Dragon Quest Monsters: The Dark Prince | Review

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince marca o retorno de uma série que há tempos não dava as caras no ocidente. Lançado para Nintendo Switch no fim de 2023 e para PC, via Steam, e dispositivos móveis no dia 11 de setembro deste ano, o jogo é uma entrada secundária da franquia da Square Enix, que traz elementos clássicos de coleta e treino de monstros, num estilo que remete a Pokémon.

Porém, embora o game traga muitas qualidades, também carrega alguns problemas que o impedem de brilhar completamente. Após explorar bastante o universo de Psaro e seus monstros, conto tudo o que achei de The Dark Prince em mais uma review do Pizza Fria!

Um príncipe em busca de vingança

A história de The Dark Prince nos coloca no papel de Psaro, um personagem conhecido pelos fãs da franquia como o vilão de Dragon Quest IV. No entanto, acompanhamos sua juventude e os eventos que o levaram a se tornar o antagonista daquele jogo. O enredo é um tanto mais sombrio e mais complexo do que o esperado para um jogo da série, apresentando temas de vingança e conflito interno que dão ao protagonista um papel mais anti-heroico.

Apesar da narrativa ser interessante, ela não é o centro das atenções do jogo, já que o foco está nas mecânicas de gameplay. É até interessante ver o lado mais humano de Psaro e sua evolução ao longo da jornada, mas a sensação que tive é que o game não se aprofunda tanto quanto poderia, deixando a impressão de que há potencial não explorado. Fãs de Dragon Quest IV irão curtir as conexões com o jogo original, mas quem não conhece essa parte da franquia pode sentir que alguns momentos da história ficam soltos – meu caso, já que eu joguei o original há muito, muito tempo.

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince
The Dark Prince traz a história da juventude de Psaro, vilão de Dragon Quest IV (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade divertida, mas sem grandes inovações

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince nos apresenta uma fórmula que lembra bastante a franquia Pokémon, mas com alguns toques únicos. No papel de Psaro, o jogador não pode lutar diretamente, precisando capturar e treinar monstros que possam lutar por você. O processo de capturar monstros é feito por meio de uma mecânica de “scout”, onde seus monstros atuais utilizam suas forças para impressionar o monstro inimigo e convencê-lo a se juntar à sua equipe. Além disso, o game traz um sistema de fusão de monstros, onde dois monstros podem ser combinados para criar um novo, mais poderoso.

Essa dinâmica de fusão é certamente um dos pontos altos do game, trazendo uma camada extra de estratégia que te faz pensar no potencial de cada monstro. Existem mais de 500 monstros para coletar, e as combinações que você pode fazer entre eles são quase infinitas. No entanto, senti falta de um sistema mais robusto para reaproveitar monstros que foram descartados após fusões, algo que facilitaria bastante para os jogadores que gostam de testar diferentes composições de equipes.

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince
As batalhas são ao clássico estilo de RPGs de turno (Imagem: Divulgação)

As batalhas são em turnos, como em todo bom RPG clássico, e podem ser jogadas de maneira manual ou automática. A opção automática funciona muito bem para os duelos mais simples, permitindo que você economize tempo, mas para as lutas mais difíceis eu deixo a recomendação para você assumir o controle completo da equipe – composta por quatro monstros principais, e outros quatro de backup. A progressão nas habilidades e estatísticas dos monstros é satisfatória, e há uma boa variedade de talentos e magias para desbloquear ao longo do jogo, permitindo diferentes abordagens estratégicas.

Exploração e design de mundos encantadores

Um dos elementos mais interessantes na exploração e captura de monstros de The Dark Prince é o sistema de estações, que altera o ambiente e os monstros disponíveis em cada área conforme o tempo passa. Esse recurso faz com que cada mapa tenha uma variedade maior e adiciona um toque extra de desafio para quem quer capturar monstros específicos. A transição das estações é bem implementada, e é interessante como o cenário e os próprios inimigos mudam com ela.

O design dos personagens e dos monstros, baseado no icônico traço de Akira Toriyama, é um destaque, com criaturas marcantes da série, como Slime, Bunicorn, Shadow, entre outros, mas o título também nos fornece algumas novidades adoráveis e estranhas que vão do fofo ao bizarro. No entanto, os ambientes não são tão bem detalhados quanto poderiam ser, algo que se reflete principalmente nas áreas mais abertas, onde a falta de riqueza visual se torna evidente, e caminhamos por longos trechos em campos que poderiam ter algum asset para enriquecer a experiência.

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince
Os ambientes de The Dark Prince poderiam ter sido mais bem trabalhados (Imagem: Divulgação)

Audiovisual satisfatório

Felizmente, The Dark Prince é um título que se comportou muito bem tanto no PC, quanto em um ROG Ally. Rodando em uma RTX 2080, o game segura a resolução 4K e uma taxa de frames alta e estável. Aqui, optei por travar em 120 FPS, o que é o limite da minha tela, sempre com gráficos no máximo. No ROG Ally, o título segura tranquilamente os 60 FPS em 1080p e predefinições no médio, o que é suficiente e interessante pelo tamanho da tela do portátil, mesmo em condições mais econômicas de potência, como ao usar os 15W. No modo Turbo (30W), é possível jogar em até 120 FPS estáveis.

Na parte sonora, o game surpreende ao apresentar uma dublagem em inglês de cenas e diálogos entre personagens, incluindo os monstros. Os sons emitidos pelos monstros compõe bem o ambiente, e a trilha sonora da franquia Dragon Quest brilha mais uma vez, trazendo músicas clássicas da série, mas também trilhas originais para o game. O ponto negativo nesse quesito fica por conta da falta de localização para o português. Em um jogo com tanto foco na história e nos diálogos, essa ausência pode afastar uma parcela considerável do público brasileiro, que já espera por uma acessibilidade maior em jogos desse porte.

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince
Os simpáticos Slimes estão de volta (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Dragon Quest Monsters: The Dark Prince?

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince é, sem dúvidas, um RPG divertido para fãs de captura de monstros. A história de Psaro é envolvente, apesar de simples, o sistema de fusão de monstros é viciante e o design de criaturas é um charme do jogo. Se você é fã da franquia Dragon Quest ou do gênero de captura de monstros, provavelmente vai se divertir bastante com The Dark Prince.

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince já está disponível para PC, via SteamAndroid e iOS com todas as atualizações gratuitas e DLCs disponibilizadas na Digital Deluxe Edition do Nintendo Switch, lançada em dezembro de 2023.

*Review elaborada em um PC equipado com uma RTX, com código fornecido pela Square Enix.

Dragon Quest Monsters: The Dark Prince

+ R$ 149,90
7.8

História

7.5/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Gameplay

8.5/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Sistema de fusão de monstros viciante
  • Design dos personagens e monstros
  • Trilha sonora clássica e bem executada
  • Exploração variada com o sistema de estações

Contras

  • Cenários pouco detalhados
  • Falta de localização em português

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.