-se o click e é isso. Está firme. Não precisa de parafusos ou mais nada. No entanto, é compatível com montagem VESA, permitindo versatilidade para quem prefere deixar o monitor na parede.

Qualidade de imagem: o impacto do QD-OLED
O painel QD-OLED de terceira geração é o coração do G80SD e entrega uma qualidade de imagem que é realmente bem interessante. O contraste infinito, típico de telas OLED, popularmente conhecido como o “preto absoluto”, combinado com uma ampla cobertura de cores (99,3% DCI-P3) e suporte a 10 bits, resulta em uma entrega de imagem realmente interessante aos olhos. A resolução 4K em uma tela de 32 polegadas oferece uma densidade de pixels de 140 PPI, proporciona detalhes nítidos e texto claro, em especial em jogos.
O meu foco da análise tem que ser os jogos. Nesse período com o monitor, testei de tudo um pouco. Jogos de ação, aventura, RPGs, shooters, point & click, MOBAs, esportes e afins. Alguns resultaram inclusive em análise aqui no site. E aí fui surpreendido novamente: o Samsung Odyssey G80SD não só garante a entrega da taxa de quadros alta, como parece dar um leve upgrade nas imagens por conta das tecnologias que ele traz.

O suporte para taxa de atualização variável (VRR), como FreeSync Premium Pro e HDMI 2.1 VRR, elimina problemas de screen tearing em jogos com frame rates flutuantes. Embora o monitor não tenha certificação oficial de compatibilidade com G-Sync, funciona perfeitamente com placas NVIDIA compatíveis, como a RTX 2080 que uso.
E isso me trouxe o primeiro “problema” para o monitor – ou mesmo para a indústria de games e desenvolvedoras como um todo. Com uma taxa de atualização de 240Hz e resolução 4K, são pouquíssimas as máquinas que poderiam fazer uso de todo esse potencial. Quer um exemplo? A novíssima GeForce RTX 5090, recém anunciada pela NVIDIA, “tanka” Cyberpunk 2077 em cerca de 240 FPS em 4K com tudo no máximo, usando o novo DLSS 4.
Sem um poderio desse tamanho à minha disposição, meus testes se concentraram em outros elementos do Samsung Odyssey G80SD, como o tempo de resposta praticamente instantâneo (0,03ms), e sua experiência fluida em jogos. Movimentos rápidos são exibidos com clareza, sem rastros, e a latência baixa (~4ms) garante uma resposta imediata, essencial para jogos competitivos.

Quando meu PlayStation 5 Pro chegou, eu já o conectei diretamente no Samsung Odyssey G80SD. Mesmo sabendo que o console não usaria todo o potencial do monitor, já que até hoje o videogame só suporta frequência 4K 120Hz, eu tive uma experiência bem interessante. Principalmente ao colocar lado-a-lado com uma TV LG OLED C1 de 55 polegadas, da principal concorrente da Samsung, e lançada em 2021.
A sensação que eu tive é de que o tamanho poderia ter passado uma impressão errada, mas as imagens mais compactas no G80SD, com uma taxa fazem os jogos parecerem muito mais bonitos no monitor do que na TV. E isso tem uma explicação: a densidade de pixels de 140 PPI do G80SD, contra os 80 PPI da C1. Quase o dobro da qualidade, quase me fazem considerar seriamente abrir mão de uma TV premium em perfeito estado de funcionamento para um monitor de alto desempenho como esse. Mas aí entram alguns dos problemas que o G80SD têm.
Usabilidade e configuração: onde a experiência tropeça
Embora o monitor brilhe em qualidade de imagem e desempenho, a experiência de configuração é frustrante. E isso vai desde o processo de ativação inicial, onde é preciso configurá-lo como uma Smart TV, até mesmo pela ausência de botões físicos. O monitor só pode ser controlado pelo controle remoto da Samsung, modelo que recarrega a energia sozinho através de energia solar. Só existe um botão, na parte traseira, para ligar e desligar, acredito que em caso de emergência.
Eu sei, é um produto premium e com muitas funcionalidades, mas para quem busca uma simplicidade, pode se sentir um tanto desmotivado pela curva de aprendizado necessária para aproveitar todas as funcionalidades do G80SD. No entanto, uma vez configurado corretamente, o monitor oferece uma experiência completa e altamente customizável.
Isso se dá principalmente pela inclusão do sistema TizenOS, que transforma o monitor em uma central multimídia. Com aplicativos integrados como Netflix, Prime Video, YouTube e Globo Play, além de suporte a assistentes de voz, o G80SD funciona bem como substituto de uma TV em espaços menores, como quartos ou escritórios. Isso porque ele já traz alto-falantes internos, compatíveis tanto via DisplayPort, quando com o HDMI. Em ambas as ocasiões, o monitor oferece um som nítido e equilibrado. A qualidade é competente e funciona bem em conteúdos multimídia, uso no dia-a-dia ou até mesmo para sessões de jogos mais casuais.
A funcionalidade PiP/PbP (Picture-in-Picture e Picture-by-Picture) permite combinar o uso de dispositivos externos com aplicativos de streaming, oferecendo flexibilidade para multitarefa. Ser compatível com o Airplay em dispositivos Apple é um diferencial para quem usa os dispositivos da Maçã. No entanto, achei os menus um tanto desorganizados, já que, mesmo com os atalhos rápidos disponíveis nas configurações, se você quer fazer ajustes na imagem, é preciso ir em um menu chamado Configurações Especializadas.
Mas meu maior problema com o G80SD foi em manter a resolução 4K 240Hz. Eu recebi dois monitores da Samsung, sendo que o primeiro foi devolvido por apresentar um defeito e trocado por outro modelo. O primeiro foi enviado lacrado, e fui o primeiro a usar. Azar, faz parte, segue o jogo. Mas o segundo modelo já veio usado, e aqui faltou um cabo de conexão. O monitor tem conectividade com DisplayPort e HDMI 2.1, e só alcança a alta taxa de quadros no DisplayPort. Só que, tanto o primeiro quanto o segundo modelo, apresentavam oscilação e “tremores” na tela quando essa frequência era selecionada.
Infelizmente não tive como comparar ou mesmo trocar minha GPU, mas o 4K 120Hz, através do HDMI 2.1, funcionou muito bem. Eu ainda tive um problema com um pixel morto, na parte superior direita, que acaba chamando atenção.
Dito isso, é importante ressaltar que, como qualquer OLED, o risco de burn-in é um fator a ser considerado, especialmente para quem planeja usar o monitor para trabalho com interfaces estáticas. A Samsung tenta mitigar esse problema com funcionalidades como Pixel Refresh e ajustes de brilho automático, além de oferecer uma garantia de 3 anos que cobre casos de burn-in. Essa garantia é um ponto positivo significativo, mas informações inconsistentes entre diferentes regiões e sites da Samsung podem gerar dúvidas nos consumidores.
Vale a pena comprar o Samsung Odyssey OLED G80SD?
O Samsung Odyssey OLED G80SD é um monitor que equilibra inovação e desempenho, mas tropeça em usabilidade e custo. Ele se destaca pela qualidade de imagem proporcionada pelo painel QD-OLED, pela fluidez em jogos e pelos recursos de Smart TV, que o tornam uma solução versátil para jogos e multimídia.
Entretanto, seu preço elevado, alguns problemas de conectividade e a própria limitação da indústria, além dos sistema de menus confuso, podem afastar alguns usuários. Para quem busca o melhor em qualidade de imagem e funcionalidades extras e está disposto a investir tempo e dinheiro, o G80SD é uma excelente escolha. Mas, para quem prefere simplicidade ou maior custo-benefício, há opções mais atrativas e consideralvemente mais baratas no mercado, especialmente porque o custa quase R$ 10.000 no Brasil.
*Análise feita com monitor cedido por empréstimo pela Samsung.