7 jogos que abordam a depressão

Questões como a ansiedade e depressão são alguns dos sintomas mais comuns da população mundial nesse período de pandemia. Tais questões aconteceram pelo fato de considerável parte das pessoas ficarem presas em casa e sem o contato presencial de amigos e entes queridos. Como estes distúrbios foram um pouco mais agravados nesse período, um grande número de pessoas recorreram ao mundo dos jogos para desestressar e se distrair. Mas você sabia que existem alguns títulos criados especificamente para abordar o tema e ajudar a quem sofre com isso? Confira abaixo nossa lista com sete jogos que abordam a depressão:

Jornada do Acolhimento

Criado em parceria com associações de psicólogos e psiquiatras, este jogo foi produzido propriamente para conscientizar os jogadores sobre a depressão. São quatro estágios que passeiam pela fase da descoberta, superação, esperança e cuidado. O game pode ser acessado aqui.

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Imagem: Divulgação

Night in the Woods

Night in the Woods é um jogo de visual 2D, que conta a história do personagem Mae Borowski. Após largar a faculdade (algo que vem acontecendo muito na pandemia, infelizmente), o personagem retorna para casa para decidir o que fará de sua vida. Todavia, o principal objetivo do jogo é que os jogadores explorem e entendam um pouco mais sobre algumas condições e doenças mentais. Quase todos os personagens (que são animais justamente para não criar estereótipos ou preconceitos) que interagem com o protagonista demonstram depressão ou algum tipo de transtorno. O game está disponível para PlayStation 4, iOS, PC, via Steam, Nintendo Switch e Xbox One.

Hellblade: Senua’s Sacrifice

Criado a partir de eventos reais após a invasão viking nas ilhas Orkney e a personagem do jogo, Senua, viaja para um dos mundos da Mitologia Nórdica. Enquanto a jornada dela acontece, o game mostra com clareza como se comporta uma pessoa com ansiedade e até mesmo com episódios de psicose, algo perceptível pelas vozes na cabeça da protagonista. Hellblade: Senua’s Sacrifice está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam.

Sea of Solitude

O título se passa na Alemanha após uma enchente devastadora e a personagem principal, Kay, passa pela cidade destruída totalmente solitária e sozinha. Entre os monstros que ela combate, ao longo do jogo fica implícito que isso tudo na verdade vem da protagonista, que passa por uma fase de depressão severa, mas vê um lampejo de esperança com outras representações artísticas de luz no meio da escuridão. Sea of Solitude está disponível para PlayStation 4, PC, via Origin, Nintendo Switch e Xbox One.

Celeste

Com um estilo de arte mais voltado para o que lembra os anos 80, a ideia de Celeste, jogo de plataforma disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One, PC, via Steam e Epic Games Store, é ajudar Madeline a sobreviver à seus demônios interiores. Isso acontece enquanto ela está na jornada de escalada de uma montanha até seu topo evitando a morte. A ‘luta’ é de uma pessoa com ansiedade e depressão e faz o jogador empatizar com a personagem, fazendo o possível para que ela chegue ao final.

Life is Strange

Life is Strange, game disponível para Android, iOS, PC, via Steam, PlayStation 4 e Xbox One, narra a história da estudante Max, abordando ao longo do jogo uma série de temas que ainda são considerados tabus no mundo dos games. A trama traz em seus cinco episódios, questões como depressão, bullying, divisão social e suicídio, que são abordados de uma forma sensível e bem trabalhada. A franquia da Square Enix já tem um spin-off e uma continuação.

Flower

Por fim, Flower, um jogo mais antigo disponível para PC, via Epic Games Store, iOS, PlayStation 4, PlayStation Vita e PlayStation 3, não tem uma premissa de ser um jogo desafiador, mas tem o objetivo de trazer sentimentos e sensações boas ao jogador. Também sem diálogos, o arco narrativo é formado pelas artes visuais e emocionais. Ao controlar as pétalas que voam graças ao vento, o jogo é considerado como uma terapia para jogadores com depressão.

Os estudos sobre jogos, depressão e o bem-estar dos jogadores

Por mais que diversos estudos abordem a questão de como as jogatinas em excesso podem ser prejudiciais à saúde mental, outros também debatem exatamente o contrário, como é o caso de uma pesquisa feita na Universidade de Oxford e outra brasileira, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que explicam e relacionam o modo de jogar com o bem-estar dos jogadores, evitando assim a depressão. No caso de Oxford, Matti Vuorre, um dos autores do estudo, explica que os jogos oferecem uma alternativa interessante e satisfatória em relação aos contatos restritivos da pandemia.

O Dr. Victor Kurita, criador da lista original, é formado pela Faculdade de Medicina do ABC, tem mais de 20 anos de experiência na área de saúde. Filho de pais orientais, Kurita teve uma educação tradicional, e sua trajetória é motivada por sua própria história de superação do vício em jogos. Assim, ele se especializou no atendimento desse público. Por meio da Medicina Integrativa, o Dr. Kurita tem auxiliado os jovens a superarem seus desafios equilibrando a saúde mental e física e incentivando o diálogo entre pais e filhos.

“Após um dia estressante no home office, há quem encontre conforto em passar um tempo na frente da televisão ou do computador jogando alguma coisa. É importante ter a noção do quanto esse tempo é benéfico para a saúde mental. Apesar de muito tempo de tela não ser recomendado, os jogos online podem ser muito benéficos para a saúde mental, tanto para reduzir o estresse, quanto para apoiar o equilíbrio mental e ajudar com o relaxamento. Eles oferecem um escape, uma chance de deixar suas preocupações diárias para trás por um tempo e fazer algo completamente diferente.”

Dr. Victor Kurita.

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.