Anger Foot | Review

Estamos em 2022, um ano repleto de turbulências e conquistas, sempre acompanhadas de um café para reforçar as energias, é claro. É a época dos eventos de games, aqueles momentos em que altas expectativas se formam, mas frequentemente resultam em um mar de decepções e o anúncio de mais um Call of Duty. No entanto, em meio a essa tempestade, há sempre um farol de esperança chamado Devolver Direct, que reacende a crença de que os jogos podem alcançar novos horizontes.

No evento deste ano, foi revelado Anger Foot, um título que prometia ser inovador em que nossa principal forma de combater os inimigos é com chutes. Além disso, o game prometia fases frenéticas, onde os jogadores poderiam usar armas e o próprio cenário para superar os desafios. Agora, dois anos depois, a curiosidade sobre o jogo permanece: será que ele realmente entrega a qualidade prometida? Confira agora em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!

Resolvendo todos os problemas na base do chutão

Anger Foot é um jogo que vai direto ao ponto com sua narrativa. O protagonista, após completar sua coleção de tênis, se prepara para uma sessão de filmes com uma amiga. No entanto, seu “palácio de calçados” é invadido e ele perde todos os seus preciosos tênis. Ele descobre que o roubo foi uma colaboração das maiores gangues de Shit City. Assim, o principal objetivo do personagem é percorrer vários locais da cidade, chutar inúmeros capangas em diversos cenários, até chegar ao chefe do crime da região, derrotá-lo e recuperar seu valioso calçado.

Anger Foot
Anger Foot apresenta uma jornada frética em busca de preciosos calçados. (Imagem: Divulgação)

A narrativa do jogo é bem conceitual, focada no absurdo e na comédia obscura, sem desenvolvimento narrativo aprofundado. O foco de Anger Foot é ser uma história centrada nas ações do personagem em uma cidade cheia de gangues. Nesse aspecto, o jogo acerta em cheio, colocando o protagonista em situações épicas, como lutar contra um helicóptero à base de chutes em cima de um prédio e confrontar inimigos em uma dungeon.

Para os jogadores que desejam entender um pouco mais do lore, entre as fases há pequenos hubs pela cidade onde podemos interagir com NPCs. A maioria deles oferece diálogos engraçados relacionados às nossas ações nas fases, ampliando o quão bizarras são as aventuras do personagem principal.

Chute na porta, bomba na cara!

O grande atrativo de Anger Foot é, sem dúvida, a sua jogabilidade. O game é dividido em regiões da cidade, cada uma dominada por diferentes gangues. Cada área contém um número específico de fases e, ao completá-las, o jogador enfrenta um chefe antes de seguir para a próxima região, repetindo o ciclo.

Anger Foot é um jogo em primeira pessoa, e para avançar nas fases, é necessário derrotar os inimigos usando todas as armas disponíveis, como shotguns, pistolas, metralhadoras e até lança-granadas espalhados pelos cenários. O jogador pode pegar as armas dos capangas, atirar e, quando ficar sem munição, arremessar a arma no inimigo para atordoá-lo. Isso contribui para o fluxo dinâmico das fases, pois o protagonista não suporta muitos golpes e, se morrer, é preciso reiniciar a fase. Nesse aspecto, o jogo me lembrou Hotline Miami, outro título que exige domínio das ações para progredir nas fases.

Anger Foot
O game exige que os jogadores estudem os caminhos nas fases e descubram a melhor forma de avançar. (Imagem: Divulgação)

Apesar da variedade de armas, a principal ferramenta do jogador é um potente chute na cara dos inimigos. Focar neste estilo de combate proporciona uma experiência única, recompensada pelo sistema de três estrelas de Anger Foot. As estrelas são concedidas por completar uma fase sem morrer, usando apenas chutes ou dentro de um tempo pré-determinado.

Cumprir esses desafios desbloqueia novos calçados que podem ser equipados no início de cada fase. Cada calçado adiciona uma modificação que auxilia no progresso do protagonista, como aumentar a força do chute, adicionar munição às armas a cada golpe realizado, ou até efeitos engraçados, como aumentar a cabeça dos inimigos, facilitando os tiros.

Dificuldade na medida certa

Outro aspecto que se destaca em Anger Foot é a dificuldade bem equilibrada das fases. Durante minha jornada, precisei aprender a localização dos inimigos e pensar na melhor forma de agir, pois, apesar do nome do jogo, nem sempre chutar a porta é a melhor abordagem. Vale ressaltar que alguns cenários apresentam múltiplos caminhos, permitindo ao jogador criar estratégias variadas para avançar.

Um dos cenários mais desafiadores que enfrentei foi uma ponte onde inimigos disparavam flechas com bestas. Tentar avançar diretamente sempre resultava em ser jogado para fora do cenário. A melhor estratégia que encontrei foi guardar munição de lança-granada de um capanga anterior e usá-la nesses inimigos na ponte.

Anger Foot
Apesar do nome do jogo, chegar chutando a porta nem sempre é a melhor estratégia. (Imagem: Divulgação)

É aí que reside a magia de Anger Foot: há diversas maneiras de superar os desafios. Além de usar o lança-granada, poderia ter optado por outro caminho, atirado com bestas se tivesse boa mira, ou até mesmo confiar na sorte para passar pela ponte. Essa variedade na jogabilidade é um fator extremamente positivo, incentivando os jogadores a rejogarem as fases em busca de melhores pontuações.

Boa variedade de inimigos e chefes

Anger Foot também se destaca pela variedade de capangas que aparecem nas fases. Eles mudam de acordo com a principal ameaça de cada região, incluindo criaturas e perigos inesperados. O jogo apresenta uma excelente progressão de inimigos, sempre introduzindo novos desafios, como capangas com diferentes tipos de armas e inimigos que atacam de formas inesperadas, como pulando de buracos no teto e atirando no protagonista.

Anger Foot
O game acerta ao introduzir uma boa variedade de inimigos e chefes. (Imagem: Divulgação)

Após completar todas as fases de uma região, enfrentamos o chefe. Esse é outro ponto em que Anger Foot acerta. O jogo entrega batalhas criativas que exigem o uso de todo o arsenal, do cenário e, claro, muitos chutes para derrotar o vilão principal. As batalhas contra chefes são variadas, apresentando múltiplas fases que obrigam o jogador a se adaptar a cada situação e escolher o calçado correto. Embora alguns chefes possam parecer intimidadores, as batalhas são bem equilibradas, muitas vezes menos desafiadoras que as fases anteriores.

Gráficos e trilha sonora

Anger Foot apresenta um visual cartunesco que se destaca com seu estilo colorido e arte caótica. Os efeitos de tiros e explosões são exagerados, contribuindo para uma experiência satisfatória em conjunto com o ritmo acelerado do jogo. Cada região tem uma temática única, levando os jogadores a locais variados como apartamentos, escritórios, esgotos, telhados e até uma dungeon. Embora esses locais se destaquem visualmente, algumas fases poderiam ter maior variação, especialmente na região dos esgotos, onde a repetição dos cenários pode tornar o trecho cansativo.

Anger Foot
Algumas fases se tornam um pouco cansativas, principalmente na região dos esgotos. (Imagem: Divulgação)

A trilha sonora é outro ponto forte do jogo, focando em rock instrumental que eleva a experiência de jogo. As faixas das batalhas contra chefes se destacam, tornando esses momentos épicos e memoráveis.

Desempenho

Minha experiência com Anger Foot foi no PC, equipado com uma RTX 3060. O jogo apresentou um excelente desempenho, permitindo jogar em resolução 1440P com os gráficos na qualidade mais alta. Vale ressaltar que não enfrentei problemas com bugs ou travamentos, proporcionando uma experiência fluida e estável.

Vale a pena comprar Anger Foot?

Anger Foot oferece uma experiência única, frenética e extremamente divertida. Com fases memoráveis e lutas contra chefes épicas, o jogo entrega uma jornada distinta em que o principal poder do protagonista é chutar os inimigos, o que, por si só, já é algo épico. Apesar de suas muitas qualidades, Anger Foot pode se tornar um pouco cansativo em algumas fases devido à repetição de cenários, mas isso não diminui o brilho que o título apresenta em seu ápice, sendo um game que recomendo para os jogadores que buscam algo inédito no gênero de jogos de ação.

Anger Foot foi desenvolvido pela Free Lives e chega nesta quinta, 11 de julho, para PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Devolver Digital.

Anger Foot

R$ 73,99
8.3

História

7.0/10

Gameplay

9.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Inovação

9.0/10

Prós

  • Uma jogabilidade viciante e frenética com grande fator replay
  • Excelente variedade de inimigos e chefes
  • Chutar geral é bom demais!
  • Legendas em PT-BR

Contras

  • O game se torna repetitivo na região dos esgotos

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.