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Dandara: Trials of Fear Edition | Review

Lançado em 2018 pelo estúdio belo-horizontino Long Hat House e publicado pela RAW FURY, Dandara é um jogo totalmente brasileiro ganhador de prêmios que atingiu um renome internacional. Disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch, PC, iOS e Android, Dandara recebeu recentemente a expansão Trials of Fear Edition, que adiciona novas opções, inimigos e cenários para serem explorados, de forma gratuita.

O título aborda as melhores partes de um sidescroller clássico, gameplay veloz e intuitivo, trazendo elementos de exploração do nível dos melhores metroidvanias do mercado. Quer saber o que achamos? Confira nossa opinião sobre o jogo base e a expansão agora, em mais uma crítica do Pizza Fria!

Um mundo fantástico que precisa de ajuda

A história de Dandara acontece em um mundo chamado de “Sal”, seus habitantes, outrora espíritos livres, foram subjugados e oprimidos por um regime ditatorial. Além de interagir com NPCs, o jogador pode se aprofundar no enredo ao encontrar vários textos espalhados pelo mundo, que ajudam a entender melhor a narrativa. Em meio a escuridão dessa nova era, a heroína Dandara surge para libertar seu povo. Tal motivação é apropriada, pois a protagonista foi inspirada na figura real, Dandara dos Palmares, uma das lideranças negras femininas que lutou pela abolição da escravatura durante o período colonial de nosso país.

Embora a história do jogo não remeta à vida da guerreira histórica, é inegável o paralelo entre as duas, com a personagem do jogo enfrentando desafios para libertar seu povo de um inimigo opressor. Durante a aventura passamos por outras referências ao Brasil, como a personagem Tarsila, que é uma representação do quadro “Abaporu”, obra da artista brasileira Tarsila do Amaral, além de localidades tais como a “Avenida Belo Horizonte”, remetendo à cidade do estúdio que desenvolveu o título.

Dandara: Trials of Fear Edition
A famosa obra “Abaporu” é referenciada na personagem Tarsila (Imagem: Divulgação)

Os gráficos, feitos em pixel art e os enormes cenários coloridos, e variados entre natureza, obras de artes ou mesmo instalações futuristas dentro do coração do regime ditatorial dão um toque sublime a jornada da heroína. Além disso, com a chegada da expansão Trials of Fear Edition, temos mais três áreas a serem exploradas, completas com novos inimigos e um chefe inédito.

Experiência desafiadora

É seguro afirmar que a jogabilidade de Dandara: Trials of Fear Edition traga estranhamento à primeira vista. A personagem pode se locomover, somente, através de saltos, mirando na próxima superfície disponível e passível de contato. Assim, é necessário avaliar o salto com precisão para não aterrissar em meio a um ataque inimigo ou armadilhas. Isso pode ser mais difícil do que parece, principalmente quando existem adversários te atrapalhando em meio a navegação.

A protagonista tem acesso a diferentes armas e habilidades que vão sendo desbloqueadas conforme avançamos na aventura. Dandara deve mirar seus disparos, assim como faz com seu movimento. É necessário dizer, todavia, que os projeteis são preparados e disparados em uma velocidade inferior aos saltos da heroína, fazendo com que o usuário tenha que aprender a coordenar suas estratégias na hora de atravessar cenários repletos de inimigos.

Dandara: Trials of Fear Edition
Coordenar o movimento com os disparos das armas pode ser desafiador (Imagem: Divulgação)

A natureza acrobática do jogo também pode causar alguns problemas na navegação. Temos acesso frequente ao mapa, mas dependendo do sentido que estamos com a personagem, seja no teto, seja em alguma parede, podemos ficar confusos ao interpretar o próximo destino.

Outro detalhe desafiador é a distâncias entre os pontos de salvamento. Em forma de bandeiras, Dandara é mandada para tais locais ao perder sua última energia. Algumas bandeiras são localizadas em pontos distantes, o que dá ao jogador a tarefa de potencialmente repassar um cenário enorme novamente, enfrentando várias hordas de inimigos.

Dandara: Trials of Fear Edition
Os cenários a serem explorados são enormes e detalhados (Imagem: Divulgação)

A protagonista também encontra acampamentos (ainda mais raros que bandeiras), onde pode melhorar suas habilidades e resistência, gastando essências ganhadas ao derrotar inimigos. É imprescindível aprimorar seus recursos para ter chance contra a experiência desafiadora do game.

Vale a pena comprar Dandara: Trials of Fear Edition?

Dandara é um jogo magnífico. A aventura é, antes de tudo, desafiadora sem ser injusta, além de muito recompensadora. Os controles respondem bem e o gameplay é bem intuitivo. A expansão Trials os Fear Edition adiciona um tempo generoso ao gameplay geral e é totalmente grátis aos proprietários do jogo base. Existem diferentes opções de dificuldade, que podem adicionar mais bandeiras de checkpoint e até trapaças como energia infinita.

Os chefes são a cereja do bolo, com padrões de ataque criativos que usam muito bem as mecânicas do título. É maravilhoso dominar suas mecânicas e cruzar os cenários com agilidade e graça. Entusiastas de um bom metroidvania as antigas não podem perder.

Batalhas contra chefes
As batalhas contra chefes são destaque no gameplay (Imagem: Divulgação)

Como um entusiasta dos videogames desde que me conheço por gente, não escondo minha satisfação ao ver cada vez mais conteúdo voltado aos fãs brasileiros em novos consoles, como dublagens e traduções que ampliam o acesso a novos usuários. Essa satisfação é maior ainda quando me deparo com um jogo completo 100% brasileiro de tamanha qualidade. Que a produção nacional de videogames tenha mais joias assim no futuro.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Nintendo.

Dandara: Trials of Fear Edition

8.5

História

8.0/10

Gameplay

9.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Controles responsivos
  • Gameplay ágil e desafiador
  • Cenários e arte deslumbrante

Contras

  • A navegação pode ser complexa em certas áreas

João Gabriel Marques

Jornalista e Videomaker por formação, entusiasta de filmes e jogos por gosto. Gosta de coisas complicadas que explodem o cérebro e de coisas bestas que desligam o mesmo.