Whateverland | Review
Whateverland é um belo jogo do “já nem tão popular” gênero point and click adventure, ou melhor, aventura de apontar e clicar. Com ilustrações pintadas à mão, veja as maravilhas de uma prisão mágica na tentativa de descobrir como escapar dela!
Este jogo é uma experiência única e envolvente que combina uma narrativa fascinante com uma jogabilidade nada, nada linear. Whateverland leva os jogadores a uma jornada inesquecível em um mundo mágico e estranhamente extravagante.
Quer saber se vale a pena? Descubra nesta análise para o Pizza Fria!
Onde jogar Whateverland
Lançado em 22 de setembro de 2023, quase três anos depois do começo do projeto do estúdio independente Caligari Games pelo financiamento coletivo do Kickstarter, Whateverland está disponível para PC pela Whisper Games. Nos computadores, o título conta com um prólogo gratuito e, por enquanto, exclusivo. Já nos consoles, o jogo foi publicado pela Drageus Games e você o encontra nas lojas digitais de seu Nintendo Switch, Xbox Series X|S e PlayStation 5, sendo compatível com Xbox One e PlayStation 4.

Onde jogar e quanto pagar em Whateverland?
- Steam (R$ 46,99 e ainda conta com um prólogo gratuito por separado)
- GOG.com (R$ 37,99, também com o prólogo gratuito)
- Nintendo Switch (R$ 76,41)
- Xbox One e Xbox Series X|S (R$ 54,95)
- PlayStation 4 e PlayStation 5 (R$ 79,90)
Explore a magia de Whateverland
Em Whateverland, você entra no papel de Vincent, um habilidoso ladrão que decide roubar um colar precioso da mansão de uma idosa solitária chamada Beatrice.
O que parecia ser um plano perfeito se transforma em um pesadelo quando Beatrice revela ser uma bruxa muito poderosa. Como punição, ela envia Vincent para um mundo paralelo, um lugar bizarro conhecido como Whateverland.
Neste lugar, o tempo não passa e as pessoas não morrem. Mas, aos poucos, algumas adquirem outras formas de acordo com seus pensamentos e vontades.
Bem no começo, assim que Vincent cai em Whateverland, ele terá a ajuda de um fantasma Shakespeariano um pouco irritante chamado Nick. A partir de então, você deve encontrar uma maneira de escapar deste reino mágico, estranho e bastante surreal! No entanto, o destino de Vincent está em suas mãos, pois suas escolhas definirão o rumo da aventura.

Uma narrativa cativante e sem caminhos definidos
Whateverland se destaca por sua narrativa não linear e suas escolhas significativas.
Cada problema tem pelo menos duas maneiras diferentes de ser solucionado: você pode roubar das pessoas ou decidir ajudá-las.
As ricas e muito bem-escritas conversas ramificadas não apenas informam mais sobre o mundo e seus habitantes, mas também influenciam seu relacionamento com Nick e com os “Whateverlanders” (os habitantes deste lugar, todos exilados por Beatrice por algum motivo infeliz, como tê-la olhado torto em algum momento).

A ordem em que você aborda os capítulos do jogo é completamente flexível, permitindo que você explore a história de várias maneiras intrigantes.
A redação é incrível e a dublagem dos personagens é excelente e variada. Ela é tão caricata que transporta qualquer um para Whateverland. Contudo, infelizmente, o título não está em português nem para suas legendas.
E será assim, falando, decidindo se rouba ou se ajuda os personagens, que Vincent deve encontrar oito fragmentos de um poema que convoca Beatrice, diretamente do mundo real, para pedir sua anistia.

Os personagens são tão caricatos e peculiares que veremos de tudo: a velha doida dos gatos que foi enviada para Whateverland com todos os felinos exceto o seu favorito, um garoto gótico depressivo com amnésia e que se mata repetidamente na tentativa de escapar, entre muitos outros.
E cada um dele ou quer favores, ou vive situações insólitas. Portanto, pensem bem quem você quer ser durante a jornada. Aliás, cada capítulo – ou seja, o episódio com todos os envolvidos e suas respectivas crises – são livres.
Assim que superamos os primeiros minutos de apresentação, um mapa com todas as residências serve para nos levar a qualquer lugar em qualquer momento.

E é isso que torna este jogo único: sua ousada iniciativa de se aventurar sem começo nem final definidos, desafiando as convenções dos jogos de aventura gráfica.
A primeira impressão é estranha, mas, como disse, uma vez passada a introdução, os jogadores têm acesso a todas as localizações e personagens do jogo por meio de um mapa. Neste mundo narrativo “aberto”, você tem o poder de escolher a ordem e o momento de explorar cada cenário, interagir com os personagens e resolver quebra-cabeças.
A movimentação de Vincent é simples: basta clicar uma vez para andar, uma segunda vez para correr. Cliques nos elementos do cenário trazem comentários dos personagens. No Switch, a tela sensível ao toque não está habilitada e, imagino que nos consoles, o controle é mais lento que um mouse e teclado.
Embora haja um inventário e objetos para recolher, a interação direta com eles é rara. Eles servem principalmente para introduzir novas linhas de diálogo nas numerosas conversas que ocorrem ao longo da aventura. Whateverland é mais sobre interagir com todos ao seu redor, absorver suas histórias e encontrar soluções em vez de buscar a ação direta ou a combinação de objetos.
Principalmente se você optar pelo lado “bom” da aventura, que faz Vincent ser visto como um herói benevolente, ajudando a todos da melhor maneira possível. Essa escolha tem um impacto significativo na história e leva a diferentes finais. Nada impede o jogador de buscar a rota mais “desonesta”, usando suas habilidades de ladrão para conseguir o que deseja…

Enigmas divertidos, minijogos e xadrez de quadribol
Whateverland é repleto de diversão, com vários minijogos diferentes para entreter jogadores.
Sabe esse monte de pessoas que encontramos? Elas têm problemas bem distintos e que nos obrigam a variar nossa abordagem para solucioná-los.
Um dos primeiros momentos envolve dar uma tatuagem a um tritão para que ele, em troca, te dê uma fita cassete com informação essencial. Além dos diálogos, nós somos responsáveis por persuadir os personagens durante as tarefas, assim como executá-las. Por exemplo, é você quem desenha a tatuagem numa tela em branco para o sereio.

Em outro momento, temos um minigame de cozinha para preparar um ramen de alta qualidade. Portanto, há desafios para todos os gostos.
Se você optar pelo caminho do ladrão, também encontrará uma variedade de fechaduras esperando para serem desvendadas. A dificuldade do jogo é equilibrada, com apenas alguns quebra-cabeças realmente desafiadores.
Existe ainda uma pequena liga de um jogo de tabuleiro chamado Bell & Bones, uma espécie de xadrez misturado com quadribol (aquele jogo sobre vassouras voadoras de Harry Potter) no qual cada jogador tem quatro peças com propriedades diferentes. O objetivo é manter a bola dourada e levá-la até o gol do time adversário sobre um campo de hexágonos e marcar.
Apesar de ter uma premissa interessante, que desperta anseios de quem gosta de jogos de estratégia por turnos, os jogos de Bell & Bones ficam repetitivos rapidamente e não contam com câmera refinada ou comandos intuitivos.

Escolhas que moldam o destino
Uma das características mais marcantes de Whateverland é a capacidade de moldar o destino de Vincent.
Suas ações definem o final do jogo e como as pessoas percebem você. Você pode escolher ser um herói benevolente ou um ladrão egoísta, e a opção desejada desencadeia uma jornada completamente diferente.
Essa característica aumenta o fator replay do jogo altamente, oferecendo a oportunidade de explorar múltiplos finais e descobrir todas as nuances da história (e dos personagens).

Arte desenhada à mão e trilha sonora cativante
A estética de Whateverland é um verdadeiro deleite visual, com arte desenhada à mão que dá vida ao mundo mágico e excêntrico.
É sempre uma coisa boa quando posso comparar um jogo neste estilo a um livro muitíssimo bem ilustrado. Sem dúvida, isso é algo que me transporta para dentro da tela.
E esta é a sensação visual neste caso, pois os artistas criaram um pequeno universo surreal que atrai e absorve jogadores. O único aspecto negativo atrelado a esta escolha artística é que as saídas de um cômodo nem sempre ficam claras para o jogador.
A trilha sonora, gravada por um sexteto real segundo os desenvolvedores, adiciona uma camada extra de charme e imersão à experiência de jogo.

Vale a pena jogar Whateverland?
Em resumo, Whateverland é mais do que apenas um jogo; é uma jornada emocionante que permite que os jogadores explorem a magia de um mundo paralelo, fazendo escolhas significativas e vivendo uma narrativa envolvente sem serem direcionados.
Por não estar traduzido ao português, Whateverland impõe uma dose de complexidade aos jogadores que não entendam outros idiomas, afinal, compreensão é crucial para solucionar enigmas e unir elementos.
Se alguns dos minigames ficam repetitivos em um instante, a diversidade de personagens, por outro lado, é riquíssima, com diálogos escritos à perfeição. O cuidado especial nos visuais e nos sons não passarão despercebidos.
No final da primeira “leitura”, o título deve durar entre 5 e 8 horas, sendo possível escolher outras rotas abaixo das 3 horas.
Se você está pronto para embarcar nesta aventura extraordinária repleta de saudosismo dos bons jogos de aventura de apontar e clicar, não espere mais – Whateverland espera por você. Qual destino você daria a Vincent? Quantas vezes você reviveria a história para conhecer todos os ângulos?
Whateverland chegou em setembro de 2024 para Nintendo Switch, PlayStation 4 e Xbox One e já estava disponível para PC, via Steam e GOG.com, desde 2022.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Caligari Games.