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Blades of Fire | Review

Blades of Fire é um título de ação e aventura, criado nos moldes dos bons e velhos soulslike, desenvolvido pela MercurySteam e publicado pela 505 Games, que será lançado para PC, via Epic Games StorePlayStation 5 e Xbox Series X|S. Nele, acompanhamos uma dupla do barulho que irá enfrentar altas confusões em busca da cabeça (e vida) de uma rainha nada agradável que roubou o aço do mundo. Curioso, não é mesmo? E aí, será que essa aventura vai dar liga? É o que veremos agora, em mais uma análise espetacular do Pizza Fria!

Cavalos de aço

O aço, leitores e leitoras deste site tão querido (e com o melhor público das internets), é algo muito importante em nossas vidas. O usamos para diversas ferramentas, aparatos tecnológicos, peças automobilísticas, garfos e facas para comermos deliciosas lasanhas e, mais importante, até para dar nome a uma das sagas mais divertidas de JoJo’s Bizarre Adventure. Quem já leu, sabe.

De fato, é complicado imaginar como as coisas seriam se não tivéssemos domínio sobre essa maravilhosa liga metálica ou, pior ainda, se ela nunca existisse. Imaginem só, sairmos na pancadaria com paus e pedras até hoje? Bom, essa é uma realidade facilmente observada em nosso jogo de hoje: Blades of Fire. Ah, a volta aos velhos tempos…

Esse jogo, inclusive, é cria de uma desenvolvedora que conheço de longa data. Responsável, inclusive, por alguns dos melhores Castlevania de terceira dimensão que tivemos nos últimos tempos. Podem imaginar, então, minhas expectativas ao começar a acompanhar essas aventuras na idade da quase pedra, não é mesmo? E aí, será que me decepcionei como costuma acontecer com tudo na vida? Ou me deram motivos para sorrir novamente? É hora de descobrir.

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E começa nossa jornada. (Imagem: Divulgação)

História

A história de Blades of Fire se passa em um mundo forjado por gigantes a muito, muito tempo atrás. Chamados de Forjadores, eles ficaram no topo do mundo por um bom tempo até que, como costumar acontecer nesses casos, uma grande catástrofe aconteceu e colocou toda sua existência em jogo. Para evitar que seu legado se perdesse de vez, os Forjadores criaram a humanidade, passaram seus conhecimentos para frente e, mais importante, ensinaram a boa e velha arte da forja e do aço.

Contudo, eras depois, uma certa rainha decidiu que seria totalmente plausível e inteligente roubar a capacidade dos humanos de mexer com aço e, de quebra, transformar tudo feito com a liga em pedra. Afinal, como poderiam se opor ao exército de uma monarca detentora das únicas armas realmente eficientes no reino? Bem quebrado, não é mesmo?

Mas, entram aí nossos heróis Arno, um guerreiro capaz de forjar aço e quebrar geral, e Adso, um estudioso com um vasto conhecimento do mundo e uma grande capacidade de observação. Juntos, os dois camaradas saem pelas terras arrebentando as forças da rainha, criando armas poderosas e diminuindo o controle da monarca pouco a pouco.

Blades of Fire até tem uma premissa legal, sendo mais contada por meio de entradas de texto em seu códice do que propriamente pela jogabilidade em si. Além disso, ela se foca muito na relação dos protagonistas que, ainda que aceitável na maior parte do tempo, acaba por não ser tão interessante assim. Mas, de todo modo, a narrativa consegue manter a ação com foco e nos prender até o final.

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Os caras de Blades of Fire. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

De uma maneira geral, Blades of Fire é um jogo de aventura com elementos soulslike no qual exploramos um mundo semi-aberto enfrentando inimigos, descobrindo segredos, coletando materiais e conseguindo novos pergaminhos com instruções para construirmos armas mais poderosas. Ao invés de contarmos com experiência e níveis para nos fortalecermos, precisamos focar em forjar equipamentos fortes com os metais mais adequados para o tipo de estrago que queremos causar.

O combate segue uma estrutura bem interessante, com os botões do lado direito do controle sendo usados para focar a cabeça, braços e tronco dos inimigos. Cada alvo possui uma eficácia diferente, dependendo do tipo de oposição que estamos encarando, da armadura que usam e da arma que temos em mãos. Saber como nos equipar e a hora de bater é essencial para o sucesso.

Ainda, Blades of Fire nos pede para controlar o fôlego de Arno para cada golpe que damos, que pode ser facilmente recuperado ao se defender. Além disso, as armas que forjamos vão se quebrando com o uso e podem ser reparadas uma quantidade específica de vezes, que é igual ao nível de qualidade obtido durante sua forja.

Em suma, a ação é bem divertida e responsiva. Temos uma boa variedade de armas, os inimigos são desafiadores e uma boa combinação de preparo com sagacidade é, geralmente, suficiente para nos levar bem longe em nossa jornada. Contudo, admito que senti um pouco de falta de um sistema de progressão mais familiar, visto que fora os armamentos apenas nos preocupamos em encontrar pedras que melhoram nossa saúde e fôlego pelo caminho.

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Essa vai doer… (Imagem: Divulgação)

O outro destaque de Blades of Fire está em seu sistema de forjas. Arno, bom ferreiro que é, consegue construir uma quantidade interessante de armas conforme vamos conseguindo novos materiais e receitas. Cada uma possui características específicas, dentro de seus tipos (espada longa, curta, martelo e por aí vai), e podem ser ainda mais customizadas através de algumas partes.

Por exemplo, uma espada de duas mãos do tipo Flamberge pode ser diferente de outra da mesma classe dependendo dos metais e madeiras que usamos nela, do tamanho que escolhemos para o punho, para a lâmina, e por aí vai. Precisamos saber exatamente o que queremos, e também o que abrir mão para a arma ficar exatamente da forma que queremos. Esse esquema é bem divertido, e nos dá muita liberdade para forjar equipamentos adequados ao nosso estilo de jogo e nossas necessidades.

O processo de forja em Blades of Fire consiste, além de selecionar o tipo e materiais, de um minigame no qual precisamos alinhar diversas barras com uma linha (representando a forma da arma) e clicar para simular a batida do martelo. Quanto mais alinhado, maior a qualidade do golpe e, por consequência, a qualidade final da arma. Ela vai de uma até cinco estrelas, com cada uma delas representando uma chance de repararmos a arma para continuarmos utilizando em combate.

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O grande ferreiro. (Imagem: Divulgação)

Achei a ideia bem criativa, mas admito que não consegui me dar muito bem com a mecânica de criação em Blades of Fire. Por vezes não entendi direito a forma que deveria manter as linhas para conseguir a melhor qualidade, e acho que fiquei mais frustrado do que interessado durante todo o percurso. Ao compararmos com tentativas mais recentes de simular o trabalho de um ferreiro, como em Kingdom Come Deliverance 2, acho que a oferta aqui é mais complexa do que deveria.

Mas, em suma, a jogabilidade do título acaba sendo seu ponto mais alto. Ainda que eu usasse armas com poucos reparos, sair lutando com os diversos monstros e lacaios da rainha sempre foi divertido, principalmente por sempre precisar pensar bem em qual arma usar e, ao longo do tempo, descobrir quais mais se casavam com meu estilo de jogo. Mesmo que tenhamos algumas mais rápidas e outras mais lentas, sempre há algo para dar conta do serviço em Blades of Fire.

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Será que vai dar bom? (Imagem: Divulgação)

Sons e visuais

No departamento visual, Blades of Fire entrega cenários e texturas que funcionam bem e conseguem criar a atmosfera desejada pela trama. Contudo, admito que não senti que nada era verdadeiramente impressionante ou único, com cenários e designs que pouco se diferem de jogos com a mesma proposta de fantasia e opressão. Mas, de toda forma, eles fazem o trabalho.

Também pensei o mesmo da trilha sonora e das vozes que, ainda que não sejam nada de outro mundo, conseguem fazer o que se propõe. Somente as vozes, entretanto, me soaram pouco emotivas e um pouco robóticas demais. Ah, e temos legendas em português!

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Que bicho feio. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Blades of Fire?

Blades of Fire, leitores e leitoras, foi um jogo que conseguiu cair bem no meio do caminho em minhas expectativas. Ainda que eu tenha me divertido com o combate e as mecânicas de forja, e ficado intrigado com algumas coisas de sua narrativa, senti que o título não foi tudo que poderia ser por conta de alguns deslizes que afetam a experiência em sua totalidade.

Por um lado, lutar com os diversos inimigos é bem divertido, o combate é tático, temos boas opções de armas e o esquema de forjar nosso aço dá muita liberdade ao jogador. Contudo, não senti tanta firmeza nos protagonistas, achei que o jogo poderia ter utilizado um sistema de progressão mais tradicional, explorado melhor sua mitologia e ter entregue mais presença no departamento audiovisual.

Mas, ao fim e ao cabo, Blades of Fire ainda é um soulslike bem competente. Inclusive, acredito que sacie a fome dos fãs do gênero da mesma forma que serve como uma boa introdução para aqueles que ainda não conhecem esse estilo de jogo. Ainda que essa lâmina tenha umas rachaduras aqui e ali, ela continua sendo perfeita para o combate.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela 505 Games.

Blades of Fire

R$ 206,99+
7.3

História

7.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e Visuais

7.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Combate divertido e estratégico
  • Muitas opções de armas diferentes, por conta da forja e suas particularidades
  • Premissa interessante
  • Legendado em português

Contras

  • Protagonistas não conseguem nos cativar tanto assim
  • Não explora o universo interessante que propõe
  • O minigame de forja pode ser confuso e frustrante em alguns momentos
  • Poderia contar com um sistema de progressão mais familiar
  • Visuais não impressionam muito, ficando mais no lugar comum

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.