De sonho a hobby: minha largada no automobilismo virtual
E aí, pessoal! Sou Álvaro Saluan (@alvorosso X e Instagram), e queria compartilhar com vocês algumas das minhas experiências no automobilismo virtual, contando um pouco das minhas histórias e, além disso, todas as modificações, questões e situações que passei ao longo de quase três anos. A seguir, explicarei detalhadamente como a ideia surgiu, como me interessei abruptamente pelo tema, dentre outras questões introdutórias. Portanto, venha comigo e se prepare para o mundo da velocidade!

De onde surgiu o interesse pelo automobilismo virtual?
A rotina no Pizza Fria requer bastante atenção de cada um dos redatores. Semanalmente, recebemos diversos jogos, e tentamos dividi-los pensando nas afinidades e gostos de cada um. Eu, particularmente, sempre tive um gosto eclético para jogos e, anteriormente, já havia encarado alguns jogos de corrida, mas acabei me encantando pelo motociclismo, ao jogar MotoGP 21, que passei temporadas e mais temporadas tentando entender as dinâmicas da moto velocidade. Assim, através deste título, voltei a tomar um gostinho a mais pelas corridas. Porém, poucas oportunidades surgiram. Até que em 2022, a Electronic Arts nos enviou F1 22, já logo me levou para o automobilismo.
E isso veio somado a uma paixão reencontrada através da série da Netflix, Drive to Survive, algo que quis começar a ver graças ao que começou lá no MotoGP 21. Honestamente, os caras sabem prender a nossa atenção. Até temporadas razoáveis soam muito melhores nas câmeras, mostrando os bastidores caóticos do ápice do automobilismo. Mas calma, vamos voltar um pouco essa história, lá para a minha infância.
Nessa época, a Fórmula 1 era um gosto comum em minha família, assim como na de vários brasileiros. E o motivo era óbvio: Ayrton Senna da Silva. Meu quarto era todo do Senninha, eu tinha um quadro do Senna na parede… mas eu não fazia ideia do homem por trás do mito. Enfim, segundo minha mãe, aos dois anos de idade, assisti do colo dela a batida do maior piloto brasileiro na maldita curva do Tamburello, em Ímola. Obviamente, não lembro disso e nem do que se passou depois. Contudo, anos após o ocorrido, lembro de um tio que adorava ver corridas nos domingos pela manhã, sempre com a voz de Galvão Bueno. Isso era uma tradição.
Mas enfim, por qual motivo estou fazendo esta volta toda? Primeiramente, sou historiador e, como muitos dizem, adoro contar histórias. Segundo, que não só a Fórmula 1, mas o automobilismo no geral sempre foram uma paixão, e isso é parte essencial do ingresso nesta jornada do automobilismo virtual. A ideia é me tornar um profissional? Não necessariamente. Quero me divertir e poder fugir um pouquinho da realidade ao disputar corridas em alta velocidade, contra outros jogadores, ou não.
Desta forma, a primeira coisa que posso falar que me trouxe aqui foi a nostalgia. Ao jogar F1 22 no controle pela primeira vez, fiquei vidrado. Porém, a experiência não é a mesma, e isso acaba sendo notável. Achei que seria fogo de palha, mas quando dei por mim, estava acordando 4h30 da manhã para assistir corridas, comentar no Twitter e até mesmo estudar telemetria. É um caminho sem volta. E eu amo isso. Aliás, é por isso que estou aqui: quero compartilhar uma paixão com vocês, mas para além das dicas de direção, falando de produtos, modificações, jogos e outras coisas que podem auxiliar bastante, sobretudo para quem está no início.
A grande questão: a escolha do volante
Quando você não tem dinheiro, mas quer ter algo bom, essa costuma ser a parte mais dolorida. Ah, volante… como pesquisei você. Usei aplicativos de preço, catava cupons por todos os lados, tentando buscar alguma coisa que se adequasse em meu orçamento… Não deu muito certo. Assim, voltei a fazer pesquisas, procurei vídeos, análises, e por aí vai. O medo de gastar com algo relativamente caro e não usar. Tudo isso se passava pela minha cabeça. Até que, em um belo dia, surge uma promoção. Era o modelo que eu queria.
Após pesquisar por marcas como Thrustmaster, Warrior, Knup, Multilaser, Hori e Logitech, PXN, que é nova no mercado nacional, e por aí vai. Contudo, a primeira dica que já deixo aqui é procurar por modelos que estejam equipados com o Force Feedback. Esta tecnologia simula nos volantes uma sensação de realismo, traduzindo o que acontece com o carro na pista para as suas mãos. Por exemplo, se você passar por uma zebra, sentirá a movimentação no volante, dando uma maior imersão e noção de onde o veículo está. Sem ela, você terá apenas um volante para guiar, sem quaisquer sensações. Ou seja, não terá imersão, tampouco noção do que se passa com o carro.

Assim, acabei por eliminar os modelos de marcas mais simples como Warrior, Knup e Multilaser, muito limitados até mesmo para jogos mais arcade. Diante disso, fiquei entre quatro modelos:
- Thrustmaster T150 Force Feedback;
- Logitech G923 Force Feedback;
- Logitech G29 Driving Force;
- Logitech G920 Driving Force.
Como diria a revista lá, “uma escolha muito difícil”. E, de fato, foi. É claro, eu não falei de marcas superiores como Fanatec, Moza ou Simucube, pois essas são de outro patamar. Assim, ao estudar sobre os quatro modelos citados acima, acabei optando pelo conhecidíssimo Logitech G29. Isso se deu por alguns motivos bem relevantes. A garantia da Logitech é simplesmente sensacional. Durante a pandemia, tive a oportunidade adquirir mouses, teclados, headsets e várias outras coisas da marca e fiquei apaixonado. O sistema unificado para todos os periféricos facilita muito a vida, sincronizando tudo certinho.
Mas não foi só isso. Após diversas pesquisas, vi que o modelo não era tão inferior ao seu sucessor, o G923. Além disso, por ter o PlayStation 4 e 5, acabei ficando no G29 pela questão da compatibilidade com o console, para além do PC. No entanto, confesso que ainda não tive a coragem de mudar meu setup de lugar para utilizar o jogo no PlayStation (algo que farei ao longo desta série – prometo!). Com essas considerações em mente – valor, qualidade e compatibilidade – decidi avançar e não me arrependo. A Logitech é uma excelente marca (e não estou ganhando NADA para falar dela). Afinal, se for para dar dica, vou sempre tentar falar a boa! Mas falaremos melhor disso futuramente.
Velha dúvida: volante caro te torna melhor?
Nessa situação aqui, vou utilizar de exemplo uma lenda do automobilismo, Vitor Genz. Ele, melhor do que ninguém, é uma baita referência para isso. Em sua experiência como piloto real da Nascar Brasil e da Stock Car, bem como no automobilismo virtual, o Galo, como carinhosamente chama os seguidores e também é chamado, trocou seu setup profissional por um modesto Logitech G25, modelo duas gerações abaixo do G29. Sua experiência foi a seguinte: se adaptar novamente com um volante de entrada e mostrar como a técnica de pilotagem faz mais diferença. Mas calma, é meio óbvio que, por exemplo, um Fanatec vai ser melhor que um Logitech. Todavia, você precisa saber o que fazer com ele, não é mesmo!?
E é justamente nessa questão que Vitor Genz explica a importância das configurações, das adequações do setup e também das técnicas de pilotagem. Vale mencionar aqui que ele divulga anualmente uma série de cursos pagos sobre automobilismo virtual, mas também lança uma série de conteúdos gratuitos que merecem ser vistos por quem está no início da jornada. É claro, existem vários outros nomes interessantes, como Suellio Almeida, piloto brasileiro que começou no mundo virtual e hoje roda pelas pistas afora. Ele também tem seu curso pago e disponibiliza uma série de dicas gratuitas, bem como narra a sua carreira, algo muito bacana de se ver, sobretudo por ser um caminho inverso ao Vitor.
Então, respondendo sua pergunta, um volante caro não vai ser útil para alguém que não tem dimensão do que está fazendo. Minha sugestão é que você comece com algum dos quatro modelos citados acima, e busque aprender algumas técnicas essenciais, bem como as configurações dos jogos, diferenças entre cada classe de automóveis, e por aí vai. São muitas nuances, estilos de jogo mais simulador, alguns misturando simulação e arcade, outros bem mais arcade… Enfim, você precisa começar a definir o que quer jogar, como quer jogar e o que te motiva a jogar.
Outro detalhe que preciso mencionar aqui, por ver muita gente falando sobre nos grupos que participo, é a questão da idade. EM QUALQUER IDADE É POSSÍVEL JOGAR! Sim! Em letras maiúsculas para deixar isso bem claro. Em pleno século XXI tem gente que ainda acha que vídeogame é coisa de criança? Sério!? Com esse tanto de desenvolvimento narrativo e tecnológico? O próprio Vitor Genz em vários dos seus podcasts já mencionou que o curso dele é buscado mais por gente acima dos 25, 30 anos, que joga com a molecada de 16, 18… Não tem nada a ver isso. O automobilismo virtual é para todos e todas! Dito isso, passamos para a conclusão desta primeira parte.
Não se iluda!
Meus caros amigos e amigas, não se iludam que o dinheiro pode comprar tudo. Assim como qualquer coisa na vida, o automobilismo virtual requer treino, estudo e muita paciência. Por conta disso, vá adequando gradativamente as assistências permitidas pelas configurações de cada um dos jogos. Por exemplo, o Forza Motorsport (não confunda com a série arcade Forza Horizon, que é bem boa, mas traz outra proposta) consegue dosar bem entre esses gêneros, sendo um baita jogo para iniciar. Além dele, o Gran Turismo 7 é uma ótima pedida para dar partida no automobilismo virtual. Comprar o melhor volante de todos não te tornará o Ayrton Senna, tampouco o Nigel Mansel. Vá com calma, gafanhoto!
Aproveite essa primeira parte para refletir sobre o que te motiva a tentar começar no automobilismo virtual, se você terá tempo e condições mínimas de se dedicar um pouco e, o mais importante, que você vai se divertir ao longo do processo. Afinal de contas, ninguém merece gastar horrores e não terminar uma corrida emburrado. Lembrando também que, no automobilismo virtual, não é tudo uma várzea, e você certamente fará amizades e criará rivalidades divertidas que te motivarão cada vez mais. Porém, vá com calma, treine sozinho ou contra a máquina e curta a experiência! É simplesmente mágico poder estar nesse mundo virtual.
No próximo texto, falarei um pouco mais sobre os jogos disponíveis, gratuitos ou não, e cada uma de suas propostas, bem como mods úteis e mais detalhes interessantes e essenciais para se iniciar no automobilismo virtual. Ah, e antes que me cobrem, chegaremos na parte do volante e cockpit no terceiro episódio. Valeu!