Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate | Review
Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate é uma mistura de roguelike com hack & slash desenvolvido e publicado pela Super Evil Megacorp. Nele, acompanhamos mais uma aventura totalmente normal e corriqueira das tartarugas aborrecentes mais adoradas pela galera. E já não era sem tempo, não é mesmo?
E aí, será que essa aventura vai valer o preço do ingresso? É o que veremos agora, em mais uma análise chiquérrima do Pizza Fria!
Vai ninja, vai ninja vai (de novo e de novo)
É interessante, leitores e leitoras, a forma que as coisas acontecem em nossas vidas. E me refiro, principalmente, às ações que parecem algo muito claro e lógico na hora, mas pouco tempo depois se apresentam como uma grande, grande, GRANDE erro. Como, por exemplo, quando achei que conseguiria sobreviver sozinho na floresta após ver um daqueles survival realities na TV. Ou, e isso tem mais a ver com nosso jogo de hoje, quando resolvi explorar o esgoto de minha cidade.
Mas entendam, leitores e leitoras, que essa não era uma ideia infundada. Eu era jovem ainda, no auge de meus 80 anos, e havia sido influenciado fortemente por um de meus desenhos favoritos na televisão: Tartarugas Ninja. Imagina se eu encontrasse os caras nas galerias daqui? Ou o mestre Splinter? Bom, realmente vi algumas ratazanas de tamanho peculiar, mas nenhuma falava ou quis me ensinar as técnicas de ninjutsu. Que deselegante!
Ao menos tenho o mundo dos jogos para me dar alento nessa tristeza. E me refiro, mais especificamente, ao nosso joguinho da vez: Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate. A ideia de misturar os cascudos com roguelike me parece muito boa, e realmente me surpreendo que tenha levado tanto tempo para que investissem nisso. Mas, será que deu bom? É o que veremos agora.

História
A trama de Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate vê nossos amigos enfrentando velhos e novos amigos, ao mesmo tempo em que tentam salvar o mestre Splinter de um vilão, até então, desconhecido. Após verem seu pai ser arrastado para um portal, as tartarugas decidem correr atrás e acabam dando de cara com um problema muito maior do que imaginavam.
As batidas da história lembram bem as aventuras anteriores das Tartarugas Ninja, e não soaria estranha se fosse colocada em um dos filmes, desenhos ou diversas outras obras envolvendo os quatro mutantes. Inclusive, um dos autores da trama do jogo foi responsável por escrever alguns dos quadrinhos da galera, dando um ar ainda mais elaborado para a coisa.
Também curti a forma como Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate caracteriza nossos protagonistas e seus amigos, que ficou bem dentro do que já conhecemos e amamos. Cada tartaruga possui um bocado de falas para cada situação diversa, e muitas delas ainda fazem referência tanto ao que acontece no jogo quanto aos rolos pelos quais cada um já passou. Um único negativo que vi é que as vezes os caras falam um pouquinho demais, principalmente o jovem Michelangelo. É parte da personalidade dele, eu sei, mas ainda assim poderia ter sido um pouquinho menos recorrente.

Jogabilidade
A jogabilidade de Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate é construída nas fundações roguelike, um gênero tão badalado e amado. Portanto, esperem tentar e falhar diversas vezes, evoluindo cada vez mais com cada fracasso e vendo tanto a dificuldade quanto os inimigos e seus golpes evoluírem junto com você. O jogo não inventa moda, preocupando-se mais em entregar um jogo com bases sólidas e bem aplicadas.
O título entrega uma ação no estilo hack and slash para até quatro jogadores, no qual nossas tartarugas saem esquivando e batendo em tudo que aparecer pela frente. Podemos desviar, usar um golpe especial que carrega com o tempo, uma ferramenta ninja (shurikens, escudos, bombas e afins) e golpes simples. Tudo isso pode ser melhorado com os upgrades que recebemos ao fim de cada “sala” que passamos, sendo que alguns deles impedem que recebamos outros.
Essa é uma das mecânicas mais divertidas de Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate, principalmente quando levamos em conta que cada uma das quatro tartarugas possui atributos únicos que casam melhor com esses poderes. Por exemplo, grande parte de minhas vitórias veio com um Raphael (que é focado em dano crítico) usando poderes de fogo. Ateando fogo em inimigos, chance de crítico em quase 100% e, de quebra, uma chance de super critical batendo 250% do valor. É de chorar de alegria.
Temos outros poderes além desses, como alguns que envolvem raios, veneno e por aí vai. Fora isso, cada tartaruga também imprime seu estilo próprio na jogabilidade. Fora o Raphael, temos um Donatelo que é mais tank, um Michelangelo que possui maior chance de acertar mais de uma vez por ataque, e um Leonardo balanceado com ataques de longo alcance. Cada qual necessita de uma estratégia diferente, e a combinação certa de estilo de jogo com melhorias dá abertura para uma boa quantidade de builds diferentes.

E é preciso saber bem o que estamos fazendo para não levar uma pisada forte do clã do Pé (piadas, piadas). Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate lança muitos inimigos em nosso caminho, e mais vezes do que deveria me vi quase impossibilitado de bater por conta da multidão de raios, shurikens e poças de fogo que jogavam em meu caminho. O desafio é legal, mas por vezes me vi mais frustrado do que deveria.
Após vencermos o último chefe algumas vezes, começamos a liberar modificadores que concedem maiores desafios em cada uma de nossas runs. Pizzas curando menos, inimigos batendo mais forte e rápido, áreas de efeito maior (que tristeza), e por aí vai. Contudo, a dificuldade aumentada vale a pena. Aceitar esses perrengues faz com que ganhemos mais moedas para comprar os vários upgrades permanentes, que ajudam muito na hora de botarmos para quebrar. Dano e chance de crítico, dano base e vida foram os que mais valeram a pena para mim.
Ao fim e ao cabo, a jogabilidade de Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate é bem divertida, principalmente quando dividida com amigos. Ainda que algumas builds sejam inviabilizadas por conta da quantidade de ataques de distância e área dos inimigos, ainda temos uma boa quantidade de liberdade para definir a maneira como iremos jogar. E isso, para mim, vale demais.

DLC expande a narrativa
Depois de tantas aventuras, as Tartarugas ainda têm mais uma grande missão pela frente: resgatar o mestre Splinter das garras do terrível Shredder. Mas desta vez, eles não estarão sozinhos. O game traz o reforço de Casey Jones, o nosso querido vigilante dos esgotos que, com seu taco de hóquei, está pronto para chutar quem aparecer pela frente na DLC Casey Jones & The Junkyard Jam. Os jogadores podem explorar um novo caminho no enredo, que os leva direto ao território dos excêntricos Sapos Punk.
E olha que essa jornada pelos destroços não é moleza, não. Os novos inimigos, incluindo versões tunadas dos robôs da Stockgen, oferecem desafios e tanto. E claro, não poderia faltar um chefão daqueles: o imponente Junkinator, uma criação do líder dos Sapos Punk, Genghis, feita com peças recolhidas de várias partes — e algumas até familiares para quem acompanha as Tartarugas. Para nossa sorte, Casey precisa segurar a bronca nessa arena cheia de armadilhas.
Além disso, os jogadores também podem desbloquear novas ferramentas, incluindo artefatos que melhoram tanto o combate solo quanto as partidas cooperativas. Aliás, uma ótima notícia é que o DLC pode ser jogado em modo co-op online mesmo se apenas o anfitrião tiver acesso. Isso é perfeito para reunir os amigos, seja no sofá ou pela internet, e testar as habilidades únicas do Casey em meio ao caos dos combates.

Sons e Visuais
Os visuais de Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate são bem legais, com cores fortes, modelos bem desenhados e animações muito fluidas e bonitas de se ver. Todas as tartarugas (e aliados) estão com uma caracterização perfeita, não diferenciando em nada do que esperaríamos de um desenho da TV. Além disso, os cenários estão muito bem feitos, os inimigos possuem uma variedade legal e o jogo rodou sem problemas.
A trilha sonora também entrega com músicas bem adequadas que, embora não sejam do tipo que vá grudar na cabeça, se encaixam bem dentro da temática e do universo TMNT. Menções honrosas devem ser feitas para os dubladores em inglês, que realizaram um trabalho bem legal, e para as traduções em nosso belo português que, felizmente, não decepcionam.

Vale a pena comprar Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate?
Pois bem, tartarugas e jabutis desse site maravilhoso. Será que Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate vale nosso tempo, e pode ser colocado na minha listinha de roguelikes para não praguejar por toda a vida? Ou será que vai ser mais um daqueles que lembrarei em meus momentos de ódio? Bom, é tempo de relembrar o que falamos e ver qual dos dois será.
De positivo, temos um roguelike com fundamentos sólidos, que entrega o que se espera do gênero junto de uma jogabilidade fluída e divertida para até quatro jogadores. Além disso, a variedade de habilidades das tartarugas e os upgrades dão uma variada boa na fórmula, permitindo o uso de diversas builds para jogador nenhum botar defeito. De negativo, acredito que poderiam ter maneirado nos inimigos com dano de longe e em área, e que os personagens por vezes falam um pouquinho demais.
Contudo, no fim das contas, eu curti bastante meu tempo com Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate. Ainda que não seja um jogo que vá quebrar os moldes e avançar a indústria, ele faz tudo que se propõe com sucesso. Portanto, acredito que aqueles que curtem roguelike irão aprovar. E se vocês, assim como eu, forem apreciadoras das melhores tartarugas do mundo, podem ir sem medo. Não irão se arrepender.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate está disponível para PC, via Steam e Epic Games Store, Nintendo Switch e Apple Arcade, assim como a DLC Casey Jones & The Junkyard Jam, que chega nesta quarta, 5, para as mesmas plataformas.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Super Evil Megacorp.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Splintered Fate
BRL 64,99Prós
- História parece saída direto dos desenhos e quadrinhos
- Jogabilidade divertida para até quatro jogadores
- Cada tartaruga possui um estilo de jogo diferente
- Boa quantidade de poderes e combinações para utilizarmos
- Legendado em português
Contras
- Excesso de ataques de distância e área podem frustrar
- Os personagens exageram na quantidade de falas, em alguns momentos