Car Mechanic Simulator Classic | Review
A série Car Mechanic Simulator – originalmente desenvolvida por Red Dot Games e adquirida e publicada por Ultimate Games – coloca o jogador no papel de um mecânico dentro de uma oficina. Com três jogos programados em Unity, a família de consoles Xbox One recebeu uma versão “atualizada” sob o título Car Mechanic Simulator Classic em 14 de agosto de 2020, baseada no segundo lançamento, Car Mechanic Simulator 2015. E aí, será que essa vida de mecânico em um jogo vale a pena? Confira nossa análise de Car Mechanic Simulator Classic.
Índice da análise de Car Mechanic Simulator Classic
- A série Car Mechanic Simulator
- Premissa
- Quando o jogo precisa de uma revisão
- Visuais e som de Car Mechanic Simulator Classic
- Car Mechanic Simulator Classic: Vale a pena?
- Mais sobre Car Mechanic Simulator Classic
A série Car Mechanic Simulator
Car Mechanic Simulator é uma série composta por três jogos de simulação de mecânica para carros. As portas da oficina se abriram com Car Mechanic Simulator 2014 no Windows, macOS, iOS e Android. Em seguida, Car Mechanic Simulator 2015 chegou ao PC, por Steam, e um pouco mais tarde aos dispositivos móveis. Por fim, Car Mechanic Simulator 2018 também saiu para PC, mas foi o primeiro a chegar aos consoles Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One.
O lançamento de 2020, conhecido como Car Mechanic Simulator Classic, contudo, é a versão deCar Mechanic Simulator 2015 por enquanto exclusivamente para Xbox One. Apesar de não ter jogado nenhuma versão anteriormente, Car Mechanic Simulator Classic parece ter perdido o licenciamento das marcas reais, substituindo os nomes de reconhecíveis modelos de carros por nomes genéricos. Tanto que não há nenhuma expansão listada para o jogo, ao contrário do que acontece com Car Mechanic Simulator (nome simplificado para consoles do título de 2018) e com o jogo base desta edição, Car Mechanic Simulator 2015.
Premissa
O objetivo do jogo é reparar carros, fim! Claro, há um pouco mais a ser dito, mas vamos com calma. Em uma visão de primeira pessoa, você transita pela oficina e escutará o telefone o telefone tocar. Ao atendê-lo, você pode aceitar ou recusar as ordens de serviço para revisar e consertar carros. Também é possível pintar, ajustar e dirigir as carangas, mas tudo isso é secundário.
Na tela de escolha, seis ícones indicam o problema do carro, como, por exemplo, motor, interior ou lataria. Assim, cabe ao jogador decidir qual tipo de reparo prefere realizar. Naturalmente, essas ordens de serviços mantêm a entrada de dinheiro no caixa que mais tarde poderá ser usado para comprar novas peças e expandir a oficina, além de aprimorar técnicas de reparo e ferramentas.
Cada carro de uma ordem de serviço pode ser desmontado por completo, já que é composto por centenas de partes móveis. Os pedidos de reparos apresentam desafios a serem cumpridos e o serviço pode ser entregue “pela metade”, sem a mesma remuneração, claro. Ao todo, Car Mechanic Simulator Classic conta com oito modelos diferentes de veículos.
Além desses pedidos, você pode comprar carros batidos em leilões para tentar repará-los e vendê-los com lucro ou colecioná-los.
Quando o jogo precisa de uma revisão
Estaria mentindo se dissesse que gostaria de ver Car Mechanic Simulator Classic funcionando direito. Acredito que há um potencial didático e exploratório em um simulador destes ainda por ser desvendado. O problema do jogo é a ludificação (também conhecido como gamificação), isto é, a tradução de alguma coisa real para um jogo divertido, de uma oficina mecânica e da investigação por defeitos fica bem abaixo do potencial esperado.
Ainda sem entrar nos problemas técnicos de visuais e de controles, Car Mechanic Simulator Classic é um título pobre como jogo que deve agradar apenas os entusiastas de mecânica e automobilismo. Você como mecânico repetirá (com o perdão do trocadilho) mecanicamente ações demasiadamente simples, que não instigam a curiosidade e muito menos a criatividade. Não há nem o mistério de encontrar qual o problema oculto – só é preciso alternar (truculentamente, aliás) o modo: consiga chegar no modo de examinar e avalie peça por peça ao pressionar um único botão. A truculência da interface e a repetição de tarefas servem de exemplo a todo o resto.
Assim que identificar o problema do veículo, você deve sair de onde estiver e ir caminhando até o computador sobre a bancada para comprar as peças pela internet. Interaja com a máquina e um site tosco com uma navegabilidade muito questionável aparecerá. Compre as peças necessárias, esteja atento ao orçamento e volte para efetuar o reparo.
Interface, controles e câmera
Percebemos a defasagem artística de Car Mechanic Simulator Classic logo de cara. A apresentação se parece com a de um jogo médio da era Nintendo 64-PlayStation ou Super Nintendo-Mega Drive. Não é exagero!
Para antes reforçar um aspecto positivo, o jogo está traduzido ao português do Brasil. O feito é interessante, já que saber os nomes de todos os componentes de um carro pode ser um pouco intimidador. Ainda assim, algumas porções parecem feitas na correria, como a mensagem que diz “Sem há peças adequadas para montar”. Talvez seja algo com raízes problemáticas lá no texto original, mas a impressão que fica para o jogador é de um produto feito sem cuidados.
A má formatação da interface vai além da correção do texto, da escolha do tamanho das fontes e afeta cores, organização visual e disposição dos botões e o alinhamento do texto. O texto, aliás, muitas vezes extrapola os limites de suas caixas. Os controles para navegação são estranhos e a indicação visual faz jogadores se perderem mais do que se encontrarem.
Um exemplo é o menu de “Controles” localizado no canto superior esquerdo que permanentemente mostra o gatilho esquerdo (LT) como um botão a ser pressionado e diversas ações. O gatilho executa a ação, mas você deve alternar qual ação quer no direcional, algo nunca explicado e um pouco contraintuitivo, já que usamos o analógico para navegar e explorar o ambiente, tanto quanto o carro e seus detalhes.
Outro aspecto negativo são os menus translúcidos e frequentemente sobrepostos uns aos outros, causando uma bagunça desnecessária. A questão toda vai muito além de Car Mechanic Simulator Classic não ter ícones bonitos: os menus são pouco intuitivos, algo agravado pelo fato do texto de tutorial só aparecer após a primeira vez que você executa uma ação ou alcança um menu. Desta forma, o jogador fica muitas vezes às cegas e imaginando não como consegue solucionar o problema do carro, mas como desvendar a interface.
Se nem a interface geral e nem os controles são intuitivos, resta levantar o capô para diagnosticar o carro. Apesar de não melhorar consideravelmente, a observação de detalhes e a busca por partes defeituosas é o ponto alto do jogo.
A câmera funciona razoavelmente, um pouco ancorada demais nos objetos em questão, mas evidencia que o controle não é jeito ideal de selecionar peças (provavelmente um vestígio da adaptação de um jogo que deveria ser controlado por toque ou com um mouse).
É perfeitamente possível se acostumar com estes aspectos, mas algo que jogadores definitivamente não gostam é terem que se acostumar com problemas de jogabilidade para que o jogo seja desfrutável (*cof*Star Fox Zero*cof*). Por falar nisso…
Jogabilidade na graxa
Bom… Passear em primeira pessoa pela oficina mecânica de Car Mechanic Simulator Classic não é nada revolucionário e nem mesmo feito com sutileza. Tentar acertar cada objeto, seja para atender o telefone ou ligar o computador para comprar peças, é um desafio a parte dos objetivos do jogo.
Mas, como disse, ainda que você aprimore suas habilidades como mecânico com o passar do jogo e com mais dinheiro e compre novas ferramentas, nada é capaz de corrigir a natureza mecânica e repetitiva das tarefas por trás do controle.
A segunda vez que vi diversos parafusos em uma tampa qualquer trouxe a sensação de preguiça. A cada peça, você deve segurar um botão para desmontá-la enquanto um círculo ao lado do cursor mostra a conclusão da tarefa. Simples, né? Apesar disso, a conclusão da tarefa é uma animação sem sincronia alguma com o desenroscar de parafusos, por exemplo, e cada um deles exige apertar repetidamente um botão e sem muito no que se pensar. O alinhamento do cursor também é grotesco.
Visuais e som de Car Mechanic Simulator Classic
Visuais
Não sei se há muito o que dizer sobre os gráficos de um jogo que, sendo um simulador, tem boa parte de sua interatividade feita por menus e interface. Os modelos tridimensionais são estranhos, assim como as animações e, mesmo se tratando de um título independente, Car Mechanic Simulator Classic é o contrário de um colírio para os olhos.
As texturas são provavelmente o pior crime dos desenvolvedores. Como desculpa aparente, trata-se da mesma qualidade para todos os jogos da série. Há uma necessidade de aplicar “sujeira” sobre todo o ambiente que causa estranheza e nenhuma superfície convence quanto ao material representado, nem madeira, nem metal. Tudo parece estar encapado numa folha opaca de papel ofício ou no melhor espelho fisicamente possível.
Digo isso evitando fazer comparações com a contagem poligonal de consoles e computadores mais antigos, pelos idos de PlayStation 2 e 2005. Uma boa direção artística cria jogos revisitáveis e ainda belos de ver, mesmo com as limitações. O tempo que Car Mechanic Simulator Classic demora até carregar a cada vez que o jogo é aberto também surpreende negativamente.
Som
Não muito diferentemente dos visuais, o som é algo esquecível em Car Mechanic Simulator Classic. Os cliques do cursor e da montagem e da desmontagem logo ficarão enjoativos. Aceitar um pedido e ir em direção ao carro só para escutar o telefone tocando novamente e sem intervalo é um tanto agonizante.
As opções trazem a possibilidade de ligar ou desligar o barulho ambiente, mas a trilha sonora esquecível me fez ligar o Spotify do console em segundo plano quando fui jogar pela segunda vez. Não há qualquer tipo de interação que exija voz, mas talvez um segundo personagem trouxesse uma quebra de monotonia e prendesse a atenção do jogador.
Vale a pena comprar Car Mechanic Simulator Classic?
É difícil recomendar um jogo com tão pouco polimento, principalmente se o título em questão for dedicado a um nicho muito específico. Por isso, é seguro dizer que Car Mechanic Simulator Classic fracassa como um produto de entretenimento e deve reter a atenção apenas de quem for um entusiasta de mecânica. A jogabilidade repetitiva e pouco refinada, além de visuais e sons sem capricho e de uma interface truculenta, não são facilmente esquecidas pela enorme quantidade de peças em um carro.
Afinal, a graça em um jogo destes seria conseguir descobrir qual o problema do carro, uma espécie de Dr. House automobilístico, mas nem isso Car Mechanic Simulator Classic consegue entregar. Outro ponto negativo é que os carros são similares a modelos reais, mas usam nomes fictícios nesta edição, transformando Car Mechanic Simulator em uma opção melhor caso se importe com o detalhe. Talvez os (muito) aficionados em automobilismo encontrem mais satisfação em receber as escassas recompensas após cada serviço prestado.
Mais sobre Car Mechanic Simulator Classic
Jogo de simulação em primeira pessoa | Desenvolvido por: Ultimate Games |
Somente um jogador | Classificação: Livre |
Car Mechanic Simulator Classic é a versão para Xbox One de Car Mechanic Simulator 2015, originalmente desenvolvido em Unity por Red Dot Games. O título equivale ao segundo jogo na série de três, nos quais jogadores assumem o papel de mecânico e devem consertar carros e gerenciar as finanças para desenvolver habilidades e comprar peças e ferramentas. Os jogos Car Mechanic Simulator estão disponíveis em PC, Android e nos consoles Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One. A nomenclatura entre versões é um pouco confusa, mas a edição conhecida como Car Mechanic Simulator nos consoles equivale à versão Car Mechanic Simulator 2018 de PC.
*Review elaborada em um Xbox One, com código fornecido pela Ultimate Games.